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nossa é:: olhe acho que é o professor mais cobrado numa escola não é kátia?, ((risos)) meu deus do céu ao mesmo tempo que é prazeroso porque a língua

Segmento 11: transcrição aula 24/

P: nossa é:: olhe acho que é o professor mais cobrado numa escola não é kátia?, ((risos)) meu deus do céu ao mesmo tempo que é prazeroso porque a língua

portuguesa ela dá pra gente assim essa variedade de texto... /.../ veja, a língua portuguesa o que é que ela me dá... ela dá uma condição muito mais... eu posso até está... não estou diminuindo as outras disciplinas, mas a língua portuguesa pra quem trabalha com textos é::... sabe que ela te dá um leque enorme porque você entra em outras áreas também... logicamente que as outras disciplinas também você consegue adentrar nas outras áreas, mas eu vejo que a língua portuguesa ela tem mais essa flexibilidade diante da dimensão de textos... um texto bem escolhido levado pra sala de aula é:: um texto que você consiga aproximar, trazer o teu aluno pra ler e::: poxa... eu quero terminar o texto... ele começa a leitura e aí... vai no meio... ele quer terminar... pronto... um exemplo: eu levo ―felicidade clandestina‖ de clarisse lispector, eles têm preguiça de ler... quando eles veem o tamanho do texto os meninos infelizmente eles... quantas páginas tem o livro pra ler... eles ficam perguntando isso... nossa professora duas páginas pra tirar xérox, duas páginas inteirinha... nossa esse texto é muito grande... calma gente, mas ele é legal, vocês vão gostar... aí começa a ler, eles começam a ver que a leitura é prazerosa e que a leitura puxa eles então... ensinar língua portuguesa de fato não é matéria fácil, porém ela te dá um leque muito grande e ela tem condição de trazer o aluno de fato pra gostar da matéria... lógico que eu não vou conseguir trazer todo mundo, mas uma boa parte, principalmente, na literatura eu sinto que eu consigo fazer isso com mais é::.... eu consigo... porque eu escuto da boca dos meninos dizerem assim: professora eu passei a ler depois que eu comecei a ver literatura com a senhora... professora eu comecei a gostar... pronto eu tenho uma aluna este ano que desistiu de fazer

180 designer, você conhece, é até uma aluna do terceiro d... eu fiquei pra morrer porque ela é uma excelente desenhista, é roberta, ela ia fazer designer gráfico, ela desenha super bem... pra fazer letras porque se apaixonou por literatura então... assim... professora eu já sei, eu vou fazer letras... mas pensa, analise... não que eu não queira que ela faça letras, mas eu sei que ela tem um potencial eno::rme pra desenho... mu:::ito grande, ela já ganhou vários concursos inclusive com os desenhos dela... então... ensinar língua portuguesa é fácil? não; mas é uma disciplina que realmente você leva o menino a:: se apaixonar...

O ensino de língua materna, na fala de P, é prazeroso pela possibilidade que o componente curricular tem em trabalhar com textos, ou seja, o estudo desse objeto, pautado nos fundamentos empíricos por meio das experiências e vivências do processo cognitivo, abrange a manifestação concreta dos sistemas de comunicação, além de um conjunto de conhecimentos sobre a linguagem, sobre o próprio texto e as relações entre oralidade/escrita.

Nesse sentido, o estudo da língua deve se dar a partir do texto, explorando as múltiplas combinações do código linguístico e as possibilidades semânticas que o constituem, ou seja, o ensino de língua materna deve buscar entender e desenvolver a linguagem em seus diversos aspectos: gêneros textuais, ampliação lexical, elementos gramaticais, grau de informatividade, progressão, intertextualidade, coesão e coerência, em diferentes textos, capacitando o falante como leitor e produtor de textos, orais e escritos, para que amplie o domínio discursivo.

Marcuschi (2008a) afirma que a competência comunicativa não se restringe a uma dada teoria da informação ou da comunicação, mas considera aspectos mais amplos da etnografia da fala sem ignorar a cognição, valorizando a reflexão sobre a língua ao sair do ensino normativo. Diante disso, o trabalho em língua materna deve partir do enunciado e de suas condições de leitura-produção, considerando a adequação linguística.

Quanto mais o estudante se apropria dos processos comunicativos da língua, mais saberá utilizá-la para responder as suas necessidades sociais. Volta-se para o que se faz com a linguagem, em que circunstâncias e com que finalidade. O estudo dos textos deve considerar os gêneros textuais. Cada ato comunicativo é analisado quanto à forma e ao conteúdo da mensagem, ao ambiente, aos participantes, aos propósitos verbais, à modalidade, ao suporte, ao gênero, à variedade da linguagem utilizada, ao nível da fala, entre outros aspectos.

Nessa perspectiva, produção, recepção e circulação da Literatura por quaisquer que sejam os públicos-leitores não podem ser estudadas como fenômenos isolados das outras produções culturais. Trata-se de ―letrar‖ literariamente o estudante, favorecendo a apropriação da literatura e a experiência literária.

181 O objeto de estudo da língua, portanto, será elemento facilitador tanto para a ampliação do domínio discursivo e de conhecimento de mundo, quanto para a inserção dos estudantes na realidade social. É elemento potencializador da comunicação, da interação verbal, da compreensão e do acolhimento da diversidade e das diferenças. No entanto, para isso é preciso que se tenha presente que toda e qualquer metodologia de ensino articula uma opção política – que envolve uma teoria de compreensão e interpretação da realidade – com os mecanismos utilizados em sala de aula e ela perpassa a concepção de linguagem que o professor considera. Nesse sentido, P admite a seguinte ideia sobre linguagem, segmento 5: entrevista Professora 30/11/2015.

P: /.../ a pessoa que não consegue desenvolver bem a linguagem, ela não é bem sucedida porque parte pela... parte de você... tanto escrever bem pra você está no mercado de trabalho, pra você está numa empresa, pra você está numa universidade... você realmente crescer... tanto a fala quanto à escrita a pessoa que não sabe o que coloca, ela não consegue se colocar, ela não consegue expressar o seu pensamento através da linguagem, ela não é entendida, ela não é compreendida, muitas vezes ela é deixada de lado, ela não é ouvida... eu percebo isso até den-dentro do meu trabalho, colegas nossos que são excelentes professores, mas eles não conseguem às vezes colocar... se expressar... dizer o que ele pensa, ele tem uma dificuldade tão grande na linguagem... em se colocar que ele termina atropelando, o pensamento dele não é colocado e as pessoas terminam nem ouvindo mais... /.../ a questão da linguagem se liga ao sucesso geral, da tua vida profissional...

É evidente a fragilidade dos conceitos de P em relação a questões ligadas diretamente ao ensino e, particularmente, ao ensino de língua materna. Em nenhum momento ela mencionou a linguagem enquanto um lugar ou forma de ação, uma atividade social e interativa de significação em que os sentidos são criados e recriados em função dos contextos e lugares de discurso, ou seja, o sentido é produzido nas relações pessoais e sociais, pelas diversas formas de narrar e estar no mundo.

Essa vulnerabilidade parece reforçar o distanciamento e a resistência que alguns professores da Educação Básica têm em relação à teoria. É fato que ela tem importância fundamental, pois auxilia na construção de uma base que ajudará o professor para uma tomada de decisão dentro de uma ação contextualizada, adquirindo perspectivas de julgamento para compreender os diversos contextos do cotidiano. A interação entre saberes gera o desenvolvimento de uma prática pedagógica autônoma e emancipatória.

O professor vai se formando na relação teoria e prática, uma vez que é a partir da ação e da reflexão que o professor se constrói enquanto indivíduo em pleno estado de mudança. Nesse sentido, entender os diferentes conceitos de ensino, linguagem, avaliação,

182 planejamento, aprendizagem etc não significa apenas ler o que diferentes teóricos e pensadores falaram ou escreveram sobre eles, significa também buscar melhor compreender a sua prática educativa de modo que ao refletir sobre a mesma o professor possa discutir e agir para transformá-la. A aproximação entre teoria e prática mostra novos horizontes que possibilitam buscar novas práticas de ensino que facilitem a aprendizagem dos educandos.

É importante registrar que P tem acesso aos documentos que embasam o ensino do estado de Pernambuco. No trecho a seguir, ela deixa transparecer que os conhece e os utiliza para planejar suas ações. Segmento 6: entrevista Professora 30/11/2015.

D: eu queria falar agora um pouquinho sobre a questão do que a gente chama das

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