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3 Procedimentos metodológicos

3.7 Limitações do estudo

As escolhas metodológicas exibidas no decorrer deste capítulo não são à prova de falhas, de modo que as limitações desta pesquisa serão discutidas nesta seção. No tocante à escolha de um estudo de caso qualitativo se constataram algumas limitações. Observa-se que quanto ao método, o manuseio de dados qualitativos já prevê a subjetividade, interpretações e a complexidade, inclusive pelo estudo se desenrolar dentro das ciências sociais.Nesse sentido, a adoção dos mecanismos de validação interna, mencionados na seção anterior, almejaram

exatamente conferir maior credibilidade aos achados ao orientar a pesquisadora no cumprimento de critérios para construção de seus resultados.

Ademais, apesar de o estudo de caso ser considerado como a opção mais assertiva, ele também enseja suas limitações devido à subjetividade, à maneira de construção dos dados e a não generalização dos resultados. Contudo, há um engano na consideração de que por não promover a generalização, o estudo de caso não contribui para o desenvolvimento da ciência. Uma vez que as contribuições vão além da questão da generalização, muito pode ser aprendido a partir de um caso único. Isto é verdadeiro pois, segundo Stake (2006, p.455), é provável que os leitores aprendam a partir do aprofundamento no caso por meio descrição elaborada pelo pesquisador. Conforme o referido autor, essa descrição cria uma imagem para o leitor e é ele quem determina, e não o pesquisador, o que é ou não aplicável ao seu contexto.

Ainda, observaram-se limitações quanto à pesquisadora. Devido ao fato de ela ser o principal meio de coleta e análise de dados são geradas limitações concernentes a vieses. Tais vieses podem se manifestar por meio de julgamentos inadequados sobre a realidade, da influência da sua visão de mundo e do fato de ter sido gestora da organização pesquisada e, ainda, por meio de preconceitos não conhecidos pela mesma. Assim, a pesquisadora buscou amenizar tais limitações por intermédio do rigor no uso dos métodos em todas as fases da pesquisa e da validação de suas interpretações junto ao seu orientador e entrevistados.

Além disso, o fato de a entrevista ser a principal fonte de dados remonta em limitação. Segundo Charmaz (2009, p.49), as divergências entre pesquisador e pesquisado, no tocante à raça, classe, gênero, idade e ideologias, podem interferir diretamente no que acontece durante uma entrevista. E além disso, entende-se que os entrevistados podem relatar aspectos diferentes em diferentes momentos ou não revelar um relato completo de suas experiências. Assim, como forma de amenizar essas limitações da entrevista, a pesquisadora realizou a triangulação dos dados, comparando os dados das observações e dos documentos ao conteúdo coletado das entrevistas, bem como fez mais de uma entrevista com cada indivíduo para avaliar a consistência dos relatos nos dois momentos. Comparações também foram realizadas entre os relatos de diferentes entrevistados no tocante aos mesmos eventos organizacionais como forma de assegurar a solidez dos dados.

O campo empírico também acarretou em limitações. Apesar de haver total acessibilidade aos documentos da empresa e autorização para realizar observações, o tempo dos gestores é limitado. Dessa forma, em algumas entrevistas os gestores demonstraram estar preocupados com o tempo de duração, bem como com as atividades que eles precisariam estar fazendo na organização. Inclusive, duas das doze entrevistas ocorreram durante o horário de

almoço dos participantes. Além disso, alguns respondentes concederam relatos mais curtos e menos detalhadas do que outros.

Contudo, o fato de ter realizado duas etapas de entrevistas contribuiu para amenizar essas limitações, uma vez que nenhum dos gestores realizou suas duas entrevistas no horário de almoço, podendo, ao menos, em uma das oportunidades, conceder seus relatos de forma menos acelerada e mais focada. Além disso, ao realizar a análise antes de voltar ao campo, a pesquisadora pôde observar as lacunas nos dados e buscar saná-las na segunda fase por meio da amostragem teórica.

Ainda, o tema deste estudo, a aprendizagem dos gerentes por meio de suas experiências, pode ter causado ponderação nos respondentes quanto à fidedignidade em suas respostas. Isso advém do fato de que esse assunto está conectado à construção de habilidades para o desempenho de suas funções. Assim, foi esclarecido para eles que o interesse da pesquisa foi o de compreender como ocorreu a aprendizagem no contexto organizacional ao invés da ênfase na avaliação das competências e desempenho dos gerentes.

Em virtude dos fatores aqui mencionados, todo estudo tem suas limitações apesar de todas as escolhas e cautelas do pesquisador. Tais limitações podem ser teóricas, metodológicas ou empíricas. Assim, cabe ao pesquisador estar prevenido e disposto para lidar com as que emergirem em seu estudo, que foi o caso da pesquisa em questão.

4 Resultados

O objetivo desta pesquisa foi o de compreender como acontece a aprendizagem de gestores por meio de suas experiências na Viana & Moura Construções S/A, construtora pernambucana de médio porte. No intuito de alcançar o objetivo proposto, buscou-se responder neste capítulo às três seguintes perguntas de pesquisa: (a) Quais as principais experiências de aprendizagem dos gestores? (b) O que os gestores aprendem por meio de suas experiências? (c) Como os gestores aprendem por meio de suas experiências?

Assim, este capítulo agrega os principais achados deste estudo e é organizado em quatro seções. Na primeira, a empresa que constitui o caso desta pesquisa é caracterizada, bem como seu ambiente, estrutura funcional e perfil dos participantes. Na segunda seção, a pergunta (a) é respondida por meio da descrição e detalhamento das duas experiências de aprendizagem identificadas como significativas para a organização. Na seção seguinte, os conteúdos da aprendizagem dos gestores por meio das experiências de aprendizagem são expostos, com vistas a responder a pergunta (b). Na quarta seção, que objetiva evidenciar as respostas à terceira pergunta de pesquisa (c), os resultados no tocante a como acontece a aprendizagem dos gestores por meio de suas experiências são esclarecidos. Assim, a terceira e a quarta seções foram elaboradas por meio da construção de categorias e subcategorias, com base em Merriam (2009), no intuito de responder ao “o que” e ao “como” da aprendizagem dos gestores por meio de suas experiências.