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Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa

3.8.2 Estruturação da rede estadual ou regional de atenção em alta complexidade em tráumato-ortopedia

3.12 Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil envelhece de forma rápida e intensa. No Censo de 2000, contava com mais de 14,5 milhões de idosos, em sua maioria com baixo nível socioeconômico e educacional e com uma alta prevalência de doen- ças crônicas e causadoras de limitações funcionais e de incapacidades.

Segundo dados citados pelo Ministério da Saúde, a cada ano, 650 mil idosos são incorporados à população brasileira e, nos últimos anos, o número absoluto de pessoas com 60 anos ou mais de idade aumentou nove vezes.

Não só a população brasileira está envelhecendo, mas a proporção da popu- lação mais idosa, ou seja, de 80 anos ou mais de idade, também está aumentando, alterando a composição etária dentro do próprio grupo. Essa transição demográfica repercute na área de saúde, em relação à necessidade de reorganizar os modelos assistenciais.

O sistema de saúde brasileiro tradicionalmente está organizado para atender à saúde materno-infantil e não tem considerado o envelhecimento como uma de suas prioridades. Segundo dados citados pelo Ministério da Saúde, a população idosa atualmente representa cerca de 9% da população e consome mais de 26% dos recursos de internação hospitalar no SUS.

3.12.1 O desenvolvimento da Política de Atenção

às Pessoas Idosas no Brasil

No Brasil, é definida como idosa a pessoa que tem 60 anos ou mais de idade (Lei n. 8.842/94). A Política Nacional do Idoso, promulgada em 1994 e regulamen- tada em 1996, assegura direitos sociais à pessoa idosa, criando condições para pro- mover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade e reafirmando o direito à saúde nos diversos níveis de atendimento do SUS (Lei n. 8.842/94 e Decreto n. 1.948/96).

Diversas normas federais trataram da atenção à Saúde dos Idosos, desde en- tão:

a) A Portaria GM/MS n. 1.395/1999 publicou, pela primeira vez, a Política Nacional de Saúde do Idoso (revogada pela Portaria GM/MS n. 2.528/2006).

b) A Portaria GM/MS n. 2.414/1998 estabelece requisitos para o credenciamento de Unidades hospitalares, critérios para realização de internação em regime de hospital geriátrico e inclui, na tabela de procedimentos do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS), os procedimentos para cobrança desta modalidade de internação.

c) A Portaria GM/MS n. 280/1999 torna obrigatório aos hospitais públicos, contratados e conveniados com o SUS, a viabilização de meios que permitam a presença do acompanhante de pacientes acima de 60 anos de idade, quando internados, e autoriza a cobrança da diária do acompanhante no SIH/SUS,autoriza a cobrança da diária do acompanhante no SIH/SUS, regulamentada através da Portaria GM/MS n. 830/1999.

d) A Portaria GM/MS n. 702/2002, cria mecanismos para a organização e implementação de redes estaduais de assistência à Saúde do Idoso e determina às Secretarias de Saúde dos estados, dos municípios e do DF a adoção de providências para implantação, bem como organização, habilitação e cadastramento dos centros de referência que integrarão estas redes. Segundo esta portaria, a composição dasSegundo esta portaria, a composição das redes seria por:

• Hospitais Gerais;

• Centros de referência em assistência à Saúde do Idoso, adequado a oferecer diversas modalidades assistenciais: Internação hospitalar, atendimento ambulatorial especializado, hospital dia e assistência domiciliar, constituindo-se em referência para a rede de assistência à Saúde do Idoso. e) A Portaria GM/MS n. 702/2002 determina, ainda, que a SAS/MS defina as normas para cadastramento dos centros de referência de assistência à Saúde do Idoso, o que ocorreu por meio da Portaria SAS/MS n. 249/2002 e seus anexos. f) A Portaria SAS/MS n. 249/2002, prevê também:

• a assistência domiciliar geriátrica realizada pelos centros de referência de assistência à Saúde do Idoso, por período de atenção necessária (curta, média e longa permanência), criando os respectivos códigos de procedimentos por meio da Portaria GM/MS n. 738/2002, que também altera a descrição dos procedimentos de hospital dia Geriátrico, passando a hospital dia geriátrico realizado em centro de referência;

• a assistência ao portador de doença de Alzheimer, elegendo o centro de referência como o responsável pelo diagnóstico, tratamento/acompanhamento dos pacientes, orientação a familiares e cuidadores, estabelecendo que os medicamentos para esta patologia serão adquiridos pelas Secretarias Estaduais de Saúde e do DF, por meio do Programa de Medicamentos Excepcionais e a dispensação poderá ser feita pelas próprias secretarias ou, mediante acordos operacionais, pelos centros de referência.

g) A Portaria GM/MS n. 87/2003 designa a Fundação Nacional de Saúde/Centro Nacional de Epidemiologia/Programa Nacional de Imunização, como entidade responsável pela coordenação das ações de prevenção das doenças evitáveis para imunização na população acima de 60 anos, incluindo as preconizadas pela OMS: antipneumocócica e antigripal, revogando a Portaria GM/MS n. 99/1999 que tratava do mesmo assunto.

h) A Lei n. 1.0741/2003, que estabeleceu o Estatuto do Idoso, reafirma os direitos dos idosos na área de Saúde, estabelecendo entre seus itens, a necessidade do atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios, de unidades geriátricas de referência, com pessoal especializado nas áreas de Geriatria e Gerontologia Social e de atendimento domiciliar, bem como a reabilitação orientada pela Geriatria e Gerontologia, para redução das seqüelas decorrentes do agravo da saúde.

i) A Portaria GM/MS n. 2.206/2003 institui grupo de trabalho para implementação do Estatuto do Idoso, Lei n. 1.0741/2003, no âmbito do SUS, e a Portaria GM/MS n. 2.205/2003 cria o grupo de trabalho para formular uma proposta de Política Nacional de Atenção à Saúde do Idoso abrigados e acolhidos por Instituições públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e conveniadas com o poder público. j) Finalmente, por meio da Portaria GM/MS n. 2.528/2006, foi aprovada a atual

Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, tendo como meta a principal atenção à saúde adequada e digna para os idosos brasileiros, principalmente para aquela

parcela da população idosa que teve, por uma série de razões, um processo de envelhecimento marcado por doenças e agravos que impõem sérias limitações ao seu bem estar.

Esta portaria, além de aprovar a política em questão:

• determina que os órgãos e entidades do Ministério da Saúde (MS), cujas ações se relacionem com o tema objeto da política, elaborem ou readequem seus programas, projetos e atividades em conformidade com as diretrizes e responsabilidades nela estabelecidas;

• fixa prazo de 60 dias, a contar da data de publicação desta portaria, para que o MS adote providências necessárias à revisão das Portarias GM/MS n. 702/2002 e SAS/MS n. 249/2002, compatibilizando-as com as diretrizes estabelecidas na política.

3.12.2 Características da Política de Atenção às Pessoas Idosas

A atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa deverá ser estruturada nos seguintes moldes:

• uma linha de cuidados, com foco no usuário, baseado em direitos, necessidades, preferências e habilidades;

• estabelecimento de fluxos bidirecionais funcionantes, aumentando e facilitando o acesso a todos os níveis de atenção;

• condições essenciais: infra-estrutura física adequada, insumos e pessoal qualificado para a boa qualidade técnica.

Com relação à atenção básica, deve ser garantida a incorporação de meca- nismos que promovam a melhoria da qualidade e aumento da resolutividade da atenção à pessoa idosa, com envolvimento dos profissionais da atenção básica e das equipes de Saúde da Família, incluindo a atenção domiciliar e ambulatorial, com incentivo à utilização de instrumentos técnicos validados, como de avaliação funcional e psicossocial.

Com relação à atenção especializada, deve ser garantida a incorporação de mecanismos que fortaleçam a atenção à pessoa idosa:

• reestruturação e implementação das redes estaduais de atenção à saúde da pessoa idosa, visando a integração efetiva com a atenção básica e os demais níveis de atenção, garantindo a integralidade da atenção, por meio do estabelecimento de fluxos de referência e contra-referência;

• implementação, de forma efetiva, de modalidades de atendimento que correspondam às necessidades da população idosa, com abordagem multiprofissional e interdisciplinar, sempre que possível;

• contemplação de fluxos de retaguarda para a rede hospitalar e demais especialidades, disponíveis no Sistema Único de Saúde.

3.12.3 Avaliação, controle e monitoramento da assistência

Os hospitais gerais e os centros de referência em assistência à Saúde do Idoso devem submeter-se a regulação, fiscalização, controle e avaliação do gestor estadu- al e municipal, dependendo das responsabilidades de cada um deles.

Os procedimentos que compõem o rol da assistência requerem autorização prévia, exceto quando se tratar de urgência ou emergência e necessitam apresen- tar laudos de solicitação de procedimentos (laudo para internação ou laudo para emissão de Apac) que são analisados e, se aprovado, recebem o documento AIH ou a Apac.

A mudança de procedimentos e a realização de procedimentos especiais re- quer autorização do diretor clínico do hospital.

Para o registro das informações são utilizados os sistemas de informações do Ministério da Saúde, sendo que para os procedimentos ambulatoriais de média complexidade, como as consultas médicas e os exames de diagnóstico, usa-se o Bo- letim de Produção Ambulatorial (BPA) do SIA; já para os procedimentos ambulato- riais de alta complexidade como medicamento excepcional o instrumento utilizado é a Apac – Autorização de Procedimentos de Alta Complexidade/Custo também do

SIA, de acordo com as rotinas descritas no Capítulo 2 deste livro, enquanto que para o registro das internações, incluindo hospital dia geriátrico e internação domiciliar o sistema utilizado é o Sistema de Informação Hospitalar (SIH), que tem como seu principal instrumento a Autorização de Internação Hospitalar (AIH), cabendo habi- litação/credenciamento da unidades hospitalares nas respectivas modalidades de atendimento.

3.12.4 Fontes de financiamento

Os procedimentos de assistência domiciliar geriátrica e hospital geriátrico, realizados em centros de referência em assistência à Saúde do Idoso, bem como dos medicamentos excepcionais, são financiados com recursos do Faec estratégico. Os demais procedimentos, oneram os limites financeiros de MAC dos respectivos estados.