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FORMAÇÃO PARA A DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA EM MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA DOS PARTICIPANTES

DA PESQUISA

Neste capítulo será apresentada uma caracterização dos docentes participantes da pesquisa quanto a aspectos de sua trajetória de formação para a docência, na qual serão explorados alguns destes, relativos às suas aprendizagens formais e informais.

Além de discorrer sobre as características dos processos formais de aprendizagem - não necessariamente para a docência, já que muitos destes indivíduos não realizaram cursos, na graduação ou na pós-graduação, de preparação para esta atividade – também serão apresentados elementos, como, por exemplo, experiências com a docência em outros níveis de ensino, que integram tais processos formativos.

Em relação às aprendizagens informais, além daquelas ligadas à sociabilização na profissão, no contato com os colegas, serão exploradas também outras atividades não-acadêmicas desenvolvidas pelo docente, como as desportivas; as políticas, em sindicatos, associações e conselhos; e as artístico- culturais, ligadas ao cinema e outros meios audiovisuais, ao teatro e à música. Dados sobre o papel atribuído pelos docentes a elementos como a família, os amigos, a vocação e o entusiasmo também serão apresentados.

4.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

O número total de docentes de Microbiologia, Micologia e Parasitologia das quatro instituições públicas (duas estaduais e duas federais) participantes da pesquisa é de 33. Estas instituições localizam-se nas cidades de Belém, no Estado do Pará, e Manaus, no Amazonas e serão tratadas, a partir deste momento, como instituições A, B, C e D, sendo que A e C são federais, enquanto B e D estaduais.

Destes(as) 33 docentes, oito atuam na instituição A (24,2%), sete na B (21,3%), dez na C (30,3%) e oito na D (24,2%). Treze (39,4%) são docentes de Microbiologia, sete de Micologia (21,2%) e treze de Parasitologia (39,4%).

Responderam ao questionário nº 1, 26 (78,8%) docentes, sendo seis da instituição A, quatro da B, nove da C e sete da D. Este número de participantes reflete uma ligeira desproporção, já que houve uma menor participação de docentes do Pará nesta pesquisa, em relação aos que atuam nas instituições do Amazonas (75,0% e 57,1% para as instituições paraenses; 90,0% e 87,5% para as amazonenses, respectivamente).

Tal desproporção foi devido à maior receptividade de docentes das instituições amazonenses, dada a atuação docente do pesquisador naquele Estado. Na maioria dos casos de pesquisa assemelhados, conhecer total ou

parcialmente os sujeitos investigados constitui um facilitador importante. Buscou-se compensar esta diferença com um maior número de tentativas e horas de campo entre as instituições paraenses e, ainda assim, houve uma pequena diferença em favor das instituições amazonenses.

A proporção de docentes por área também pode ter sofrido influência da área de atuação do pesquisador, pois 92,3% do total de docentes de Parasitologia participaram da pesquisa, enquanto nas áreas de Microbiologia e Micologia estes percentuais foram de 69,2 e 71,4%, respectivamente. Deste modo, do total de participantes, quase metade (46,2%) compôs-se por docentes de Parasitologia, enquanto 34,6% são de Microbiologia e 19,2% da Micologia.

Em que pese a ligeira diferença, estes percentuais não diferem significativamente daqueles observados para o número total de docentes por área de atuação, descrito anteriormente.

Dentre os 26 docentes participantes da pesquisa, 19 (73,1%) são mulheres e sete (26,9%) são homens, possuindo em média 47,3 anos (33-68, n=20), sendo que a faixa etária mais frequente esteve entre 46 e 50 anos (Fig. 4.1).

Em relação à distribuição por gênero, houve significativa diferença em comparação àquela observada por Veiga et al. (2004), já que estes autores falam em certo equilíbrio de gênero na docência universitária. No referido estudo, entretanto, participaram sete professores, sendo quatro homens e três mulheres. Maciel (2007), por sua vez, trabalhando com uma amostra maior, em uma investigação com docentes de licenciaturas, observou, igualmente, equilíbrio entre os gêneros (28 homens e 32 mulheres). No estudo de Tullio (1995), envolvendo docentes universitários na área de Engenharia Agronômica, entretanto, há uma inversão, sendo que o referido autor estudou um universo composto majoritariamente por homens (81,5%).

Figura 4.1 – Docentes universitários de Parasitologia, Microbiologia e Micologia de IES públicas de Belém e Manaus por faixa etária

0 1 2 3 4 5 6 <35 36-40 41-45 46-50 51-55 56-60 >60 Idade

Segundo Ristoff (2006), há cinco anos as mulheres ainda eram minoria na docência universitária brasileira, representando cerca de 44,0% do total, mas sua participação, neste período, crescia num ritmo de 5% ao ano e, assim, atualmente, já devem ter superado a proporção de homens nas universidades brasileiras. Apesar disso, a distribuição por gêneros não é uniforme e, segundo ele, as mulheres trabalham com pessoas e os homens com coisas e máquinas; cursos nas áreas de construção e mecânica são escolhidos por mais de 90,0% dos homens, corroborando a proporção observada por Tullio (1995), enquanto as áreas de serviço social, orientação e nutrição são predominantemente femininas, sendo ocupadas por contingentes femininos superiores a 92,0%.

Em relação à idade, a média observada neste estudo é ligeiramente superior àquela indicada no Censo da Educação Superior Brasileira de 2009, (BRASIL, 2010b), que descreveu o docente universitário típico das instituições públicas como do sexo masculino, com 44 anos de idade, doutor e atuando em tempo integral. O censo também apontou que o docente das instituições públicas é, em média, mais velho do que o das particulares (onde há maior rotatividade). Além disso, o limite etário inferior, neste estudo, é relativamente menor, se comparado àquele encontrado em outros envolvendo docentes universitários (VEIGA et al, 2004; CASTANHO, 2002), cujos participantes mais novos possuíam idades superiores a 43 anos.

Deste ponto em diante, serão apresentados, além dos dados quantitativos, referentes ao conjunto dos docentes, também os qualitativos, obtidos por meio de entrevistas. Por isso, será feita uma breve caracterização preliminar dos docentes entrevistados, aos quais foram atribuídos nomes fictícios, para preservar o sigilo das informações prestadas. Com o mesmo objetivo, os nomes das instituições referidas também serão substituídos por fictícios.

Vale lembrar que os selecionados para participar da pesquisa in loco compreenderiam, conforme planejamento inicial, quatro docentes, dentre os caracterizados como tradicionais e quatro diferenciados; ligados às IPES de Belém e Manaus, que integraram a presente investigação, além de uma docente que atua na área de Ensino de Microbiologia em uma IPES do Sudeste do Brasil. Esta última foi referida no capítulo anterior, tendo sido apontada, durante o I ENAPROM, como uma especialista no ensino de Microbiologia. Ressalte- se, ainda, que outros dois docentes, de uma instituição do sul do Brasil, participaram de entrevistas durante o Estudo-Piloto e integrarão a presente análise, por terem apresentado, tanto em seus currículos, quanto na fase anterior da investigação, um perfil característico dos docentes das áreas investigadas. Deste modo, as características destes sujeitos servirão para auxiliar na compreensão das diferenças e semelhanças dos docentes da Região Norte em