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3.4 ProteÇÃo Dos Direitos Da PersonaliDaDe

No documento LIVRO PROPRIETARIO direito civil i (páginas 76-79)

Além de regular alguns direitos da personalidade, o Código Civil também se preocupou em garantir que eles sejam respeitados, estabele- cendo um tratamento especial. Em caso de ameaça, o titular do direito CoMentÁrio

exigência prévia de autoriza- ção para biografi as

Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal jul- gou, em 10/6/2015, procedente a Ação Direta de Inconstitucio- nalidade (ADI) 4815. Seguindo o voto da relatora, ministra Cármen Lúcia, a decisão dá interpretação conforme a Constituição da Re- pública aos artigos 20 e 21 do Có- digo Civil, em consonância com os direitos fundamentais à liber- dade de expressão da atividade intelectual, artística, científi ca e de comunicação, independente- mente de censura ou licença de pessoa biografada, relativamente a obras biográfi cas literárias ou audiovisuais (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas). O tema havia sido objeto de audi- ência pública convocada pela relatora em novembro de 2013, com a participação de 17 ex- positores. Decisão disponível em http://www.stf.jus.br/portal/pro- cesso/verProcessoAndamento.as- p?numero=4815&classe=ADI&o- rigem=AP&recurso=0&tipoJulga- mento=M. Acesso em 7-jul-2015.

o voo. (Direção de Robert Zemeckis, 2013) A trama con- fronta a questão da honra subjetiva e da honra objeti- va quando um pi- loto comercial, vivido por Denzel Washington, com problemas liga- dos a bebida e drogas, salva vi- das após controlar uma pane na aeronave por ele conduzida.

pode se valer de medidas judiciais preventivas; em caso de lesão, o titular do direito pode buscar a reparação dos danos morais.

3.4.1. Medidas preventivas

As medidas preventivas ou inibitórias têm por objetivo influir de forma eficaz na vontade daquele que possa vir a violar direitos da per- sonalidade. Essas medidas judiciais podem, inclusive, apresentar-se por tutela inaudita altera pars (ou seja, antes mesmo de a parte supostamen- te agressora ser ouvida pelo juiz), visto que a atuação deverá ser efetiva e primar pela proteção do bem jurídico de maior valor no caso concreto.

O Código de Processo Civil tutela as formas de coibir lesão a direi- tos prevendo multas, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, garantindo inclusive a possibilida- de de requisição policial para seu cumprimento (art. 536, § 1º). Como exemplo concreto de tais medidas, podemos citar a exclusão de sites na internet contendo fotos não autorizadas.

3.4.2. Medidas reparatórias

As medidas reparatórias têm por objetivo amenizar as consequên- cias da violação ao direito da personalidade (em observância do princí- pio da satisfação compensatória). Devemos lembrar que o dano moral é a lesão a qualquer direito da personalidade e não deve ser confundido com as suas consequências: dor, angústia, tristeza, depressão etc. Embora não se confundam, o objetivo da reparação do dano moral é justamente o de afastar as consequências da violação ao direito da personalidade, proporcionando à vítima algo que amenize o sofrimento suportado.

Na jurisprudência, restou afastada a discussão do passado sobre a impossibilidade de se pleitear indenização por dano material cumulada com indenização por dano moral. Na atualidade, o entendimento pela possibilidade da cumulação é pacífico e sedimentado no STJ. Nesse sen- tido, a Súmula 37 do STJ dispõe que “são cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato” (publicada em 17-3-1992).

3.4.3. legitimidade para requerer a proteção e a

reparação

Quem pode requerer a tutela jurisdicional de proteção ou de repa- ração a direito da personalidade é o próprio lesado. O lesado direto é a pessoa que está sofrendo a lesão em seus direitos da personalidade. Além do lesado direto, o parágrafo único do art. 12 do Código Civil prevê que lesados indiretos possam pleitear a proteção e a reparação a direitos da personalidade de pessoa morta, ao dispor que também têm legitimida- de, para tal fim, o cônjuge sobrevivente e qualquer parente em linha reta e colateral até o quarto grau.

De acordo com o Enunciado 398 da V Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal, “as medidas previstas no art. 12, pará-

INDENIZAÇÃO – DANOS MORAIS – HERDEIROS – LEGITIMIDADE – 1. Os pais estão legitimados, por terem in- teresse jurídico, para acionarem o Estado na busca de indenização por danos morais sofridos por seu filho, em razão de atos administrativos pra- ticados por agentes públicos que de- ram publicidade ao fato de a vítima ser portadora do vírus HIV. 2. Os auto- res, no caso, são herdeiros da vítima, pelo que exigem indenização pela dor (dano moral) sofrida, em vida, pelo filho já falecido, em virtude de publicação de edital, pelos agentes do Estado réu, referente à sua con- dição de portador do vírus HIV. 3. O direito que, na situação analisada, poderia ser reconhecido ao falecido, transmite-se, induvidosamente, aos seus pais. 4. A regra, em nossa ordem jurídica, impõe a transmissibilidade dos direitos não personalíssimos, sal- vo expressão legal. 5. O direito de ação por dano moral é de natureza patrimonial e, como tal, transmite-se aos sucessores da vítima (RSTJ, vol. 71/183). 6. A perda de pessoa queri- da pode provocar duas espécies de dano: o material e o moral. 7. “O her- deiro não sucede no sofrimento da vítima. Não seria razoável admitir-se que o sofrimento do ofendido se pro- longasse ou se entendesse (deve ser estendesse) ao herdeiro e este, fazen- do sua a dor do morto, demandasse o responsável, a fim de ser indenizado da dor alheia. Mas é irrecusável que o herdeiro sucede no direito de ação que o morto, quando ainda vivo, ti- nha contra o autor do dano. Se o sofrimento é algo entranhadamente pessoal, o direito de ação de indeni- zação do dano moral é de natureza patrimonial e, como tal, transmite-se aos sucessores” (Leon Mazeaud, em magistério publicado no Recueil Cri- tique Dalloz, 1943, p. 46, citado por Mário Moacyr Porto, conforme referi- do no acórdão recorrido). 8. Recurso improvido. (STJ – REsp – 324886 – PR – 1ª T. – Rel. Min. José Delgado – DJU 03.09.2001 – p. 159)

grafo único, do Código Civil podem ser invocadas por qualquer uma das pessoas ali mencionadas de forma concorrente e autônoma”. Esse enunciado tem por objetivo afastar a tese de que haveria uma ordem de vocação hereditária, semelhante àquela existente no Código Civil para estabelecer quem são os herdeiros, para pleitear indenização por dano moral. Afi nal, o sofrimento pela ofensa dirigida ao ente querido não tem qualquer relação com eventual direito hereditário.

Especifi camente quanto ao direito de imagem, o art. 20, parágra- fo único, do Código Civil dispõe que, “em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes”. De acordo com o Enunciado 275 do Conselho da Justiça Federal, “o rol dos legitimados de que tratam os arts. 12, parágrafo único, e 20, parágrafo único, do Código Civil também compreende o companheiro”.

a Pessoa Jurídica

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