• Nenhum resultado encontrado

Capítulo III − A investigação dos crimes da atividade de segurança privada

III. Considerações finais IV Referências bibliográficas V Vídeo.

1.2. A Lei n.º 34/2013, de 16 de Maio

A Lei n.º 34/2013, de 16.05 – doravante REASP e para o qual se consideram feitas todas as disposições legais em seguida efectuadas, salvo indicação em contrário – estabelece o regime do exercício da actividade de segurança privada e as medidas de segurança a adoptar por entidades públicas ou privadas com vista a prevenir a prática de crimes. O diploma entrou em vigor no dia 15.06.2013 (artigo 69.º)5.

Ressalta desde logo, das disposições gerais, que a actividade de segurança privada só pode ser exercida nos termos do diploma e regulamentação complementar e tem um função subsidiária e complementar da actividade das forças e serviços de segurança pública do Estado (artigo 1.º, n.º 2).

O princípio da subsidiariedade é um dos princípios da organização e funcionamento do Estado (artigo 6.º, n.º 1, da CRP), segundo o qual, uma entidade pública de grau superior só deve desempenhar tarefas de entidades públicas de grau inferior ou de privados se estes não as prosseguirem melhor. Ou seja, aos particulares são atribuídas funções das forças de segurança e estas somente as devem exercer se os particulares não lograrem prossegui-las. A complementaridade significa que a actividade dos particulares serve de apoio ou reforço das funções das forças de segurança, pelo que é um plus, não podendo imiscuir-se nas suas funções6.

5 Sem prejuízo da produção de efeitos prevista no artigo 68.º.

6 Parecer consultivo da P.G.R. n.º P000492009, disponível em www.dgsi.pt, segundo o qual a P.S.P. e a G.N.R. têm legitimidade para criar e manter, cada uma, uma lista de pessoas que tenham cometido ilícitos nos estabelecimentos de restauração ou de bebidas, mas essas listas só poderão ser utilizadas para finalidades legítimas de informação necessária ao exercício das missões daquelas forças e não constituirão fundamento válido, só por si, para que seja legalmente admissível vedar ou proibir a quem nelas tiver sido incluído o acesso ou a permanência nos estabelecimentos referidos.

Capítulo I - Disposições gerais Capítulo II - Medidas de segurança

Capítulo III - Entidades e serviços de segurança Capítulo IV - Pessoal e meios de segurança Capítulo V - Conselho de Segurança Privada Capítulo VI - Emissão de alvará, licença e autorização

Capítulo VII - Fiscalização

Capítulo VIII - Disposições sancionatórias Capítulo IX - Disposições finais e transitórias Anexo I e II

Para efeitos do diploma, considera-se actividade de segurança privada:

− A prestação de serviços a terceiros por entidades privadas com vista à protecção de pessoas e bens, bem como à prevenção da prática de crimes (artigo 1.º, n.º 3, alínea a));

− A organização, por quaisquer entidades e em proveito próprio, de serviços de autoprotecção, com vista à protecção de pessoas e bens, bem como à prevenção da prática de crimes (artigo 1.º, n.º 3, alínea b));

− A actividade de formação profissional do pessoal de segurança privada (artigo 1.º, n.º 4). O REASP exclui do seu âmbito de aplicação as actividades de porteiro de hotelaria e de porteiro de prédio urbano destinado a habitação ou a escritórios − que define no artigo 2.º, alíneas l) e m) − cuja actividade é regulada pelas câmaras municipais, porém, abrange as entidades que prestem serviços de portaria ou as profissões de porteiro cujo âmbito de serviços corresponda, ainda que parcialmente, aos serviços de segurança privada ou às funções da profissão de segurança privada (artigo 1.º, n.os 5 e 6). Não se compreende porque não se excluiu também a actividade de guarda-nocturno que também se encontra sujeita, por lei, a licenciamento municipal7.

Quanto à actividade de segurança privada, o artigo 5.º, estabelece as proibições, cuja violação determina a prática de uma contra-ordenação muito grave, prevista e punida pelo artigo 59.º, n.º 1, alínea a).

O diploma consagra ainda a obrigação de segredo profissional e o dever de sigilo quanto às gravações de imagem obtidas pelos sistemas de videovigilância (artigos 6.º e 31.º, n.º 3), do que poderá resultar a prática dos crimes de violação de segredo e aproveitamento indevido de segredo, previstos e punidos pelos artigos 195.º e 196.º, ambos do Código Penal.

Quanto às medidas de segurança obrigatória, é necessário referir que o artigo 9.º estabelece medidas de segurança obrigatórias para espectáculos e divertimentos públicos e locais de diversão, porém remete para legislação especial. Quanto aos estabelecimentos de restauração e de bebidas, o regime consta do Decreto-Lei n.º 101/2008, de 16.06 e do Despacho n.º

20497/2008, de 05.08.

O Conselho de Segurança Privada é um órgão de consulta do membro do Governo responsável pela área da administração interna, composto por um representante de todas as áreas envolvidas na segurança privada (artigos 39.º e 40.º). Uma das suas competências é a elaboração de um relatório anual sobre a actividade de segurança privada que contém os dados que permitem analisar a evolução da actividade.

O REASP pretende clarificar a disciplina de acção da segurança privada, dando-lhe um maior grau de responsabilização, bem como adequada regulamentação àqueles que desempenham esta actividade, pondo fim a algumas dúvidas que o regime anterior proporcionava. E o artigo

64.º consagra uma norma transitória de forma a compatibilizar o novo regime com os efeitos do regime anterior.

O diploma criminaliza, nos artigos 57.º e 58.º, o exercício ilícito da actividade de segurança privada, porém, estabelece ainda um vasto regime contra-ordenacional, nos artigos 59.º a 62.º.

1.2.1. Regulamentação

Ao longo de todo o diploma há inúmeras remissões para portarias dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da administração interna e outras, e ainda para legislação própria. Em cumprimento ao disposto no artigo 65.º, foram aprovados os seguintes actos de regulamentação8:

− Portaria n.º 273/2013, de 20.089, Decreto-Lei n.º 135/2014, de 08.0910, Portaria n.º

55/2014, de 06.0311, Portaria n.º 261/2013, de 14.0812, Portaria n.º 102/2014, de

15.0513, Portaria n.º 272/2013, de 20.0814, Portaria n.º 324/2013, de 31.1015, Portaria n.º

148/2014, de 18.0716, Portaria n.º 319/2013, de 24.1017, Despacho n.º 10703/2013, de

8 Conteúdo atualizado em Março de 2017.

9 Regula as condições específicas da prestação dos serviços de segurança privada, o modelo de cartão profissional e os procedimentos para a sua emissão e os requisitos técnicos dos equipamentos, funcionamento e modelo de comunicação de alarmes (artigos 3.º, n.º 2, 8.º, n.º 7, 10.º, n.º 2, 11.º, n.º 4, 20.º, n.º 5, 27.°, n.º 8, 28.°, n.º 4, 29.°, n.º 3, 31.º, n.os 1 e 6, 32.°, n.º 5, 33.°, n.º 5, 34.°, n.º 3, 37.°, n.º 3 e 51.º, n.º 8) − alterada pela Portaria n.º 106/2015, de 13.04.

10 Estabelece as medidas de segurança obrigatórias em estabelecimentos de restauração ou de bebidas que disponham de espaços ou salas destinados a dança, ou onde habitualmente se dance (artigo 9.º).

11 Regulamenta a desmaterialização dos procedimentos inerentes ao policiamento de espetáculos desportivos (artigo 9.º).

12 Estabelece os termos e as condições de utilização de assistentes de recinto desportivo em espectáculos desportivos realizados em recintos desportivos em que seja obrigatório disporem de sistema de segurança (artigo 9.º, n.º 2).

13 Estabelece o sistema de segurança obrigatório aplicável aos espetáculos e divertimentos em recintos autorizados (artigo 9.º, n.º 3).

14 Define os requisitos e o procedimento de registos das entidades que procedam ao estudo e concepção, instalação, manutenção ou assistência técnica de material e equipamento de segurança ou de centrais de alarme (artigo 12.º, n.º 4) – alterada pela Portaria n.º 105/2015, de 13.04.

15 Define a formação de coordenador de segurança, o procedimento de autorização de funcionamento do respectivo curso de formação e o procedimento de certificação dos requisitos (artigo 20.º, n.º 6).

16 Estabelece o conteúdo e a duração dos cursos do pessoal de segurança privada e as suas qualificações profissionais do corpo docente (artigos 22.º, n.6, 25.º, n.º 3 e 26.º) – alterada pela Portaria n.º 114/2015, de 24.04.

17 Define os requisitos mínimos e os equipamentos para avaliação médica e psicológica (artigo 24.º).

19.0818, Portaria n.º 292/2013, de 26.0919, Lei n.º 23/2014, de 28.0420 e a Portaria n.º

552/2014, de 09.0721.