• Nenhum resultado encontrado

SISTEMAS VASCULARES

SISTEMA CAROTÍDEO

ANATOMIA

Carótidas. As carótidas comuns são o suprimento arterial principal para a cabeça e o pescoço. Elas sobem até o nível da borda superior da cartilagem tireoide, onde cada uma se divide em uma artéria carótida externa, que supre o exterior da cabeça, face e a maior parte do pescoço; e uma carótida interna, que supre os conteúdos do crânio e da órbita (figura 23). As carótidas co- muns, interna e externa, situam-se em uma fenda limitada posteriormente pelos processos transversos das vértebras cervicais, medialmente pela traqueia, esôfago, glândula tireoide, laringe e músculos constritores da faringe, e anterolateralmente pelo músculo esternocleidomastóideo.

As carótidas comuns diferem em comprimento e origem (figura 21). A carótida direita, exclusivamente cervical, começa na bifurcação do tronco

Sistemas Vasculares Específicos

braquiocefálico atrás da articulação esternoclavicular direita; a carótida co- mum esquerda começa na parte mais alta do arco da aorta, imediatamente póstero-lateral ao tronco braquiocefálico e, portanto, possui um trajeto no topo do tórax e outro na base do pescoço.

As partes cervicais de ambas as artérias carótidas comuns possuem cursos semelhantes. Cada uma sobe, divergindo lateralmente desde a articulação esternoclavicular até a margem superior da cartilagem tireóidea, onde se divi- dem em carótidas externa e interna.

Figura 23 - Carótidas esquerdas e nervos relacionados.

Na parte inferior do pescoço, as artérias carótidas comuns estão separadas por um estreito intervalo, no qual a traqueia se projeta. No meio do pescoço, a glândula tireoide, a laringe e a faringe projetam-se entre a terminação das carótidas comuns, afastando-as ainda mais. Cada carótida comum está conti- da em uma condensação da fáscia cervical, a bainha carótica. Mais espessa em

nervo vago nervo espinhal acessório nervo hipolosso carótida externa nervo glossofaríngeo carótida

comum veia jugular

interna carótida interna ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

torno das artérias, a bainha é perifericamente contínua com o tecido areolar frouxo adjacente. A bainha carótida envolve também a veia jugular interna e o nervo vago, a veia lateral, a artéria e o nervo entre elas e posterior a ambas. A cadeia simpática cervical sobe imediatamente posterior à bainha carótica. Essas estruturas formam um quarteto inseparável; as relações de qualquer uma são as das outras três.

A carótida interna irriga a maior parte do hemisfério ipsilateral do cérebro, olho com seus órgãos acessórios, fronte e parte do nariz. A partir da bifurca- ção da carótida comum, a carótida interna sobe para a base do crânio, penetra na cavidade do crânio pelo canal carótico e curva-se anteriormente através do seio cavernoso, no sulco carótico, no lado do corpo do osso esfenóide, termi- nando abaixo da substância perfurada anterior do cérebro, dividindo-se em

artérias anterior e média do cérebro, que formarão parte do polígono de Willis.

Seio e corpo carotídeos. Na divisão da carótida comum, o vaso possui uma dilatação, o seio carotídeo, geralmente envolvendo a bifurcação carotídea ou restringindo-se ao início da artéria carótida interna; a túnica média é mais fina aqui, e a túnica externa relativamente espessa, contendo muitas termina- ções barorreceptoras do nervo glossofaríngeo.

Os barorreceptores são terminais nervosos, em forma de buquê, situ-ados nas paredes das artérias, que são estimulados quando estirados. Uns poucos barorreceptores estão localizados nas paredes de quase toda artéria grande das regiões torácicas e do pescoço. Entretanto, os barorreceptores são extrema- mente abundantes no seio carotídeo e na parede do arco aórtico.

O glomo ou corpo carotídeo é um corpo oval castanho-avermelhado de 5 mm de diâmetro, localizado atrás da bifurcação da artéria carótida comum. O glomo é formado de uma delicada cápsula fibrosa que envolve um grupo de capilares fenestrados que circundam células epitelióides claras tipos I e II e abundantes fibras nervosas aferentes que cursam do nervo de Hering para o glossofaríngeo. As células claras tipo II são de suporte e as tipo I contêm numerosas vesículas que armazenam dopamina, serotonina e adrenalina.

Polígono de Willis. No centro da face inferior do cérebro, entre as ter- minações das carótidas internas e da artéria basilar, existe uma anastomose, o círculo arterioso do cérebro ou polígono de Willis. Esse círculo, mais poligonal do que circular, está na fossa interpeduncular, envolvendo o quiasma óptico e o infundíbulo da hipófise. Anteriormente, as artérias cerebrais anteriores são unidas pela artéria comunicante anterior; posteriormente, a artéria basilar

Sistemas Vasculares Específicos

divide-se em duas artérias cerebrais posteriores, cada uma unida à artéria carótida interna homolateral por meio de uma artéria comunicante posterior (figura 24).

Os vasos do círculo variam de diâmetro, sendo frequentemente mal desen- volvidos, algumas vezes até mesmo ausentes. Cerca de 60% dos círculos apre- sentam anomalias. A descrição anterior se aplica a uma minoria. Em aproxi- madamente 90% dos indivíduos, existe, todavia, um círculo completo, mas, na maioria, um vaso é suficientemente estreitado para prejudicar seu papel como um trajeto colateral. Assim, a existência de um polígono efetivo nunca pode ser assumida.

Figura 24 - Polígono de Willis.

FISIOLOGIA

Suplência sanguínea. Os vasos cérvico-cefálicos são do tipo segmentares, conduzindo sangue para a cabeça e pescoço (quadro 3). Além disso, partici-

pam do controle de tensão arterial e do nível de oxigêniono sangue por meio

da ação dos corpos e seios carotídeos.

carótida interna artéria vertebral artéria basilar artéria comunicante posterior artéria cerebral posterior artéria cerebral média artéria cerebral anterior artéria comunicante anterior ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Baro e quimiorreceptores. O reflexo barorreceptor inicia-se nos receptores de estiramento, chamados barorreceptores ou pressorreceptores, localizados nas paredes de várias grandes artérias sistêmicas. Aumentos da pressão arterial esti- ram os barorreceptores e faz com que eles transmitam sinais para o sistema nervoso central. Sinais de retroalimentação são então enviados, por meio do sistema nervoso autonômo até a circulação, o qual desencadeia reflexamente impulsos que causam relaxamento das contrações cardíacas e vasodilatação periférica, de modo a restaurar a tensão arterial a níveis normais.

O objetivo primário do sistema barorreceptor arterial é atuar como um tam-

pão de pressão arterial, pois ele é capaz de regular, minuto a minuto, as variações

normais de pressão arterial que ocorrem com movimentos normais relaciona- dos com a bipedestação, como levantar a cabeça e fazer exercício físico.

Estreitamente associado ao sistema barorreceptor encontra-se o reflexo

quimiorreceptor, que age quase da mesma forma que o barorreceptor, exceto

pelo fato de que os quimiorreceptores respondem a alterações bioquímicas locais ao invés de responderem a estiramentos.

O corpo carotídeo faz parte do sistema aferente visceral do corpo, conten- do terminações quimiorreceptoras que produzem aumento reflexo na respi- ração em resposta especialmente à queda na tensão de oxigênio ou, em menor escala, ao aumento na tensão de dióxido de carbono. É ainda controverso se os quimiorreceptores são as células tipo I ou as terminações nervosas. Os quimiorreceptores excitam fibras nervosas que, juntamente com as fibras dos barorreceptores, passam pelos nervos de Hering e vagos até o centro vasomotor do tronco cerebral.

Os quimiorreceptores são células quimiossensíveis à falta de oxigênio, ao exces- so de dióxido de carbono ou ao excesso de íon hidrogênio. Os quimiorreceptores são pequenos e estão localizados em vários órgãos, especialmente nos dois corpos carotídeos já referidos, e nos dois ou três corpos aórticos adjacentes à aorta.

O corpo timpânico ou glomo jugular é ovoide, com 0,5 mm de diâmetro e está na túnica adventícia do bulbo superior da veia jugular interna. É seme- lhante em estrutura e função ao corpo carótico.

Cada corpo carótico e aórtico é suprido por fluxo sanguíneo abundante através de uma pequena artéria nutridora, de tal forma que os quimiorreceptores estão sempre em contato estreito com o sangue arterial. Sempre que a pressão arterial cai abaixo de um valor crítico, os quimiorreceptores são estimulados, porque o fluxo sanguíneo reduzido também causa diminuição de oxigênio, assim como acúmulo excessivo de dióxido de carbono e de íons hidrogênio que não são removidos pelo fluxo sanguíneo lento.

Sistemas Vasculares Específicos

Quadro 3 - Vascularização cérvico-cefálica

Os baro e quimiorreceptores encontram-se estrategicamente situados, na carótida interna, porque este vaso conduz o sangue para a zona mais sensível a oscilações de pressão arterial e de oxigenemia, o sistema nervoso central. O volume sanguíneo intravascular cerebral é mais bem reduzido pela hiperventilação controlada, porque a concentração arterial de dióxido de car- bono é o mais potente regulador conhecido do tamanho dos vasos cerebrais. Isso significa que quanto menor o teor de dióxido de carbono no sangue do cerébro, mais intensa a vasoconstricção de suas artérias e arteríolas. Desse modo, níveis persistentemente baixos de dióxido de carbono podem causar dano cerebral isquêmico. Pela ação do corpo e seio carotídeo na regulação exata das concentrações arterial de oxigênio e gás carbônico, o sangue que flui para o cérebro adquire características ideais para suprimento preciso dos neurônios. O restante do corpo é beneficiado por tabela.

No documento Lições de anatomia: manual de esplancnologia (páginas 130-135)