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Planejando o SUS no Município

No documento Conasems Brasília 2021 (páginas 68-72)

O

lga1 esteve à frente da Secretaria de Saúde

de Vila SUS por quatro anos e fez um tra- balho que foi reconhecido na região. Isto a credenciou a ser convidada pelo prefeito reelei- to de Vila SUS, para ser Secretária Municipal de Saúde em sua nova gestão. Ainda no primeiro trimestre do ano, é convocada a primeira reunião de acolhimento dos novos gestores pelo COSEMS (Conselho de Secretarias Municipais de Saúde). Já não se trata de uma novidade. Reuniões como esta, ou da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), ou ainda da Macrorregião ou da Comissão Intergestores Regional (CIR) são parte da intensa rotina desta secretária de saúde.

1 Na primeira edição deste manual, Olga iniciava sua primeira experiência como gestora. Para saber mais, ver: CONASEMS, CO- SEMS-RJ, LAPPIS/IMS/UERJ. Manual do(a) gestor(a) municipal do SUS: diálogos no cotidiano. Rio de Janeiro, CEPESC/IMS/UERJ, 2016.

Olga está impressionada com a velocidade que esta experiência de gestão do SUS vem imprimindo em sua vida. De fato, na primeira gestão Olga trabalhou intensamente. Ela sente isto. Percebe-se mais experiente e familiarizada com a complexidade do Sistema Único de Saúde (SUS), com seus aspectos econômicos, políticos, programáticos e conceituais. Mas tal posição não a livra de possuir questionamentos e dúvidas sobre muitas coi- sas da gestão e do planejamento do SUS. E para esta secretária, estas reu- niões são sempre um espaço potente para trabalhar suas questões. Espaço de trocas entre gestores e profissionais do SUS com diferentes formações e trajetórias.

Ela avista Vitória, apoiadora regional do COSEMS, que acompanha a região de Vale Feliz. Aproxima-se para cumprimentá-la:

O: Oi Vitória, como vai? Cá estamos nós! Iniciando os trabalhos deste ano! V: Não é, Olga?! O tempo voa!

O: Vinha para reunião de hoje pensando nisto! Não acredito que já cumpri uma gestão inteira!

V: E cumpriu muito bem!

O: Mas estou cheia de questões! Espero que tenhamos um tempinho para conversar. Fui convidada para ser Secretária de Saúde de novo e preciso outra vez organizar o planejamento. Tenho ainda muitas dúvidas!

V: Vamos fazer uma conversa de acolhimento com os novos gestores da re- gião, você seria muito importante nesta conversa sobre nossas responsabili- dades no planejamento.

Se para Olga esta reunião não é novidade, para Julia é. Recém-empos- sada ao cargo de secretária de saúde de Céu Azul, Julia inicia sua primeira experiência em gestão. Sem experiência no SUS ou mesmo na administra- ção pública, Julia está preocupada. Nos últimos 4 anos, Céu Azul teve cinco secretários. A última, Íris, fez de tudo para organizar o sistema de saúde, mas teve pouco tempo e aconteceu a pandemia. Tal dificuldade de fixação de um secretário colocou este município em uma situação de desorganiza- ção da gestão e sem planejamento atualizado.

Ao fim da reunião do COSEMS, Julia procura Vitória. Está cheia de dú- vidas sobre seu início de gestão. Olga percebe a conversa e se aproxima, sendo apresentada a nova secretária de Céu Azul por Vitória. A apoiado- ra está explicando à Julia a importância de, neste momento, se dedicar a produção dos instrumentos de planejamento do SUS. Vitória explica à Júlia os marcos legais / normativos importantes à definição e organi- zação do planejamento e dos instrumentos de planejamento, e apon- ta a necessidade de Julia estudar os instrumentos vigentes de Céu Azul,

mesmo diante do fato de que segundo Julia estão desatualizados e não sofreram ajustes desde que foram elaborados, tardiamente, há 2 anos:

»Lei 8080 de 19 de setembro de 1990, lei orgânica da saúde que estabelece os princípios do SUS e as atribuições dos entes da federação, estabelece o planejamento ascendente

»O Decreto nº 7.5082, de junho de 2011 regulamenta a Lei nº 8.080, de 1990 e dispõe sobre alguns aspectos do planejamento, sendo da obrigação do gestor público a elaboração e apresentação de instrumentos de planejamento. Por fim, o decreto também trata de aspectos da assistência e da articulação interfederativa;

»A Lei Complementar nº1413, de janeiro de 2012 (LC 141/2012) regulamenta o artigo 198 da Constituição Federal de 1988 (CF 88), definindo as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com o SUS dos três entes federativos; a determinação do planejamento ascendente, e do rateio como mecanismo de financiamento do SUS;

»O Título IV, Capítulo I, da Portaria de Consolidação nº1, de 28 de setembro de 20174 (que substitui a Portaria nº 2135, de setembro de 2013), que estabelece diretrizes para o planejamento do SUS, define como instrumentos do planejamento em saúde o Plano Municipal de Saúde (PMS), a Programação Anual da Saúde (PAS), o Relatório Anual de Gestão (RAG) e o Relatório Detalhado do Quadrimestre Anterior (RDQA) e orienta os pressupostos para o planejamento.

2 BRASIL. Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011. Regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras providências. Disponível em: < http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/D7508.htm> Acesso em: 25/02/2021. 3 BRASIL. Lei Complementar nº141, de 13 de janeiro de 2012. Regulamenta o § 3o do art. 198 da Consti- tuição Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo; revoga dispositivos das Leis nos 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de 27 de julho de 1993; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp141.htm> Acesso em: 25/02/2021.

4 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria de Consolidação nº1, de 28 de setembro de 2017. Consolidação das Normas sobre os direitos e deveres dos usuários da saúde, a organização e o funcionamento do Sistema Único de Saúde (Título IV, Capítulo I). Brasil, Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: < http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0001_03_10_2017.html > Acesso em: 25/02/2021.

No documento Conasems Brasília 2021 (páginas 68-72)