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A importância da mensuração dos ativos

No documento Desafios da gestão atual (páginas 86-88)

TANGIBLE FIXED ASSETS: STUDY OF ITS MEASUREMENT IN PORTUGAL AND SPAIN

2. REVISÃO DE LITERATURA 1 Enquadramento do tema

2.1.2. A importância da mensuração dos ativos

Tradicionalmente a mensuração dos ativos, no âmbito privado e público, baseava-se essencialmente na objetividade do seu cálculo, atendendo para isso ao custo histórico, isto é, custo de aquisição ou custo de produção.

Todavia, tanto em Portugal como em Espanha, à medida que se foram introduzindo modelos contabilísticos que se baseiam nas normas internacionais, e na relevância da informação, foram-se gradualmente introduzindo também critérios diferentes do tradicional custo histórico, nomeadamente o justo valor.

Usualmente os critérios de mensuração aparecem classificados em três grupos, conforme a entidade esteja numa posição de compra do elemento (valores de entrada), de venda (valores de saída), ou leve a cabo uma mensuração que prescinda de mercado (outros valores). Relativamente a este último grupo, Macedo (2008) refere-se a este como métodos

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Tabela 2:A evolução da normalização contabilística de âmbito público em Portugal e Espanha

Portugal Espanha

Ano Acontecimento Ano Acontecimento

Até 1990 Contabilidade do orçamento 1983 Plan General de Contabilidad Pública(primeiro) 1990-97 Reforma da Administração Financeira do Estado 1990 Instruções de Contabilidade para a Administração Local

1997 Plano Oficial de Contabilidade Pública (POCP)

1994 Reforma do Contabilidad Publica Plan General de (adaptação ao PGC de 1990) 1999 Plano Oficial de Contabilidade da Administração Local (POCAL)

2000

Cadastro e Inventário dos Bens do Estado (CIBE)

Plano Oficial de Contabilidade para o Setor da Educação (POC-EDU) Plano Oficial de Contabilidade para o

Ministério da Saúde (POC-MS) 2002

Plano Oficial de Contabilidade das Instituições do Sistema de Solidariedade e de Segurança Social

(POCISSSS)

2004

Reforma das Instruções de Contabilidade para a Administração

Local

(adaptação ao PGCP de 1994)

2015

Sistema de Normalização Contabilística para as Administrações

Públicas (SNC-AP)

(adaptação ao SNC e às normas do IPSASB; em vigor apenas a 1 de

janeiro de 2018)

2010

Nova reforma do Plan General de Contabilidad Publica (adaptação ao novo PGC de 2007 e

às normas do IPSASB) 2013

Nova reforma das Instruções de Contabilidade para a Administração

Local

(adaptação ao PGCP de 2010) Fonte: Elaboração própria.

2.1.2. A importância da mensuração dos ativos

Tradicionalmente a mensuração dos ativos, no âmbito privado e público, baseava-se essencialmente na objetividade do seu cálculo, atendendo para isso ao custo histórico, isto é, custo de aquisição ou custo de produção.

Todavia, tanto em Portugal como em Espanha, à medida que se foram introduzindo modelos contabilísticos que se baseiam nas normas internacionais, e na relevância da informação, foram-se gradualmente introduzindo também critérios diferentes do tradicional custo histórico, nomeadamente o justo valor.

Usualmente os critérios de mensuração aparecem classificados em três grupos, conforme a entidade esteja numa posição de compra do elemento (valores de entrada), de venda (valores de saída), ou leve a cabo uma mensuração que prescinda de mercado (outros valores). Relativamente a este último grupo, Macedo (2008) refere-se a este como métodos

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dependentes das expectativas da entidade, mencionando que se podem afastar do correto valor, sempre que a entidade não atue de acordo com as expectativas de mercado. Assim, como referem Morales Caparrós e Bentabol Manzanares (2004, p. 65), a mensuração depende do fim ao qual se destina, logo facilita a compreensão se classificarmos os critérios de acordo com o fim da mensuração, nos três grupos referidos.

Como exemplos destes grupos de critérios de mensuração temos: o critério do custo e o do custo de reposição, que são critérios a valores de entrada; já o critério do valor de realização (ou de liquidação) é um critério a valores de saída; ou ainda, o valor atual líquido, que usualmente se classifica como um critério baseado em outros valores que não os de mercado. O justo valor poderá ser incluído num destes grupos, conforme o critério que seja aplicado na sua estimação.

Perante a grande diversidade de critérios de mensuração existentes, questionemos qual o critério aplicar e se poderão/deverão aplicar-se vários critérios em simultâneo.

Como refere a Asociación Española de Contabilidad y Administración (AECA, 2001), no §309 da estrutura conceptual para as entidades públicas, “um único critério valorativo aplicado à totalidade dos elementos das demonstrações financeiras não satisfaz integramente todos os objetivos possíveis (…) é necessário a utilização simultânea de diferentes critérios de mensuração tendo em conta em cada caso a natureza e o papel que cada elemento das demonstrações financeiras desempenha na situação e atividade da entidade económica”. A questão não é apenas de diversidade de critérios existentes, mas também o facto de poderem ser aplicados diferentes critérios a um mesmo elemento. Autores, como por exemplo Lopes de Sá (2008, p.48), opinam que quantos mais critérios se utilizar, “ao sabor dos interessados”, maiores serão as incertezas e inseguranças, e que “adotar dois ou mais valores para a mesma coisa não é solução técnica, nem científica, mas ensejo de problemas de interpretação”, pois o facto de um elemento poder ter diferentes valores conforme a alternativa escolhida pelas partes “rompe com a ‘confiabilidade’ requerida pela fidelidade informativa”, ou seja, “o critério de alternativas é o da apologia da imprecisão porque o lógico não admite a contradição” (Lopes de Sá, 2008, p.48).

Na realidade, a aplicação de diferentes critérios de mensuração vai dificultar a interpretação dos valores inscritos nas demonstrações financeiras por parte dos seus utilizadores (Barth, 2006, p.12), podendo colocar em causa a comparabilidade da informação.

Por outro lado, é difícil que um único critério de mensuração satisfaça a procura de informação de todos os utilizadores (Navarro Galera e Rodriguez Bolivar, 2004, p.247), daí que vários autores defendem a aplicação de vários critérios de mensuração.

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Em concordância, Morales Caparrós e Bentabol Manzanares (2004, p.52) referem que “é mais útil para os utilizadores da informação a possibilidade de utilização de vários critérios de mensuração conforme o momento, a natureza e o propósito específico da mensuração, do que um único critério de mensuração”.

Vemos assim que as opiniões se dividem quanto ao uso de um único critério de mensuração, ou de uma multiplicidade de critérios, existindo vantagens e desvantagens em termos de utilidade da informação.

As próprias normas internacionais, seja de âmbito privado ou público, defendem uma base de mensuração mista, conforme o elemento em causa, o momento da mensuração e também a alternativa escolhida; sendo esta última influenciada, nomeadamente, por fatores económicos, políticas da entidade de relato, normativo fiscal, entre outros aspetos.

As normas contabilísticas advertem para a necessidade de atender às características da informação financeira na escolha de um adequado critério de mensuração, nomeadamente à fiabilidade e relevância pretendida com a informação a relatar.

Cada critério permite um maior ou menor grau de relevância e fiabilidade da informação, atribuindo-lhe uma maior ou menor utilidade. Portanto, a escolha de um, ou de outro, critério de mensuração, a aplicar a um ativo específico, depende também do grau de relevância e fiabilidade que se pretende obter com a informação a fornecer.

Em suma, a seleção do critério de mensuração depende de vários aspetos, para além do momento da mensuração, nomeadamente, das características do elemento e da classe em que se integra, dos fatores de ordem económica, contabilística e também fiscal, e das características qualitativas que se pretende ver cumpridas.

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