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Fazer jornalismo no século

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CAPITULO III – CAMINHOS DO CONTEÚDO E INFORMAÇÃO

1. Fazer jornalismo no século

Jornalismo é contar uma história com uma finalidade. A finalidade é fornecer às pessoas informação que precisam para entender o mundo. O primeiro desafio é encontrar a informação que as pessoas precisam para tocar suas vidas. O segundo desafio é tornar essa informação significativa, relevante e envolvente (KOVACH; ROSENSTIEL, 2003 p. 226).

O jornalismo passa por uma transformação sem volta. Agora cabe refletir como que o jornalismo caminha rumo ao dia seguinte e o seu futuro. O jornalismo passa a ser mais colaborativo, o caminho será cada vez mais de duas vias, uma conversa. Agora com o apoio da tecnologia essa conversa foi aprimorada.

[...] os meios de comunicação analógicos, surgidos a partir das concepções econômicas da Revolução Industrial, cujo mercado estruturado teve como base os modos de produção baseados na escassez da informação, enfrentam a concorrência de múltiplas plataformas digitais” (LIMA JUNIOR, 2010, p. 2).

O profissional do jornalismo não detém mais o monopólio da verdade. Ele terá que realmente ouvir muitos lados de uma história para construir a narrativa e concluir o fato cotidiano, para se tornar o então 'historiador do presente'. O profissional deve manter suas fontes consideradas importantes e cruciais, para entender os bastidores da informação e poder levar o melhor fato para a sociedade.

Porém, cabe ao jornalista também entender que ele faz parte de uma rede de informação mais dinâmica, em que se ele não se envolve, ou melhor, engaja essa rede, ele ficará isolado. Pois, terão outros jornalistas que farão esse engajamento para receber as informações das fontes, da audiência. O público quer dar feedback, para dizer se está certo, errado, quer ajudar, contribuir e se há algum erro de informação no trabalho feito pela equipe de jornalistas profissionais. Se for traçar rapidamente uma efeméride temos a seguinte linha do tempo para o jornalismo: um jornalista de impresso andava com gravador com fitas cassete, pilhas, bloco de notas, caneta,

pager, fichas de telefone, telefone celular, palm top, notebook e rádio, acompanhando

do seu fiel parceiro, o fotojornalista com sua câmera fotográfica, lentes específicas, como grande angular para tirar foto de longe, bloco de nota, cartões de memória e

notebook com algum sinal de internet; Um rádio jornalista andava com seu bloco de

pilhas; e um jornalista de TV tinha bloco de notas, caneta e contava com a parceria do repórter cinematográfico ou cinegrafista, com a sua câmera, tripé, fitas ou discos, além do apoio técnico, um profissional técnico de rádio e televisão que ajudava a instalar a câmera do repórter cinematográfico ou equipamento para entradas ao vivo. Então, tínhamos os jornalistas que carregavam, gravador, fitas cassete, bloco de notas, fichas de telefone, telefone celular, notebook, rádio, máquina fotográfica, cartões de memória, notebook, pilhas, câmera de vídeo, tripé, fitas, discos para apurar história, registrar imagens, fazer entrevistas, digitar textos e fazer comunicação com a redação. Hoje, o mesmo jornalista pode andar apenas com um smartphone que tem aplicativo de foto, gravador, editor de texto, editor de imagem, gravador de vídeo, faz ligações, manda mensagens e com a aplicativo de mensagens você ainda pode conversar com o contato enviando áudios, vídeos e fotos. É claro, que alguns jornalistas podem preferir um tablet, que é um pouco maior, lembra um pequeno caderno, mas é um caderno com as mesmas funções de um smartphone. E por precaução se a bateria acabar, leva uma bateria reserva, carregador, tomada e para os mais saudosistas um bloco de notas com uma caneta continua seguindo como instrumento infalível.

A quantidade de objetos que o jornalista deixou de levar é absurda. Apenas com um objeto, um dispositivo, ele pode fazer a sua reportagem, com exceção da produção de telejornalismo, que ainda precisa de recursos cinematográficos e de câmeras de alta qualidade, o jornalista está mais autossuficiente com a tecnologia. As redações, que hoje em dia estão mais silenciosas que as do século passado, ainda são a grande ágora dos jornalistas para decidir o que é ou não é notícia para a sociedade e também é o grande pátio industrial do jornalismo, que tem de mudar a forma de fazer conteúdo. Não que seja descartável o modus operandi da produção jornalística. Ainda assim, o news gathering é muito importante, pois é o processo da criação da história, para encontrar fontes e fatos que vem determinar o ângulo da história. Isso acontece por tipos de histórias diferentes que faz um processo de reportagem ser diferente. Como por exemplo, o repórter na rua vai usar pelo menos três ferramentas ou técnicas para conseguir trabalhar a informação e desenvolver a história: entrevistar, conversar com pessoas chave que estavam no local para entender a história; fazer parte da comunidade, se caso conhece alguém da comunidade, essa pessoa será importante para o andamento do trabalho jornalístico,

pois ele pode conhecer os personagens daquela história; pesquisa para dar mais corpo as informações; e mídias sociais; para manter o contato com pessoas que ainda pode ajudar a desenvolver a história e os suas consequências ou desdobramentos51.

O jornalismo precisa de uma atualização, uma revisão dos processos de trabalho diante de algumas barreiras que o jornalismo e os jornalistas enfrentam.

São novos desafios que podem ser superados, como revisão do caminho da notícia, mudança dos procedimentos de apuração da informação, implantação de núcleos de jornalismo de dados para aprimorar o levantamento de informações contra as respostas padronizadas de órgãos públicos ou assessorias de imprensa bem preparadas e muito bem pagas pelos seus clientes que não querem ver o nome de suas companhias envolvidas em escândalos, tragédias ou irresponsabilidades perante a sociedade. Uma outra angústia é o espaço cada vez menor e uma maior interferência entre o departamento comercial e a redação. Apesar da proximidade, ambos setores, Comercial e o Editorial devem ter as suas posições estabelecidas. Em algum momento elas podem andar juntas, lado a lado, desde que isso fique bem claro ao público, da mesma forma que essa transparência esteja exposta na marcação de posição entre os dois departamentos. Ou seja, o Comercial vai vender publicidade com os produtos elaborados e encomendados do Editorial. Como sempre, o Editorial é importante não só como uma forma de entrada de recursos e por sua vez o ganha pão dos jornalistas, gráficos, técnicos, motoristas, administrativo, comercial, mas tem uma função pública e de interesse para a sociedade. Que os jornalistas tragam a verdade e informações que sejam relevantes para a tomada de decisão delas.

[...] a relação de negócios do jornalismo é diferente do marketing e do consumo tradicional, e em certos aspectos mais complexa. É um triângulo, e em certos aspectos mais complexa. É um triângulo. A audiência não é o consumidor que compra mercadorias e serviços. O anunciante é. Mesmo assim, o cliente-anunciante deve estar subordinado neste triângulo, a uma terceira figura, o cidadão (KOVACH; ROSENSTIEL, 2003 p. 98).

Então, o fazer jornalismo está em observar quais são os anseios do público e, se necessário, que a redação aprimore o trabalho editorial ou modifique o canal de distribuição. Além de claro, ser mais participativo, ou como diz no jargão popular, o jornalista tem de 'descer do pedestal' e mostrar-se que é tão humano quanto a fonte inquieta e insegura que, em alguns casos, se arrisca para oferecer uma notícia que

51 NEWS Gathering & Reporting. SchoolJournalism.org. Disponível em: <http://schooljournalism.org/

pode ser relevante para a local, área, região, nação e mundo. Dependendo do âmbito da notícia, a fonte deve ser respeitada e sempre ouvida. A partir disso, que todas as informações sejam trabalhadas com todo o recurso intelectual, técnicas e tecnologia disponíveis para que se possa fazer um jornalismo mais assertivo, confiável e de qualidade para o público que acompanha a história do cotidiano. Para isso, o jornalista também tem que ser um especialista em informação, ele não pode brigar com dado, afinal ele lida com informações todos os dias, como um bancário que manuseia o dinheiro cotidianamente.

Todos os jornalistas -- da redação à sala da diretoria -- devem ter um sentido pessoal de ética e responsabilidade -- uma bússola moral. Mais ainda, eles têm uma responsabilidade de dar voz, bem alta, a sua consciência e permitir que outros ao seu redor façam a mesma coisa (KOVACH; ROSENSTIEL, 2003 p. 274).

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