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O YouTube é uma das diversas redes sociais digitais disponíveis na atualidade para a interação social e o entretenimento. É natural que uma pessoa que trabalhe como influenciador digital esteja conectada com o seu público em várias plataformas on-line por saber que sua audiência pode aumentar quando consegue engajar em várias frentes; mas essencialmente quando entende que essa função é também uma profissão e um negócio que não pode ser refém de uma única plataforma, pelo fato de não ter o total controle e nem saber o futuro dela. Por isso, a importância da diversificação. Para Lipovetsky (2015, p. 270): ―O divertimento não se opõe mais à economia nem à vida cotidiana: no reinado do capitalismo criativo, ele se infiltra em todos os espaços da vida e se fusiona com o mercado‖.

Conforme o sucesso na plataforma foi sendo consolidado, as editoras de livros brasileiras passaram a ver nos youtubers uma oportunidade para alavancar os negócios de um mercado que vem sofrendo com a queda nas vendas e a alta nos custos de produção. Para elas, os youtubers se tornaram uma fonte de autores nacionais acessíveis e conhecidos do público. Por causa do senso de comunidade existente entre os produtores de conteúdo e os fãs, as biografias figuram entre os subgêneros muito explorados. Ou seja, sabendo que existe uma rede consolidada, apostar numa obra escrita por um youtuber garante um volume considerável de venda para a editora. O mesmo vale para as marcas de cosméticos, acessórios, calçados, roupas, jogos, comida, decoração, entre outros, que cada vez mais têm se associado a imagem de produtores de conteúdo consolidados ou criam uma linha de produtos em parceria com eles.

Por outro lado, para quem cria conteúdo on-line, ter um produto físico e palpável também é muito positivo. Trata de uma nova forma de conexão com o público, pois uma vez que os produtos estão prontos para a comercialização, as marcas organizam eventos de lançamento e, consequentemente, o contato com os fãs é presencial e ao vivo. Além disso, servem como presente para outros influenciadores e jornalistas que também trabalham na divulgação nas suas redes e os veículos de comunicação. Em longo prazo, essas ações promovem o youtuber e a marca para a qual a campanha está sendo realizada, reforça o nicho no qual ele produz conteúdo e a plataforma também ganha mais visibilidade.

Pensando na estratégia que envolve a presença on-line e off-line do influenciador, em que ele promove a sua marca e, ao mesmo tempo, fomenta o mercado comercial, Lipovetsky contribui:

O design pelo qual a marca se identifica está em toda parte: na forma do produto, mas também no grafismo, na embalagem, no merchandising, no display, no som, no cheiro e no tato dos produtos, na disposição e na iluminação das lojas, na concepção dos sites da web. Não há mais marca sem design: é por ele que ela se identifica, por ele que ela se distingue de seus concorrentes. Ele se tornou pré-requisito do desempenho comercial de todo novo lançamento. Numa época em que os produtos estão cada vez mais em igualdade técnica, é preciso encontrar o meio de se destacar, de atrair o olhar pelo ―algo mais‖ que permite diferenciá-los. (LIPOVETSKY, 2015, ps. 231-232).

O mercado pede por novidades num ritmo acelerado. É vantajoso e lucrativo para o influenciador que várias marcas o queiram para endossarem seus produtos ou serviços e até mesmo, criem uma linha de produtos que leve a sua assinatura.

Ações como essas legitimam ainda mais a especialidade do influenciador que passa a ser reconhecido também pela imprensa tradicional, que o convida para participar de entrevistas e quadros específicos de programas de televisão. Ou seja, a sua imagem transcende o digital e ele se comunica com outros públicos em diferentes veículos de comunicação.

É comum que quando um influenciador participe de um programa de televisão ou no rádio, por exemplo, ele comente a respeito nas suas redes sociais digitais para que os seus seguidores possam acompanhar o programa também. No YouTube, essa prática pré-entrevista não é comum, pois geralmente os programas são gravados antes e o influenciador nem sempre sabe quando irá ao ar. Porém, o que acontece com frequência nesses casos, é o youtuber vlogar a experiência e postar um vídeo após a entrevista ter ido ao ar. Ações como essa, trazem maior visibilidade para os programas tradicionais e é uma vitrine para o influenciador em projetos futuros.

Ao mesmo tempo em que essas ações são indicativos de sucesso, é preciso ficar atento para que ele não vire totalmente comercial e continue produzindo conteúdos espontâneos sem o apelo comercial. O ideal para o fortalecimento da sua imagem e para que a sua essência se mantenha é que as ações se mesclem com assuntos do interesse do público que o acompanha. Ainda nessa linha, outro ponto interessante citado por Lipovetsky é sobre a personalização da produção, atenta às necessidades individuais:

Hoje é possível fabricar produtos sob medida a um custo não muito distante daquele dos produtos padronizados. Estamos na era em que a diversificação tomou a dianteira da repetição, a inovação, da produção, o imaterial, do material. (LIPOVETSKY, 2015, p. 228).

Então, ainda de acordo com o autor, as novidades para o consumo estão sendo produzidas de forma acelerada, mas os produtos e serviços sendo oferecidos de forma personalizada são um atrativo pelo argumento de vendas e um apelo positivo às estratégias de marketing desenvolvidas pelas organizações. Para Lipovetsky, a novidade também é sedução e o autor ressalta que o desafio da sociedade contemporânea é garantir a entrada mais rápida dos produtos no mercado, respondendo à procura antes dos concorrentes. E acrescenta:

Cada vez mais opções e novidades aceleradas, variações e declinações de produtos: isso traduz o advento de um design cada vez mais sob a influência do mercado, o peso que a esfera comercial tem na criação industrial, um capitalismo estético em que triunfa um mercado de demanda movimentado pelo cliente, em lugar do mercado de oferta, que dominava anteriormente, em que os produtores ofereciam seus produtos a consumidores que tinham poucas opções. (LIPOVETSKY, 2015, p. 229).

Assim, as estratégias promocionais em parceria com as marcas são importantes também para a produção e diversificação de conteúdo para as suas redes sociais digitais. Sem contar que desencadeiam o que Lipovetsky chama de a ―arma-chave da publicidade: a surpresa, o inesperado‖ (2009, p. 215). Para o autor são ações que não deixam o influenciador se tornar invisível, pelo contrário, fazem com que ele esteja, cada vez mais, em evidência.

No dia a dia, para assuntos que estão acontecendo em tempo real, os Stories no Instagram são muito explorados e é uma rede social que se popularizou e vem ganhando cada vez mais adeptos. Para o YouTube, os conteúdos pedem refinamento no sentido de elaboração de roteiro, produção e edição. Ou seja, entender o formato de cada plataforma é essencial para a produção de um conteúdo efetivo e significativo.

A este respeito, Lipovetsky (2010, p. 81) explica também que o objetivo da comunicação é cada vez mais criar uma relação afetiva com a marca. ―O que se pretende já não é vender um produto, mas sobretudo um modo de vida, um imaginário, valores capazes de desencadear uma emoção‖. Essas frentes fazem com que o público se identifique e queira estar vivendo ou ter o que o influenciador indica.

Assim, com base nestas reflexões, neste tópico de análise a autora buscará verificar de que forma as youtubers conectam os vídeos dos seus canais com outras plataformas digitais, como o Instagram, o Twitter e o Facebook; e o seu envolvimento com outras atividades ou produtos fora do YouTube. Ou seja, lançamento de livros, palestras, aulas práticas, peça de teatro, cursos, workshops e desenvolvimento e lançamento de produtos e se esses conteúdos também são explorados no YouTube. Além disso, será analisado se são feitas referências no canal para participações em programas ou matérias na imprensa tradicional e como é feita essa abordagem.