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extinção da fundação

No documento LIVRO PROPRIETARIO direito civil i (páginas 100-104)

4.5 rePresentaÇÃo Da Pessoa JUríDiCa

UNIÃO, ESTADOS, DISTRITO FEDERAL, TERRITÓRIOS E MU NICÍPIOS: a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios

4.11.4. extinção da fundação

Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a fi nalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, promoverá sua extinção, incorporan- do-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato consti- tutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fi m igual ou semelhante.

A fi nalidade da fundação se torna ilícita quando o seu objeto passa a ser contrário ao ordenamento jurídico, afrontando a lei, a moral, os bons costumes ou a ordem pública. A impossibilidade é verifi cada quan- do a fundação não possuir mais meios para sua manutenção (ex.: falta de recursos fi nanceiros, falta de voluntários, falta de profi ssionais espe- cializados para tratamento de pessoas portadoras de defi ciência física etc.). A inutilidade é normalmente verifi cada quando o objetivo preten- dido com a constituição da fundação já foi alcançado (p. ex.: erradicação de uma determinada doença).

A extinção da fundação pelo decurso do tempo é hipótese excep- cional, pois são raras as fundações em que o seu instituidor estabelece prazo de duração. Se este não foi estabelecido, não poderá ser presumi- do, e a fundação somente poderá ser extinta se se tornar ilícita, impos- sível ou inútil a fi nalidade a que visava.

A extinção da fundação por qualquer um dos motivos elencados poderá ser solicitada por qualquer interessado ou pelo representante do Ministério Público.

4.12 naCionaliDaDe

A ideia de nacionalidade da pessoa jurídica leva em consideração a ordem jurídica a que se submetem, não importando a nacionalidade dos membros que a compõem ou a origem do controle fi nanceiro. De acor- do com o art. 11 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, “as organizações destinadas a fi ns de interesse coletivo, como as socie- dades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituírem”. Assim, classifi cadas quanto à nacionalidade, as pessoas jurídicas podem

ser divididas em nacionais e estrangeiras. Pessoas jurídicas nacionais são aquelas constituídas à luz do ordenamento jurídico brasileiro e que mantêm aqui a sede de sua administração (Código Civil, art. 1.126). Não basta, portanto, que a pessoa jurídica tenha sido constituída no Brasil (teoria da constituição), exigindo-se que mantenha aqui a sua sede. Por outro lado, as pessoas jurídicas estrangeiras são aquelas constituídas fora do Brasil ou que, mesmo constituídas no Brasil, mantêm a sua sede fora do País. Independentemente de qual seja o seu objeto (isto é, seu ramo de atividade), as sociedades estrangeiras somente poderão fun- cionar no País com autorização do Poder Executivo (Código Civil, art. 1.134).

4.13

DoMiCílio Da Pessoa JUríDiCa

O domicílio da pessoa natural é, em regra, determinado pela residência com o animus (ou seja, sua vontade) de permanência. Como a pessoa jurídica não tem residência, seu domicílio é determinado, em regra, pela sua sede ou estabelecimento, por ser o local onde costuma celebrar seus negócios jurídicos. Com base no art. 75 do Código Civil podem ser extraídas as seguintes regras sobre o domicílio das pessoas jurídicas:

4.13.1. Pessoas jurídicas de direito público

As pessoas jurídicas de direito público interno que compõem a administração direta têm como domicílio a sede de seu governo: o domicílio da União é o Distrito Federal; o domicílio dos Estados e Ter- ritórios são as respectivas capitais; e o domicílio dos Municípios é o lugar onde funcionar a administração municipal.

O Código Civil estabelece apenas regras sobre domicílio, e não so- bre o foro competente para a propositura de ações. Exemplificando: o Código Civil de 2002 estabelece que o domicílio da União é o Distrito Federal, mas a União deve propor ações no foro do domicílio da outra parte. Quando a União for ré, a ação poderá ser proposta no foro do domicílio do autor, no local dos fatos, no local onde situa do o bem ou Distrito Federal (Constituição Federal, art. 109, §§ 1º e 2º).

Quanto às pessoas jurídicas de direito público que compõem a ad- ministração indireta (as autarquias), o entendimento doutrinário é no sentido de que o seu domicílio é determinado pelo ente a que estão su- bordinadas (União, Estado, Distrito Federal ou Município).

4.13.2. Pessoas jurídicas de direito privado

Após dispor sobre o domicílio das pessoas jurídicas de direito pú- blico, o caput do art. 75 do Código Civil determina que o domicílio das demais pessoas jurídicas é o lugar onde funcionarem as respectivas di-

retorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos (domicílio de eleição). De acordo com a Súmula 363/STF, “a pessoa jurídica de direito privado pode ser demanda- da no domicílio da agência ou estabelecimento em que se praticou o ato”. Se a pessoa jurídica tiver diversos estabelecimentos em lugares dife- rentes (p. ex.: fi liais), cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados, facilitando a vida das pessoas que litigarem com as pessoas jurídicas. Como essa pluralidade de domicílio é estabelecida em favor da pessoa que precisar litigar contra a pessoa jurídica, admite-se que o demandante opte pelo domicílio da sede.

Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver- -se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações con- traídas por suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder (Código Civil, art. 75, § 2º). O objetivo da norma é a proteção das pessoas que litigarem contra as pessoas jurídicas de direito privado estrangeiras, que não precisarão ingressar com ações em outros países.

4.14

DesConsiDeraÇÃo Da PersonaliDaDe JUríDiCa

A responsabilidade civil das pessoas jurídicas incide diretamente sobre o seu próprio patrimônio. Entretanto, em determinadas situações a responsabilidade pode ser ampliada ao patrimônio dos seus sócios ou administradores pelo instituto da desconsideração da personalidade ju- rídica, como veremos neste tópico.

Vimos que na atualidade é indiscutível que as pessoas jurídicas possuem personalidade jurídica própria. Isso signifi ca que as pessoas jurídicas têm aptidão para serem titulares de direitos e deveres distintos dos direitos e deveres de seus sócios ou administradores. Como a soma de direitos e deveres de uma pessoa é denominada patrimônio, podemos afi rmar que as pessoas jurídicas possuem um patrimônio distinto dos membros que as compõem.

Essa distinção estava prevista no art. 20 do Código Civil de 1916, que estabelecia o denominado princípio da separação patrimonial, consagrado na parêmia societatis distat a singulis. Embora não exista dispositivo semelhante no Código Civil de 2002, entende-se que a regra continua existindo de forma implícita no nosso ordenamento jurídico, pois negar a existência dessa regra signifi caria negar a própria existência da pessoa jurídica.

Excepcionalmente, admite-se que seja decretada a desconsideração da personalidade jurídica para que os sócios ou administradores de uma pessoa jurídica sejam responsabilizados pelas obrigações desta.

A desconsideração da personalidade jurídica pode ser defi nida como a simples medida processual em que o juiz determina a inclusão

dos sócios ou administradores de uma pessoa jurídica no polo passivo da demanda para que respondam com seu patrimônio particular pelas dívidas dela.

Devemos alertar que a desconsideração não determina a extinção da pessoa jurídica, nem mesmo sua liquidação, dissolução ou anulação dos atos constitutivos. Seus efeitos são restritos ao plano processual e não afetam a existência ou o funcionamento da pessoa jurídica. Tecnica- mente, a desconsideração não afeta em nada a pessoa jurídica, mas tão só seus sócios ou administradores.

A desconsideração da personalidade não pode ser confundida com a despersonalização, pois esta importa na dissolução da pessoa jurídica ou na cassação da autorização para o seu funcionamento.

Direito CiVil. liMites À aPliCaBiliDaDe Do art. 50 Do CC.

o encerramento das atividades da sociedade ou sua dissolução, ainda que irregulares, não são causas, por si sós, para a desconsideração da personalidade jurídica a que se refere o art. 50 do CC.

Para a aplicação da teoria maior da desconsideração da personalidade social – adotada pelo CC –, exige-se o dolo das pessoas naturais que estão por trás da sociedade, desvirtuando-lhe os fins institucio- nais e servindo-se os sócios ou administradores desta para lesar credores ou terceiros. É a intenção ilícita e fraudulenta, portanto, que autoriza, nos termos da teoria adotada pelo CC, a aplicação do instituto em comento. Especificamente em relação à hipótese a que se refere o art. 50 do CC, tratando-se de regra de exceção, de restrição ao princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, deve-se restringir a aplicação desse disposto legal a casos extremos, em que a pessoa jurídica tenha sido instru- mento para fins fraudulentos, configurado mediante o desvio da finalidade institucional ou a confusão patrimonial. Dessa forma, a ausência de intuito fraudulento afasta o cabimento da desconsideração

da personalidade jurídica, ao menos quando se tem o CC como o microssistema legislativo norteador

do instituto, a afastar a simples hipótese de encerramento ou dissolução irregular da sociedade como causa bastante para a aplicação do disregard doctrine. Ressalte-se que não se quer dizer com isso que o encerramento da sociedade jamais será causa de desconsideração de sua personalidade, mas que somente o será quando sua dissolução ou inatividade irregulares tenham o fim de fraudar a lei, com o desvirtuamento da finalidade institucional ou confusão patrimonial. Assim é que o enunciado 146, da III Jornada de Direito Civil, orienta o intérprete a adotar exegese restritiva no exame do artigo 50 do CC, haja vista que o instituto da desconsideração, embora não determine a despersonalização da sociedade – visto que aplicável a certo ou determinado negócio e que impõe apenas a ineficácia da pessoa jurídica frente ao lesado –, constitui restrição ao princípio da autonomia patrimonial. Ade- mais, evidenciando a interpretação restritiva que se deve dar ao dispositivo em exame, a IV Jornada de Direito Civil firmou o Enunciado 282, que expressamente afasta o encerramento irregular da pessoa jurídica como causa para desconsideração de sua personalidade: "O encerramento irregular das ati- vidades da pessoa jurídica, por si só, não basta para caracterizar abuso da personalidade jurídica". Entendimento diverso conduziria, no limite, em termos práticos, ao fim da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, ou seja, regresso histórico incompatível com a segurança jurídica e com o vigor da atividade econômica. Precedentes citados: AgRg no REsp 762.555-SC, Quarta Turma, DJe 25/10/2012; e AgRg no REsp 1.173.067/RS, Terceira Turma, DJe 19/6/2012. eresp 1.306.553-sC, rel. Min. Maria isabel

Gallotti, julgado em 10/12/2014, DJe 12/12/2014.

Nos termos do art. 50 do Código Civil, “em caso de abuso da per- sonalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de fi nalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica”.

Além da tradicional desconsideração da personalidade jurídica, a doutrina e a jurisprudência apontam a possibilidade da desconsidera- ção inversa da personalidade jurídica, consistente na responsabilização da pessoa jurídica pelas dívidas pessoais de seus sócios ou administra- dores. Nesse sentido, o Enunciado 283 do CJF aponta que “é cabível a desconsideração da personalidade jurídica denominada ‘inversa’ para alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros”.

4.14.1. teorias da desconsideração da

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