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Gestão da Educação em Saúde

No documento Conasems Brasília 2021 (páginas 142-146)

6 7 Ver Bonaldi ,C, Gomes, R.S, Louzada, A P F e Pinheiro R. O trabalho em equipe como dispositivo de integralidade: experiências cotidianas em quatro localidades brasileiras. In: PINHEIRO, R.; BARROS, M. E.BARROS E MATTOS, R.A. (Orgs.). Trabalho em Equipe sob o eixo da Integralidade: valores, saberes e praticas. Rio de Janeiro: IMS/UERJ, Cepesc, Abrasco, 2007. p. 53-74 https://lappis.org.br/site/trabalho- -em-equipe-sob-o-eixo-da-integralidade-valores-saberes-e-praticas/4513.

7 8 A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) foi lançada em 2004 com a finali- dade de produzir mudanças na gestão, atenção, formação e participação social em saúde, modificando os processos de trabalho no SUS. É regulamentada por duas portarias, a PT/GM 198/2004 e PT/GM 1.996/2007. Coloca como prioridade a articulação ensino e serviços e define a regionalização como base Analisar e buscar respostas para questões sobre o processo de trabalho da equipe76 é uma forma de mapear problemas e identificar as relações que se estabelece entre os colegas, fazer essa reflexão é o exercício de agir na educação permanente.

A educação permanente se baseia na aprendizagem significativa, que consiste na possibilidade real de transformar as práticas profissionais, a partir da reflexão dos trabalhadores sobre o trabalho que realizam. A educação permanente pode ser entendida como aprendizagem- trabalho, que acontece no cotidiano das pessoas e das organizações a partir da ação de colocar em análise o trabalho realizado.

A educação permanente como um dispositivo da integralidade do cuidado, que se concretiza a partir da ação refletida sobre o enfrentamento de problemas reais, dos conhecimentos e praticas adquiridos nas experiências e vivências de cada pessoa, e em interação umas com as outras.

O tema educação na saúde e formação de profissionais de saúde é vasto e complexo, e a gestão da educação na saúde trata das políticas inerentes a esse campo propondo a rediscussão da formação no ensino técnico, na graduação e pós-graduação.

Notadamente, a partir de 2003, especialmente no âmbito da gestão fe- deral do SUS, foi feito um movimento forte no sentido de fazer cumprir o papel constitucional do SUS de ordenamento de recursos humanos com a criação da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde – SG- TES – no Ministério da Saúde, com o claro objetivo de desenvolvimento de políticas e estratégias para o enfrentamento dos problemas relacionados com a educação e o trabalho na saúde.

A grande novidade foi a ampla discussão com a sociedade, por meio dos conselhos, com a Academia e todos os atores envolvidos para a propo- sição da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde 87

De 2003 pra cá, muitas ideias/iniciativas foram discutidas, propostas e en- caminhadas no campo da educação na saúde e a PNEPS, nascida para ser “A” política de formação para o SUS, conviveu nesses 18 anos com diferentes ato- res, distintas compreensões do conceito, variadas formas de financiamento.

Em 2011, o Ministério da Saúde cessou o repasse específico para a po- lítica baseado em relatórios financeiros que apontavam enormes saldos de recursos não utilizados em conta bancária, em razão de toda ordem de dificuldades narradas pelos responsáveis pela execução da política, espe- cialmente nas secretarias estaduais de saúde, para onde majoritariamente os recursos eram direcionados.

Tantas mudanças, é claro, produziram muita confusão acerca do con- ceito, que era novo, e isso dificultou e tem retardado a compreensão de sua importância e potência, o “por que fazer?” e “como fazer?” educação permanente nos espaços da gestão municipal.

Em 28 novembro 2017, o Ministério da Saúde por meio da Portaria n 3.194 lançou o Programa de Fortalecimento das Práticas de Educação Per- manente em Saúde no Sistema Único de Saúde – PRO EPS-SUS - com “o objetivo de estimular, acompanhar e fortalecer a qualificação profissional dos trabalhadores da área da saúde para a transformação das práticas de saúde em direção ao atendimento dos princípios fundamentais do SUS, a partir da reali- dade local e da análise coletiva dos processos de trabalho”.

Para tal, houve o repasse de um incentivo financeiro, mediante adesão, que podemos considerar como um estímulo para a retomada das discus- sões da educação permanente nos espaços municipais. Você sabe se o seu município aderiu ao PRO EPS SUS? Que ações de educação permanente vocês planejaram para os trabalhadores do município? As ações constam do plano municipal de saúde? Conseguiram executar o planejado? Que di- ficuldades tiveram?

Hoje a gestão municipal do SUS está mais próxima destas discussões, e já se reconhece coparticipe na oferta de cenários para a formação dos profissionais de saúde, e compreende que a rede de serviços de saúde pode e deve ser pensada com contribuições e apoio também nas instituições aca- dêmicas e principalmente função estruturante no seu funcionamento como espaço de ensino-aprendizagem. Isso é fundamental para a aproximação à realidade das necessidades de saúde da população e portanto para a quali- ficação do cuidado em saúde. Isto porque para formar os profissionais para o SUS é importante que a gestão do sistema assuma e cumpra seu papel de ordenadora da formação de recursos humanos, e, portanto, de profissionais de saúde, conforme escrito na Lei Orgânica da Saúde.

O sistema de saúde, seja no âmbito nacional, estadual ou municipal, também tem como atribuição a participação no ordenamento da formação para o desenvolvimento das ações. Propõe o encontro entre o mundo da formação e o mundo do trabalho através da interseção entre o aprender e o ensinar na realidade dos serviços.

profissional, como está registrado na Constituição. A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde propõe que a formação dos profissionais esteja articulada com as necessidades e características do trabalho em saúde. Diversas aproximações entre o sistema de saúde e as instituições de formação, por meio de iniciativas como o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), os Estágios e Vivências na Realidade do SUS (VER-SUS), as Residências em Saúde, a oferta articulada de estágios curriculares e extracurriculares e cursos (aperfeiçoamento, especialização, mestrados acadêmicos e profissionais e doutorados), tem contribuido para essa função, mas por quaisquer iniciativas que ocorram é que a institucio- nalização da educação permanente no município ocorra inserida no pro- cesso de organização do cuidado e da RAS no terriório, portanto conduzida pela equipe do municipio e parte de seu mapa estratégico de gestão.

A educação permanente se realiza com ações pensadas a partir da compre- ensão dos problemas enfrentados na realidade, que leva em consideração os co- nhecimentos, as experiências que as pessoas já têm e aquelas que vão adquirir no cotidiano da relação entre demanda e a oferta de cuidados na saúde.

Para investir em mudanças na formação dos profissionais de saúde, tendo a oferta de perfis mais adequados ao desenvolvimento do trabalho nos serviços e sistemas de saúde, é oportuno que os gestores façam apro- ximações com as instituições de ensino. Soube da importante iniciativa de gestores da região que já fizeram um levantamento de cursos de graduação na região e estabeleceram parcerias que foram fundamentais para a capaci- tação dos profissionais para o enfrentamento da pandemia. Articular essas ações fortalece a aliança entre a formação e o trabalho, inclusive para con- tinuar aprimorando a qualidade dos seus profissionais com a participação em pesquisas e estudos que podem qualificar o SUS na região, especialmen- te nesses momentos de emergência em saúde pública.

Embora seja um instrumento pouco discutido e implementado, é im- portante apresentar para que saibam o que define o Contrato Organizativo de Ação Pública Ensino-Saúde (COAPES), que surgiu com a Lei 12.871, de 12 de outubro de 2013 – Lei do Programa Mais Médicos.(http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12871.htm)

É um instrumento de apoio à organização dessas relações de ensino-saú- de com as diretrizes publicadas pelos Ministérios da Saúde e da Educação por meio da Portaria Interministerial nº 1.127 de 06 de agosto de 2015.8 Participam do COAPES todos os gestores municipais e/ou estaduais do SUS interessados em ofertar a sua rede enquanto campo de prática para estu- dantes de graduação e/ou residência. Participam também as instituições de ensino que possuem cursos de graduação na área da saúde e programas de 8 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Interministerial MEC/MS nº 1.124, de 4 de agosto de 2015. Ins- titui as diretrizes para a celebração dos Contratos Organizativos de Ação Pública Ensino Saúde (COAPES), para o fortalecimento da integração entre ensino, serviços e comunidade no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, ago. 2015.

residência médica e multiprofissional interessados em discutir e qualificar a inserção do estudante na rede e a integração ensino e serviço.

Por falar em médicos, precisamos mencionar o Programa Mais Médicos. Lembramos que foi uma ação do governo federal para o enfrentamento de um tema crítico, recorrente, sempre atual e cujas iniciativas federais ainda não deram conta de responder com a efetividade que o Sistema exige, que é o provimento de profissionais da saúde, especialmente médicos. A eterna discussão se a raiz do problema é escassez de profissionais – argumento defendido pela gestão do SUS – ou se a dificuldade está relacionada a má distribuição desses profissionais no território brasileiro – argumento de- fendido pela corporação médica – que justifica com razão, que há de haver incentivos para que profissionais - de qualquer área - optem por localidades pouco atrativas em razão de vulnerabilidades sociais, violência, distantes dos grandes centros urbanos.

Com o objetivo de enfrentar, em âmbito nacional, esse problema que impacta diretamente na oferta de serviço de saúde a população, em 2013 o governo federal criou o Programa Mais Médicos,estruturado em três eixos – 1. Provimento emergencial de médicos, 2. Formação – com a expansão de vagas de medicina em Universidades Federais, abertura de novas escolas medicas, ampliação de vagas residência medica sempre orientadas asse- gurando a interiorização pelo Brasil, 3. Estrutura física – com construção, ampliação e reformas e de milhares de Unidades Básicas de Saúde.

Aclamado pelos gestores do SUS, especialmente os secretários munici- pais, que viram na iniciativa, ainda que “emergencialmente”, uma resposta as necessidades da gestão municipal. Por outro lado, duramente combatido e criticado pela classe médica que não compartilhou desse mesmo enten- dimento, pelo contrário, viu o programa como um meio de exploração do trabalho méedico sem a atenção devida aos direitos trabalhistas da catego- ria e nenhuma perspectiva profissional futura.

Ainda que enfrentando grande oposição no início, o Programa, durante esses anos, atendeu a demanda de municípios que enfrentam a dificuldade de contratar e fixar médicos por muito tempo em seu território, dificuldade essa quase sempre associada a aspectos já mencionados acima.

2018, novo governo, 2019 nova proposta para o enfrentamento desse problema e em 18 de dezembro de 2019 é aprovada a Lei 13.958 que institui o Programa Médicos pelo Brasil (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2019-2022/2019/lei/L13958.htm#:~:text=L13958&text=Institui%20 o%20Programa%20M%C3%A9dicos%20pelo,Prim%C3%A1ria%20 %C3%A0%20Sa%C3%BAde%20(Adaps).), no âmbito da atenção primá- ria à saúde no Sistema Único de Saúde (SUS), e autoriza o Poder Executivo federal a instituir serviço social autônomo denominado Agência para o De- senvolvimento da Atenção Primária à Saúde (Adaps).

A constituição e organização da ADAPS, criada para administrar o novo programa, começava a se desenhar quando a pandemia foi anunciada pela OMS em 11.03.2020 e a urgência da situação obrigou o governo a adiar os planos para a ADAPS e lançar mão do que já tinha organizado, o Programa

Mais Médicos, e com vários editais no decorrer de 2020 colocou nos muni- cípios durante a pandemia mais de 8000 médicos.

Acreditamos que esse ano a organização da ADAPS seja retomada e o novo programa colocado em ação.

No documento Conasems Brasília 2021 (páginas 142-146)