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02 P: gente... 3º a presta atenção... é:: sobre o assunto da aula passada... a gente concluiu o 03fragme::nto de vidas se::ca::s, não foi? e a gente viu a temática... qual é a temática? qual a temática 04dos escritores regionalistas dessa região nordeste?

05 E: mostrar... 06 E1: a linguagem

07 P: então... em torno dessa linguagem... mas o tema... o tema da linguagem 08 E: a seca

09 P: a seca, não é isso? é... mas presta atenção a pergunta pra saber responder... a seca... e eu trouxe 10pra vocês... que não foi só na literatura que esse tema foi abordado, ou seja, a questão da seca, a

166 11questão da dificuldade do sertanejo em torno do- do nordestino, a miséria, fome, a questão 12também... é... a questão do clima, não foi só abordado na... dentro da temática literária, dentro da 13literatura, mas também em composição de letras de músicas como nós vimos na música ―súplicas 14cearense‖, lembram?

15 E ((todos)): si:::m 16 /.../

17 P: 3º a::: borá... então oh... caminhos da ficção de 30... o romance, o romance de 30 trilhou 18diferentes caminhos, do- dos quais o regi-o-na-lismo, especialmente o nordestino que é o que nós 19estamos trabalhando... a gente tá trabalhando o romance de 30 dentro da região qual? nordeste... 20dentro da região nordeste, ou seja, dentro da região nordeste... o da região nordeste foi o mais 21importante que é o que nós estamos trabalhando... além de vida:::s se:::cas de graciliano ramos, nós 22vamos agora ler um fragmento de uma outra obra, a obra chamada a bagaceira de josé américo de 23almeida... diante desse fragmento, a gente vai fazer algumas questões... alguns questionamentos... 24após esse fragmento, a gente vai ver um pouquinho de raquel de queiroz e também um fragmento 25da grande obra dela, o quinze, ok? para casa eu vou pedir duas atividades para a próxima aula 26 E2: po::rra

27 P: que é amanhã... depois... vocês vão fazer uma pesquisa-zinha na internet, é:: saber um 28pouquinho é:: bota lá:: é:: resumo da obra o quinze e resumo da obra bagaceira... colocar no 29caderno... lê, logicamente... escrever no caderno a parte mais importante, escrever como está na 30internet e traz pra cá... pra gente discutir... pra que vocês se apropriem um pouquinho sobre essas 31duas grandes obras

32 E2: a bagaceira e qual?

33 P: a bagaceira... eu vou colocar no quadro... 34 E3: professora...

35 P: a bagaceira e o quinze

Em várias situações pudemos observar uma rotina de inicialização de P, algumas bem peculiares em que após adentrar em sala de aula e dá o bom dia aos estudantes ela inicia sua aula com uma retrospectiva do conteúdo visto na aula anterior (linhas 2 a 14). Essa estratégia funciona como uma espécie de ―aquecimento‖ que visa introduzir os estudantes na atmosfera de aprendizado. Outro artifício bastante utilizado por P no processo de ensino-aprendizagem é a repetição. Ela realiza conscientemente essa técnica e em conversa informal revelou que adquiriu esse hábito na Educação Infantil em que era necessário repetir a mesma fala várias vezes a fim de que a criança memorizasse o conteúdo (linhas 18 a 20). Percebemos também que P, muitas vezes, ao lançar uma pergunta aos estudantes ou a um especificamente, ela tem o hábito de não esperar o tempo de resposta do estudante, antecipando-se com a resposta à pergunta que ela mesma formulou (linha 19).

Freire (2010) afirma que o ato de ensinar corresponde a criar possibilidades para a produção ou construção de conhecimentos. Essa visão é corroborada por Meirieu (1998) quando declara que o ofício de ensinar envolve duas análises, por um lado, o que diz respeito aos sujeitos, às suas aquisições, suas capacidades, seus recursos, seus interesses, seus desejos e, por outro, o que diz respeito aos saberes que devem ser percorridos, inventariados para

167 neles descobrir novas abordagens, novas possibilidades, novas maneiras de apresentação e significação.

Nesse sentido, P em algumas práticas pedagógicas não contribui para a formação dos sujeitos numa dialética progressiva e transformadora, particularmente, no que diz respeito ao processo de pesquisa, pois esta se caracteriza pela capacidade de produzir conhecimentos e também como elemento estruturante na formação do estudante, ou seja, a formação para a construção de uma cidadania demanda capacidade de análise crítica dos problemas do mundo, formulação de perguntas e proposição de respostas, em um processo problematizador sempre passível de confirmação, revisão, modificação e reconstrução, ou ainda, em um processo dinâmico de construção e de responsabilização do conhecimento. Como será possível alcançar esse fim com as orientações que se encontram nas linhas de 27 a 31?

A pesquisa trás em sua essência o pensamento reflexivo, que requer tratamento de informação/dados e se constitui em um caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais. O tema da seca que vinha sendo desenvolvido com os estudantes favorecia conhecer e explicar os fenômenos da seca que ocorrem no Nordeste e em outros países, como eles operam, como e por que as mudanças acontecem, até que ponto esses fenômenos podem ser influenciados, evitados e controlados, enfim, oferecia oportunidades para explorar a pergunta, o diálogo, a curiosidade, a criatividade, a ação de buscar conhecimento e novas possibilidades para significá-lo, tanto por parte dos estudantes quanto da professora, favorecendo, assim, a construção da autonomia responsável.

Uma prática pedagógica alicerçada na pesquisa deveria favorecer o trabalho inter e transdisciplinar, dialógico, comunicativo, conscientizador ao encarar temas significativos - como a seca, por exemplo - e inter-relacionar situações problemas. No entanto, a simplicidade, ou ainda, o descaso como essa prática é vivenciada nas salas de aulas de Língua Materna gera reações por parte dos estudantes como a que presenciamos na linha 26.

No fragmento abaixo, a aula girou em torno da leitura de dois fragmentos: um do livro A bagaceira de José Américo e outro de O quinze de Raquel de Queiroz. Nosso foco está no uso de diminutivos que P faz em suas falas, em alguns momentos ele é excessivo. Sabe-se que o uso de sufixos que marcam a flexão de grau na língua materna nem sempre estão relacionados à questão de variação de tamanho, eles podem indicar valores e intenções.

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