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Programa Nacional de Assistência à Dor e Cuidados Paliativos

3.8.2 Estruturação da rede estadual ou regional de atenção em alta complexidade em tráumato-ortopedia

4.7 Programa Nacional de Assistência à Dor e Cuidados Paliativos

Os estudos epidemiológicos evidenciam que a ocorrência da dor é a princi- pal razão pela qual os usuários procuram o serviço de saúde e estima-se que entre 30% e 40% da população brasileira seja acometida de dor crônica, constituindo-se na principal causa de absenteísmo, licenças médicas, aposentadorias por doenças, indenizações trabalhistas e baixa produtividade no trabalho. É uma das causas do sofrimento humano que provoca incapacidade e compromete a qualidade de vida, com repercussões psicossociais e econômicas importantes, tornando-se um grave problema de saúde pública.

Com base nessas considerações, o Ministério da Saúde instituiu, no âmbito do SUS o Programa Nacional de Assistência à Dor e Cuidados Paliativos, por meio da Portaria MS/GM n. 19/2002.

4.7.1 Objetivos do programa

• Articular iniciativas governamentais e não governamentais voltadas para a atenção/assistência aos pacientes com dor e que demandem cuidados paliativos. • Estimular a organização de serviços de saúde e de equipes multidisciplinares para a assistência a esse grupo de paciente, de maneira a constituir redes assistenciais descentralizadas, hierarquizadas e regionalizadas.

• Articular e promover iniciativas destinadas a incrementar a cultura assistencial da dor, a educação continuada de profissionais de saúde e de educação continuada para a assistência à dor e cuidados paliativos.

• Desenvolver esforços para promover a organização, captação e disseminação de informações que sejam relevantes a profissionais de saúde, pacientes, familiares e população em geral, quanto à realidade epidemiológica da dor no País, dos recursos assistenciais, dos cuidados paliativos, das pesquisas, dos novos métodos de diagnóstico e tratamento, dos avanços tecnológicos, dos aspectos técnicos e éticos. • Desenvolver diretrizes assistenciais, adaptadas e adequadas à realidade brasileira,

de modo a oferecer cuidados adequados a pacientes com dor e/ou sintomas relacionados à doença fora de alcance curativo e em conformidade com as diretrizes internacionalmente preconizadas pelos órgãos de saúde e sociedades envolvidas com esse assunto.

4.7.2 Estruturação do programa

Por entender que a assistência adequada ao paciente com dor resulta, além dos aspectos humanitários envolvidos com a redução do sofrimento, no uso ade- quado de medicamentos e dos serviços de saúde; na melhor utilização dos recursos diagnósticos e de tratamentos disponíveis; na redução do absenteísmo decorrentes da dor; na racionalização dos gastos públicos envolvidos nessa assistência e, por fim, na racionalização dos gastos relacionados às repercussões psicossociais e eco- nômicas decorrentes da inadequada abordagem dos pacientes com dor, o Ministério da Saúde propôs a criação de centros de referência em tratamento da dor crônica, pela Portaria MS/GM n. 1.319/2002.

Centros de referência em tratamento da dor crônica são unidades hospitalares cadastradas no CNES e habilitadas para prestar atendimento de alta complexidade em Oncologia (Cracon, Cacon ou Unacon).

Os hospitais gerais podem se credenciar desde que disponham de ambulató- rio para tratamento da dor crônica e de condições técnicas; instalações físicas; equi- pamentos e recursos humanos adequados, para prestar essa assistência de forma integral e integrada; e tenham capacidade de se constituir em referência para a rede assistencial do estado na área de tratamento da dor crônica.

Entre as regras estabelecidas para a definição e a distribuição geográfica dos centros de referência e tratamento da dor crônica, o Ministério da Saúde estabele- ceu o quantitativo de centros por estado e Distrito Federal, incluindo nesse quanti- tativo os serviços de oncologia já habilitados.

As normas técnicas para o cadastramento de centros de referência em trata- mento de dor crônica foram aprovadas por meio da Portaria MS/SAS n. 472/2002, que especifica:

• a documentação necessária à instrução do processo de cadastramento;

• as exigências gerais do hospital (ser cadastrado no CNES; ser serviço de oncologia habilitado, ter centro cirúrgico, farmácia, serviço de anestesia, neurologia, serviços de arquivo médico e estatística, enfermarias de clínica médica, pediatria, cirurgia e ambulatório para avaliação e acompanhamento do paciente em tratamento da dor crônica);

• as exigências específicas quanto a área física, recursos humanos, materiais e equipamentos, recursos diagnósticos e terapêuticos, rotina de funcionamento e atendimento, registro de pacientes, dispensação de opiáceos e manutenção do cadastramento.

O centro de referência que for unidade dispensadora de opiáceos deverá ob- servar o estabelecido no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – uso de opiá- ceos no alívio da dor crônica, que foi aprovado pela Portaria MS/SAS n. 859/2002, que estabelece critérios de inclusão, tratamento, controle, critérios de interrupção de uso de opiáceos, logística de aquisição, prescrição e dispensação de opiáceos, termo de consentimento informado e termo de devolução de opiáceos. Deverá ain- da cumprir as exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) esta- belecidas na RDC n. 202/2002.

Os pedidos de cadastramento de centros de referência em tratamento da dor crônica deverão ser instruídos pelo gestor municipal ou estadual, dependendo da pactuação e da divisão de responsabilidade de cada gestor, analisados e submetidos à apreciação na Comissão Intergestores Bipartite (CIB), conforme novo fluxo deter- minado na Portaria MS/GM nº 598/2006.

Uma vez aprovado na CIB, será encaminhado ao Ministério da Saúde o ofício CIB, cópia da resolução ou deliberação CIB aprovando o cadastramento, o check-list das exigências cumpridas e as informações acerca de impacto financeiro. Os servi- ços de oncologia que vierem a ser habilitados serão integrados a esse programa.

4.7.3 Financiamento

As ações assistenciais envolvidas neste programa oneram o teto financeiro de média e alta complexidade, conhecido como teto MAC, exceto tratamento e medi- camento com opiáceos, que são financiados com recursos do Faec.

4.8 Programa de Reestruturação e Contratualização dos Hospitais