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TÚNICAS CARDÍACAS

MIOCÁRDIO

Cardiomiócitos. O miocárdio é composto de feixes de células com um único núcleo central, os cardiomiócitos, os quais podem se dividir em dois ou mais ramos nas suas extremidades, que estão em contato com outras células, dando ao miocárdio uma aparência de uma treliça de cilindros que se ramifi- cam e se anastomosam.

Por serem bem mais longos que calibrosos, os cardiomiócitos assumem o aspecto de uma fina corda, daí serem também denominados de fibras cardía-

cas. Os tratos de miócitos, que variam de poucas centenas a muitos milhares,

são divididos em fascículos pelo perimísio, assim como também no músculo esquelético. Os feixes de cardiomiócitos envolvem as cavidades cardíacas de modo complexo e espiralado, a maioria se originando e inserindo no esquele- to cardíaco.

Os cardiomiócitos têm no seu citoplasma miofibrilas típicas formadas de filamentos de actina e de miosina, quase idênticos aos encontrados no múscu- lo esquelético; esses filamentos situam-se lado a lado e deslizam uns sobre os outros durante a contração, do mesmo modo que ocorre no músculo esquelético. Em conjunto, as miofibrilas de todos os cardiomiócitos conferem ao miocárdio o seu aspecto estriado peculiar.

Os discos intercalados são estriações transversais bem evidentes situadas nas extremidades dos miócitos, que configuram regiões especiais do sarcolema e do citoplasma subjacente nas junções entre os miócitos. Nos discos, os miócitos estão ancorados um ao outro por meio de largas faixas de desmosomas que se alternam com junções comunicantes abertas, estes últimos sendo o meio pelo

qual os miócitos cardíacos são acoplados eletricamente. A resistência elétrica através do disco intercalar é de somente 1/400 da resistência da membrana externa da fibra cardíaca, graças a presença das junções. Por esta razão, a exci- tação e a contração espalham-se rapidamente ao longo dos tratos das células interligadas, e o coração comporta-se eletricamente como um sincício, que permitem a difusão intensa de íons.

Mitocôndrias grandes e numerosas estão intercaladas entre as aglomera- ções de miofilamentos citoplasmáticos. Glicogênio, mioglobina e enzimas oxidantes estão presentes em grandes quantidades nos cardiomiócitos. Estas características, como aquelas do músculo esquelético de contração lenta, refle- tem a alta demanda de oxigênio e o constante dispêndio de energia do múscu- lo cardíaco, assim como a riqueza do leito vascular do miocárdio e o consequente fluxo sanguíneo. Os miócitos cardíacos possuem um ritmo espontâneo de contração e relaxamento, mesmo quando isolados.

Axônios amielínicos pós-ganglionares, simpáticos e parassimpáticos, permeiam os septos de tecido conectivo do coração e terminam próximos dos miócitos individuais, mas não entram em contato com eles.

Existem três tipos principais de fibras miocárdicas: as atriais, as ventriculares e as condutoras. As duas primeiras são cardiomiócitos gerais e se contraem muito semelhante ao músculo esquelético, excetuando-se a duração da con- tração, que é bem maior.

Fibras condutoras. As fibras condutoras são cardiomiócitos especiais, que se encurtam fracamente porque têm poucas fibrilas contráteis. Ao contrário, exibem ritmicidade e alta velocidade de condução.

Três tipos principais de miócitos condutores formam o CEC: os nodais,

transicionais e os de Purkinje. Os miócitos nodais, responsáveis por atividades

de marcapassos, são células mononucleadas, arredondadas, cilíndricas ou poligonais, 3 a 5 vezes mais finas que as fibras musculares atriais circunvizinhas. Possuem poucas miofibrilas, orientadas ao acaso, e ausência de um sistema sarcotubular regular. As fibras nodais conectam-se com as fibras musculares atriais, de modo que qualquer potencial de ação originado no NSA se propa- ga imediatamente para a parede muscular atrial.

Os miócitos transicionais são mais estreitos do que os miócitos cardíacos gerais, mas possuem o mesmo tipo de aparelho contrátil.

As células de Purkinje são miócitos grandes, porém, em comparação com os cardiomiócitos comuns, são células mais largas e curtas e com zonas comunicantes maiores. Eles contêm poucas miofibrilas, abundantes

Coração

mitocôndrias, glicogênio e sistema sarcotubular, todas características relacio- nadas com a condução rápida nas fibras de Purkinje (3 metros/segundo con- tra 0,6 metros/segundo no miocárdio).

A maioria dos miócitos nodais está confinada ao centro do NSA, onde são circundados por miócitos transicionais que os separam de miócitos gerais. Os miócitos nodais são poucos no NAV; aqui, a população principal é de miócitos transicionais distribuídos de modo irregular, mas que se arrumam progressi- vamente para formar a parte proximal do FAV, interpondo-se como vias de conexão entre os miócitos nodais e os de Purkinje; os miócitos transicionais são responsáveis pelo retardamento da condução atrioventricular, pois são células condutoras lentas de impulsos cardíacos.

As faces externas do NAV são envolvidas por miócitos de Purkinje, os quais convergem distalmente para formar a parte distal do FAV e, a partir daí, seus ramos direito e esquerdo. As extremidades terminais das fibras de Purkinje penetram no 1/3 subendocárdico da massa muscular e, em seguida, tornam- se contínuas com as fibras musculares cardíacas. Ao contrário dos miócitos transicionais, as células de Purkinje são condutoras rápidas.

PERICÁRDIO

O pericárdio fibroso é formado de tecido colágeno denso; o pericárdio seroso, por um mesotélio, ou seja, uma camada única de células achatadas que se apóiam sobre uma camada areolar subserosa, que se funde com o pericárdio fibroso, externamente, e com o tecido miocárdico intersticial, internamente. Sobre a face externa do miocárdio, o pericárdio seroso recebe o nome de

pericárdio visceral ou epicárdio, o qual contém gordura em grande quantida-

de. Os principais vasos e nervos do coração estão imersos nessa gordura

subepicárdica.