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Para Wildavsky (2010), à medida que os produtos, serviços e pessoas passaram a se mover mais rápido e livremente entre as fronteiras dos países, emergiu um mercado abrangente para as business schools com seus programas de pós-graduação internacionalizados, em especial os MBAs globais (WILDAVSKY, 2010).

A primeira business school internacional foi construída no Paquistão, em 1955, o Institute of Business Administration (IBA), Karachi. Foi criado com o apoio técnico inicial da Wharton School of Finance, da Universidade da Pensilvânia. Algum tempo depois, a University of Southern California investiu em instalações no IBA e professores norte- americanos aceitaram lecionar lá34.

32 Idem. 33

http://www.bbc.com/news/business-33066007

34

Os conteúdos do curso, o currículo, as ferramentas pedagógicas e de avaliação e os métodos de teste foram desenvolvidos sob a orientação de especialistas de renome, a partir destas duas instituições. Site:

Depois dos anos de 1980, as business schools ocidentais e anglo-saxônicas avançaram de forma mais contundente nesse mercado internacional, em busca, principalmente, de alunos internacionais. Assim, elas estabeleceram várias filiais de campi universitários em outros países e fizeram alianças e parcerias com seus homólogos de outras nações, em especial no continente asiático. Para Wildavsky (2010), os resultados foram expressivos. Entre 2004 e 2008, o número de candidatos inscritos para realizar os testes de admissão de alunos estrangeiros para a pós-graduação em Administração, chamados de GMAT,35 cresceu 35%. A internacionalização desses cursos foi acompanhada por várias

agências de rankings desses programas de pós-graduação (WILDAVSKY, 2010).

O ex-reitor da INSEAD, Hawawini (2011) aponta cinco formas de iniciativas internacionais das instituições de ensino superior (Tabela 8). Elas são combinadas com duas dimensões desse processo, o alcance da internacionalização e a fertilidade da internacionalização.(HAWAWINI, 2011)

Forma de internacionalização do ES Dimensão

1. Importadores 2. Exportadores

3. Joint ventures acadêmicas

4. Parcerias acadêmicas, alianças e consórcios 5. Campi fora do país

1. Alcance da internacionalização

2. Fertilidade da internacionalização

Tabela 8: Formas de Internacionalização do Ensino Superior Fonte: Hawawini (2011).

Em sua análise, o ex-reitor compara hipoteticamente duas instituições, que também são hipotéticas, quanto às formas, às dimensões e à intensidade do processo de internacionalização das escolas, sendo uma delas nomeada Instituição A e a outra, Instituição B. A Instituição A tem um campus na matriz (nacional) onde 20% dos estudantes são estrangeiros. Também tem dois campi no exterior, onde 80% dos estudantes e pesquisadores são locais, mas eles raramente viajam para o campus-matriz localizado no exterior. Além

disso, são ensinados por uma composição de professores do campus-matriz que oferece cursos de curto prazo, e por professores nativos da região onde o campus está localizado. A Instituição A também tem acordos de intercâmbio de estudantes com vinte instituições estrangeiras de ensino superior, em que 10% dos seus alunos estão matriculados.

De outro lado, a Instituição B tem um único campus, onde 80% dos estudantes são estrangeiros. Ela não oferece programas de intercâmbio e não está envolvida em qualquer parceria internacional. Hawawini (2011) questiona: “Qual a instituição está mais evoluída em seu processo de internacionalização? Para o autor, a resposta não é óbvia. A Instituição A, com seus dois campi estrangeiros e seus acordos internacionais para estudantes de intercâmbio, tem um alcance internacional institucional formal maior que a Instituição B. Todavia, a Instituição B tem mais fertilidade internacional, porque seu único campus tem uma percentagem muito elevada de estudantes internacionais que se interagem uns com os outros em um mesmo local (HAWAWINI, 2011).

Segundo a OCDE (2010), as instituições de ensino superior de todo o mundo têm, em média, 20% de estudantes estrangeiros. Nesse relatório, apenas sete países tinham mais de 10% dos estudantes internacionais matriculadas nas instituições de ensino superior com a Austrália (19,5%), a Grã-Bretanha (14,9%), a Suíça (14,0% ), a Nova Zelândia (13,6%), a Áustria (12,4%), a França (11,3%) e Alemanha (11,3%). Com relação as business schools no mundo, segundo o ranqueamento do Financial Times Global MBA, os programas europeus e asiáticos têm, em média, uma porcentagem muito mais elevada de estudantes e professores estrangeiros do que os programas dos EUA. Seus conselhos administrativos universitários, também, são mais internacionalizados que os norte-americanos (HAWAWINI, 2011). Contudo, o conceito de internacionalização permanece unidimensional no sentido dos países centrais em direção aos países periféricos, seja por meio da instalação dos campus universitários, seja pela mobilidade estudantil, onde os alunos dessas nações emergentes vão estudar nas universidades ocidentais.

De fato, construir um ambiente de aprendizagem internacional fértil não é uma tarefa simples. Algumas capacidades precisam ser estabelecidas, de forma a minimizar os chamados assimilation traps, que operam em três níveis institucionais. O primeiro envolve a elaboração e implementação de políticas governamentais que promovam e incentivem a

internacionalização. O segundo se refere à pressão que a instituição enfrenta para atender, principalmente, às necessidades educacionais do seu mercado local. O terceiro é o individual, em que há a tendência de os estudantes adotarem as normas e os pontos de vista expressos pela cultura dominante presente na sala de aula. Esses obstáculos se apresentam maiores quando o mercado local é vasto, como é o caso dos Estados Unidos, no qual a instituição deve educar principalmente o grande número de alunos nacionais. É por isso que, segundo Hawawini (2011), as business schools localizadas em grandes países como Estados Unidos, Índia, China e Brasil são incapazes de transformar-se em escolas com “profunda riqueza internacional” (HAWAWINI, 2011).

“This is why, for example, business schools in large countries such as the

United States, India, China, and Brazil are unable to transform themselves into schools with deep international richness – there is simply a limit to the number of foreign students they can enroll” (HAWAWINI, 2011).

Esse é um desafio também para as business schools multinacionais que se instalam em países grandes. A China-Europe International Business School (CEIBS) é essencialmente uma escola de negócios chinesa, porque tem de atender à grande demanda dos estudantes locais qualificados. As bussiness schools com o maior número de estudantes estrangeiros estão localizadas principalmente em países pequenos, com suas demandas locais mais limitadas, como Holanda, Catar, Singapura e Suíça (HAWAWINI, 2011).

Nas business schools norte-americanas, cerca de 80% de seus alunos são norte- americanos e 20% vêm de muitos diferentes países. Suas estratégias são construídas para atender principalmente a seu vasto mercado nacional. Além disso, os alunos e acadêmicos estrangeiros buscam essas instituições porque querem adquirir a educação dos Estados Unidos e não uma educação internacional.

Segundo Hawawini (2011), as melhores escolas de negócios localizados nos Estados Unidos, Europa e Ásia que possuem programas de pós-graduação MBA Global se enquadram na categoria “Internacional”. Mas isso não significa necessariamente que instituições que ofertam esses programas sejam genuinamente internacionais. Desconsiderando as exceções, os chamados “Programas Globais de MBA” representam uma pequena percentagem das atividades gerais dessas instituições e a maioria está focada localmente.

“Calling some of these programs ―Global, particularly the U.S. programs,

is a misnomer because of the relatively small percentage of international students they enroll. Furthermore, these full-time MBA programs are typically offered on the school‘s unique campus. In other words, these programs and the schools that offer them are ―international at home as opposed to being ― international abroad” (HAWAWINI, 2011).

Ou seja, quando há uma pequena porcentagem de alunos estrangeiros matriculados e a estrutura educacional é nacional, pode-se falar em “internacionalização at home”, que é o contrário de ser global ou de ser uma instituição internacional (HAWAWINI, 2011).

Com base nesses critérios, para Hawawini (2011), a business school mais internacionalizada do mundo é a IMD36, que tem base na Suíça e opera a partir de locais-

chave em várias partes do globo, incluindo o Centro Executivo de Aprendizagem de Singapura. Em 1990, a International Management Institute (IMI) se fundiu com o Institut pour l'Etude des Méthodes de Direction de l'Entreprise (IMEDE)37 para criar o International

Institute for Management Development (IMD), sediada em Lausanne, cuja visão é desenvolver líderes globais. Está consistentemente no topo dos rankings38 mais relevantes,

sendo diversificado intelectual e culturalmente, não possuindo uma única nacionalidade dominante e nem uma única visão de mundo. O IMD tem como estratégia combinar a excelência de ensino com a oferta de uma experiência global. Seu perfil apresenta variáveis que o tornam o mais internacionalizada do mundo, sendo que 99% dos alunos dos programas de MBA e 98% do corpo docente são cidadãos não suiços.

“It is important to realize that few HEIs that are today

international/cosmopolitan have not achieved that structure through radical transformation... it suggests that it is easier to create a cosmopolitan HEI from scratch than transforming an existing national HEI into a cosmopolitan one” (HAWAWINI, 2011).

36

Swiss business school. http://www.imd.org/why-imd/rankings-awards/ Site visitado em 09/02/2016.

37 IMEDE criado, em 1956, pela Nestlé em coordenação com a Harvard Business School. O instituto operou com esse nome até 1989.

38

Primeiro lugar mundial na educação executiva (2008-2015) pela Agência Financial Times.

Primeiro lugar mundial em programas abertos (2012, 2013, 2014 & 2015). pela Agência Financial Times. Segundo lugar fora dos EUA (2015) pela Forbes.

A business school INSEAD39 é outro exemplo de instituição de ensino superior que nasceu na

Europa. Apresenta nítida representação francesa, mas evoluiu para uma escola cosmopolita. Foi criada, no final dos anos de 1950, como uma escola de negócios europeia, localizada em Fontainebleau, na França. No final dos anos de 1990, decidiu abrir um campus em Cingapura, onde oferece os mesmos programas e com as mesmas titulações do seu campus em Fontainebleau para estudantes vindos de todo o mundo. Os estudantes de MBA estão admitidos na INSEAD e não a um campi particular, de forma que eles podem completar o programa em um dos dois campus ou mover entre os dois locais, uma opção que dois terços dos estudantes tem exercido.

Baseando-se em mais de cinquenta anos de experiência na vanguarda da educação empresarial e de pesquisas acadêmicas na Europa e na Ásia, em 2007, a INSEAD reforçou sua presença no Oriente Médio, construindo um campus em Abu Dhabi.

Os professores da INSEAD são recrutados de várias partes do globo, com base nas demandas de cada área acadêmica e dos campi móveis. O atual campus de Abu Dhabi foi inaugurado em junho de 2010, sob o patrocínio de Sua Alteza Sheikh Mohammed Bin Zayed Al Nahyan. Desde seu lançamento, em 2010, mais de 90 membros de seu corpo docente já lecionaram no campus Oriente Médio.40

Tanto a INSEAD, quanto o IMD são instituições independentes e não afiliadas com outras universidades, contrariamente do que ocorre na maioria das escolas de negócios dos Estados Unidos. Essa independência permitiu que ambas as escolas evoluíssem para um modelo mais cosmopolita de forma ágil, sem as limitações impostas por uma universidade.

Outro exemplo de business school multinacional é a escola de gestão ESCP-Europa, que atualmente tem campi na França (Paris), Alemanha (Berlim), Reino Unido (Londres), Espanha (Madri) e Itália (Turim). Os alunos que estudaram por pelo menos dois anos em nível de graduação em seu país de origem podem se matricular em um programa de mestrado de 39

A INSEAD é considerada uma das mais importantes e maiores escolas de negócios do mundo. Oferece experiência educacional global. Com campi na Europa (França), Ásia (Singapura) e Oriente Médio (Abu Dhabi), alianças com instituições de primeira linha, a educação empresarial do INSEAD e pesquisa abrange todo o globo. Há 148 membros do corpo docente de renome de 40 países e possuem cerca de 1.300 alunos nos programas de graduação e doutorado. Além disso, mais de 9.500 executivos participam em programas de educação executiva do INSEAD a cada ano. Informações do site da INSEAD. www.insead.edu. Acesso em 10/12/2015.

dois anos, o que os obriga a passar um ano letivo em cada um dos cinco campi europeus e, assim, receber dois diplomas nacionalmente reconhecidos. Os alunos devem ser bilíngues, porque as aulas e os estágios são no idioma local. A vantagem desta estrutura é que os alunos têm a oportunidade de mergulhar por um ano nas práticas de cultura e de negócios locais do país em que o campus está localizado. Entretanto, não há um currículo totalmente integrado, porque os estudantes estudam programas diferentes em cada um dos três países.

5 METODOLOGIA DA PESQUISA

Neste capítulo, apresentam-se e discutem-se as opções metodológicas que justificaram as principais decisões tomadas e os procedimentos técnicos empregados para atingir o objetivo desta pesquisa. Dividem-se em, principalmente duas partes: a pesquisa qualitativa com a apresentação dos seus resultados, e a quantitativa, acompanhada de sua análise de resultados. Dentro da metodologia qualitativa, um capítulo é dedicado à análise da instituição Capes.