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5.3 A experiência do Módulo 3

5.3.3 Oficina Projeção dos eus

A Oficina 3 se desenvolveu a partir dos seguintes objetivos: relacionar o texto com as experiências pessoais dos alunos; compartilhar, oralmente, as experiências éticas através de textos híbridos; valorizar as diferentes linguagens materializadas no hibridismo dos textos; incentivar a produção de narrativas do vivido.

Para iniciar, perguntamos aos alunos quem havia realizado a atividade de vivências orientada na oficina passada. De acordo com o Quadro 12, os alunos poderiam entrevistar alguém próximo que não teve oportunidade de estudar; poderiam gravar um vídeo sobre a

importância da escola; poderiam montar um mural coletivo com imagens representando o trabalho infantil no Brasil; ou poderiam realizar uma roda de conversa com meninos que trabalham como carroceiros na feira livre da cidade.

Quadro 12 - Sugestões para atividade de vivências VIVÊNCIAS: ORIENTAÇÕES

1) Entrevistem um parente que não teve oportunidade de estudar. O que o impediu de ir à escola?

Como isso interfere ou interferiu na sua vida? O que o impede de voltar a estudar hoje?

Que conselho ele daria para um adolescente que não gosta de estudar? 2) Preparem um vídeo de, no máximo, 3 min, no qual todos do grupo falem sobre a importância da escola.

O que a escola representa para vocês? O que vocês mais gostam na escola?

De que forma a escola participa da formação de vocês? Para vocês, a escola é um lugar de quê?

3) Montem um mural coletivo usando imagens que representem o trabalho infantil. As imagens podem ser:

De crianças trabalhando em diferentes funções. De lugares que representem alguma ocupação ou trabalho.

De gráficos que demonstrem os números do trabalho infantil no Brasil. Outras imagens que o grupo considerou relacionadas ao assunto. 4) Conversem com carroceiros da feira livre da cidade sobre: Quais são os aspectos positivos do trabalho?

Quais são os aspectos negativos do trabalho? De que modo o trabalho interfere nos estudos? Quais são os planos para o futuro?

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Apenas dois grupos tinham realizado a atividade proposta. Isso nos causou muita frustração porque eles demonstraram bastante interesse quando distribuímos as sugestões. Sobre os motivos prováveis para a não realização da atividade, pensamos que poderia estar relacionada ao fato de ter sido uma proposta em grupo e fora da escola, de modo que poderia ser difícil juntar os colegas para realizá-la.

Dos grupos que conseguiram realizar a atividade, um apresentou, em cartaz, dados referentes à leitura e à escrita no Brasil, destacando a sua importância social; o outro grupo compartilhou oralmente a entrevista que realizou com a avó de um dos componentes, tratando dos motivos que a impediram de estudar e o que isso representou ou representa para a sua vida.

Em sequência, solicitamos que todos registrassem em seus Diários as impressões sobre esse momento que, apesar de não ter tido a adesão da turma, foi relevante porque permitiu uma reflexão, ainda que rápida, sobre leitura e escrita como práticas sociais importantes.

Continuando, distribuímos as orientações para a atividade de escrita e passamos à explicação da proposta por meio de um lapbook32, no qual destacamos passos importantes para construir um projeto de texto.

32 Lapbook é um recurso didático visual, o qual serve como uma ferramenta de revisão muito produtiva. Como os alunos não são crianças, optamos por fazer em forma de mapa conceitual.

Figura 50 - Mediação da professora através de lapbook

Fonte: Acervo da pesquisadora (2019).

Essa foi uma etapa muito boa da Oficina, pois percebemos os alunos concentrados, participando. Durante esse momento mais expositivo, buscamos usar como exemplos os contos que estudamos desde o início e, em especial, as narrativas produzidas por eles, a fim de posicioná-los como sujeitos que escrevem. Assim, ao falar de ambientação, de suspense, de personagens, buscamos ressaltar aspectos positivos das narrativas resultantes dos Módulos 1 e 2 e isso provocou maior interesse.

É importante destacar que isso só foi possível porque já tínhamos realizado uma avaliação inicial das produções dos alunos, ou seja, se os textos estivessem guardados esperando o final do bimestre para serem lidos e avaliados sob o único pretexto de atribuir uma nota, isso não seria possível. Cabe falarmos isso porque há vários fatores que dificultam o acompanhamento contínuo e ágil das produções dos alunos por parte dos professores, tais como: a quantidade de turmas, o número excessivo de alunos por turmas, a falta de hora-atividade para planejar melhor as aulas e corrigir as produções com mais eficiência.

Portanto, ler e avaliar os textos durante o processo foi fundamental para que fôssemos nos apropriando das histórias dos alunos para valorizá-las nesse momento e reorientando as deficiências apresentadas.

Logo após, iniciamos a produção textual, deixando a critério da turma se fariam individualmente ou em duplas. Alguns alunos optaram por fazer individualmente, mas a maioria permaneceu no formato de duplas. No final da aula, tínhamos orientado dois textos e encaminhado para a segunda versão; e quatro outros textos foram concluídos e aguardavam orientação.

Dentre os textos concluídos, um era de uma aluna (ela optou por fazer individualmente) que nas outras oficinas de escrita apresentou muita dificuldade de fechar a produção dentro do tempo definido. Com isso, entendemos que, para ela, o processo de negociação é mais difícil e escrever sozinha é mais produtivo.

Figura 51 - Momento da escrita da primeira versão

Fonte: Acervo da pesquisadora (2019).

Ao término da Oficina, dos 23 alunos presentes, um estava desatento e não conseguiu escrever, uma aluna disse não querer fazer a atividade, mas os outros 21 alunos presentes produziram satisfatoriamente.

Dando sequência, passamos à próxima oficina.