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Segmento 1: transcrição de aula 18/

27 P: exatamente, ou seja, nós temos muito da nossa criação em parte somos o que somos 28((somos o reflexo de uma criação))

4.3 Projetos elaborados e desenvolvidos na EREM João Bezerra

4.3.3 Outros projetos

Além desses projetos, a EREM João Bezerra desenvolve durante o ano letivo outras propostas que contribuem com o desenvolvimento dos estudantes. Em janeiro, os protagonistas organizam e preparam a acolhida dos novos estudantes, embora isso não seja um projeto, mas corresponde a uma ação que faz parte de um projeto.

O mês de fevereiro é voltado para o Bloco Carnavalesco em que ocorre a confecção e competição para identificar o estandarte mais bonito. Cada turma prepara o seu estandarte que deve ser fabricado com materiais simples, pondo em prática a criatividade e a capacidade de inovação dos estudantes. Junto com o estandarte há um desfile de fantasias cuja matéria prima é o jornal. Em março existem dois projetos: O projeto da água e Mulher e literatura. No primeiro, os estudantes fazem um levantamento e analisam as condições da água no bairro, no poço e demais pontos da escola. O resultado é divulgado tanto na comunidade escolar, quanto na do bairro. No segundo, a escola relaciona a homenagem que se faz à mulher neste mês com a literatura.

Não há projeto no mês de abril. Em maio é posto em prática o projeto Brincando

também se aprende que iniciou com o componente curricular de matemática por meio de

construção de pipas nas aulas de geometria e, hoje, envolve as demais disciplinas. Esse projeto volta-se para a avaliação do aprendizado dos estudantes. Eles são divididos em grupo e têm como desafio a criação de um brinquedo cujo conteúdo foi explorado em sala de aula.

30 O teatro do colégio Salesiano foi escolhido pelo JCPM, parceiro da EREM João Bezerra, que

121 O mês de junho é a vez do projeto Novos talentos em que recebemos um convite para compor a comissão de jurados no ano de 2014. O projeto é todo voltado para questões relacionadas à música (solo ou em grupo), ao desenho, à dança. Ele faz parte da avaliação interdimensional proposta pelo programa integral.

Após o recesso de julho, em agosto é posto em prática uma competição de conhecimentos para homenagear o mês do estudante. Setembro é a vez do Cinema com os

celulares. Os estudantes a partir de um tema elaboram vídeos com o aparelho de celular sobre

a comunidade de Brasília Teimosa. Em 2014 os estudantes voltaram-se para a história de moradores do bairro, em 2015 aproveitaram o projeto Consciência negra e todos os olhares foram direcionados para a questão do negro dentro do bairro.

No mês de outubro ocorre o Halloween que é um projeto muito voltado para a questão da leitura e do empreendedorismo. Segue o exemplo desse projeto a partir de um trecho da entrevista com a gestora da EREM João Bezerra. Segmento 5: entrevista Gestora 3/12/2015.

G: /.../ o Halloween deste ano ((2015)) foi todo voltado para as histórias infantis... aí nós tivemos a casa de Chaves, a mal assombrada, uma releitura das histórias infantis em que a bruxa má de Cinderela era um sapo e aí eles fizeram uma releitura... você precisa ler, você precisa reescrever, você precisa interpretar, você precisa recriar, ensaiar, então tem todo um trabalho de disciplina muito sério. Pegar o material, custo... produzir material para apresentar para um público de mais de 600 pessoas, então eles se preparam... veja que isso aí também é uma visão empreendedora, né, porque você está montando uma empresa de eventos. Sem que eles percebam, eles montam essa empresa. E montam como? Montam porque eles vão construindo esse passo a passo, eles vão crescendo com isso.

Para finalizar o ano, ocorrem os jogos interclasse e depois se iniciam os preparativos para mais uma acolhida dos novos estudantes. No final do ano de 2015 ocorreu também a culminância do projeto Ótica Geométrica em que os estudantes produziram diversos materiais relacionados à ótica geométrica. Utilizando celular e caixa de papelão, eles reproduzir em projetor multimídia objetos que eles produziram, as imagens foram projetadas de celulares em três, quatro D.

No ano de 2014 estava sendo retomado um projeto iniciado em 2010 (quando a atual gestora era coordenadora pedagógica da escola) que nos chamou bastante a atenção pelo fato do mesmo ter sido elaborado e desenvolvido por uma mãe cuja filha havia sido aluna do EREM João Bezerra, é o projeto NATO (No Amor há Transformação e Oportunidades). A mãe sentiu necessidade de ficar na escola e pediu autorização e apoio da gestão para fazer escuta das turmas, a fim de contribuir com o trabalho desenvolvido na escola. Junto à

122 educadora de apoio, que hoje é a gestora da escola, elas conversavam sobre as dificuldades dos estudantes, os problemas que eles tinham uns com os outros, problemas com bullying. Elas escutavam os estudantes, dividiam os problemas e a turma passava a se conhecer melhor. Essa prática foi viável enquanto a escola trabalhava com até 11 turmas. A partir do momento em que a escola passou a ter 17 turmas, as coisas ficaram difíceis, pois não havia pessoas que pudessem colaborar e a mãe conseguiu um emprego. Passado algum tempo, a mãe retornou à escola com outra proposta, ela foi buscar ajuda com pessoas do bairro que estivessem dispostas a contribuir e fez alguns ajustes no projeto.

A escola não podia assumir gastos, pois estava com poucos recursos e quando esses surgiam precisavam ser direcionados para a estrutura física. Frente a esse aspecto, a mãe conseguiu fazer com que as pessoas da comunidade, cada um ou duas ou até mesmo uma família, adotassem uma sala de aula. Ao adotar, a pessoa responsável mandava bilhetes de motivação, os estudantes recebiam recados para estudarem mais, mensagens falando sobre questões de valores, sobre Deus. A mãe e a gestão se propuseram a não apresentar ninguém do grupo aos estudantes, eles eram apresentados apenas no final do ano letivo em que os estudantes, nesta ocasião, preparavam o bolo para seus amigos ocultos. A mãe conseguiu formar um grupo com 98 pessoas da comunidade. Segue um trecho da entrevista da gestora sobre esse projeto. Segmento 6: entrevista Gestora 3/12/2015.

G: /.../ nenhuma dessas pessoas foram apresentadas, eles sabiam que a mãe, que estava sempre presente, estava à frente, mas eles não sabiam quem eram essas outras pessoas. Aí todo mês, nós tínhamos o dia do bolo, essas pessoas mandavam 17 bolos e vinham pra cá, com refrigerante para cada sala ((entregavam a encomenda, mas não ficavam)), às vezes quando faltava um bolo que a família não teve condições, aí eu ia e comprava ((do próprio bolso)), mas ninguém ficava sem bolo, porque era o dia de a gente identificar que havia alguém especial, tomando conta (+) ((a gestora ficou visivelmente emocionada)) da sala e era muito interessante que os meninos choravam pra caramba... porque eles achavam, muitos deles, vinham e diziam que os pais não prestavam atenção e uma pessoa estranha prestava atenção. /.../ foi maravilhoso esse momento de integração onde a gente teve a comunidade realmente dentro da escola, mas não porque era pai de aluno...

O projeto funcionou até o ano de 2014, pois apareceram problemas relacionados à saúde que impediram a mãe de continuar. Em um encontro pelo bairro de Brasília Teimosa, ela nos confessou que as pessoas ainda a param na rua perguntando quando ela irá retornar. Além dos projetos, a escola dispõe da ajuda de parceiros que contribuem muito para o desenvolvimento dos estudantes.

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Figura 5: Projeto brincando também se aprende

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