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Participações em exposições e outros eventos por anos – Linha Cronológica

4. NOVOS MODOS DE VER, OUTROS MODOS DE SER

5.2. Participações em exposições e outros eventos por anos – Linha Cronológica

Em termos globais observou-se um total de 325 participações em exposições e outros eventos, para a HA, e 197 para JM, no período de tempo analisado (quadro 5.2.1). No que refere à internacionalização e espaços de exposição, tendo em conta a variável “Organização da Exposição” as trajectórias são muito

Variáveis Valores Etiqueta dos Valores das Variáveis

Artista 1 Jorge Molder

2 Helena Almeida Sigla do Nome 1 JM 2 HA Tipo de Exposição 1 Individual 2 Colectiva IN/OUT 1 Portugal 2 Estrangeiro Tipo de Espaço 1 Institucional 2 Galeria 3 Museu 4 Bienal 5 Premio 6 Feira 7 Festival 8 Trienal Países

1 Alemanha 12 Espanha 23 Luxemburgo

2 Angola 13 E.U.A. 24 Macau

3 Austrália 14 França 25 México

4 Áustria 15 Grécia 26 Polónia

5 Bélgica 16 Holanda 27 Portugal

6 Bósnia 17 Hungria 28 Rússia

7 Brasil 18 Índia 29 Sérvia

8 Colômbia 19 Inglaterra 30 Suécia

9 Coreia do Sul 20 Irlanda 31 Suíça

10 Escócia 21 Itália 32 Ucrânia

11 Eslovénia 22 Japão 33 Nova Zelândia

Escalões Etários 1 0-25 2 26-35 3 36-45 4 46-55 5 56-65 6 +66

semelhantes. De salientar que este artista é sensivelmente 10 anos mais novo do que HA, factor que pode afectar a diferença do número de exposições em termos globais entre os dois artistas. Outra razão é o facto de HA ter um percurso e formação exclusivamente artísticos, enquanto JM teve várias outras responsabilidades profissionais, quer dentro (ou seja, como Director do CAMJAP, desde 1994 até final de 2009) como fora do campo da arte (e.g., como Director do Serviço de Educação da Direcção-Geral dos Serviços Prisionais, do Ministério Português da Justiça entre 1976 e 1990) e formação em Filosofia. Entre 1990-1994 já estava a exercer funções no CAMJAP, mas como assessor do director anterior, o arquitecto Sommer Ribeiro. Como o próprio JM afirma no catálogo da exposição/instalação Algum

tempo antes (Madrid, 2007): “O facto de dirigir um centro de arte inibe uma ampla série de contactos e

trocas, por razões de decência, morais e deontológicas”. Por outro lado, “revela o carácter da sua dupla identidade, artista e director-comissário” (Pomar, 2007).

Resultados Globais, por Artista

JM 197

HA 325

Total 522

Quadro 5.2.1. Participação em exposições e outros eventos.

Ainda em relação à distribuição da participação em exposições (e outros eventos) por anos (figura 5.2.1.) verificou-se que esta é mais ou menos homogénea (há uma actividade constante ao longo dos anos, mais ou menos intensa) nos dois artistas, com picos em 2007 para JM, ano em que ganha o prémio do júri AICA, e em 2010, quando recebe o prémio EDP Artes. JM passa ainda por um período de maior notoriedade no início dos anos noventa até meados dessa década (concepção das séries emblemáticas,

Joseph Conrad de 1990 e The Secret Agent de 1991):

É nessa série [The Secret Agent], tal como no livro intitulado Joseph Conrad, que Molder terá levado mais longe a tentativa de explorar uma possível condição ficcional do seu trabalho fotográfico, distinta quer da narratividade literária quer da ilustração, antes de essa construção de um personagem, ao mesmo tempo agente e narrador, se converter na imagem repetitiva do autor - o seu duplo e ele mesmo. À acção do “agente secreto” associa-se a ideia de enigma, e a busca que ele conduz é tomada como metáfora do trabalho do artista (Pomar, 2007).

Período notável que culmina com a sua participação em 1999 na 45ª Bienal de Veneza (acontecimento muito exigente em termos de preparação devido à sua carga simbólica) com a série NOX (a convite de Delfim Sardo, que comissariou a exposição). O que tendo em conta os discursos sobre a obra marcou a actividade nos anos seguintes com incremento da internacionalização, vários prémios e distinções.

Para HA foi observado um período de actividade mais intensa entre 1977 e 1983 (inclui o convite de Ernesto de Sousa para representar Portugal na 28ª Bienal de Veneza em 1982 comissariada por ele). No ano seguinte, expõe A Casa na FCG, obra simbólica do seu percurso. Em 1987, destacou-se com

Frisos, conjunto de 262 fotografias sobre papel que expôs no CAMJAP. No final dos anos noventa, mais

precisamente em 1998, concebeu para a estação do Rossio um Friso composto por módulos de 12 azulejos, com figuras femininas “semelhantes” às da obra original, a branco e negro, que tinha sido construída para o CAM.93 Em 2004-2005 realizou uma exposição antológica no CCB, Pés no Chão

Cabeça no Céu (comissariada por Delfim Sardo). E, representou Portugal na 51ª Bienal de Veneza em

2005 com a série Intus (comissariada por Isabel Carlos). Em 2009 realizou várias exposições e, pela primeira vez em Londres, na Kettle's Yard, com uma selecção de obras dos últimos 40 anos de carreira.

Figura 5.2.1. Frequências de exposições e outros eventos, por anos, por artista

93 “Helena Almeida, pintora de cariz abstractizante, concebeu para esta estação um friso em tons de azul com

alguns apontamentos a amarelo, que percorrem as paredes ao longo das escadas de acesso à estação e restante átrio. O friso reentrante tem dupla moldura ao nível da parede e é composto por módulos de doze azulejos, apresentando cada um deles posturas corporais de figuras femininas em andamento, numa sucessão que produz uma sugestão de movimento acompanhando o percurso do passageiro” (informação disponível em http://www.metrolisboa.pt/informacao/planear-a-viagem/diagrama-e-mapa-de-rede/rossio/).

A incidência de participações nos anos mais recentes é explicada por condições do próprio mercado (mais desenvolvido), maior visibilidade dos artistas e das redes ligadas à cultura e ao mundo da arte, sua divulgação nos média, e por circuitos mais amplos de exposição, potenciados pelo próprio percurso e da notoriedade adquirida ao longo do tempo, abrindo novas possibilidades para ambos.94 O “efeito” da participação na Bienal de Veneza é aqui evidente. De salientar ainda que em duas ocasiões em que os artistas participam nesta bienal [1999 (JM) e 2005 (HA)] são realizados trabalhos em vídeo sobre as suas vidas e obras, nomeadamente, Vida de Jorge Molder, para o programa Artes e Letras, exibido na RTP2 a 5/12/99 e Pintura Habitada (Helena Almeida) realizado por Joana Ascensão exibido em 2006, na Aula

Magna em Lisboa, a 1 de Junho desse ano. Ambos os trabalhos permitiram em termos de

comunicação/divulgação um outro tipo de visibilidade para os sujeitos e para a obra, possibilitando um

94 Depois da recessão inicial da década 90 (na sequência da crise económica provocada pela guerra no Golfo),

com algumas das galerias mais marcantes da década anterior a fecharem (como a Nasoni e a Valentim de Carvalho), o panorama artístico português assistiu a uma clara expansão, com artistas emergentes que marcaram toda a arte internacional (e.g., Paulo Mendes, João Paulo Feliciano, João Tabarra, Daniel Blaufuks, Sebastião Resende, etc.), muito também devido ao excelente trabalho de divulgação desenvolvido por alguns comissários (e.g., Pedro Lapa, Isabel Carlos ou Delfim Sardo) e instituições. Para além da Fundação de Serralves, assistiu-se ao desenvolvimento do Centro Cultural de Belém, da Culturgest e do Museu do Chiado. À criação do Ministério da Cultura, em 1995, e do Instituto de Arte Contemporânea (dirigido por Fernando Calhau), que teve um papel fundamental na dinamização dos circuitos de produção e divulgação da arte portuguesa. Foi retomada em 1995 a participação nacional na Bienal de Veneza (por José Teixeira, com representação de Pedro Croft, Cabrita Reis e Rui Chafes; de Julião Sarmento, comissariada por Alexandre Melo em 1997 e de Jorge Molder em 1999, por Delfim Sardo). A política cultural mais integrada com a contemporaneidade cosmopolita permitiu construir uma base sólida de circulação e programação. A emergência de um conjunto de galerias adaptadas às solicitações do mercado transformou o Porto, no final dos anos 90, no principal centro galerístico do país (Quadrado Azul, Fernando Santos e Presença). Desde 1992 Lisboa tinha, também, começado a esboçar um circuito alternativo com a criação da galeria ZDB. Também no ensino, em meados da década, se deu um salto qualitativo, nomeadamente, com a introdução de uma renovada geração de professores na FBAUL (e.g., Delfim Sardo e Ângela Ferreira), com a dinâmica do Ar.Co coerente com o ensino artístico europeu e norte-americano e com o êxito da Escola Maumaus sob a direcção de Jürgen Bock. Tanto que no início do ano 2000, o espaço cultural abre-se a um debate menos sectário, em termos de orientações artísticas. Também ao nível das iniciativas curatoriais se atingiu uma plataforma de enunciação, com projectos que afirmaram a posição do comissário e a sua sustentação. Contrariamente aos anos 90 que centraram a reflexão artística no plano social, o novo milénio avançou com uma abordagem disciplinar, que não significou, necessariamente, um regresso a práticas fixas, mas sim a tomada de consciência das novas mediações, que vieram a constituir o significado da nova ordem cultural nos anos subsequentes (cf. Anon, 2010d: n.p.).

tipo de exposição mais invulgar nos artistas que se dá fora da galeria de arte e do circuito normal do espaço artístico, e que influenciou justamente a sua notoriedade.