• Nenhum resultado encontrado

3 Procedimentos metodológicos

3.6 Validade e confiabilidade

Esta seção aborda as estratégias empregadas na ponderação dos métodos e resultados deste estudo, que são denominados no estudo científico tradicional, de validade e confiabilidade. A validade alude à eficácia com que os métodos empregados em uma pesquisa asseguram o êxito fidedigno de seus objetivos; já a confiabilidade se reporta à segurança de que outro investigador ao realizar um estudo semelhante, obterá resultados análogos (PAIVA JÚNIOR et al, 2011). Ou seja, a confiabilidade se refere, especialmente, à possibilidade de generalização dos resultados da pesquisa. E, vale salientar, que ao analisar os critérios de validade e confiabilidade, deve-se levar em consideração a perspectiva tanto inerente à pesquisa qualitativa quanto ao paradigma construtivista, que, automaticamente, direcionam a escolha de tais critérios (MERRIAM, 2009).

Dessa forma, em alinhamento com as escolhas metodológicas adotadas, a generalização não faz parte do escopo deste estudo nem é um objetivo concernente ao método eleito. Sendo assim, a confiabilidade ou validade externa não são aplicáveis ao estudo de caso qualitativo. Tal afirmação é procedente uma vez que o estudo qualitativo enfatiza prioritariamente a compreensão do particular sem almejar a extensão absoluta de seus achados. Diante disso, segundo Merriam (2009, p.221), a questão relevante não é se os resultados serão encontrados novamente ou não, mas se os resultados estão consistentes com os dados coletados.

Isto posto, a replicação dos estudos qualitativos não geram resultados idênticos. Contudo, isso não descredita os resultados do presente estudo nem dos subsequentes. Uma vez que, segundo Merriam (2009, p.222), diversas interpretações dos mesmos dados podem ser realizadas, e todas serão válidas até serem diretamente contraditas por novas evidências. Então, ao se julgar os resultados deste estudo consistentes com os dados apresentados, ele pode ser considerado como confiável. Assim, em se tratando de uma pesquisa qualitativa, é adequada a discussão acerca da validação interna, que será detalhada a seguir.

Uma das suposições subjacentes à pesquisa qualitativa é a de que a realidade é holística, multidimensional, e sempre em mudança; ela não é um fenômeno único, fixo e objetivo esperando para ser “descoberto”, observado e medido como na pesquisa quantitativa (MERRIAM, 2009, p. 213).Assim, segundo a referida autora, apesar de o estudo qualitativo reconhecer que não se chega à realidade ou verdade de forma objetiva, há mecanismos que podem ser usados para conceder fidedignidade aos resultados e proporcionar maior conexão entre a pesquisa e a “realidade”. Dessa forma, de uma perspectiva construtivista, a triangulação é considerada a principal estratégia para assegurar a validade dos estudos (MERRIAM, 2009, p. 216).

Diante disso, como principal estratégia de validação interna, empregou-se a triangulação por múltiplas fontes de dados incluindo entrevistas, observações e documentos.

Essa é uma técnica que conferiu maior credibilidade ao estudo pois proporcionou diferentes perspectivas sobre o mesmo aspecto e promoveu maior consistência aos achados pelo fato dos dados serem obtidos por diferentes técnicas de coleta e em diversos momentos. Ainda, conforme Creswell (2007), a comparação das informações aponta se o estudo está congruente por intermédio da argumentação construída pela consonância das diversas fontes de dados ou visões dos pesquisados. Assim, a pesquisadora comparou os resultados que emergiram das entrevistas, com as suas notas de campo provenientes das observações e com os conteúdos dos documentos selecionados para análise no intuito de avaliar a solidez dos dados.

Em segundo lugar, também foi utilizada a “verificação de membros” como forma de validação (CRESWELL, 2007). Essa técnica prevê a confirmação por parte dos pesquisados sobre o conteúdo e a interpretação realizadas pelo pesquisador. Nessa linha, Miles et al (2013) enfatizam que uma das mais lógicas fontes de validação do trabalho são os próprios pesquisados, uma vez que eles sabem muito mais do que o pesquisador jamais irá saber sobre a realidade estudada. Além disso, segundo Merriam (2009, p.217), essa é forma mais importante de excluir a possibilidade de interpretar erroneamente o que os entrevistados dizem e falam e é também uma forma de perceber seus próprios vieses e mal entendidos. Sendo assim, os participantes devem conseguir reconhecer suas experiências nas interpretações feitas pelo pesquisador ou sugerir um refinamento para esclarecer suas ideias.

Diante disso, a verificação de membros foi utilizada nessa pesquisa, sendo aplicada na segunda etapa das entrevistas (apêndices H e I). Após a coleta e análise do primeiro conjunto de dados, a pesquisadora construiu as categorias preliminares. Em seguida, retornou à organização e entregou a cada um dos participantes uma lista com as categorias elaboradas referentes à cada evento organizacional. Nesse momento, os participantes validaram a grande

maioria dos pontos trazidos, realizaram comentários e sugestões, inclusive eliminando algumas categorias que não consideraram válidas e sugerindo inclusão de sub tópicos em outras categorias, conforme mencionado anteriormente. Além das categorias preliminares, as seções referentes às experiências de aprendizagem vivenciadas pelos gestores também passaram pela verificação de membros.

Além de tudo, no intuito de conferir maior qualidade à pesquisa, algumas orientações de Merriam (2009, p.229) foram aplicadas. Foi realizada avaliação de pares na construção das categorias preliminares e finais deste estudo em encontros entre a pesquisadora e o orientador desta dissertação. Esse processo se baseia na solicitação para outra pessoa examinar uma parte dos dados brutos e relatar se os resultados estão plausíveis com base nos dados. Além disso, as evidências coletadas foram preservadas, sendo inseridas no decorrer dessa dissertação. E, buscou-se realizar uma rica descrição dos resultados, apresentando exemplos e enfatizando o contexto, uma vez que, segundo Merriam (2009), o estudo qualitativo deve promover ao leitor uma descrição detalhada o suficiente para mostrar que suas conclusões fazem sentido.

Por fim, Merriam (2009) aponta a necessidade de que os estudos qualitativos apresentem os pontos de vista dos pesquisados, a complexidade do comportamento humano em seu ambiente e que sejam expostas as interpretações holísticas sobre os acontecimentos. Ademais, a referida autora destaca que o que torna uma pesquisa científica rigorosa ou confiável é o zelo do pesquisador em delinear o estudo, utilizando mecanismos bem desenvolvidos e aceitos pela comunidade científica. Assim, o presente estudo se baseou nessas orientações para sua realização e buscou aplicar as referidas práticas. Entretanto, mesmo com a utilização de critérios para garantir a qualidade, os métodos não são indefectíveis. Assim, o reconhecimento das limitações torna-se essencial para uma boa consecução do estudo.