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Mapa 8 – Espacialização da produção de leite em Goiás Fonte – Goiás (2012)

2.2 Do complexo agroindustrial (CAI) ao sistema agroindustrial lácteo brasileiro: o papel do Estado

2.2.4 A pecuária leiteira em Corumbaíba (GO)

A atividade leiteira é uma das mais importantes do setor agropecuário corumbaibense. Constitui fonte de trabalho e renda para as famílias que vivem no campo e até mesmo para os trabalhadores que vivem na cidade, mas trabalham no campo.

A pecuária tem um papel importante na economia da região de Corumbaíba, com predominância do gado de corte e misto, pois as raças mistas são utilizadas na produção de carne e de leite. A Tabela 12 demonstra a evolução da atividade leiteira em Corumbaíba (GO), a produção, a produtividade e a quantidade de vacas ordenhadas de 1998 a 2010.

51 As declarações do presidente da FAEG foram proferidas na palestra de abertura do 3º Goiás Leite realizado

Tabela 12 - Produção e produtividade da bacia leiteira de Corumbaíba (GO) Ano Quantidade de vacas ordenhadas (cbçs) Variação (%) Quantidade de leite produzido (mil l) Variação (%) Produtividade por vaca (l/cbçs) 1998 17.100 - 17.476 - - 1999 - - 16.529 - 5,7 - 2000 18.890 - 18.701 13,14 0,98 2001 23.148 22,8 23.417 25 1,01 2002 25.230 8,9 25.533 9 1,01 2003 20.184 -2 20.426 -20 1,01 2004 21.193 4,9 21.039 3 0,99 2005 19.498 -7,9 19.356 -7,9 0,99 2006 19.400 -0,5 19.354 -0,01 0,99 2007 18.715 -3,5 22.458 16 1,2 2008 22.320 19,2 31.248 39 1,4 2009 25.500 14,2 39.525 26 1,55 2010 30.000 17,6 51.330 29,8 1,7 2000-2010 - 37 - 63,5 -

Fonte - Secretaria Gestão e Planejamento do Estado de Goiás (SEGPLAN). Organização - CARNEIRO, Janãine D. P. L., 2012.

No total, a produção leiteira de Corumbaíba (GO) apresentou crescimento de 63,5% no período entre 1998 até 2010, passando de 17.476 (mil l) produzidos em 1998, para 51.330 (mil l) produzidos em 2010. Entretanto, esse crescimento sofreu variações ao longo dos anos. Nota-se um declínio de 5,7% entre 1998 e 1999, voltando a subir de 2000 a 2002, atingindo a produção de 25.533 (mil l) de leite. Já em 2003, sofre uma queda de 20% para 2004, continuando em declínio até 2006, quando produz apenas 19.354 (mil l). Em 2007, volta a aumentar a produção partindo de 22.458 (mil l) para 51.330 (mil l) em 2010. Conforme mostra a Tabela 12.

A quantidade de vacas ordenhadas em Corumbaíba (GO) aumentou 37% entre 2000 e 2010, com 18.890 cabeças e 30.000 cabeças respectivamente. Porém, esse crescimento foi inconstante, já que de 2003 a 2007 houve sucessivas quedas na quantidade de vacas ordenhadas. Em 2008, com 22.320 cabeças, o Município retoma o crescimento, passando para 25.500 cabeças em 2009 e 30.000 cabeças em 2010.

No que se refere à produtividade, nota-se um crescimento entre 2000 e 2010 de 0,98 l/cbç para 1,7 l/cbç. A menor produtividade do período foi em 2000 com 0,98 l/cbç, seguido por 2004, 2005 e 2006 com 0,99 l/cbç. Os maiores índices foram alcançados em 2008, 2009 e 2010, com respectivamente, 1,4 l/cbç, 1,55 l/cbç e 1,7 l/cbç. Os índices de produtividade evidenciados na Tabela 12 são baixos, mas isso reflete uma realidade característica do Brasil, conforme afirma Clemente (2006):

O Brasil possui um dos maiores rebanhos bovinos do mundo, contudo, apresenta índices de produtividade, tanto de leite como de carne, muito aquém da pecuária bovina de outros países produtores. O motivo da baixa produtividade está

intimamente ligado à falta de inversões em tecnologias de manejo do rebanho, que por sua vez, estão relacionadas à maneira pela qual os criadores de bovinos encaravam esta atividade, como reserva de valor nos momentos de inflação alta e como função “maquiadora” da estrutura fundiária em muitos casos. [...] Nesse contexto, a produção de leite, muitas vezes é um subproduto da pecuária de corte produzida em moldes extensivos, o que compromete a produtividade e a qualidade do leite (CLEMENTE, 2006, p. 60-61).

Em Corumbaíba (GO), o aumento da produção está relacionado ao aumento da quantidade de vacas ordenhadas e o aumento da produtividade pode ser atribuído à modernização da produção, em algumas propriedades, com o uso de insumos, produção de silagem e plantio da cana de-açúcar para a alimentação do gado, utilização de gado selecionado e ordenha manual ou mecanizada duas vezes ao dia, ou seja, à profissionalização da atividade nessas propriedades. Entretanto, essa modernização da produção, está presente em poucas unidades produtoras, conforme evidencia o Presidente do Sindicato Rural (SR) de Corumbaíba (GO):

[...] o Município é grande, com área de mais ou menos 36 mil alqueires de terra, em torno de 700 propriedades rurais, alguns produtores tem até 02 ou 03 propriedades [...] quase todas tiram leite, só que não são profissionais do ramo [...] Hoje a maior parte é pequena produção, mas têm umas 05 propriedades, grandes, com grande produção no município que estão tirando leite, que tem dado certo (PESQUISA DE CAMPO, 2012).

Nesse sentido no Município, a maior parte das propriedades produz leite, mas não são propriedades tecnificadas e com produção em grande escala. Na bacia leiteira predomina a produção tradicional do leite, pois apenas algumas propriedades são modernizadas. Tais propriedades são, respectivamente, as propriedades camponesas e empresas rurais do ramo lácteo. Nota-se dentre as propriedades camponesas e até mesmo dentre as empresas rurais, a presença de elementos diferenciados da modernização e tecnificação da produção, demonstrando a heterogeneidade do setor.

A pecuária leiteira é desenvolvida em Corumbaíba (GO), na maioria das propriedades, de forma extensiva, com produção média de 60 litros por dia, conforme esclarece o presidente da Cooperativa dos Produtores Agropecuários de Corumbaíba (COOPAC), ao ser questionado sobre o perfil dos produtores da bacia leiteira local. O entrevistado afirmou que: “[...] a nossa média aqui é em torno de 60, 80 litros por dia [...] tem aquelas que produzem 300 litros em média, mas são apenas os médios produtores, já os grandes, poucos na região, produzem mais de 1.000 litros [...].”52 Um exemplo de propriedade com alta produção e produtividade, com pequena extensão de terra é a Fazenda Toca do Leite, pois atinge uma produção diária de 1.100 litros de leite, em média, com 8 alqueires de terra.

Já na Fazenda Santa Rosa, tem-se uma extensão de 48 alqueires de terra e uma produção diária de 150 litros em média (PESQUISA DE CAMPO, 2012).

Na bacia leiteira de Corumbaíba (GO) predominam as propriedades de baixo nível tecnológico, e com baixa tradição no ramo de produção leiteira especializada. Para as propriedades camponesas _ a maioria na bacia leiteira _ a atividade ainda não é especializada, a propriedade, gestão da terra e o trabalho são familiares, com uma pequena produção de leite destinada ao mercado, como uma das fontes de renda para a família, ajudando a manter as despesas da família e da propriedade. Já nas empresas rurais, a minoria na bacia leiteira, predominam o uso de tecnologias, insumos, gado especializado, mão de obra assalariada, gestão e assistência técnica profissionalizada, ordenha duas vezes ao dia, manual ou tecnificada, mesmo que o grau de tecnificação seja diferenciado entre as propriedades.

Ao analisar os produtores da bacia leiteira, nota-se um forte discurso reforçando o ideário da necessidade de modernização e de qualificação da mão de obra como a solução para os problemas, em relação à quantidade e à qualidade do leite in natura a ser comercializado (PESQUISA DE CAMPO, 2012). Isso está evidente nas declarações do presidente da COOPAC e do Sindicato dos Produtores Rurais (SR) ao descreverem a bacia leiteira de Corumbaíba (GO). Os entrevistados afirmaram que:

A bacia leiteira de Corumbaíba está bem atrasada ainda, é de pequenos produtores que ainda estão tentando crescer e são poucos produtores que se destacam aumentando a produção [...] o problema é o atraso, o produtor ainda tá muito atrasado, quando você vai nos municípios de Piracanjuba, Morrinhos, lá tá mais adiantado, mais estruturado [...] falta tradição no ramo da atividade leiteira [...]53 (PESQUISA DE CAMPO, 2012).

[...] eu digo que a bacia leiteira daqui tem que ser repensada, e não é só preço, é conscientização. [...] Num futuro próximo, o produtor vai perceber que se não tiver profissionalismo, não vai justificar ficar na fazenda [...] se for área plana vai arrendar para a soja, e vai para as áreas mais acidentadas, ou aluga para os que querem ser profissionais54 (PESQUISA DE CAMPO, 2012).

De acordo com o Gerente de Política Leiteira da Italac Alimentos na bacia leiteira de Corumbaíba (GO), predomina a produção não especializada de leite, com menos de 200 litros de leite/dia e com qualidade inferior, se comparada às regiões onde predominam a especialização da produção. Isso porque:

[...] falta assistência técnica na pecuária, infraestrutura, tem muita queda de energia, as estradas são ruins [...] não é uma atividade profissionalizada ainda, não é encarada como atividade profissional [...] a mão-de-obra é pouco qualificada e quando o dono fica fora da propriedade ainda é pior [...]55 (PESQUISA DE CAMPO, 2012).

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Entrevista realizada em junho de 2012.

54 Entrevista realizada em junho de 2012. 55 Entrevista realizada em junho de 2012.

No entanto, acredita-se que os produtores camponeses que optaram por não especializarem da produção, diante das imposições do setor, não podem ser considerados como um empecilho ao desenvolvimento do setor agroindustrial lácteo no Brasil, assim como da bacia leiteira de Corumbaíba, já que se:

[...] a maioria destes não dispõem de equipamentos de ordenha e refrigeração, bem como, de raças puras. O baixo preço pago pelas indústrias e a falta de apoio dos aparelhos estatais se constituem como empecilho à especialização, levando muitos produtores a abandonar a atividade ou se dedicarem ao mercado informal (CRISTINA DOS SANTOS, 2004, p. 87).

O leite produzido na bacia leiteira de Corumbaíba (GO) tem destinos diversos, pois uma parte é vendida para a Cooperativa de Produtores Agropecuários de Corumbaíba (COOPAC), outra, para a Cooperativa dos Produtores de Morrinhos (COMPLEM), para o Laticínio Marajoara e outra parte para o Laticínio Italac Alimentos. Além disso, existem propriedades em que o leite produzido é beneficiado e comercializado pelos próprios produtores. Nestas, são produzidos doce de leite, queijos tipo minas e mozzarella, ou ainda, são vendidos in natura, na cidade, direto para o consumidor. Estes últimos são os chamados produtores informais (PESQUISA DE CAMPO, 2012). Observe a Figura 2:

Figura 2 - Destino do leite in natura produzido na bacia leiteira de Corumbaíba (GO)

Fonte - Pesquisa de Campo, 2012.

Organização - CARNEIRO, Janãine D. P. L., 2012.

A Figura 2 mostra os principais compradores do leite produzido na bacia leiteira de Corumbaíba (GO). A maior parte do leite é adquirida pela Italac Alimentos, principalmente porque o leite adquirido pela COOPAC e pela COMPLEM, posteriormente é vendido para a

Leite in natura produzido em Corumbaíba (GO) Italac Alimentos Marajoara Mercado informal COOPAC Complem

Italac. Assim a COOPAC é uma cooperativa de pequenos produtores que se uniram para conseguir um melhor preço do produto no mercado, vendendo o leite para a COMPLEM e então negocia diretamente com a Italac Alimentos. Uma parcela de 14 produtores vende o leite para a Marajoara, enquanto grande parte da produção é destinada ao mercado, tanto por meio da comercialização do leite in natura, quanto pela fabricação de queijos e doces nas propriedades.

A Cooperativa dos Produtores Agropecuários de Corumbaíba (COOPAC) foi criada no ano de 2001 por um grupo de produtores de leite de Corumbaíba (GO) com o intuito de negociar um melhor preço do leite in natura no mercado. Atualmente, conta com um total de 149 associados e atua na compra e venda do leite. Dentre os associados, a maioria é de pequenos produtores, com uma produção média de 70 litros de leite por dia. O leite da COOPAC é vendido para a COMPLEM, que posteriormente vende para a Italac Alimentos em Corumbaíba. A COOPAC oferece aos seus cooperados um convênio com a Loja Agropecuária da COMPLEM e com supermercados de Corumbaíba (GO). Esse convênio oferece aos cooperados formas de parcelamento diferenciadas para os produtos adquiridos, além de pagamento realizado com desconto nas folhas de pagamento do leite.

A Cooperativa Mista dos Produtores de Leite de Morrinhos (COMPLEM) é a fabricante dos produtos lácteos Compleite. Foi fundada em 1978 por um grupo de 200 produtores de leite. Com sede em Morrinhos (GO), atualmente possui 10 Filiais, além de duas filiais de vendas, localizadas em Aparecida de Goiânia (GO) e em Brasília (DF). É constituída de mais de 4.000 associados, entre ativos e inativos, além de mais de 600 trabalhadores, incluindo matriz, filiais e indústrias de laticínios e de leite longa vida e fábrica de rações. Os estabelecimentos comerciais da Cooperativa são: supermercados, boutiques, loja agropecuárias, depósitos de suprimentos e de ração e postos de combustíveis. Em Corumbaíba a COMPLEM possui uma loja de produtos agropecuários conveniada com os associados da COOPAC. O convênio com a COOPAC, também inclui a coleta do leite in natura dos seus fornecedores e a compra do leite da Cooperativa.56

O Laticínio Marajoara, cuja sede fica em Hidrolândia (GO), tem em Corumbaíba (GO) 14 fornecedores com um total de 13.000l. A coleta é realizada por um caminhão tanque a cada dois dias. O leite é destinado para a produção de leite longa vida (PESQUISA DE CAMPO, 2012).

A Italac Alimentos é a maior compradora do leite produzido na bacia leiteira de Corumbaíba (GO). Atualmente tem 90 fornecedores no município, somando um total de 35.000 litros de leite por dia. Estes fornecedores produzem em média 300 l/dia, existindo fornecedores que produzem de 200 a 1.000 l/dia, em média. A coleta do leite nas propriedades é feita a granel, ou seja, por caminhões tanques, a cada dois dias. O pagamento aos fornecedores é feito quinzenalmente. O preço do leite pago aos produtores é estabelecido pelo mercado, mas sofre variações por quantidade e por qualidade (PESQUISA DE CAMPO, 2012).

Além do leite comercializado pelas cooperativas de produtores e laticínios, outra parcela do leite produzido na bacia leiteira é comercializada no chamado mercado informal. Neste tipo de comercialização estão: a fabricação de queijos e doces nas propriedades para o abastecimento do mercado local e a venda de leite in natura direto ao consumidor.

A Foto 22 evidencia uma fábrica de queijos tipo mozzarella numa propriedade camponesa em Corumbaíba (GO). Segundo o proprietário, ele fabrica os queijos há 18 anos, com a ajuda de dois trabalhadores assalariados. Apesar de exigir muito trabalho por parte da família, a decisão de beneficiar o produto surgiu da intenção de conseguir um preço melhor pelo litro de leite produzido, o que lhe garantiria maior renda para formar os filhos. Atualmente a produção diária é de 247 litros, dos quais são produzidos de 20 kg de queijo. O produto é comercializado na cidade ou em cidades vizinhas e o soro é utilizado na alimentação dos suínos consumidos pela família, cujo excedente também é comercializado na cidade.

Esta realidade também é evidenciada nos seguintes depoimentos dos camponeses:

Tiro leite porque é garantia de renda fixa para pagar meu funcionário da chácara [...] e faço queijo mozzarella porque o preço pago pelo leite in natura é muito baixo [...] quando a gente faz o queijo, o preço que sai o litro é muito maior.57 (PESQUISA DE CAMPO, 2012).

Sempre tirei leite, é renda garantida [...] faço mozzarella e vendo parte do leite na cidade, assim consigo um preço bem melhor e tenho dinheiro todos os dias para manter os estudos dos meus filhos, e ainda uso o soro para a criação de porcos na fazenda.58 (PESQUISA DE CAMPO, 2012).

57 Fonte: entrevista realizada em abril de 2012. 58 Fonte: entrevista realizada em abril de 2012.

Foto 22 – Fábrica de queijos: propriedade rural camponesa em Corumbaíba (GO)

Autora – CARNEIRO, Janãine D. P. L. Fonte - Pesquisa de campo, janeiro de 2013.

Para Cristina dos Santos (2004) a comercialização do leite in natura direto para o consumidor, uma prática do mercado informal do leite, consiste num dos caminhos encontrados pelos produtores camponeses para não abandonarem a atividade leiteira. Pelo contrário, a informalidade é uma estratégia encontrada como forma de resistência às normas que dificultam a permanência de uma grande parcela de produtores na produção de leite.

A esse respeito Paulino (2012) complementa que:

Não sem razão, a cadeia formal do leite tem ojeriza da informalidade, recurso comum entre os camponeses [...] é por meio da eliminação dos intermediários que todos os trabalhadores parecem sair ganhando: os camponeses porque conseguem vender o leite até ao triplo do preço que obteriam com a entrega nos laticínios; os consumidores, trabalhadores de baixa renda, que conseguem compra-lo a um preço inferior ao daquele industrializado (PAULINO, 2012, p. 223).

Em Corumbaíba (GO) existem diversos produtores que vendem o leite direto para os consumidores. O preço do litro do leite varia entre R$ 1,50/l à R$ 1,80/l, enquanto o litro do leite longa vida é vendido por R$ 2,50/l, em média, nas mercearias e supermercados. Já o preço pago pelos laticínios os produtores é em média R$ 0,80/l, daí o consegue comercializar seu produto com preço melhor ao passo que os consumidores também adquirem o produto por menor preço.

Além da atuação no mercado informal, outros produtores deixaram de se dedicar a atividade leiteira. Dentre eles estão o Sr. Divino João Alves, que atualmente se dedica a pecuária de corte e a agricultura. Ele afirma que deixou de tirar leite porque o preço é baixo e

argumenta que “[...] não dá pra atuar [...] as exigências são muitas e não tem como fazer com o preço muito baixo” (PESQUISA DE CAMPO, 2012)59.

Um dos fatores que contribuem para o baixo preço pago pelo leite na bacia leiteira de Corumbaíba, apresentados pelos produtores e pelos demais entrevistados que atuam no setor é a política de preços praticada pelos laticínios. No caso de Corumbaíba, o maior laticínio atuante é a Italac Alimentos, que seguindo a lógica de produção do lucro e reprodução do capital agroindustrial se territorializa no Município trazendo uma nova dinâmica territorial para os diferentes produtores de leite.

Esse processo incorpora de modo distinto as propriedades da região, pois atua de maneira diferenciada entre as propriedades camponesas, os pecuaristas tradicionais e as empresas rurais, incorporando a renda da terra ao processo de reprodução do capital. A relação entre a territorialização da agroindústria laticinista Italac Alimentos, as empresas rurais, os pecuaristas e a propriedades camponesas será apresentada na próxima sessão.

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3 O CAPITAL AGROINDUSTRIAL EM CORUMBAÍBA (GO): AS DISPUTAS