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2. METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS

2.2 Natureza da pesquisa

Esta investigação foi desenvolvida em dois âmbitos distintos: leitura e análise do referencial teórico e pesquisa de campo. O estudo teórico foi fundamental para a condução da pesquisa empírica, uma vez que o levantamento bibliográfico, a leitura e análise de temas pertinentes aos propósitos do estudo nos guiaram durante a coleta de dados e foram fundamentais para a análise dos mesmos.

Para que pudéssemos entender as relações que os alunos estabelecem com a escola, com o professor, com os colegas de classe, com a língua inglesa e sua aprendizagem, precisávamos investigar as intenções e os motivos que os moviam em relação ao aprendizado desse idioma, e também o modo como eles se mobilizavam em relação às atividades desenvolvidas no cotidiano da sala de aula. Assim, para o desenvolvimento do estudo, em função dos objetivos propostos, tornou-se imprescindível uma orientação metodológica qualitativa, de base etnográfica e interpretativista.

A pesquisa de natureza qualitativa, segundo Bogdan & Biklen (1994: 47-51), possui as seguintes características:

i. Tem o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento, ou seja, os dados são coletados pelo pesquisador em trabalho de campo, e complementados por informações obtidas por meio de contato direto com a realidade investigada. O pesquisador qualitativo entende que as ações podem ser melhor compreendidas quando observadas em seu ambiente natural de ocorrência, daí a grande importância que atribui ao contexto da investigação;

ii. A investigação qualitativa é descritiva: os dados coletados são predominantemente em forma de palavras ou imagens, e os textos produzidos na investigação possuem citações retiradas dos dados, que servem para ilustrar e substanciar a apresentação. Há

um cuidado especial na observação minuciosa do meio em que a pesquisa se desenvolve, e na análise dos dados, em toda a riqueza que oferecem:

A abordagem da investigação qualitativa exige que o mundo seja examinado com a ideia de que nada é trivial, que tudo tem potencial para constituir uma pista que nos permita estabelecer uma compreensão mais esclarecedora do nosso objeto de estudo. (BOGDAN & BIKLEN, 1994: 49)

iii. Há um interesse maior pelo processo do que simplesmente pelos resultados ou produtos: o objetivo principal da pesquisa qualitativa interpretativista é a descrição das características de determinada população ou fenômeno num contexto, e a preocupação central desse estudo é o processo dos fenômenos e não simplesmente os resultados e o produto final da análise dos dados;

iv. A análise dos dados tende a ser feita de forma indutiva: os dados não são coletados com o objetivo de confirmar ou revogar hipóteses construídas previamente; as abstrações são construídas a partir da coleta de dados e de sua interpretação, e não antes.

v. O significado é de vital importância: a pesquisa qualitativa se interessa pelo modo como diferentes pessoas dão sentido às suas vidas, ao lançar luz sobre a dinâmica interna das situações, dinâmica esta que é frequentemente invisível aos olhos do observador exterior.

A etnografia tem como premissas a observação das ações humanas e sua interpretação, a partir do ponto de vista das pessoas que as praticam. Segundo Telles (2002), ela é frequentemente utilizada quando buscamos compreender vários comportamentos e relações de/entre grupos de pessoas (professores, alunos, pais) em um contexto social específico (escola, comunidade, família).

De acordo com Erickson (2001), o trabalho etnográfico envolve a observação e a participação de longo prazo no contexto que está sendo estudado, para que o pesquisador possa familiarizar-se com os padrões rotineiros da ação e interpretação que correspondem ao universo cotidiano dos participantes. Consequentemente, o pesquisador aproxima-se do sistema de representação, classificação e organização do universo estudado, e tem como meios principais de coleta de dados, a observação e os questionamentos (realizados por meio de entrevistas ou questionários). Nesse método de pesquisa, afirma André (2000: 29), a preocupação do

pesquisador é com o significado, com a maneira própria com que as pessoas veem a si mesmas,

as suas experiências e o mundo que as cerca.

Triviños (1987) esclarece que o objetivo principal da pesquisa qualitativa de base interpretativista é a descrição das características de determinada população ou fenômeno, inseridos em um contexto, sendo que os significados e a interpretação surgem da percepção do fenômeno analisado. O pesquisador não inicia seu trabalho orientado por hipóteses pré- estabelecidas; ele apoia-se em uma fundamentação teórica acerca do tópico a ser investigado. Desse modo, as hipóteses e generalizações surgem a partir da coleta de dados e de sua interpretação, e não antes.

Fundamentando-nos nos referenciais acima apresentados e considerando-se que as particularidades a respeito das pesquisas qualitativa, etnográfica e interpretativista foram consideradas neste estudo, podemos afirmar que ele é qualitativo, de cunho interpretativista, e de base etnográfica, uma vez que seu objetivo foi investigar os sentidos que alunos de duas escolas públicas atribuem à escola, à língua inglesa e à sua aprendizagem, por meio de dados coletados por um período contínuo – e não transversal.

Destacamos também, que uma abordagem sócio-histórica foi adotada, pois valorizamos os aspectos descritivos e as percepções individuais dos sujeitos estudados, ao mesmo tempo em que tomamos o particular como instância da totalidade social para compreender os sujeitos envolvidos e, por seu intermédio, o contexto em que estão inseridos. Assim, buscamos, a compreensão dos fenômenos em toda a sua complexidade e em seu acontecer histórico.

Feitas as considerações acerca da natureza desta investigação, passamos a apresentar o contexto da pesquisa, que abrange os perfis das escolas nas quais os dados foram coletados, dos professores que lecionavam a disciplina LI para as classes investigadas, e dos alunos participantes do estudo.