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O Plano Político Pedagógico da EREM João Bezerra e a construção da cidadania

Segmento 1: transcrição de aula 18/

27 P: exatamente, ou seja, nós temos muito da nossa criação em parte somos o que somos 28((somos o reflexo de uma criação))

5.2 O Plano Político Pedagógico da EREM João Bezerra e a construção da cidadania

A legislação educacional tanto no âmbito federal quanto estadual ressalta a importância do Projeto Político Pedagógico (PPP) no desenvolvimento das ações na área escolar. Parte-se do pressuposto de que estas ações devem ser executadas por toda a comunidade escolar a fim de intensificar não só a interação com alguns autores sociais, como também compreender as novas tendências educacionais.

O desenvolvimento de atividades contextualizadas e interdisciplinares torna a escola um espaço aberto para construção de conhecimentos a fim de atender necessidades atuais como participação coletiva, formação continuada, inserção de novas tecnologias, entre outras. No que tange à prática pedagógica, a interdisciplinaridade e a contextualização incentivam-se mutuamente, pois o tratamento das questões trazidas pelos temas sociais expõe as inter- relações entre os objetos de conhecimento, de modo que não é possível realizar uma prática contextualizada tomando-se uma perspectiva disciplinar rígida, isso é, a busca de temas que propiciem um ensino contextualizado, no qual o estudante possa vivenciar e aprender com a integração de diferentes disciplinas, pode possibilitar a esse estudante a compreensão dos processos de língua materna.

Segundo Veiga (2002), a construção do PPP consolida um processo de ação-reflexão- ação por meio do empenho conjunto e da vontade política do coletivo escolar. Este envolvimento coletivo proporciona a intensificação dos sujeitos com o projeto, favorecendo, assim, atividades mais articuladas à medida que todos buscam alcançar um objetivo comum.

Nesse sentido, o PPP é um instrumento de identidade escolar, uma vez que retrata o modelo de sociedade que a escola quer construir, como também elucida o perfil do estudante que deseja formar. Afinal a relação entre escola e sociedade deve ser vista com uma conotação dialética que abre possibilidades de rupturas e superação do quadro adverso das instituições escolares e da sociedade brasileira, garantindo, assim a especificidade que a educação possui como prática social.

O PPP pode funcionar como um instrumento articulador para uma educação voltada à cidadania, pois a contemporaneidade exige que se aprenda a lidar com mudanças rápidas, que

142 impulsionam a revisão e sistematização de propostas educativas. Nessa perspectiva, reaprender é tão importante quanto aprender – essa seria a condição contínua da adaptação e de uma aprendizagem com significado. Soma-se a isso a configuração de identidades móveis, multimoduladas, híbridas e em permanente desconstrução e transformação. Se os estudantes não são os mesmos, a escola pode ser a mesma? Como educar nesses cenários? Frente a esse aspecto, o PPP deve ser construído e vivenciado em todos os momentos e por todos os envolvidos no projeto da escola. O projeto, portanto, busca um rumo, uma direção.

Gadotti (2000) reforça que

Todo projeto supõe ruptura com o presente e promessas para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função de promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores (p.38).

Nessa perspectiva, é necessário que no PPP estejam presentes conceitos que passaram a fazer parte dos discursos que visam à consonância com novos padrões mundiais, tais como globalização, sociedade do conhecimento, sociedade da informação, internacionalização, multiculturalidades, interdependência planetária, sustentabilidade, entre outros. Percebe-se que todo esse movimento exige um investimento na criatividade, na inventividade e na proatividade de quem atua na educação escolar.

Sendo o PPP um instrumento de trabalho que busca nortear, direcionar, que deve ser construído e vivenciado por todos os envolvidos com o desenvolvimento da escola, ele precisa ser considerado como um processo inconcluso, em construção e reconstrução permanentes, uma vez que se destina à melhoria em todos os segmentos que compõem o espaço escolar. Quando construído numa base ética, funciona como um recurso de transformação, à medida que expressa o compromisso do grupo com a formação da cidadania, a qual vai se aperfeiçoando e se concretizando. É um elemento de organização e integração, que define claramente o tipo de ação educativa que se quer realizar. Segundo Gadotti (2000),

O projeto político-pedagógico da escola é tarefa dela mesma, processo nunca concluído que se constrói e se orienta com intencionalidade explícita, porque é prática educativa. Construí-lo significa ver e assumir a educação como processo de inserção no mundo da vida, de formação de convicções, afetos, motivações, significações, valores e desejos, onde os processos de ensino-aprendizagem são concebidos como processos encadeados de aquisição de competências lingüística, cognoscitiva e de ação integrativa. [...] sempre em construção, cria as possibilidades de definição de metas coletivas que possam conduzir à busca de um patrimônio ideal

143 comum, e não, exclusivamente, baseado na participação comum nos processos técnicos, burocráticos ou instituídos (p. 68-69).

O PPP da EREM João Bezerra é redefinido anualmente comungando, assim, com a compreensão de incompletude. Existe uma base que não sofre alteração como, por exemplo, a função social da escola, as questões baseadas na política educacional da Secretaria de Educação de Pernambuco entre outros. A construção desse documento foi realizada com a presença de vários segmentos: professores, representantes estudantil, profissionais dos serviços terceirizados, pais de estudantes, representantes do setor administrativo.

As alterações são postas em práticas a partir da avaliação que o grupo faz das atividades desenvolvidas durante o ano letivo. Essas ações são avaliadas em dois momentos: o primeiro após a culminância do evento e o segundo ao final do ano letivo. Todas as ações realizadas no espaço escolar visam a dois grandes objetivos bastante explícitos: o aprendizado dos estudantes e o alcance das metas definidas pela Secretária de Educação, pela Gerência Regional e pelo Programa Integral. Apresentaremos um trecho de uma das entrevistas realizadas com a gestora no mês de dezembro de 2015 em que esse fato fica explícito.

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