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Representantes dos usuários

No documento Conasems Brasília 2021 (páginas 61-68)

Representantes da gestão

Trabalhadores

da saúde

Representantes dos prestadores

50%

25%

25%

PCMS – Muito bem Secretária, entendemos, mas como faremos e quan- do faremos nossa Conferência Municipal, e a segurança sanitária em função da pandemia?

Olga – Vamos ver um passo a passo de organização da Conferência Mu- nicipal de Saúde de VilaSUS?

O primeiro passo caberá ao Conselho de Saúde. Ele deve eleger a comis- são organizadora que definirá os seguintes aspectos:

Data e local do evento: Cada Município tem uma data própria, em função da data da ultima conferencia, dos prazos de elaboração e ajustes dos instrumentos de gestão e planejamento. E em 2021, ainda temos um quadro sanitário complexo. Deve-se considerar que o novo plano municipal de saúde entra em vigor em 1/1/2022 e após a aprovação das diretrizes para elaboração do PMS – Plano Municipal de saúde pela Conferência Municipal, ele tem que ser elaborado e podem ser necessários ajustes nos demais instrumentos de planejamento da gestão e do

governo municipal. Portanto, o quanto antes se fizer possível e viável sua realização, melhor estará a cidade de VilaSUS preparada para enfrentar os desafios da saúde nos próximos 4 anos (2022 a 2025).

Número de Delegados: Deve ser o mais representativo possível e considerar as regiões dentro da cidade: área urbana e suas diferenças, areas centrais e periféricas, área rural e sua ocupação, e para isso tem que se estabelecer o processo de eleição e escolha dos delegados, a participação das instituições e associações dos usuários para propor o número de delegados. Lembre-se da paridade.

Palestrantes: O momento expositivo pelos especialistas é bom, pois pode ser esclarecedor e informativo, mas não pode ser o foco da Conferência, e sim o debate sobre as prioridades e diretrizes para o PMS – Plano Municipal de Saúde.

Despesas com a Conferência: É preciso definir qual a fonte destes recursos e sua quantidade. No caso de VilaSUS estão previstos recursos no Orçamento e na programação orçamentária.

Participantes: Definir participantes além dos delegados. Lembre-se de convidar autoridades locais e considere como demais participantes: trabalhadores da saúde e de outras secretarias do governo, suplentes de delegados e demais pessoas de outras instituições que podem participar na qualidade de observadores, portanto sem direito a voz ou voto.

Documentos a serem Elaborados: Decreto de Convocação – assinado pelo Prefeito; Portarias – têm por finalidade publicar as decisões do conselho e as normas de organização e funcionamento da Conferência; Regimento – este deve ser elaborado antes da conferência e aprovado pelo Conselho, ele tem a função de apresentar o processo organizativo da Conferência, o papel dos delegados e regulamentar a realização da Plenária Final; e Convites e Ofícios.

Programação: Definir horários de credenciamento, da abertura, duração das mesas e da plenária final.

Divulgação: Envolver todos os atores nesta tarefa, para que divulguem em seus respectivos segmentos e em todos os espaços da cidade.

Processo de votação: se não for eletrônico, ou via internet e portanto por meio analógico de Crachás, é importante que os crachás dos delegados sejam diferentes dos demais participantes para facilitar a identificação na hora da contagem dos votos.

Plenária Final: Tem por finalidade aprovar as propostas apresentadas e moções quando existirem.

Relatório Final: Documento que deve apresentar as principais discussões da Conferência e detalhar as propostas aprovadas. Deve ser amplamente divulgado.

PCMS – Estou bem assustada secretária! Vejo que temos muito trabalho pela frente.

Olga – Sem dúvida presidente, e temos que resolver como realizar a con- ferência sem gerar aglomeração de pessoas e garantir segurança sani- tária. Mas a secretaria municipal de saúde também compõe a comissão organizadora e apoiará cada etapa. Espero que nossos delegados eleitos nos ajudem a aproximar nossas propostas enquanto governo à necessi- dade de saúde de nossa população e com isso melhorar continuamente a saúde e a vida em nossa cidade. É uma tarefa de grande responsabilida- de, principalmente quando entendemos como funciona o planejamento ascendente do SUS e que nosso debate sobre a organização do SUS, prio- ridades e diretrizes na cidade irá contribuir para organização do SUS na região de saúde e no estado.

Vocês se lembram que durante a última Conferência Municipal de Saúde que realizamos no nosso primeiro ano de gestão, avaliamos a situação de saúde em VilaSUS e propomos diretrizes para a formulação da política de saúde? Pois então, temos que realizar esta mesma tarefa, e considerando o planejamento ascendente do SUS, observar no debate a agenda estratégica que a gestão municipal propõe e nosso PMS, que está atualizado.

PCMS – Mas secretária, nós aqui de VilaSUS vamos debater a saúde na região e no estado?

Olga – Não presidente, posso esclarecer algumas destas dúvidas sobre o papel dos conselheiros citando a Lei Orgânica da Saúde. Vejamos o que diz a Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 em seu Art. 1º: “O Sistema Único de Saúde - SUS de que trata a Lei nº. 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas:

»I - a Conferência de Saúde, e »II - o Conselho de Saúde.

§ 1º - A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada 4 anos com a representa- ção dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis correspon- dentes, convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, por este ou pelo Conselho de Saúde.”

Vejam que as Conferências de Saúde são espaços democráticos de cons- trução da política de Saúde, portanto é o local onde a população manifesta,

orienta e decide os rumos da saúde em cada esfera. Nós decidimos aqui em VilaSUS, mas também contribuímos com a região e com o Estado debatendo a necessidade de saúde que vai além do território municipal e que precisa da rede de saúde na região e no estado para ser atendida.

Veja em seguida o que a mesma lei diz sobre Conselhos e seu papel: “ § 2º - O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no con- trole da execução da política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do governo”.

O Conselho Municipal de Saúde propõe e acompanha as ações relativas à Saúde local, além de controlar e fiscalizar o bom uso dos recursos, uma vez que os recursos financeiros do SUS são depositados em conta especial, e toda sua movimentação está sob fiscalização do Conselho (BRASIL, 1990), seu papel também é de democratizar as decisões. Lembre-se que sua com- posição deve respeitar igualmente o princípio da paridade.

PCMS – Estou compreendendo melhor secretária, mas acho que seria muito importante que todos os conselheiros tivessem os esclarecimentos que tivemos nesta conversa.

Olga – Presidente, precisamos discutir ações de Educação Permanente (EP) voltadas não só aos conselheiros municipais de saúde de VilaSUS como também aos conselheiros locais e principalmente à população de nossa cidade. Vejo que precisamos estimular a participação da comunidade na saúde e garantir a equidade e diversidade de representação. Temos alguns representantes que são historicamente excluídos, em contrapartida há seg- mentos mais organizados que estão no conselho há muitos anos. Renovar nossa representação será muito saudável para a ampliação e diversificação de olhares bem como para nossa democracia.

É importante que todos compreendam o que é, como funciona e como participar dos conselhos de saúde de nossa cidade. A participação no Con- selho é vista como de relevância pública, seus membros devem defender o coletivo e se trata de um importante exercício de cidadania.

Olga chama sua secretária e agenda uma nova reunião com membros dos conselhos locais e do conselho municipal para discutir temas e propostas de ações de EP, entre eles prestação de contas, aprovação de relatórios e da programacão anual da saúde. Pede a presença da secretária executiva do Con- selho e da coordenadora do núcleo de educação permanente da SMS VilaSUS para que assumam a tarefa dentro da secretaria. Olga julga importante uma consulta à apoiadora Vitória para conhecer algumas melhor algumas inicia- tivas e experiências de EP na região de saúde para troca de conhecimento.

Olga – É importante que você saiba que é responsabilidade da gestão as ações de educação permanente para o conselho. Veja o que está determi- nado na Lei Complementar nº 141/12:

Art. 44. No âmbito de cada ente da Federação, o gestor do SUS disponibi- lizará ao Conselho de Saúde, com prioridade para os representantes dos usuários e dos trabalhadores da saúde, programa permanente de educa- ção na saúde para qualificar sua atuação na formulação de estratégias e assegurar efetivo controle social da execução da política de saúde, em con- formidade com o § 2º do art. 1º da Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Olga – Considero importantíssimas as ações de Educação Permanente, pois tenho certeza que nossos conselheiros, quando compreendem me- lhor seu papel, podem atuar com confiança, segurança e de forma mais qualificada. Acredito que isso pode minimizar o problema frequente que temos de falta de quórum, que muitas vezes nos dificultou a apreciação das contas, ou mesmo nossas audiências públicas.

PCMS – Secretária, e sobre o não cumprimento do horário de trabalho nas UBS, quando a senhora vai determinar aos conselheiros locais que cortem o ponto dos profissionais de saúde?

Olga – Vejamos presidente, essa não é a primeira vez que debatemos esse assunto. Esse problema não é generalizado, temos ciência do fato e acompanhamos de perto caso a caso, inclusive com algumas reclamações que nossa Ouvidoria nos relata. No entanto, cabe à gestão tomar atitudes administrativas, principalmente como estas de caráter punitivo. Vocês devem continuar a cumprir o papel de fiscalização e denúncia, o que nos ajuda a acompanhar os efeitos produzidos pelas medidas que tomamos com alguns trabalhadores.

PCMS – Ainda temos muito que aprender para fortalecer o SUS e garantir o direito à saúde para todos em VilaSUS. Mas saber que podemos con- tar com uma gestora que sabe dialogar conosco já é um grande avanço. Obrigada por nos receber.

Olga se despede da presidente e deixa agendada uma próxima conversa sobre Educação Permanente para o controle social que dará sequência à formação, de caráter crítico e problematizador, de seus conselheiros e futuros candidatos ao conselho.

Para saber mais:

»Participação da Comunidade na Saúde: O CONASEMS e a defesa do SUS nas Conferências Municipais de saúde. Disponível em: https://www.conasems.org.br/wp-content/uploads/2017/01/livreto_ conasemscomunidade_AF01.pdf

»BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 8142 de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências.

»______. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.

»______. Presidência da República. Casa Civil. Lei Complementar nº 141 de 13 de janeiro de 2012. Regulamenta o § 3o do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo; revoga dispositivos das Leis nos 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de 27 de julho de 1993; e dá outras providências.

»Carvalho, Gilson de Cássia Marques de. Participação da Comunidade na Saúde. Campinas, SP: Saberes Editora, 2014.

No documento Conasems Brasília 2021 (páginas 61-68)