• Nenhum resultado encontrado

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.3 Motivação e ensino-aprendizagem de língua estrangeira

1.3.3 Variáveis motivacionais

Viana (1990) estudou a motivação durante o processo de aprendizagem LE, considerando o aspecto dinâmico dessa variável. O autor analisou as influências – positivas e/ou negativas – que diversos fatores exercem sobre a motivação durante o processo de aprendizado e como tais influências refletem na atuação/participação do aluno em sala de aula. Por meio da análise dos dados de sua pesquisa, Viana (1990: 92) determinou a presença de três manifestações de motivação:

 motivação com relação ao aprendizado da língua (atitudes do sujeito com relação à língua-alvo e ao seu aprendizado);

 motivação com relação ao povo e ao país falante da língua-alvo (opiniões e atitudes do sujeito sobre o povo, a cultura, e ao país da língua-alvo);

 motivação para a aula (atitudes do sujeito frente ao insumo e à metodologia utilizada em sala de aula).

Todas essas manifestações da motivação, segundo o autor (VIANA, 1990: 93-94), sofrem influências de fatores, que foram assim categorizados:

 linguísticos: fatores relacionados ao conteúdo apresentado em aula e como o aluno interage com ele;

 metodológicos: fatores referentes aos procedimentos e recursos utilizados em sala de aula;

 físico-humanos: fatores associados ao estado ou à disposição física do aluno;  físico-ambientais: fatores relacionados aos aspectos físicos da sala de aula;  socioambientais: fatores concernentes ao relacionamento entre professor e

aluno e entre alunos na sala de aula;

 externos: fatores relacionados ao ambiente externo à sala de aula, tais como informações e notícias sobre o povo, o país, a cultura e a própria língua-alvo, veiculados por pessoas fora da sala de aula, e/ou pela mídia, músicas, filmes, entre outros.

O autor salienta que esses fatores são interdependentes e inter-relacionados, e que se comportam de maneira distinta em cada aluno, ou seja, suas influências podem ser positivas ou negativas, dependendo do impacto que causam em cada indivíduo.

Quanto à motivação com relação ao aprendizado da língua e à motivação com relação

ao povo e ao país falante da língua-alvo, os fatores externos – tais como notícias via carta ou

outros meios, contato com falante nativo, músicas e filmes – são os influenciadores mais expressivos.

Viana (1990: 4) pondera que a motivação para a aula pode ser considerada uma subcategoria da motivação geral para o aprendizado da língua, pois entende que ela depende da motivação geral para o aprendizado da língua, a qual levou o aprendiz até a sala de aula:

[...] existe uma subcategoria da variável motivação para a aprendizagem de língua estrangeira, que seria a motivação para atuação na sala de aula, atuação essa entendida como a interação entre o estudante e o conteúdo. Essa motivação seria responsável pelo desenvolvimento do processo de aprendizagem em ambiente formal, uma vez que vai gerar o esforço necessário para que o aprendiz direcione sua atenção e energia para as atividades da sala de aula [...]. (VIANA, 1990: 72 – grifos nossos)

O autor salienta que a motivação para a aula pode influenciar o comportamento da

motivação com relação ao aprendizado da língua, pois se o aluno passar constantemente por

estudar a língua. Assim, o autor considera que a motivação para a aula seja a manifestação mais influenciável e passível de alterações, pois todos os fatores categorizados podem nela se manifestar de alguma maneira. Além disso, ela foi apontada como a principal manifestação motivacional, considerando-se que para a maioria dos alunos, a sala de aula é o único local de contato com a LE.

Vinculada à motivação para a aula encontra-se outra, que Viana nomeia motivação para realização das tarefas de casa. Tal manifestação de motivação depende, para acontecer, do que é realizado em sala de aula, isto é, é necessário que o aluno considere as tarefas propostas como significativas e relevantes para o aprendizado, para que o mesmo tenha estímulo para realizá-las posteriormente.

Viana (1990) aponta que dentre os fatores linguísticos que influenciam negativamente a motivação estão: conteúdo descontextualizado, com demasiada explicitação gramatical; apresentação de conteúdo acima do nível de compreensão e proficiência do aluno; conteúdo em excesso em uma única apresentação; pouca produção/interação na língua-alvo; listas de palavras apresentadas de maneira descontextualizada. Para que os fatores linguísticos atuem positivamente na motivação, eles devem ser interessantes, contextualizados, verossímeis, relevantes, vinculados à realidade, transmissores de informações culturais e apropriados ao nível de conhecimento/desempenho do aprendiz.

Quanto aos fatores metodológicos, Viana propõe que os conteúdos devam ser viabilizados por meio de atividades dinâmicas, diversificadas, apropriadas ao nível de proficiência do aluno, que requeiram sua participação, que trabalhem a compreensão e produção oral e priorizem a compreensão do significado e não da forma.

O autor afirma que os fatores físico-humanos, físico-ambientais e socioambientais, seriam necessidades básicas para a otimização dos fatores linguístico e metodológico, sendo as seguintes condições ideais para desenvolvê-los: aprendiz com boa disposição física (sem sono ou cansaço), sala de tamanho adequado ao número de alunos, confortável, arejada e com bons equipamentos, clima descontraído, agradável, com certa informalidade, e de camaradagem entre todos os envolvidos.

Nosso objetivo neste capítulo foi apresentar os três aportes teóricos que nos direcionaram na análise e discussão dos dados da pesquisa. No próximo capítulo, abordaremos

a metodologia de pesquisa deste estudo, discutindo a natureza do trabalho, apresentando seu contexto, os instrumentos utilizados, bem como os procedimentos de coleta e análise dos dados.