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5.1 A experiência do Módulo 1

5.1.5 Oficina Construção e socialização

Os objetivos nesta Oficina 5 foram: reconhecer a escrita como processo; desenvolver estratégias de revisão do próprio texto; avaliar os próprios avanços em relação à escrita; compartilhar as produções com a turma; interagir com outras linguagens; incentivar a ampliação das práticas de leitura em espaços virtuais.

Iniciamos apresentando a pauta da oficina, a fim de que o grupo entendesse a importância de gerenciar melhor o tempo. Ressaltamos que a atividade de escrita, revisão e reescrita estava prevista inicialmente para três aulas, mas que já tínhamos usado cinco e não havíamos concluído. Sendo assim, cada um deveria escrever no seu Diário qual foi a maior dificuldade que enfrentou nesse primeiro momento de escrita. A seguir, destacamos um dos registros para análise.

Figura 26 - Diário 1/registro 3

Fonte: Diário 1 (2019).

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Transcrição Diário 1/registro 3

A minha principal dificuldade foi me concentrar com o barulho da sala de aula e organizar minhas ideias. O que eu mas gostei do módulo um foi trabalhar com o texto, gosto muito de fazer texto e convesar sobre eles.

Nesse 3º registro do Diário 1, a aluna destaca questões práticas, como o barulho (linha 1) da turma durante as Oficinas. Ainda que aparentemente não tenha relação direta com a proposta do Diário, no trecho “A minha principal dificuldade foi me concentrar com o barulho

da sala de aula e organizar minhas ideias”, ela aponta o contexto de escrita como fator que

atrapalhou a sua concentração (e a sua leitura). Por outro lado, como ponto positivo do Módulo, aponta os momentos de escrita sem citar as atividades de leitura, o que nos leva a pensar que, para ela, os momentos de leitura não foram tão produtivos em virtude do barulho.

No final do Módulo, passamos nas cadeiras de todos os alunos, a fim de observar como estava a adesão à escrita nos Diários e chegamos às seguintes conclusões gerais: i) os alunos não estavam usando os Diários conforme as orientações dadas; ii) eles limitavam-se a registrar somente o que a professora-pesquisadora solicitava durante alguma Oficina; iii) os registros

eram curtos e com pouco ou nenhum envolvimento subjetivo com as narrativas lidas. Desse modo, vimos a necessidade de pensar alguma estratégia para fortalecer esse instrumento.

Logo após esse momento, as duplas se organizaram e fomos em cada uma, lendo as narrativas, destacando os avanços e apontando possibilidades. Depois de circular em todas as duplas e definir um tempo de 50 minutos para a entrega da versão definitiva da primeira narrativa, observamos maior empenho em concluir a atividade dentro do tempo definido. Isso nos fez pensar sobre a forma como já estavam condicionados à imposição de um tempo limite para a produção textual, o que é um aspecto negativo que pode podar o processo criativo, mas nesse caso foi positivo porque permitiu a conclusão do que estava planejado para a Oficina 5.

Figura 27 - Momento de conclusão da narrativa 1

Fonte: Acervo da pesquisadora (2019).

Quanto às dificuldades, a mais recorrente foi em relação ao desfecho dos textos. Muitas duplas diziam não saber como terminar a história. Para uma delas, inclusive, a produção já estava bem extensa, sem qualquer indicação de que caminhava para um fecho. Nesse caso, sugerimos um final sem final, ou seja, que a dupla deixasse a narrativa com algumas lacunas propositais para provocar o leitor. A ideia foi entendida pelas alunas e elas criaram um final bem provocativo, exigindo uma leitura complexa do leitor.

Outra questão a se considerar foi a insistência em reiniciar um outro texto, sem dar continuidade à versão incompleta, conforme orientado; esse comportamento foi observado novamente, em especial em três alunos novatos que, sob nossa visão, não estavam habituados com o processo de reescrita na escola de origem, diferentemente dos alunos veteranos que já tinham essa prática. Embora nos empenhássemos em explicar a importância de desenvolver a

versão anterior, não tivemos sucesso com uma das duplas que optou por reiniciar pela segunda vez.

Das 10 narrativas produzidas, selecionamos cinco para análise, para as quais usamos o código: M1.1, M1.2, M1.3, M1.4 e M1.5, sendo M1 referente a Módulo 1 e os números seguintes (1, 2, 3, 4 e 5) correspondentes às duplas.

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Transcrição M1.1: A avó Maria

Eu tinha uma avó, que se chamava Maria e ela morava em Recife e a minha família morava em Goianinha e nós só víamos através do telefone e fazia muito tempo que nós não víamos pessoalmente no mês de junho, no dia 26. ela iria completar ano e minha família resolveu dar para ela uma passagem para ela vir a família em Goianinha.

Nós fizemos um almoço para reunir a família para comemorar os seus 90 anos de vida. Ela estava feliz que fazia muito tempo que não via em Goianinha, a terra onde ela morava.

Eu não via a hora de ver ela, ia matar saudades, de dar um abraço nela bem forte, de dar um beijo, de tirar várias s fotos com ela, fazem com ela algo que eu não tinha feito, na via a hora de ver ela estava tão ansioso por que ela estava vendo e pensava “tomara que ela seja boa, não seja muito chata com a gente. E quando chegou :que alívio! “ela era gente boa.

A narrativa inicia com um verbo no passado (Eu tinha uma avó) sugerindo que a avó à qual o texto se refere morreu. Na linha 2, há uma aparente incoerência no trecho “só víamos

através do telefone”, mas só aparente porque se tratando de vídeo-chamada, é possível “ver

pelo telefone”. Outra aparente incoerência está no trecho “a terra que ela morava” (linha 6), uma vez que, pela construção, o leitor pode recuperar a ideia de que se trata do lugar onde ela morava antes.

Em sequência, os alunos ensaiam a criação de uma expectativa em torno da chegada da avó, no trecho “Eu não via a hora de ver ela...” (linha 7), mas, contrariando isso, concluem o texto sem narrar, de fato, o acontecimento, como se nota no trecho “E quando chegou :que

alívio!” (linha 10). Isso nos revela a dificuldade de construir a narrativa, explorando as

possibilidades da história, limitando-se a um relato mais objetivo, mais enxuto. Vejamos uma outra produção.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Transcrição M1.2: No parque

Chegou um parque na minha cidade, e eu queria muito ir mais não tinha com quem. Minha mãe trabalhava chegava bem cansada e não tinha como me levar, meu pai é que não ia mesmo, por que trabalhava o dia inteiro e meu irmão só sabe jogar e estudar.

Então, resolvi chamar minha avó. Fiquei pensando como eu iria pedir para ela pra ir pro parque comigo. Fui lá em vovó, conversei, enfim pedi a ela gostou da proposta. Quando chegou de noite, fiquei muito ansiosa liguei pra minhas amigas e convidei elas também. Fiquei pensando eu iria ver meu crush. Fui escolher minha roupa, fiquei indecisa no outro dia, fui para a escola, fiquei conversando com minhas amigas estávamos muitos ansiosas. Chegou a noite, fui me arrumar. Depois que me arrumei, liguei para vovó e ela já estava pronta. Chegando lá, encontrei meus amigos Jad, Katarina, Caue, Luiz e Lucas. Fomos no brinquedo minha vó disse que não queria ir

naquele brinquedo esquisitos, só foi me acompanhar. Então conversei, brinquei e vi meu crush,

fiquei feliz por vê-lo minhas amigas chamaram ele, e ficamos conversando. Chamei a vó para ir no brinquedo, ela disse que não ia, mas eu insisti muito. Fomos na águia. A vovó quase morre kkk quando saiu do brinquedo vomitou... Disse que nunca mais ia. No outro dia perguntei se ela gostou. -Vó, e ia gostou do parque?

17 -Nam, nunca mais uma dessa, era melhor eu tá em casa assistindo minhas novelas!

De início, notamos uma certa contextualização, pois as alunas se preocupam em justificar a ida ao parque com a avó através do trecho “... eu queria muito ir mais não tinha

com quem” (linha 1) e apresentam a família em “Minha mãe trabalhava chegava bem cansada

e não tinha como me levar, meu pai é que não ia mesmo, por que trabalhava o dia inteiro e meu irmão só sabe jogar e estudar” (linhas 2 e 3).

Em seguida, elas começam a narrar, de fato, partindo do impasse para chamar a avó, conforme o trecho “Fiquei pensando como eu iria pedir...” (linha 4), sem, contudo, explorar o momento. Depois, percebemos a dificuldade de organização dos acontecimentos em uma sequência linear, no trecho: “Fomos no brinquedo minha vó disse que não queria ir naquele

brinquedo esquisitos, só foi me acompanhar. Então conversei, brinquei e vi meu crush, fiquei feliz por vê-lo minhas amigas chamaram ele, e ficamos conversando. Chamei a vó para ir no brinquedo, ela disse que não ia, mas eu insisti muito. Fomos na águia” (linhas 10-13), ou seja,

a dupla fala da tentativa de convencer a avó a ir no brinquedo, interrompe para contar os momentos com as amigas e o crush para, só depois, retornar à insistência com a avó para brincar.

Além disso, vale ressaltar que a ida da avó no brinquedo pareceu ser o ponto alto da sua narrativa e, pois, merecia ser explorado mais no desenvolvimento narrativo, como no trecho

“... ela disse que não ia, mas eu insisti muito” (linha 13). No texto, é interessante ressaltar que

há influência da escrita em comunicações rápidas em aplicativos e redes sociais quando a dupla reproduz o riso pela reação da avó, “kkk”, por exemplo (linha 14).

Já no uso do discurso direto, vemos a relação estabelecida entre a linguagem e a situação, com o uso de expressões como “vó”, “e aí”, “nam” e “tá” e isso demonstra que as alunas refletiram sobre a adequação da linguagem, diferenciando a fala do narrador e a fala das personagens. Por isso, o texto se mostra relativamente maduro quanto ao objeto de estudo do Módulo 1 (narrador, tipos de discurso e efeitos de sentido).

Na sequência, vamos à análise do próximo texto.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 Transcrição M1.3: O barulho __Vovó tereza, conta mais uma história da sua vida.

__você quer saber de qual época? __De quando você era jovem.

Levi queria saber da joventude de tereza pois era uma criança muito curioso com apenas 1anos.

Vovo Tereza disse que quando era jovem morava em frente ao mercado que se chamava "mercado paraibano" que era um dois principais mercados da cidade Levi para a historia e perguntou para tereza :

__E la no mercado tinha chocolate?

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__claro que vendia porque essa pergunta? __vó, é porque eu gosto muito de chocolate.

Levi anosioso ficou se balançando na roda da casa. A avó se glartou, foi para a varanda cuidado

das suas plantas. Então, o neto aproveitou e entrou no guartinho secreto da avó. Ele olho pra direita e esquerda e ver um bau, a sua frente e ficou curioso então ele abri e encontra os arquivos antigos.

Então ele pensa: __O que sera isso

Levi vai em direção a rua avo e falo seguinte pergunta: __vó, o que é isso?

Vó Tereza ficou nervosa e quando ia responder chegou seu João ai tereza conversou sobre o que tinha mais arquivos e ele ficou surpreendido. Levi, meu amor, entra pra nos jantar levi entrou e o jantar ja estava na mesa

__ levi, vai escovar os dente e vai dormir

Observamos, no início desse texto, a referência ao conto “Os Meninos Verdes” de Cora Coralina, que usamos como motivador do Módulo. A escolha por começar com o diálogo entre avó e netos “Vovó tereza, conta mais uma história da sua vida.” (linha 1), assim como o texto motivador das oficinas marca a tentativa de tomá-lo como modelo de escrita.

Continuando, o texto segue em 3ª pessoa “Levi queria saber da joventude de tereza...” (linha 4), assim como o texto motivador que inicia com um diálogo entre avó e netos e passa para um narrador-observador. Nisso, temos, mais uma vez, uma tendência de copiá-lo, ressaltando a dificuldade de projetar as próprias experiências na escrita.

Entre diálogos sem muita relevância para a construção da sequência narrativa, o narrador se limita a observar e introduzir as falas. No trecho “... foi para a varanda cuidado das

suas plantas...” (linhas 12 e 13), mais uma referência implícita ao conto de Cora Coralina que

se refere a jardim, quintal e plantas. Já no trecho “Ele olho pra direita e esquerda e ver um

bau...” (linhas 13 e 14), os alunos introduzem um elemento que poderia gerar mistério, tornando

a narrativa interessante, mas não o exploram e acabam dividindo a atenção do leitor com o trecho “... chegou seu João...” (linha 19).

Nesse ponto, aparece uma nova personagem, sem qualquer caracterização, cabendo ao leitor imaginar quem seria; e, também sem detalhes, o narrador anuncia a conversa sobre o que tinha no baú, conforme o trecho “... ai tereza conversou sobre o que tinha mais arquivos e ele

ficou surpreendido”, deixando para o leitor imaginar qual seria o conteúdo. Talvez, os alunos

tenham buscado, com isso, causar suspense no leitor; porém, não foi o que aconteceu, pois as excessivas lacunas deixadas dificultaram a construção de sentidos.

Seguimos para a análise de outra produção.

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Transcrição M1.4: Em uma caminhada

Quando eu era mais novo Lembro até hoje aconteceu. Em um sobrado,meio nublado, estava

entendiodo, sem nada a fazer pensava em alguma coisa, mais não saia nada, quando chega a minha

vó eu falou:

___meu neto vamos andar.

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___ Neide, ande vamos? Minha vo respondeu.

___ vamos andar aqui no lodo. Eu respondi

___ ta, vamos.

Famos de bicicleta mesmo. Ao chega no lugar, tinha uma espicie de arvore grande e junta. Eu muito medrosa, não queria entrar, mais minha vó queria ver as arvores. Como sabia disse?ela gostava muito dessas árvores pois capa de celular dela tinha árvores, minha avó falou:

__ vamos entrar.

Eu não queria entrar, mas como confiava nela, Nós entramos minha avó cada vez mais ficava mais nervosa e da vez em quando escutava som de folhas sendo pisadas e tinha certeza em uma pedra, percebe quando as coisas estava chegando mas e mais perto. Minha avó percebeu um homem vindo atrás de mim, ela me puxou e mandou correr eu saí correndo junto com ela e não tinha percebido

uma Cabana, então acabei entrando né nela sem querer. Eu me escondi e minha vó disse:

__ se esconda quando tiver chance vá para casa. Eu saiu. Eu estava de baixo de um mesa Quando o homem me achou e falou sorrindo:

___ Eu não mardo não.

Ele me deu água e comida eu e meu pai viramos amigos dele. e sem pre que podemos voltamos a cabana.

O que mais chama a atenção nessa narrativa são os vários estranhamentos com que o leitor se depara durante a leitura. Um primeiro estranhamento causado pelo texto é que, enquanto narradores, os alunos tratam a avó como avó (“... a minha vó eu falou...”, nas linhas 3 e 4) e, como personagens, no discurso direto, tratam como Neide (“Neide, ande vamos?”, na linha 6) e a justificativa para essa mudança de tratamento não fica clara, ou seja, não se trata de adequar os termos ao discurso direto; se o fosse, o tratamento mais comum seria o inverso: o narrador usando o termo Neide e a personagem usando o termo avó.

Um segundo estranhamento é provocado pela falta de clareza quanto ao narrador- personagem: é feminino ou masculino? Pois enquanto na linha 4 faz referência a um narrador- personagem masculino (“meu neto vamos andar”); nas linhas 11 e 12, a referência é feminina, através do adjetivo “medrosa” (“Eu muito medrosa, não queria entrar, mais minha vó queria

ver as arvores). Talvez essa situação tenha sido gerada pela composição do trio: duas meninas

e um menino, o que causou alguma confusão sobre o foco narrativo na hora da escrita.

Outro estranhamento diz respeito ao fato de o neto (ou neta) suspeitar do convite da avó, no trecho “Eu, com cara de idiota, mas suspeitando responde” (linha 5), o que nos sugere que ela poderia ser uma avó que aprontava surpresas, por exemplo; porém, isso também não fica claro no texto. Um quarto estranhamento está no trecho: “Ao chega no lugar, tinha uma espicie de arvore grande e junta. Eu muito medrosa, não queria entrar, mais minha vó queria ver as arvores” (linhas 11 e 12), pois também não está claro em que lugar eles (ou elas)

chegaram, nem onde iriam entrar (seria nas árvores?), no trecho “Nós entramos” (linha 15). Mais adiante, outro estranhamento: o neto (ou neta) entra, sem querer, em uma cabana, cuja existência não havia percebido antes (linhas 18 e 19).

A recomendação da avó sobre uma futura fuga em forma de discurso direto nas linhas 20 e 21, “se esconda quando tiver chance vá para casa. Eu saiu. Eu estava de baixo de um

mesa Quando o homem me achou e falou sorrindo”, provoca no leitor uma expectativa que

também não é explorada. Logo em seguida, a expectativa é desconstruída pelo termo “sorrindo” (linha 21), o qual introduz o desfecho da história. Podemos inferir que a ideia era um desfecho tomando a quebra de expectativa como estratégia; porém, a forma como foi se desenvolvendo não colaborou para produzir o efeito pretendido.

Esses estranhamentos apresentados dificultaram a construção de sentidos e revelam ausência de um projeto de texto mais elaborado, ou seja, a falta de um planejamento inicial da história a ser contada desfavoreceu a construção narrativa, simbolicamente representada no desfecho brusco e reticente.

Enfim, vamos à última narrativa selecionada no Módulo 1.

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Transcrição M1.5: As ferias na casa do vó

Fui passar ferias na casa da minha avó (eu fui e perguntei a ela oque ela fazia quando era do meu tamanho) ela falou que quando era pequena ela costumava brinca com os colegas de uma brecredo

de coisa. Brimcava de boneca, de tica-tica, esconde esconde e muita mais ela so fica isso no final

de semana, porque durante ai semana ela ia trabalhar para o seu pai e a sua mãe.

Ela trabalhava na roça, ela tinha 4 irmãos que ajudavas ela a fazer plantação e ela ficava jogando agua para a plantação. Ela gostava de ter muito alimento em casa era fruta, verduras e tudo mais ela sempre ela ficava anciosa para chega o fim de semana. Quando ela gostava de brincar.

Ela morava na Lagoa do poço o nome dela e bebertina a casa dela era muito grande e ate o quintau dela era muito grande ela trazia as amigas delas para brincar elas toda final de semana porque chegava a semana ela ficava muito triste e tinho que trabalhar para ajudar a mae e o pai

O que mais chama a atenção nesse texto é a experiência que os alunos constroem ao ouvir a avó, no trecho“Fui passar ferias na casa da minha avó (eu fui e perguntei a ela oque

ela fazia quando era do meu tamanho)” (linhas 1 e 2). Talvez não se trate de uma narrativa

literária, mas de um relato de experiência, pela ausência de uma estrutura narrativa mínima, já que o texto inicia com a promessa de narrativa, mas depois toma como foco o relato.

Apesar disso, o texto é interessante porque se configura como uma experiência ética, conforme observamos no trecho “Brimcava de boneca, de tica-tica, esconde esconde e muita

mais ela so fica isso no final de semana, porque durante ai semana ela ia trabalhar para o seu pai e a sua mãe” (linhas 3 e 4), no qual os alunos compartilham as vivências da avó.

Quanto ao conhecimento mobilizado no Módulo, notamos que a possibilidade de usar o narrador e os tipos de discurso como recurso para construir a história não foram suficientemente explorados. O texto começa em 1ª pessoa, então o leitor espera pelo narrador- personagem com algum destaque na narrativa; todavia, ele tem pouca ou nenhuma influência no desenvolvimento da história, tanto que da linha 2 em diante tudo é contado em 3ª pessoa.

Ao final da análise de cinco dos textos resultantes do primeiro módulo, em linhas gerais, apesar de alguns avanços discretos, observamos nas narrativas analisadas que escrever de forma subjetiva; marcar a sequência dos acontecimentos a partir de estratégias distintas; projetar-se no texto usando recursos diferentes; relacionar as experiências pessoais a fenômenos ou fatos sociais; reconhecer o narrador e as formas de discurso como recursos importantes no texto ainda se apresentam como dificuldades para boa parte dos alunos da turma.

Após as produções, para concluir o módulo, dividimos a turma em três grupos e exibimos três vídeos curtos.

Vídeos selecionados

1) Vídeo: Tolerância. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ecsHNhTkYiY>. Acesso em: 30 mar. 2019.

2) Vídeo: Trabalhando as diferenças. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=VLYBin5f0w0>. Acesso em 30 mar. 2019.

3) Vídeo: Empatia. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=OQq-H6EfJHo>. Acesso em: 30 mar. 2019.

Infelizmente, em virtude de problemas técnicos com a caixa de som da Escola, os vídeos foram exibidos sem áudio; então, como os vídeos eram curtos e havia poucas falas, optamos por manter o planejamento e fizemos uma narração das cenas. Talvez, a falta de áudio tenha exigido mais atenção dos alunos, o que, no final, acabou sendo um aspecto positivo desse