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Resultados e Discussão

No documento Desafios da gestão atual (páginas 94-97)

TANGIBLE FIXED ASSETS: STUDY OF ITS MEASUREMENT IN PORTUGAL AND SPAIN

4. Resultados e Discussão

Do estudo efetuado no ponto 3 deste trabalho constatamos que os diplomas em análise, tanto de âmbito público como privado, tentaram aproximar as normalizações contabilísticas nacionais às normas internacionais de contabilidade aplicáveis. Todavia, algumas diferenças ainda subsistem se compararmos os dois âmbitos de cada país e se compararmos entre diferentes países.

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O PGCP (2010), à semelhança do que vimos na NCP 5 (SNC-AP, 2015), também refere o reconhecimento de depreciações (que denomina de amortizações) em ambos os modelos de mensuração. No entanto, não menciona, nenhum método preferente para o seu cálculo, como o faz o SNC-AP (2015), apesar de também referir como um dos métodos, o das quotas constantes ou linha reta. No cálculo da depreciação, não apresenta as vidas úteis dos ativos, como o faz o SNC-AP (2010), mas refere alguns aspetos a ter em conta na definição da vida útil, como o uso, a obsolescência e os limites legais estabelecidos para o uso do ativo.

Quanto às correções valorativas acumuladas por deterioração, ou seja, as imparidades, está também previsto o seu reconhecimento em ambos os modelos (ponto 6 da norma 2ª do PGCP (2010)), referindo no ponto 8 da norma 2ª, que se determinam pela diferença entre o valor contabilístico e o valor recuperável de um ativo.

Vemos assim, que o PGCP (2010), no que respeita à mensuração após reconhecimento, afasta-se um pouco da IPSAS 17 do IPSASB (2006), ao considerar o modelo da revalorização como um tratamento especial, não colocando os dois modelos ao mesmo nível enquanto modelos opcionais como o faz a referida IPSAS 17.

3. Metodologia

Para o cumprimento do objetivo proposto na elaboração deste trabalho foi seguida uma metodologia qualitativa, baseada num estudo comparativo entre diferentes normativos de âmbito privado e público, existentes em Portugal e Espanha.

Por ser uma metodologia qualitativa, como referem vários autores, nomeadamente Bogdan & Biklen (1994), trata-se de uma investigação profundamente interpretativa e descritiva, usando simultaneamente a recolha de dados, a análise e a escrita (Bento, 2012, p.2).

Foi esse o caminho seguido na elaboração deste trabalho, procedeu-se a uma recolha das normas enquadradas no tema em análise, da literatura publicada a respeito do mesmo e procedeu-se a uma análise e redação do trabalho.

Não se descura, no entanto, a importância da investigação quantitativa no âmbito do tema em questão, podendo ser alvo de investigação futura.

4. Resultados e Discussão

Do estudo efetuado no ponto 3 deste trabalho constatamos que os diplomas em análise, tanto de âmbito público como privado, tentaram aproximar as normalizações contabilísticas nacionais às normas internacionais de contabilidade aplicáveis. Todavia, algumas diferenças ainda subsistem se compararmos os dois âmbitos de cada país e se compararmos entre diferentes países.

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A tabela 3 apresenta uma síntese comparativa do definido em cada uma das normas estudadas quanto à mensuração dos AFT, resultante do estudo aqui efetuado.

Tabela 3: Síntese comparativa da mensuração dos AFT no âmbito privado e público em Portugal e Espanha

Mensuração no reconhecimento Mensuração após reconhecimento

Âmbito Privado

NCRF 7 do SNC (2015)

Regra Geral: Custo

Exceção: justo valor, no caso de bens adquiridos por troca.

Opção entre:

 Modelo do Custo  Modelo da Revalorização

Depreciações e imparidades: reconhecidas em ambos os modelos.

Norma 2ª do

PGC (2007)

Regra Geral: Custo

Exceção: justo valor, no caso de bens adquiridos por troca (permuta).

Preço de aquisição ou custo de produção, menos a amortização acumulada e, caso existam, as correções valorativas por deterioro reconhecidas. Âmbito Público NCP 5 do SNC-AP (2015) Custo

(em situações particulares indica o justo valor)

Regra geral: Custo

Tratamento alternativo: Revalorização (aplicável apenas em algumas circunstâncias)

Depreciações: reconhecidas em ambos os modelos.

Imparidades: Não se prevê o seu reconhecimento quando se aplique a revalorização dos ativos.

Norma 2ª do PGCP (2010)

Custo

(indica o justo valor como forma de determinar o custo em certas situações)

Tratamento geral: modelo do custo Tratamento especial: modelo da revalorização (apenas quando o valor contabilístico de um elemento seja pouco significativo relativamente ao seu valor real, e com autorização prévia da IGAE) Depreciações e imparidades: reconhecidas em ambos os modelos.

Fonte: Elaboração própria.

De acordo, com a tabela 3 constatamos que todos os diplomas têm tratamentos muito semelhantes quanto à mensuração dos AFT, sobretudo no momento do reconhecimento inicial. Nesse momento de mensuração referem o custo como critério a aplicar na mensuração no reconhecimento inicial; permitindo o justo valor apenas em certos casos particulares, sendo acrescentado no âmbito público o caso dos ativos obtidos sem qualquer contraprestação que, regra geral, também devem ser mensurados ao justo valor.

Por outro lado, na mensuração após o reconhecimento inicial, o diploma que segue mais de perto as normas internacionais, é o SNC (2015), na NCRF 7, ao permitir a opção entre o modelo do custo e o modelo da revalorização, tratamento igual ao definido nas normas do IASB e também na IPSAS 17 do IPSASB. Em Espanha, no âmbito privado, nem sequer se encontra previsto o modelo da revalorização, afastando-se assim das normas internacionais do IASB. No âmbito público, neste país, já é introduzido o modelo da revalorização, mas apenas como tratamento especial, aplicável em casos muito concretos e com autorização

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superior, também se afastando agora das normas internacionais do IPSASB. Em Portugal, no âmbito público, a NCP 5 (SNC-AP, 2015), fica aquém da IPSAS 17 (IPSASB, 2006), na medida em que também apresenta o modelo da revalorização como uma alternativa ao custo e não como uma opção ao mesmo nível do modelo do custo, como o faz a IPSAS 17 (IPSASB, 2006).

Outra diferença se denota que é relativa ao reconhecimento de imparidades, já que de entre as normas que preveem o modelo da revalorização, a NCP 5 do SNC-AP (2015) é a única que não prevê o reconhecimento de imparidades no modelo da revalorização, justificando o seu não reconhecimento com as revalorizações por decréscimo efetuadas com suficiente regularidade.

Apesar, destas diferenças, ainda assim, os diplomas aproximam-me entre si e face às normas internacionais, mais do que os anteriormente existentes, no que à mensuração dos AFT se refere.

5. Conclusão

Em resultado da necessidade de comparabilidade da informação financeira das entidades públicas e privadas dos diferentes países da União Europeia, foi necessário proceder a uma reforma dos sistemas contabilísticos nacionais, de forma a torná-los convergentes com o disposto nas normas internacionais de contabilidade.

Neste trabalho, pretendeu-se realizar uma análise comparativa do processo de mensuração dos ativos fixos tangíveis, no âmbito privado e público, em Portugal e Espanha, sendo estudadas as atuais normas contabilísticas existentes em cada um desses âmbitos e nos países em estudo.

Nos diplomas estudados, a mensuração é dividida em dois momentos: a mensuração no reconhecimento e a mensuração após o reconhecimento.

Relativamente à mensuração inicial dos ativos fixos tangíveis, concluímos que não existem diferenças entre os diplomas de âmbito privado (o PGC (2007) espanhol e o SNC (2015) português) comparativamente com os diplomas de âmbito público (o PGCP (2010) espanhol e o SNC-AP (2015) português), na medida em que a regra geral é a mensuração ao custo, permitindo a aplicação do justo valor apenas em situações consideradas excecionais.

O mesmo já não acontece na mensuração após o reconhecimento, uma vez que, excetuando- se o SNC (2015) de âmbito privado português, que prevê a opção entre o modelo do custo e o da revalorização, seguindo o definido nas normas internacionais, os restantes diplomas analisados afastam-se um pouco das normas internacionais que estão na sua génese, já que:

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superior, também se afastando agora das normas internacionais do IPSASB. Em Portugal, no âmbito público, a NCP 5 (SNC-AP, 2015), fica aquém da IPSAS 17 (IPSASB, 2006), na medida em que também apresenta o modelo da revalorização como uma alternativa ao custo e não como uma opção ao mesmo nível do modelo do custo, como o faz a IPSAS 17 (IPSASB, 2006).

Outra diferença se denota que é relativa ao reconhecimento de imparidades, já que de entre as normas que preveem o modelo da revalorização, a NCP 5 do SNC-AP (2015) é a única que não prevê o reconhecimento de imparidades no modelo da revalorização, justificando o seu não reconhecimento com as revalorizações por decréscimo efetuadas com suficiente regularidade.

Apesar, destas diferenças, ainda assim, os diplomas aproximam-me entre si e face às normas internacionais, mais do que os anteriormente existentes, no que à mensuração dos AFT se refere.

5. Conclusão

Em resultado da necessidade de comparabilidade da informação financeira das entidades públicas e privadas dos diferentes países da União Europeia, foi necessário proceder a uma reforma dos sistemas contabilísticos nacionais, de forma a torná-los convergentes com o disposto nas normas internacionais de contabilidade.

Neste trabalho, pretendeu-se realizar uma análise comparativa do processo de mensuração dos ativos fixos tangíveis, no âmbito privado e público, em Portugal e Espanha, sendo estudadas as atuais normas contabilísticas existentes em cada um desses âmbitos e nos países em estudo.

Nos diplomas estudados, a mensuração é dividida em dois momentos: a mensuração no reconhecimento e a mensuração após o reconhecimento.

Relativamente à mensuração inicial dos ativos fixos tangíveis, concluímos que não existem diferenças entre os diplomas de âmbito privado (o PGC (2007) espanhol e o SNC (2015) português) comparativamente com os diplomas de âmbito público (o PGCP (2010) espanhol e o SNC-AP (2015) português), na medida em que a regra geral é a mensuração ao custo, permitindo a aplicação do justo valor apenas em situações consideradas excecionais.

O mesmo já não acontece na mensuração após o reconhecimento, uma vez que, excetuando- se o SNC (2015) de âmbito privado português, que prevê a opção entre o modelo do custo e o da revalorização, seguindo o definido nas normas internacionais, os restantes diplomas analisados afastam-se um pouco das normas internacionais que estão na sua génese, já que:

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O PGC (2007) não prevê a aplicação do modelo da revalorização, afastando-se das normas do IASB que colocam a opção entre o modelo do custo e modelo da revalorização enquanto modelos opcionais;

 O SNC-AP (2015) e o PGCP (2010) apenas referem o modelo da revalorização como

tratamento alternativo ou especial, respetivamente, aplicado apenas mediante determinadas condições; afastam-se assim da IPSAS 17 do IPSASB (2006), que também coloca a opção entre ambos os modelos, colocados ao mesmo nível.

Por outro lado, constatamos que as normas que preveem a aplicação do modelo da revalorização referem o reconhecimento de imparidades neste modelo, com exceção do SNC- AP (2015) que apenas prevê o seu reconhecimento no modelo do custo. Parece-nos compreensível, e aceitável que assim seja, se pensarmos que as revalorizações por decréscimo ao serem efetuadas com suficiente regularidade, as quantias escrituradas dos AFT não serão materialmente diferentes dos seus justos valores à data de relato.

Apesar destas diferenças entre as normas analisadas, podemos concluir que, no que respeita à mensuração dos AFT, as atuais reformas contabilísticas decorridas em Portugal e Espanha constituem um importante passo com vista à harmonização da contabilidade entre diferentes países da UE e face às normas internacionais do IASB e do IPSASB.

Por outro lado, as atuais normas constituem também um avanço face aos anteriores diplomas existentes. Destacando-se, por exemplo, em Portugal, a introdução do justo valor enquanto critério de mensuração explicitamente definido, primando a relevância da informação.

No documento Desafios da gestão atual (páginas 94-97)