A CONTABILIDADE SOCIAL E A SUA DIVULGAÇÃO: UMA REVISÃO BIBLIOMÉTRICA
4. RESULTADOS OBTIDOS
De acordo com os procedimentos descritos (tabela 1), apresenta-se na tabela 2 a lista de revistas com maior número de publicações sobre a temática em análise (figura 1).
Assim, constata-se que as revistas com mais artigos publicados são a Accounting Auditing & Accountability Journal e o Journal of Business Ethics, ambas de quartil 1 (Q1) e com 1,579 e 1,165 de factor de impacto, respetivamente.
Tabela 2: Ranking das revistas
Posição Revistas publicações Nº de % do total de publicações 1º Accounting Auditing and Accountability Journal 29 25,9%
2º Journal of Business Ethics 24 21,4%
3º Accounting, Organizations and Society 17 15,2%
4º Business Strategy and Environment 9 8,0%
5º Accounting Review 8 7,1%
6º Corporate Social Responsibility and Environmental
Management 7 6,3%
7º Critical Perspectives on Accounting 6 5,4%
8º Journal of Accounting Research 4 3,6%
9º Management Decision 4 3,6%
10º Social Responsibility Journal 4 3,6%
Total 112 100%
Através do referido software obteve-se ainda o seguinte mapeamento em rede (figura 1):
Figura 1: Rede de co-citações das referências
31
4. RESULTADOS OBTIDOS
De acordo com os procedimentos descritos (tabela 1), apresenta-se na tabela 2 a lista de revistas com maior número de publicações sobre a temática em análise (figura 1).
Assim, constata-se que as revistas com mais artigos publicados são a Accounting Auditing & Accountability Journal e o Journal of Business Ethics, ambas de quartil 1 (Q1) e com 1,579 e 1,165 de factor de impacto, respetivamente.
Tabela 2: Ranking das revistas
Posição Revistas publicações Nº de % do total de publicações 1º Accounting Auditing and Accountability Journal 29 25,9%
2º Journal of Business Ethics 24 21,4%
3º Accounting, Organizations and Society 17 15,2%
4º Business Strategy and Environment 9 8,0%
5º Accounting Review 8 7,1%
6º Corporate Social Responsibility and Environmental
Management 7 6,3%
7º Critical Perspectives on Accounting 6 5,4%
8º Journal of Accounting Research 4 3,6%
9º Management Decision 4 3,6%
10º Social Responsibility Journal 4 3,6%
Total 112 100%
Através do referido software obteve-se ainda o seguinte mapeamento em rede (figura 1):
Figura 1: Rede de co-citações das referências
Figura 1-Rede de co-citações das referências
32
Pela figura 1 visualiza-se a existência de 4 clusters compostos pelos 49 artigos mais citados dos 112 artigos publicados nas revistas top 10. Isto significa que a rede de co-citações acima evidencia quais os artigos sobre a temática em análise mais relevantes, no momento atual, para os investigadores. Contudo, dada a dispersão das temáticas envolvidas nestes 4 clusters, a sua análise implicaria a abordagem de um conjunto demasiado extenso de temáticas para um único trabalho, optou-se então por selecionar apenas os artigos das revistas classificadas como de ELITE (tabela 1), tendo se procedido à análise de conteúdo destes trabalhos representados na figura 2.
Figura 2: Percentagem de artigos publicados em revistas ELITE
Os artigos incluídos na figura 2 totalizam 29 artigos, sobre os quais se apresenta várias figuras e tabelas referentes aos mesmos. Deste modo, nas figuras 3 e 4 apresentam-se os autores destas três revistas do Top 10 e os países com maior número de publicações.
Figura 3: Top 10 dos autores das revistas de ELITE
2 2 2 5 , 0 1 5 , 1 2 5 , 2
Número de publicações por autores
33
Seguidamente, apresenta-se o resumo das temáticas abordadas nos seis artigos
evidenciados na figura 3, que correspondem apenas a quatro artigos dado existirem dois coautores, e que são:
1 - Bebbington, J., & Larrinaga-González, C. (2014). Accounting and sustainable development: An exploration. Accounting, Organizations and Society, 39(6), 395–413. A partir do momento em que os impactos sociais e ambientais se tornaram mais evidentes, o papel desempenhado pela sustentabilidade tornou-se o hardcore em diversos contextos. Neste sentido, o fluxo da investigação sobre a ciência da sustentabilidade emergiu significativamente no meio académico, pelo que o objetivo deste artigo explora quais as possibilidades de se construir uma contabilidade direcionada para a sustentabilidade. Bebbington e Larrinaga-González (2014) apresentam uma compilação das frustrações (expressão exata utilizada pelos autores) revisadas na literatura, face à perceção existente sobre os progressos da contabilidade social e ambiental face ao desenvolvimento sustentável. Por fim, evidenciam duas formas de como a ciência da sustentabilidade aliada á contabilidade se poderia desenvolver e que são: a ciência da sustentabilidade e a contabilidade do custo total e a contabilidade e o consumo/a produção sustentável.
2 - Bebbington, J., Kirk, E. A., & Larrinaga-González, C. (2012). The production of normativity: A comparison of reporting regimes in Spain and the UK. Accounting, Organizations and Society, 37(2), 78–94.
Pretendem contribuir para a compreensão da produção da normatividade, ou seja, quais atores consideram que as regras são vinculativas (em questões ambientais), ao nível dos países face aos relatórios corporativos?; Bebbington, Kirk, e Larrinaga-González (2012) concluíram que este estudo comparativo entre dois países (Espanha e Reino Unido) com regulamentação diferente, revelou que a legitimidade proporcionada por leis é crucial para a construção da normatividade e, ainda, que providenciaram um conjunto de considerações mais subtil para a compreensão do papel da regulamentação desses relatórios.
3 - Bonner, S.; Clor-Proell, S., & Koonce, L. (2014). Mental accounting and disaggregation based on the sign and relative magnitude of income statement items. The Accounting Review, 89(6), 2087-2114.
Posicionando-se nas premissas da teoria da contabilidade mental, estudaram as preferências dos gestores para agregar ou desagregar as informações nas suas demonstrações financeiras, bem como, a transparência dos mesmos nesse processo. Ainda relacionaram estes dois tópicos com o impacto que poderão ter nos investidores. Bonner, Clor-Proell, e Koonce (2014) concluíram que o enquadramento teórico utilizado, justifica o comportamento dos gestores quanto ao tipo de informação divulgada, o qual pode ser influenciado pela
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Seguidamente, apresenta-se o resumo das temáticas abordadas nos seis artigos
evidenciados na figura 3, que correspondem apenas a quatro artigos dado existirem dois coautores, e que são:
1 - Bebbington, J., & Larrinaga-González, C. (2014). Accounting and sustainable development: An exploration. Accounting, Organizations and Society, 39(6), 395–413. A partir do momento em que os impactos sociais e ambientais se tornaram mais evidentes, o papel desempenhado pela sustentabilidade tornou-se o hardcore em diversos contextos. Neste sentido, o fluxo da investigação sobre a ciência da sustentabilidade emergiu significativamente no meio académico, pelo que o objetivo deste artigo explora quais as possibilidades de se construir uma contabilidade direcionada para a sustentabilidade. Bebbington e Larrinaga-González (2014) apresentam uma compilação das frustrações (expressão exata utilizada pelos autores) revisadas na literatura, face à perceção existente sobre os progressos da contabilidade social e ambiental face ao desenvolvimento sustentável. Por fim, evidenciam duas formas de como a ciência da sustentabilidade aliada á contabilidade se poderia desenvolver e que são: a ciência da sustentabilidade e a contabilidade do custo total e a contabilidade e o consumo/a produção sustentável.
2 - Bebbington, J., Kirk, E. A., & Larrinaga-González, C. (2012). The production of normativity: A comparison of reporting regimes in Spain and the UK. Accounting, Organizations and Society, 37(2), 78–94.
Pretendem contribuir para a compreensão da produção da normatividade, ou seja, quais atores consideram que as regras são vinculativas (em questões ambientais), ao nível dos países face aos relatórios corporativos?; Bebbington, Kirk, e Larrinaga-González (2012) concluíram que este estudo comparativo entre dois países (Espanha e Reino Unido) com regulamentação diferente, revelou que a legitimidade proporcionada por leis é crucial para a construção da normatividade e, ainda, que providenciaram um conjunto de considerações mais subtil para a compreensão do papel da regulamentação desses relatórios.
3 - Bonner, S.; Clor-Proell, S., & Koonce, L. (2014). Mental accounting and disaggregation based on the sign and relative magnitude of income statement items. The Accounting Review, 89(6), 2087-2114.
Posicionando-se nas premissas da teoria da contabilidade mental, estudaram as preferências dos gestores para agregar ou desagregar as informações nas suas demonstrações financeiras, bem como, a transparência dos mesmos nesse processo. Ainda relacionaram estes dois tópicos com o impacto que poderão ter nos investidores. Bonner, Clor-Proell, e Koonce (2014) concluíram que o enquadramento teórico utilizado, justifica o comportamento dos gestores quanto ao tipo de informação divulgada, o qual pode ser influenciado pela
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pressão que possam sentir, por parte dos investidores, para que sejam transparentes na divulgação dos seus relatórios anuais.
4 - Clor-Proell, S. (2009) The effects of expected and actual accounting choices on judgments and decisions. The Accounting Review, 84(5), 1465-1493.
Investigou como os julgamentos dos utilizadores das demonstrações financeiras e as decisões que estes tomam são afetadas pelas escolhas contabilísticas dos gestores. Estas escolhas são em função das expetativas que os gestores assumem em relação a esses utilizadores. ClorProell (2009) evidenciou a importância de se considerar as expectativas dos utilizadores referidos nas escolhas contabilísticas, as quais são afetadas pela credibilidade dos gestores ou da gestão executiva da empresa.
Quanto às publicações por país, apresenta-se a figura 4 que procura esquematizar a relevância de cada país no total de artigos analisados.
Figura 4: Publicações por país em revistas de ELITE
Verifica-se que os Estados Unidos é o país com maior número de publicações (Figura 4), o que se justifica pelo facto de a indústria extrativa ser um setor com um peso significativo na sua economia e, como tal, a contabilidade social e a sua divulgação ser algo relevante. Procurando agora averiguar quais são os trabalhos mais relevantes elaborou-se a tabela seguinte (tabela 3). Do total dos 29 artigos da base de dados final, apresenta-se o total de citações até à data, por artigo.
% 48 % 14 14% 10% 7% 7%
% de publicações por país
Usa Canadá Inglaterra Escócia Austrália Espanha Figura 4–Publicações por país nas revistas de ELITE
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Tabela 3: Citações dos artigos publicados nas revistas em análise
TÍTULO AUTORES REVISTA ANO TOTAL DE CITAÇÕES
Managing public impressions: Environmental disclosures in annual reports.
Neu, D., Warsame,
H., & Pedwell, K. organizations Accounting
and society 1998 307 The role of environmental disclosures
as tools of legitimacy: A research note. Cho, C. H., & Patten, D. M.
Accounting organizations
and society 2007 221 The social accounting project and
Accounting Organizations and Society - Privileging engagement, imaginings, new accountings and pragmatism over critique?
Gray, R. organizations Accounting
and society 2002 168 Can less environmental disclosure
have a legitimising effect? Evidence from Africa.
De Villiers, C.,
& Van Staden, C. J. organizations Accounting
and society 2006 77 Ethics and accountability: from the for-
itself to the for-the-other. Shearer, T.
Accounting organizations
and society 2002 74 'We do good things, don't we?':
'Blended Value Accounting' in social
entrepreneurship. Nicholls, A.
Accounting organizations
and society 2009 56 A Broader Perspective on Corporate
Social Responsibility Research in Accounting.
Moser, D. V., &
Martin, P. R. Accounting review 2012 51 A full cost environmental accounting
experimente. Herbohn, K.
Accounting organizations
and society 2005 45 Firm-Value Effects of Carbon Emissions
and Carbon Disclosures.
Matsumura, E. M., Prakash, R., & Vera-Muñoz, S. C
Accounting
review 2014 30 Disclosure Quality, Cost of Capital, and
Investor Welfare. Gao, P. Accounting review 2010 29
The role of accounting in ideological conflict - lessons from the south- african divestment movement.
Arnold, P & Hammond, T.
Accounting organizations
and society 1994 26 Accounting and sustainable
development: An exploration. Bebbington, J. & LarrinagaGonzález, C. Accounting organizations and society 2014 21 The production of normativity: A
comparison of reporting regimes in Spain and the UK.
Bebbington, J., Kirk, E. A., & LarrinagaGonzález, C.
Accounting organizations
and society 2012 16 Accounting, paper shadows and the
stigmatised poor. Walker, S. P.
Accounting organizations
and society 2008 15 Hedge disclosures, future prices, and
production distortions.
Kanodia, C.,
Mukherji, A., Sapra, H., & Venugopalan, R.
Journal of accounting
35
Tabela 3: Citações dos artigos publicados nas revistas em análise
TÍTULO AUTORES REVISTA ANO TOTAL DE CITAÇÕES
Managing public impressions: Environmental disclosures in annual reports.
Neu, D., Warsame,
H., & Pedwell, K. organizations Accounting
and society 1998 307 The role of environmental disclosures
as tools of legitimacy: A research note. Cho, C. H., & Patten, D. M.
Accounting organizations
and society 2007 221 The social accounting project and
Accounting Organizations and Society - Privileging engagement, imaginings, new accountings and pragmatism over critique?
Gray, R. organizations Accounting
and society 2002 168 Can less environmental disclosure
have a legitimising effect? Evidence from Africa.
De Villiers, C.,
& Van Staden, C. J. organizations Accounting
and society 2006 77 Ethics and accountability: from the for-
itself to the for-the-other. Shearer, T.
Accounting organizations
and society 2002 74 'We do good things, don't we?':
'Blended Value Accounting' in social
entrepreneurship. Nicholls, A.
Accounting organizations
and society 2009 56 A Broader Perspective on Corporate
Social Responsibility Research in Accounting.
Moser, D. V., &
Martin, P. R. Accounting review 2012 51 A full cost environmental accounting
experimente. Herbohn, K.
Accounting organizations
and society 2005 45 Firm-Value Effects of Carbon Emissions
and Carbon Disclosures.
Matsumura, E. M., Prakash, R., & Vera-Muñoz, S. C
Accounting
review 2014 30 Disclosure Quality, Cost of Capital, and
Investor Welfare. Gao, P. Accounting review 2010 29
The role of accounting in ideological conflict - lessons from the south- african divestment movement.
Arnold, P & Hammond, T.
Accounting organizations
and society 1994 26 Accounting and sustainable
development: An exploration. Bebbington, J. & LarrinagaGonzález, C. Accounting organizations and society 2014 21 The production of normativity: A
comparison of reporting regimes in Spain and the UK.
Bebbington, J., Kirk, E. A., & LarrinagaGonzález, C.
Accounting organizations
and society 2012 16 Accounting, paper shadows and the
stigmatised poor. Walker, S. P.
Accounting organizations
and society 2008 15 Hedge disclosures, future prices, and
production distortions.
Kanodia, C.,
Mukherji, A., Sapra, H., & Venugopalan, R. Journal of accounting research 2000 13 36
TÍTULO AUTORES REVISTA ANO TOTAL DE CITAÇÕES
TÍTULO AUTORES REVISTA ANO CITAÇÕES TOTAL DE
Governmentality in accounting and accountability: A case study of embedding sustainability in a supply chain. Spence, L. J., & Rinaldi, L. Accounting organizations and society 2014 12 The Effects of Expected and Actual
Accounting Choices on Judgments and Decisions.
Clor-Proell, S. M. Accounting
review 2009 12 On the optimality of public signals in
the presence of private information. Alles, M., & Lundholm, R. Accounting review 1993 12 The supply of and demand for
accounting information in an unregulated market: examples from the Lancashire cotton mills, 1855- 1914.
Toms, J.S.
Accounting organizations
and society 1998 11 Keynesian beauty contest, accounting
disclosure, and market efficiency. Gao, P.
Journal of accounting
research 2008 10 Accounting Standards, Cost of Capital,
Resource Allocation, and Welfare in a
Large Economy. Zhang, G.
Accounting
review 2013 4 Dishonored contracts - accounting and
the expropriation of employee pension wealth.
Tinker, T., & Ghicas, D.
Accounting organizations
and society 1993 3 Mental Accounting and Disaggregation
Based on the Sign and Relative Magnitude of Income Statement Items.
Bonner, S. E., Clor- Proell, S.
M., & Koonce, L.
Accounting
review 2014 2 Corporate Sustainability: First Evidence
on Materiality. Khan, M., Serafeim, G., & Yoon, A. Accounting review 2016 1 Fostering rigour in accounting for
social sustainability. O'Dwyer, B., & Unerman, J.
Accounting organizations
and society 2016 1 Internal auditors' use of interpersonal
likability, arguments, and accounting information in a corporate governance setting. Fanning, K., & Piercey, M. D. Accounting organizations and society 2014 1 Uniform Versus Discretionary Regimes
in Reporting Information with Unverifiable Precision and a Coordination Role. Chen, Q., Lewis, T. R., Schipper, K., & Zhang, Y. Journal of accounting research 2017 0 Public Information Precision and
Coordination Failure: An Experiment. Banerjee, S., & Maier, M.
Journal of accounting
research 2016 0 The effects of a reasonable investor
perspective and firm's prior disclosure policy on managers' disclosure judgments. Mayorga, D., & Trotman, K. T. Accounting organizations and society 2016 0
37
Destacam se os primeiros três trabalhos, com mais de 100 citações cada, todos publicados na Accounting, Organizations and Society.
O artigo mais citado (incluído nos clusters, tabela 4 e 5) revela a existência de outra área de pesquisa que tem emergido nos últimos anos. Esta área de pesquisa é a industria extrativa, especificamente o setor mineiro, cuja atividade provoca elevados impactos ambientais e sociais, que tem dado origem a um debate aceso quanto à sua contribuição ou não para a sustentabilidade. Este questionamento e a exposição pública a que esta indústria está sujeita, justificam o elevado número de citações do artigo de Neu, Warsame, & Pedwell (1998), situando se o auge das citações em 2015 (figura 5).
Figura 5: Evolução temporal do número de citações no artigo de Neu et al.
Este artigo estudou a influência da pressão externa sobre a divulgação ambiental, o tipo de informação incluída nos relatórios anuais e a sua relação com o desempenho das empresas. A evidência empírica foi obtida através de um estudo quantitativo (paradigma de investigação positivista) em empresas a operar no Canadá (e.g. industria extrativa, entre outras). Neu, Warsame, e Pedwell (1998) concluíram que a informação incluída nas divulgações é, sobremaneira, gerida/manipulada para não prejudicar a imagem e o desempenho das empresas, ou seja, os gestores poderão optar, estrategicamente, por somente divulgar ações ambientais positivas e ofuscar/omitir as negativas.
O segundo artigo mais citado relaciona a teoria da legitimidade com o relato ambiental, sugerindo que as empresas recorrem ao relato ambiental para legitimar a sua atuação. E, o
12 49 50 35 31 20 20 21 21 11 0 10 20 30 40 50 60
Citações por anos
37
Destacam se os primeiros três trabalhos, com mais de 100 citações cada, todos publicados na Accounting, Organizations and Society.
O artigo mais citado (incluído nos clusters, tabela 4 e 5) revela a existência de outra área de pesquisa que tem emergido nos últimos anos. Esta área de pesquisa é a industria extrativa, especificamente o setor mineiro, cuja atividade provoca elevados impactos ambientais e sociais, que tem dado origem a um debate aceso quanto à sua contribuição ou não para a sustentabilidade. Este questionamento e a exposição pública a que esta indústria está sujeita, justificam o elevado número de citações do artigo de Neu, Warsame, & Pedwell (1998), situando se o auge das citações em 2015 (figura 5).
Figura 5: Evolução temporal do número de citações no artigo de Neu et al.
Este artigo estudou a influência da pressão externa sobre a divulgação ambiental, o tipo de informação incluída nos relatórios anuais e a sua relação com o desempenho das empresas. A evidência empírica foi obtida através de um estudo quantitativo (paradigma de investigação positivista) em empresas a operar no Canadá (e.g. industria extrativa, entre outras). Neu, Warsame, e Pedwell (1998) concluíram que a informação incluída nas divulgações é, sobremaneira, gerida/manipulada para não prejudicar a imagem e o desempenho das empresas, ou seja, os gestores poderão optar, estrategicamente, por somente divulgar ações ambientais positivas e ofuscar/omitir as negativas.
O segundo artigo mais citado relaciona a teoria da legitimidade com o relato ambiental, sugerindo que as empresas recorrem ao relato ambiental para legitimar a sua atuação. E, o
12 49 50 35 31 20 20 21 21 11 0 10 20 30 40 50 60
Citações por anos
–
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terceiro artigo mais citado consiste num trabalho de revisão da literatura sobre a contabilidade social.
Passando, agora, à aplicação da base de dados obtida da segunda fase descrita na tabela 1 no VOSviewer (29 artigos), apresenta-se na figura 6 a rede de co-citações da mesma.
Esta rede permite identificar as tendências da pesquisa sobre contabilidade social, verificando-se que existem três clusters distintos (3 cores), mas que se interligam entre eles. O primeiro engloba trabalhos conceptuais e de revisão da literatura e será denominado: 1 – Revisões e conceitos na pesquisa em contabilidade social (vermelho). O segundo apresenta trabalhos que se focam na ligação entre o relato e a teoria da legitimidade e será denominado: 2 - Legitimidade vs. divulgação da contabilidade social (verde). O terceiro inclui trabalhos que procuram analisar as razões que conduzem à divulgação de informação de contabilidade social e será denominado: 3 -Motivações para a divulgação da contabilidade social (azul).
Figura 6: Redes de co-citações de referências para análise de Conteúdo
A análise de conteúdo dos trabalhos inseridos em cada um destes clusters permite a identificação dos fundamentos da pesquisa atual sobre a contabilidade social, proporcionando uma análise padronizada e será efetuada adiante.
Assim, tendo por base a figura 6, apresenta-se na tabela 4 os três clusters identificados e, posteriormente, a análise de conteúdo dos artigos incluídos em cada cluster (tabela 5).
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Tabela 4: Clusters obtidos pelo VOSviewer
AUTORES CLUSTER TOTAL DE CITAÇÕES
Gray, R. (2002). The social accounting project and Accounting Organizations and Society Privileging engagement, imaginings, new accountings and pragmatism over critique? Accounting,
organizations and society, 27(7), 687-708.
1 5
Rubenstein, D. B. (1992). Bridging the gap between green accounting and black ink. Accounting, Organizations and Society,
17(5), 501-508. 1 5
Bebbington, J., & Gray, R. (2001). An account of sustainability: failure, success and a reconceptualization. Critical perspectives on
accounting, 12(5), 557-587. 1 4
Cooper, D. J., & Sherer, M. J. (1984). The value of corporate accounting reports: arguments for a political economy of accounting. Accounting, Organizations and Society, 9(3-4), 207- 232.
1 4
AUTORES CLUSTER TOTAL DE CITAÇÕES
Gray, R. (1992). Accounting and environmentalism: an exploration of the challenge of gently accounting for accountability,
transparency and sustainability.
Accounting, Organizations and Society, 17(5), 399-425.
1 4
Gray, R., Dey, C., Owen, D., Evans, R., & Zadek, S. (1997). Struggling with the praxis of social accounting: Stakeholders, accountability, audits and procedures.
Accounting, Auditing & Accountability Journal, 10(3), 325-364.
1 4
Gray, R. (2010). Is accounting for sustainability actually accounting for sustainability… and how would we know? An exploration of narratives of organisations and the planet. Accounting,
organizations and society, 35(1), 47-62.
1 4
Hines, R. (1991). The FASB's conceptual framework, financial accounting and the maintenance of the social world. Accounting, Organizations and Society, 1991, vol.
16, issue 4, pages 313-331
1 4
Neu, D., Warsame, H., & Pedwell, K. (1998). Managing public impressions: environmental disclosures in annual reports.
Accounting, organizations and society, 23(3), 265-282. 1 4 Patten, D. M. (1992). Intra-industry environmental disclosures in
response to the Alaskan oil spill: a note on legitimacy theory.
Accounting, organizations and Society, 17(5), 471-475. 2 7 Gray, R., Kouhy, R., & Lavers, S. (1995). Corporate social and
environmental reporting: a review of the literature and a longitudinal study of UK disclosure.