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O planejamento do Módulo 3: O desenvolvimento dos acontecimentos na construção

Ainda no sentido de proporcionar uma gradação quanto à dificuldade na leitura, concluído o Módulo 2, o desafio é introduzir a leitura de uma obra estrangeira. Entendemos que isso pode gerar dificuldade na construção de sentidos por trazer linguagem e espaço diferentes. Outro desafio consiste na dimensão cultural abordada no conto de Mia Couto, a qual será destacada, a fim de favorecer a percepção dos estudantes quanto ao aspecto social da linguagem. Assim como do Módulo 1 para o Módulo 2, a transição para o Módulo 3 marca outro passo quanto à complexidade do conto escolhido, o qual traz, além do discurso literário desafiador, a abordagem de questões complexas.

Passamos à leitura subjetiva da professora-pesquisadora.

Figura 16 - Capa do livro A menina sem palavra

Fonte: Acervo da pesquisadora (2019).

TEXTO MOTIVADOR 3: O DIA EM QUE EXPLODIU MABATA-BATA, MIA COUTO.

De repente, o boi explodiu. Rebentou sem um múúú. No capim em volta choveram pedaços e fatias, grão e folhas de boi. A carne eram já borboletas vermelhas. Os ossos eram moedas espalhadas. Os chifres ficaram num qualquer ramo, balouçando a imitar a vida, no invisível do vento.

O espanto não cabia em Azarias, o pequeno pastor. Ainda há um instante ele admirava o grande boi malhado, chamado de Mabata-bata. O bicho pastava mais vagaroso que a preguiça. Era o maior da manada, régulo da chifraria, e estava destinado como prenda de lobolo do tio Raul, dono da criação. Azarias trabalhava para ele desde que era órfão. Despegava antes da luz para que os bois comessem o cacimbo das primeiras horas.

Olhou a desgraça: o boi poeirado, eco de silêncio, sombra de nada. “Deve ser foi um relâmpago”, pensou.

Mas relâmpago não podia. O céu estava liso, azul sem mancha. De onde saíra o raio? Ou foi a terra que relampejou? Interrogou o horizonte, por cima das árvores. Talvez o ndlati, a ave do relâmpago, ainda rodasse os céus. Apontou os olhos na montanha em frente. A morada do ndlati era ali, onde se juntos os todos rios para nascerem para nascerem da mesma vontade da água. O ndlati vive nas suas quatro cores escondidas e só se destapa quando as nuvens rugem na rouquidão do céu. É então que o ndlati sobe aos céus, enlouquecido. Nas alturas se veste de chamas, e lança seu vôo incendiado sobre os seres da terra. Às vezes atira-se no chão, buracando-o. Fica na cova e ali deita a sua urina.

Uma vez foi preciso chamar as ciências do velho feiticeiro para escovar aquele ninho e retirar os ácidos depósitos. Talvez o Mabata-bata pisara uma réstia maligna do ndlati. Mas quem podia acreditar? O tio, não. Havia de querer ver o boi falecido, ao menos ser apresentado uma prova do desastre. Já conhecia bois relampejados: ficavam corpos queimados, cinzas arrumadas a lembrar o corpo. O fogo mastiga, não engole de uma só vez, conforme sucedeu-se.

Reparou em volta, os outros bois assustados, espalharam-se pelo mato. O medo escorregou dos olhos do pequeno pastor. - Não apareças sem um boi, Azarias. Só digo: é melhor nem apareceres.

A ameaça do tio soprava-lhe os ouvidos. Aquela angústia comia-lhe o ar todo. Que podia fazer? Os pensamentos corriam-lhe como sombras mas não encontravam saídas. Havia uma só solução: era fugir, tentar os caminhos onde não sabia mais nada. Fugir é morrer de um lugar e ele, com os seus calções rotos, um saco velho a tiracolo, que saudade deixava? Maus tratos, atrás dos bois. Os filhos dos outros tinham direito da escola. Ele não, não era filho. O serviço arrancava-o cedo da cama e devolvia-o ao sono quando dentro dele já não havia resto de infância. Brincar era só com os animais: nadar o rio a boleia do rabo do Mabata-bata, apostar na briga dos mais fortes. Em casa, o tio advinha-lhe o futuro:

- Este, da maneira que vive misturado com a criação há-de casar com uma vaca.

E todos se riam, sem quererem saber da sua alma pequenina, dos seus sonhos maltratados. Por isso, olhou sem pena para o campo que iria deixar. Calculou o dentro do seu saco: uma fisga, frutos de djambalau, um canivete enferrujado. Tão pouco não pode deixar saudade. Partiu na direcção do rio. Sentia que não fugia: estava apenas a começar o seu caminho. Quando chegou ao rio, atravessou a fronteira da água. Na outra margem parou à espera nem sabia de quê.

Ao fim da tarde a avó Carolina esperava Raul à porta da casa. Quando chegou ela disparou a aflição: - Essas horas e o Azarias ainda não chegou com os bois.

- O quê? Esse malandro vai apanhar muito bem, quando chegar. - Não é que aconteceu uma coisa, Raul? Tenho medo, esses bandidos … - Aconteceu brincadeira dele, mais nada.

Sentaram na esteira e jantaram. Falaram das coisas do lobolo, preparação do casamento. De repente, alguém bateu à porta. Raul levantou-se interrogando os olhos da avó Carolina. Abriu a porta: eram os soldados, três.

- Boa noite, precisam alguma coisa?

- Boa noite, viemos comunicar o acontecimento: rebentou uma mina esta tarde, foi um boi que pisou. Agora, esse boi pertencia daqui.

Outro soldado acrescentou:

- Queremos saber onde está o pastor dele.

- O pastor estamos à espera – respondeu Raul. E vociferou: – Malditos bandos!

- Quando chegar queremos falar com ele, saber como foi sucedido. É bom ninguém sair na parte da montanha. Os bandidos andaram espalhar minas nesse lado.

Despediram. Raul ficou, rodando à volta das suas perguntas. Esse sacana do Azarias onde foi? E os outros bois andariam espalhados por aí?

- Avó: eu não posso ficar assim. Tenho que ir ver onde está esse malandro. Deve ser talvez deixou a manada fugentar-se. É preciso juntar os bois enquanto é cedo.

- Não podes, Raul. Olha os soldados o que disseram. É perigoso.

Mas ele desouviu e meteu-se pela noite. Mato tem subúrbio? Tem: é onde o Azarias conduzia os animais. Raul, rasgando-se nas micaias, aceitou a ciência do miúdo. Ninguém competia com ele na sabedoria da terra. Calculou que o pequeno pastor escolhera refugiar-se no vale.

Chegou ao rio e subiu às grandes pedras. A voz superior, ordenou: - Azarias, volta. Azarias!

Só o rio respondia, desenterrando a sua voz corredeira. Nada em toda à volta. Mas ele adivinhava a presença oculta do sobrinho. - Apareças lá, não tenhas medo. Não vou-te bater, juro.

Jurava mentiras. Não ia bater: ia matar-lhe de porrada, quando acabasse de juntar os bois. No enquanto escolheu sentar, estátua de escuro. Os olhos habituados à penumbra desembarcaram na outra margem. De repente, escutou passos no mato. Ficou alerta. - Azarias?

Não era. Chegou-lhe a voz de Carolina. - Sou eu, Raul.

Maldita velha, que vinha ali fazer? Trapalhar só. Ainda pisava na mina, rebentava-se e, pior, estoirava com ela também. - Volta em casa, avó!

- O Azarias vai negar de ouvir quando chamares. A mim, há-de ouvir.

E aplicou sua confiança, chamando o pastor. Por trás das sombras, uma silhueta deu aparecimento. - És tu, Azarias. Volta comigo, vamos pra casa.

- Não quero, vou fugir.

O Raul foi descendo, gatinhoso, pronto pra saltar e agarrar as goelas do sobrinho. - Vais fugir para onde, meu filho?

- Não tenho onde, avó.

- Esse gajo vai voltar nem que eu lhe chamboqueie até partir-se dos bocados – precipitou-se a voz rasteira de Raul. - Cala-te, Raul. Na tua vida nem sabes da miséria – E voltando-se para o pastor: – Anda meu filho, só vens comigo. Não tens culpa do boi que morreu. Anda ajudar o teu tio juntar os animais.

- Não é preciso. Os bois estão aqui, perto comigo. Raul ergueu-se, desconfiado. O coração batucava-lhe o peito. - Como é? Os bois estão aí?

- Sim, estão.

Enroscou-se o silêncio. O tio não estava certo da verdade de Azarias. - Sobrinho: fizeste mesmo? Juntaste os bois?

A avó sorria pensando no fim das brigas daqueles os dois. Prometeu um prêmio e pediu ao miúdo que escolhesse. - O teu tio está muito satisfeito. Escolhe. Há-de respeitar o teu pedido.

Raul achou melhor concordar com tudo, naquele momento. Depois, emendaria as ilusões do rapaz e voltariam as obrigações do serviço das pastagens.

- Fala lá o seu pedido.

- Tio: próximo ano posso ir na escola?

Já adivinhava. Nem pensar. Autorizar a escola era ficar sem guia para os bois. Mas o momento pedia fingimento e ele falou de costas para o pensamento:

- Vais, vais. - É verdade, tio?

- Quantas bocas tenho, afinal?

- Posso continuar ajudar nos bois. A escola só frequentamos da parte de tarde. - Está certo. Mas tudo isso falamos depois. Anda lá daqui.

O pequeno pastor saiu da sombra e correu o areal onde o rio dava passagem. De súbito, deflagrou um clarão, parecia o meio- dia da noite. O pequeno pastor engoliu aquele todo vermelho, era o grito do fogo estourando. Nas migalhas da noite viu descer o ndlati, a ave do relâmpago. Quis gritar:

- Vens pousar quem, ndlati?

Mas nada não falou. Não era o rio que afundava suas palavras: era um fruto vazando de ouvidos, dores e cores. Em volta tudo fechava, mesmo o rio suicidava sua água, o mundo embrulhava o chão nos fumos brancos.

- Vens pousar a avó, coitada, tão boa? Ou preferes no tio, afinal das contas, arrependido e prometente como o pai verdadeiro que morreu-me?

E antes que a ave do fogo se decidisse Azarias correu e abraçou-a na viagem de sua chama. COUTO, M. A menina sem palavras: histórias de Mia Couto. São Paulo: Boa Companhia, 2013 (p. 11-16).

• O olhar da professora-pesquisadora como sujeito-leitor sobre o conto.

O encontro entre dois universos: o real e o ficcional. Assim, vemos o conto de Mia Couto. A guerra, a violência, o trabalho infantil, a orfandade, a exploração do mais fraco e a falta de investimento na educação compõem a dura realidade da história, tudo em confronto com a pureza, a crença, a esperança, a brincadeira infantil, a cultura popular e a educação como ascensão.

Logo no início, já se dá o choque entre os dois universos, pois o conto exige do leitor uma construção imagética: um boi que explode. A poeticidade está fortemente marcada na morte do boi: “Rebentou sem um múúú. No capim em volta choveram pedaços e fatias, grão e

folhas de boi. A carne eram já borboletas vermelhas. Os ossos eram moedas espalhadas. Os chifres ficaram num qualquer ramo, balouçando a imitar a vida, no invisível do vento”. E tal

poeticidade se coloca em oposição à dureza da realidade de uma mina de guerra explodindo, de um órfão explorado que só trabalha desde cedo e não vai à escola, bem como no temor da reação de um tio que explora.

O menino busca uma explicação na natureza (relâmpago) e na cultura popular (ndlati), optando pela última, o que revela a força das crenças para a sua comunidade, reconhecidamente rural. Preocupado com o castigo do tio, o menino resolve fugir, o que nos leva a crer que o tio era um homem agressivo e o narrador nos conduz a isso no trecho que rememora outros fatos para justificar a decisão do menino como a mais acertada: “Fugir é morrer de um lugar e ele,

dos bois. Os filhos dos outros tinham direito da escola. Ele não, não era filho. [...] Brincar era só com os animais: nadar o rio a boleia do rabo do Mabata-bata, apostar na briga dos mais fortes. Em casa, o tio advinha-lhe o futuro: - Este, da maneira que vive misturado com a criação há-de casar com uma vaca. E todos se riam, sem quererem saber da sua alma pequenina, dos seus sonhos maltratados”. Nesse trecho, fica implícito que a relação é menos de tio/sobrinho e

mais de patrão/empregado.

Por outro lado, a figura da avó é conciliatória, é a parte afetiva da família e ela sabia disso, tanto que insiste para ir procurar o menino, reconhecendo que ele não voltaria com o tio. Nesse trecho, identificamos um discurso misto: “Maldita velha, que vinha ali fazer? Trapalhar

só. Ainda pisava na mina, rebentava-se e, pior, estoirava com ela também”. Embora

reconheçamos a voz de Raul, não está marcada por travessão, o que nos conduz a um narrador- onisciente, que invade o pensamento da personagem e o revela ao leitor. Assim, a conciliação da avó é retomada quando ela promete um prêmio ao menino que pede para estudar.

Nesse ponto, abre-se uma reflexão importante porque podemos reconhecer que o texto não está em um contexto nacional, visto que no Brasil a educação é pública e obrigatória. Então, de onde é esse menino que sonha em estudar? Quais comparações podem ser feitas com a nossa realidade em que muitos estudam por obrigação? Por que ele não estuda?

Em sequência, o tio promete atender ao pedido do menino, sem intenção alguma de cumprir, o que está revelado pelo próprio narrador-onisciente no trecho: “Já adivinhava. Nem

pensar. Autorizar a escola era ficar sem guia para os bois. Mas o momento pedia fingimento e ele falou de costas para o pensamento”. Aqui, mais uma vez, o narrador revela a frieza de um

tio que é mais patrão.

O menino aparece, está feliz diante da expectativa de estudar e, então, pisa em uma mina. A explicação, assim como a da explosão do boi, é dada de forma poética, construindo uma imagem belíssima e intrigante para a morte: “E antes que a ave do fogo se decidisse Azarias correu e abraçou-a na viagem de sua chama”. Apesar da construção abstrata em torno da morte,

percebemos o emprego do termo cristalizado “viagem”, comumente utilizado para se referir a ela, configurando como uma pista importante para o desfecho dentro do universo real; mas também é feita uma relação inédita da morte como um abraço com a ave do fogo, conduzindo para um desfecho no universo da ficção, ou seja, a realidade e a ficção se reencontram.

Portanto, a tensão entre o real e o ficcional introduz o conto e o encerra, de forma poética, metafórica, provocando no sujeito leitor sentimentos de estranhamento, de espanto, de compaixão e empatia, de revolta, mas também de aceitação. Sim, aceitação, pois ao leitor resta aceitar que o protagonista teve uma morte mais feliz do que a vida que levava. Enfim, uma

experiência ética singular no tocante à percepção de outras realidades, de problemáticas invisíveis aos nossos olhos já embrutecidos e acostumados com a exploração e a violência cotidianas; e uma experiência estética prazerosa e desafiadora pelas hipóteses quanto à leitura, as quais formulamos durante todo o texto, pelo emprego particular e criativo de termos, palavras e combinações, além das idas e vindas necessárias para entender que a ave de fogo, na verdade, é uma mina de guerra.

Passamos às cinco oficinas planejadas para o Módulo 3.

• Oficina 1: Primeira leitura que toca

Objetivos Proporcionar a leitura subjetiva.

Desenvolver estratégias de recuperação de informações.

Analisar os diferentes modos de dizer usados no texto e a sua contribuição para a construção dos sentidos.

Reconhecer a intencionalidade na escolha de expressões/recursos. Construir experiências éticas e estéticas.

Recursos Diários.

Cópias do texto motivador.

Livro “A menina sem palavras”, Mia Couto. Atividades Leitura do título.

Diário: registro das hipóteses quanto ao conteúdo do conto. Leitura do 1º parágrafo.

Diário: registro das primeiras impressões. Leitura subjetiva do conto: jogos de leitura.

• Oficina 2: Na trilha interpretativa do texto

Objetivos Desenvolver estratégias de recuperação de informações.

Associar a relação entre as expressões usadas e as imagens criadas.

Identificar diferentes estratégias de marcar o desenvolvimento dos acontecimentos. Reconstruir a trajetória narrativa do conto através de imagens.

Recursos Cópias do texto motivador. Diário.

Cópias do mapa interpretativo. Cartolinas.

Cópias das orientações para a vivência.

Atividades Diário: registro da alteração nas percepções do texto após a segunda leitura.

Mapa interpretativo: reconstrução da trajetória narrativa através da ordenação das imagens disponibilizadas conforme as percepções da dupla.

Socialização dos mapas interpretativos produzidos. Vivências: orientações para a Oficina 3.

• Oficina 3: Projeção dos eus

Objetivos Relacionar o texto com as experiências pessoais dos alunos.

Compartilhar, oralmente, as experiências éticas através de textos híbridos. Valorizar as diferentes linguagens materializadas no hibridismo dos textos. Incentivar a produção de narrativas do vivido.

Recursos Papel A4. Diários. Atividades Vivências.

Diário: impressões sobre as vivências compartilhadas. Produção textual.

• Oficina 4: Da escrita para a reescrita

Objetivos Mobilizar os conhecimentos na produção escrita. Ampliar as estratégias de organização textual. Desenvolver a escrita significativa.

Projetar a subjetividade através de expressões/recursos próprios.

Estabelecer articulações entre períodos e parágrafos como estratégia para a construção de sentidos.

Recursos Papel A4.

Fichas de avaliação. Diário.

Atividades Revisão do texto de outro grupo;

Diário: impressões sobre a responsabilidade de revisar o texto do amigo. Reescrita.

• Oficina 5: Compartilhando histórias, construindo experiências

Objetivos Analisar a adequação da linguagem à situação. Reconhecer a escrita enquanto processo.

Fortalecer a autonomia dos sujeitos quanto à avaliação do próprio texto. Compartilhar as narrativas produzidas.

Favorecer a construção de experiências éticas e estéticas. Recursos Papel A4.

Varal e prendedores. Atividades Socialização das produções;

Diário: registro das impressões sobre as narrativas compartilhadas; Conversa literária.

Diário: registro da conversa literária.

Para marcar o encerramento do projeto, lançamos as possibilidades à turma:

Na Escola i) Lançamento da Comunidade de leitores para outras turmas. ii) Exposição dos Diários de leitura, na Biblioteca.

iii) Organização de sala temática sobre um dos contos. iv) Lançamento de blog literário.

Na Casa da Cultura i) Exposição das fotos do Concurso e premiação dos vencedores. ii) Apresentação cultural organizada pelos alunos.

iii) Lançamento do livro de narrativas da turma. iv) Apresentação dos mediadores de leitura.

Diante das possibilidades expostas, os alunos optaram pela programação na Casa da Cultura em virtude de o espaço acomodar melhor os convidados. Porém, entendemos que seria necessário um momento de apresentação do trabalho na própria Escola para que a comunidade escolar também participasse.

Apresentados os planejamentos correspondentes a cada uma das cinco oficinas de cada um dos três módulos, passamos ao relato da experiência.

5 A EXPERIÊNCIA DO VIVIDO: POSSIBILIDADES E DESAFIOS

É verdade que pensar a educação a partir da experiência a converte em algo mais parecido com uma arte do que com uma técnica ou uma prática (LARROSA, 2017, p. 12).

Neste capítulo, apresentamos o relato da experiência do vivido, conforme os desdobramentos durante a realização das oficinas, assim como apresentamos os dados gerados pelas produções narrativas dos alunos, fichas de avaliação e autoavaliação, registros nos Diários de leitura e notas de aulas.

Embora tendo autorização para usar fotos, áudios ou vídeos dos estudantes, evitamos a exposição dos alunos e do ambiente escolar no corpo deste trabalho, a fim de evitar quaisquer constrangimentos ou desconfortos; assim, preferimos usar as imagens dos textos e das produções da turma, restringindo o uso de fotos dos alunos aos momentos de encerramento do projeto por terem sido eventos públicos.

Optamos por apresentar os dados e analisá-los à medida que relatávamos a experiência, a fim de facilitar a compreensão do processo de intervenção, assim como enfatizar a construção das aprendizagens dos alunos durante o desenvolvimento das oficinas, de forma gradativa.

Passamos ao relato de cada módulo, partindo do Módulo 1.