• Nenhum resultado encontrado

LINDB Arts 1º e 2º Vigência das normas

No documento LIVRO PROPRIETARIO direito civil i (páginas 38-41)

1.12 A LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO

LINDB Arts 1º e 2º Vigência das normas

Art. 3º Obrigatoriedade das normas

Art. 4º Integração da norma

Art. 5º Interpretação da norma

Art. 6º Aplicação da norma no tempo

Arts. 7º a 19 Aplicação da norma no espaço

A LINDB – Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro aplica-se na orientação de todas as normas do ordenamento jurídico brasileiro, seja no âmbito Privado ou Público, inclusive no Direito In- ternacional.

1.12.2. Prazos para Vigência de Lei

Os prazos para vigência de uma lei são em regra contados a partir da sua publicação ofi cial.

Ao lapso temporal entre a publicação e a vigência de uma lei cha- mamos de vacatio legis. A vacatio legis é o prazo razoável para que nin- guém alegue a ignorância da lei. Durante a vacatio, a lei existe mas não é obrigatória, contudo para garantir o seu texto integral, será considerada vigente retroativamente desde o dia da sua publicação, após exaurido o lapso da vacatio, conforme esclarece o Art. 8º, § 1º da LC n. 95/98.

O prazo para vigência de uma lei no Brasil é de quarenta e cinco dias após sua publicação ofi cial. Admitindo exceção, quando o próprio texto de lei expressar disposição contrária. Contudo para vigorar no es- trangeiro, se aceita a lei, o prazo é de noventa dias a partir da publicação ofi cial.

Toda legislação antes de entrar em vigor passa por um processo, que envolve cinco fases: a) a elaboração; b) a promulgação; c) a publica- ção; d) a vacatio legis; e e) a vigência.

Se vier a ocorrer nova publicação da lei, desde que ainda não te- nha entrado em vigor e mesmo que exclusivamente para correção de meros erros materiais, sua obrigatoriedade fi cará condicionada a novo período de vacatio, a contar da última publicação. Se a lei corrigida já

Lei Complementar n. 95/98, art. 8º – A vigência da Lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo ra- zoável, para que dela se tenha amplo conhecimento, reserva- da a cláusula "entra em vigor na data da sua publicação" para as leis de pequena repercussão. § 1º – A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que es- tabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação.

estava em vigor, será considerada a versão corrigida e última como lei nova (LINDB, Art. 1º, § 4º).

1.12.3. A Revogação da Lei

Não se tratando de lei temporária, a vigência de uma lei permane- ce até que outra a modifique ou revogue, este é o princípio da conti- nuidade das leis.

1.12.4. A Vigência Temporária da Lei

Examinando o Art. 2º, caput, da LINDB é possível verificar que existem dois tipos de leis, as leis de vigência permanente e as leis de vi- gência temporária. Em regra, todas as leis são de vigência permanente. No entanto, serão de vigência temporária quando expressamente delas constar: a) prazo de duração; b) condição resolutiva; ou c) se é alcançada sua finalidade. Nestes casos ocorre a caducidade da norma, quando a circunstância torna a norma sem eficácia.

1.12.5. Da Extensão da Revogação da Lei

A revogação da lei se divide em duas classes, a primeira refere-se à sua extensão e a segunda quanto à forma de execução.

A revogação quanto à I) extensão, pode ser: a) total ou b) parcial. A revogação total, também denominada por ab-rogação, configu- ra-se quando o texto da lei nova sepulta por completo a vigência do texto anterior, sem qualquer ressalva.

A revogação parcial, também chamada de derrogação, afeta apenas parcialmente a norma anterior, permitindo que ainda vigore parte do texto legal.

Além das duas situações acima, em que temos a perda de eficácia da norma jurídica, cumpre salientar também que o Supremo Tribunal Fe- deral pode afastar vigência das leis que julgar inconstitucionais quando suspensas pelo Senado Federal através do controle difuso de constitu- cionalidade (art. 52 da CF).

VOCABULÁRIO

revogar: é retirar a eficácia da

lei anterior. A lei nova, em re- gra, revoga a lei velha.

A lei temporária, em regra, trará expressamente em seu texto o prazo da sua duração ou da vi- gência integral.

LINDB:

– Art. 2º. Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vi- gor até que outra a modifique ou revogue.

– Art. 2º – § 1º – A lei posterior revoga a anterior quando expres- samente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

– Art. 2º – § 2º – A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.

– Art. 4º – Quando a lei for omis- sa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.

– Art. 5º – Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.

– Art. 2º, § 3º – Salvo disposi-

ção em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revo- gadora perdido a vigência.

– Art. 3º – Ninguém se escusa

de cumprir a lei, alegando que não a conhece.

ATENÇÃO

1.12.6. Da Forma de Revogação da Lei

Quanto à classe de revogação pela forma de II) execução, pode ser: a) expressa ou b) tácita.

A revogação será expressa quando a lei nova descrever de modo expresso que revoga a lei anterior, é o que diz a primeira parte do § 1º do Art. 2º da LINDB.

A revogação de forma tácita exige um maior esforço interpretativo do aplicador da norma, pois a situação pode apresentar uma antino- mia, ou seja, um confl ito de normas (antiga e nova), obrigando-o a adotar certos critérios para a sua solução, como explica Maria Helena Diniz (DINIZ, Confl ito de normas. 2009):

a) critério cronológico – lex derogat legi priori

b) critério hierárquico – lex superior derogat legi inferior, e c) critério especial – lex specialis derogat legi generali.

a) Critério cronológico, lex derogat legi priori, é aplicável quando a lei nova for incompatível com a lei anterior ou regule de modo integral a mesma matéria, como se pode notar da segunda parte do § 1º do Art. 2º da LINDB.

b) Critério hierárquico, lex superior derogat legi inferiori, prevê a possibilidade de revogação tácita, quando uma lei hierarquicamente in- ferior cuidar de matéria dita por uma lei de maior grau hierárquico. Por exemplo: A Constituição Federal revogou de forma tácita diversas disposições legais de leis infraconstitucionais.

c) Critério Especial – O critério da especialidade ou critério espe- cial, lex specialis derogat legi generali, prevê que a lei especial prevalece sobre a lei geral, revogando-a. Contudo se a lei nova estabelecer dispo- sições gerais ou especiais, a par das já existentes, não revoga, nem mo- difi ca a lei anterior. Isto quer dizer que, se a lei nova nada disser sobre a conservação do conteúdo existente em lei anterior, e com aquele texto anterior vier a confl itar sua matéria, poderá ser revogada tacitamente, pela lei especial, ainda que mais velha (critério da especialidade). A co- existência de normas tratando do mesmo assunto é possível, desde que não exista entre elas incompatibilidade. Quando esta surgir, competirá ao aplicador da norma aplicar os critérios para afastar a antinomia.

1.12.7. As Antinomias

Os confl itos de normas, que recebem o nome de antinomias, pos- suem então três critérios para sua solução, conforme já estudamos no que era tratado quanto à revogação tácita da norma. Os critérios cro- nológico, hierárquico e especial obedecem a mesma lógica já exposta. A antinomia aparente é um confl ito que se resolve pelos critérios de modo simples, não trazendo maiores difi culdades. Enquanto a antinomia real não se resolve tão somente pela aplicação dos critérios, sendo necessário aplicar a técnica de integração para lacunas da lei. A antinomia será de VOCABULÁRIO

antinomia: trata-se de confl i-

to de normas. Ocorre quando duas ou mais normas dispõem da mesma matéria. Segundo Maria Helena Diniz, a antinomia pode ser real ou aparente. lex derogat legi priori: do la- tim, lei posterior revoga a lei anterior.

primeiro grau, quando um critério for suficiente à resolução do conflito e de segundo grau quando envolver mais outro.

1.12.8. A Repristinação da Lei

A repristinação da lei é o fenômeno que permitiria devolver o esta- do anterior de vigência de uma lei já revogada. Embora nosso ordena- mento não permita que uma lei revogada restaure sua vigência, se a lei nova fizer expressa menção à lei revogada (note o art. 2º, § 3º, o qual diz "salvo o contrário...") para que o efeito repristinatório se aplique, isto será possível.

1.12.9. A Obrigatoriedade das Normas

A vacatio legis, que se inicia com o período de publicação de uma lei, após seu longo trâmite legislativo, tem a função de dar amplo conhe- cimento da lei, sendo que a partir de sua vigência a lei opera erga omnes Como se percebe, não se pode alegar ignorância da lei, pois ela possui eficácia global, pelo princípio da obrigatoriedade. Entretanto, de acordo com Rene Gustavo Nicolau, quando excepcionalmente em casos nos quais a ignorância ou errônea compreensão da lei ocorrer, poderá a pena deixar de ser aplicada, nos moldes do que dispõe o Art. 8º do DL n. 3.688/41 (Lei das Contravenções Penais). Exemplo: emissão de fumaça que impede o motorista de ver a placa de trânsito ou semáforo.

1.12.10. Da Integração da Norma Jurídica

Conforme pudemos observar, o sistema jurídico para solução dos conflitos judiciais privados é misto sendo, portanto, possível o uso das técnicas legislativas de integração da norma jurídica. Estudamos a apli- cação das cláusulas gerais e dos conceitos jurídicos indeterminados, além da influência dos princípios constitucionais (princípio da dignidade da pessoa humana, princípio da solidariedade e princípio da isonomia), da função social e dos princípios norteadores do Código Civil (eticidade, socialidade e operabilidade), para auxílio do magistrado na decisão do caso concreto.

Nosso ordenamento jurídico não permite ao juiz invocar a cláusula non liquet, deste modo, está o magistrado obrigado a julgar todos os pedidos que receber, ainda que não exista norma jurídica que discipli- ne a matéria. Caso não exista norma (lacuna) ou persistindo dúvida, o sistema se abre para que o aplicador lance mãos das técnicas de integra- ção da norma, até que, após ponderar, decida, julgando o caso concreto. Desse modo, o juiz cria através de seu julgamento a norma para aquele caso, colmatando a lacuna, afastando o conflito, e a coisa julgada, quan- do emergir, fecha o sistema em relação àquela disputa específica.

A atividade de interpretação das normas jurídicas se destina a for- necer ao juiz subsídios para auxiliá-lo no julgamento da causa, mesmo quando estiver diante de uma lacuna da lei ou de um conflito de normas.

VOCABULÁRIO

No documento LIVRO PROPRIETARIO direito civil i (páginas 38-41)