• Nenhum resultado encontrado

PRESSUPOSTOS CONCEITUAIS DAS ROTAS TURÍSTICO-CULTURAIS E GASTRONÓMICAS

3.6.3 A Participação da Comunidade como Inovação Social no Desenvolvimento do Turismo Gastronómico

CAPÍTULO 4 PRESSUPOSTOS CONCEITUAIS DAS ROTAS TURÍSTICO-CULTURAIS E GASTRONÓMICAS

As preocupações globais, que emergiram no final do século XX, relacionadas com as questões de sustentabilidade e responsabilidade ambiental, social-cultural e económica, levantadas pela Unesco e pelas Nações Unidas6, assim como os inúmeros efeitos causados pela globalização, alteraram profundamente a oferta turística nos destinos. Questões ligadas à preservação e à sustentabilidade ambiental e sociocultural passaram a ser priorizadas (López-Guzmán e Sánchez, 2008).

No contexto das rotas turísticas, de acordo com Ramírez (2011, p. 226), o fenómeno é inserido em duas dinâmicas complementares. “Por um lado, a crescente reflexividade social sobre a crise ambiental e a autenticidade cultural, que, no campo da prática do turismo, se manifesta em um desejo cada vez mais generalizado de conhecer espaços naturais, sociedades singulares e bens patrimoniais; e de outro lado, a expansão social do património que implica o surgimento de novas categorias patrimoniais, como a paisagem e itinerário cultural”. Para o autor, este é o contexto social, cultural e intelectual por trás da proliferação de rotas turísticas de todos os tipos em uma escala global.

Nessa perspetiva, as rotas emergiram como uma possibilidade de ofertar potenciais recursos turísticos, destacar elementos característicos do local, e dar maior relevância à identidade e à cultura dos destinos(Barrera & Alvarado, 2008). Em alguns países, estas rotas passaram também a ser desenvolvidas como complemento às atividades económicas primárias. Vejam-se, entre outros, os inúmeros exemplos de rotas enológicas que se desenvolveram em locais com grande tradição na produção de vinhos (Portugal, França, Itália)(Barrera & Alvarado, 2008)

Na academia, sob o ponto de vista da educação e da investigação, a área das rotas turísticas não está muito desenvolvida, assim como sua bibliografia não é muito abundante, principalmente no que toca à sua conceptualização e planeamento. Através de uma pesquisa nas principais plataformas online na área do turismo: Scopus, Science

Direct, o b-on, Taylor & Francis Online, Sage Journals, Google Scholar, as quais reúnem

periódicos relevantes, como Annals of Tourism Research, Tourism Management, Journal

81

of Heritage Tourism, Journal of Travel Research, Estudios y Perspetivas en Turismo e Passos online. Verificou-se que os trabalhos desenvolvidos no âmbito das rotas abordam

diversas perspetivas e estão mais relacionados com trechos de viagem, com a criação de aplicativos online (guias turísticos), com a perceção, comportamento e a tomada de decisão dos turistas na escolha do destino, com a promoção do desenvolvimento local (muitas vezes relacionado com as rotas enológicas), com uma análise crítica do funcionamento ou possibilidades de criação de rotas temáticas (com base no património cultural).

Dos estudos encontrados no âmbito da criação e do planeamento de rotas turísticas, foco desta tese, destacam-se o de Briedenhann & Wickens (2004), Meyer (2004), Guzmán Guzmán & Sánchez Cañizares (2008), Ramírez (2011), Mota (2013), Marques & Santos (2014) e Nagy (2012).

Existem ainda outras investigações, desenvolvidas por órgãos direta ou indiretamente ligados ao turismo, nomeadamente o documento do Conselho da Europa: The Europe of

Cultural Cooperation (2002 ), Impact of European Cultural Routes on SMEs’ innovation and competitiveness (2007) e os documentos relacionados com o projeto de “Roteirização Turística” desenvolvidos pelo Ministério do Turismo no Brasil (2005, 2007).

Diante deste cenário em que se revelam poucas e recentes investigações encontra-se ainda uma grande divergência na conceptualização do que se entende por uma rota turística.

Um dos primeiros fatores responsáveis por estas divergências está relacionado com as

Cultural Routes propostas pela ICOMOS e pelo Conselho Europeu. Para a ICOMOS, as

rotas culturais “representam processos evolutivos, interactivos e dinâmicos das relações humanas interculturais, realçando a rica diversidade das contribuições dos diferentes povos para o património cultural (ICOMOS, 2008, p. 1). Na última carta, ratificada no Canadá em 2008, este orgão reafirmou ainda que “os Itinerários Culturais não são simples vias históricas de comunicação que possuem elementos patrimoniais ou que servem como ligação entre si, mas fenómenos históricos singulares que não podem ser criados com a imaginação ou a vontade de estabelecer conjuntos de bens através de uma associação de elementos com características comuns” (ICOMOS, 2008, p. 2) procurando assim diferenciar este projeto das rotas turísticas de interesse cultural.

A proposta de desenvolvimento de rotas culturais pelo Conselho Europeu (2007) tem como objetivo apresentar, através de uma viagem (no espaço e no tempo), como o património dos diferentes países contribui para o reconhecimento de um património europeu comum. No contexto inicial (1987), o Conselho definiu-as como uma rota de

82

passagem por mais de um ou dois países ou regiões, organizadas em torno de temas históricos, artístico ou social. Mais tarde, as rotas passaram a ser descritas como um instrumento para a compressão dos valores europeus, decorrentes de culturas e sociedades complexas que se formaram na Europa(Briedenhann & Wickens, 2004, p. 72). De acordo com Nagy, (2012, p. 50), a marca do património europeu é projetada para encorajar compreensão do povo, o respeito e apoio a sua herança. Ela representa uma forma de proteger e promover o património cultural europeu, com o objetivo de identificar e transmitir esta herança para as gerações futuras, e simultaneamente reforçar a cooperação entre os Estados europeus.

Diferente da Icomos, o desenvolvimento das rotas culturais propostas pelo Conselho Europeu prevê uma relação com o turismo e com o desenvolvimento sustentável dos destinos. De acordo com o Conselho Europeu, as Cultural Routes estão alinhadas com as principais tendências de desenvolvimento do atual turismo cultural na Europa e têm contribuído para a criação de redes de cooperação, para estimular o diálogo intercultural e promover a imagem deste órgão e da Europa (Conselho Europeu, 2007).

Ressalve-se que estas rotas culturais são fundadas em princípios sociais e culturais, e representam uma fonte de inovação, criatividade, criação de pequenas empresas e de desenvolvimento de produtos e serviços turístico-culturais. São exemplos das rotas participantes deste programa: The Santiago De Compostela Pilgrim Routes (1987), The

Viking Routes (1993), The Route of Saint Olav Ways (2010), The European Route of Ceramics (2012), dentre muitas outras (Conselho Europeu, 2007).

Diante deste cenário, pode-se identificar que existem diferenças profundas entre a abordagem das rotas culturais e das rotas turísticas. As rotas propostas pela Icomos não são projetadas, mas descobertas, e se referem a uma rota física de importância histórica. Com efeito, as rotas turísticas são planejadas com base nos interesses dos clientes, nas distâncias geográficas e facilidades de acesso, locais de interesse, dentre outros fatores (Martorell, 2003).

As rotas propostas pelo Conselho Europeu, embora sejam usufruídas pelo turismo, têm muitas outras funções prioritárias, relacionadas com a preservação e sustentabilidade do património cultural europeu e o seu vínculo com a comunidade. Fatores estes que a diferenciam do foco central do “consumo turístico”.

Com efeito, ambos os projetos são modelos de extrema relevância para aplicação nas rotas turísticas, principalmente as que têm como foco o desenvolvimento de elementos culturais, como a gastronomia. Porque permitem compreender como as rotas turísticas podem ser fundamentadas nos princípios de preservação e sustentabilidade social e

83

histórico-cultural propostos por estes órgãos. Nesta perspetiva, as rotas turísticas, para além do seu carácter económico, podem se tornar integradoras de culturas e um elemento potencial para contribuir com o desenvolvimento local.

Outra divergência encontrada na conceptualização das rotas é fruto da definição etimológica desta palavra e dos diversos sinónimos que lhe estão associadas, como roteiro, itinerário, percurso, caminho e via. O termo rota quer designar “direção; rumo” e ainda “uma trajetória seguida ou a seguir por meio de transporte aéreo ou marítimo, numa determinada direção, para percorrer um dado espaço” (Machado, 1967).

Na dimensão turística, para além do sentido etimológico, as rotas abrangem uma perspetiva comercial, com foco no consumo turístico de um território ou de um produto específico (Ramírez, 2011). Portanto, uma rota turística não trata apenas de propor que se siga um caminho.

Na definição das rotas turísticas, encontra-se outro fator divergente, no que toca à tradução linguística. Por exemplo, no site oficial da ICOMOS (Unesco) a palavra “route”, da língua inglesa, é traduzida na mesma página, na versão em castelhano, como “Itinerario”. Assim como neste caso, podem-se encontrar na literatura trabalhos com abordagens iguais e denominações diferentes, de acordo com a língua em que foram escritos.

Neste contexto, e de modo que pudéssemos compreender as reais diferenças que existem entre estes termos, optou-se por construir três quadros conceptuais com as principais definições de rotas, roteiros e itinerários turísticos.

A tabela 3 apresenta as definições de rotas turísticas.

Tabela 3 - Definições de Rotas Turísticas

Autor/ Ano Definições de Rotas Turísticas

Briedenhann e Wickens, 2004

“A criação de um conjunto de atividades e atrações para incentivar a cooperação entre as diferentes áreas e servir como um veículo para estimular o desenvolvimento econômico através da atividade turística”.

Meyer, 2004

“As rotas reúnem uma variedade de atividades e atrações sob um tema unificado e assim estimular a oportunidade empresarial através do desenvolvimento de produtos e serviços auxiliares”.

Fernández & Ramos, 2004

“As rotas se organizam em torno de um tipo de atividade industrial que caracteriza a rota e outorga seu nome. A rota deve oferecer a quem a ela recorre uma série de prazeres e atividades relacionadas com os elementos distintivos da mesma. Deve apresentar uma imagem integral a partir da complementaridade entre locais, serviços, atrativos e linguagem comunicacional”.

“Os turistas costumam seguir uma rota que liga diferentes atrações e serviços turísticos, viajando de carro, como parte de um grupo em um autocarro, barco ou de comboio, inclusivamente a pé ou de bicicleta, de canoa ou através de outros meios de transporte. O

84

OMT, 2005

caminho pode ser linear, e levá-los a partir de um destino que é considerado o início do mesmo para um destino final ou uma rota circular que liga vários destinos. Os turistas podem planejar seu próprio itinerário, ou seguir uma rota histórica como a Rota da Seda, promovido ou outros destinos dentro dela”.

Brasil, 2007b

“Percurso continuado e delimitado cuja identidade é reforçada ou atribuída pela utilização turística. Uma rota pode comtemplar vários roteiros e perpassar várias regiões. Isto é, o turismo utiliza a história como atrativo para fins de promoção e comercialização turística. Eis alguns exemplos: Estrada Real, Rota dos tropeiros etc.”.

Figueira, 2013

“Numa definição comercial, poderemos considerar a Rota como percurso orientado para ser percorrido de forma individual ou em grupos, realizado na forma de excursões ou visitas com finalidades turísticas, de natureza cultural, profissional ou outra, com ponto de partida e de chegada (que podem, ou não, ser coincidentes). Inclui todos os serviços contratados e incluídos no preço tais como transporte de pessoas e suas bagagens, refeições, alojamento, visitas ou circuitos guiados nos locais assinalados no programa da excursão, pagamento de guias, se for o caso, e despesas de acesso a pontos de interesse turístico contratados (museus, parques temáticos, monumentos etc.)”.

Mera, 2014

“Uma rota é a soma de recursos tangíveis e intangíveis, que incluem recursos e atrativos do território ou do destino: equipamentos, infraestruturas, serviços turísticos, alojamentos, restauração, atividades recreativas, visitas, compras, eventos. Definitivamente uma rota é a soma de valores simbólicos do território, vinculados à cultura, à tradição e ao património”.

Fonte: Elaboração Própria

As conceptualizações apresentadas na tabela 3 revelam que as rotas turísticas são criadas com base numa articulação de atrativos e atividades de forma lógica, através de uma linha, um contexto histórico etc., para alcançar os objetivos definidos na sua criação. Esse processo de cooperação tem como base promover o desenvolvimento da rota e contribuir para o desenvolvimento local, a partir da comercialização de produtos tradicionais do destino, bem como de características singulares e distintivas (história e cultura). Isso revela uma forte dimensão económica, especialmente destacada nas definições de (Briedenhann & Wickens, 2004; Fernández, G. e Ramos, 2004; Figueira, 2013; Meyer, 2004; M. do Turismo, 2007b).

Por outro lado, algumas definições apresentam também uma dimensão etimológica, na qual a construção das rotas é percebida como a criação de um “percurso”, um “caminho, o qual se origina a partir da ligação entre diversos atrativos, relacionados por uma característica ou identidade local, e que tem um ponto de partida e de chegada(Figueira, 2013; M. do Turismo, 2007b)

No que se refere às características de uma rota turística, algumas definições enfatizam ainda que devem ser construídas com base num tema específico(Fernández, G. e Ramos, 2004; Meyer, 2004) e incluir mais de um destino, região ou país (Brasil, 2007b; Fernandez & Ramos, 2004; OMT, 2005).

85

Tabela 4 - Definições de Roteiros Turísticos

Autor/ Ano Definições de Roteiros Turísticos

Ministério do Turismo Brasileiro, 2007

“Um itinerário caracterizado por um ou mais elementos que lhe conferem identidade, definido e estruturado para fins de planeamento, gestão, promoção e comercialização turística das localidades que formam o roteiro”.

Souza e Corrêa, 2000

“roteiro turístico é “[...] o itinerário escolhido pelo turista. Pode ser organizado por agência (roteiro programado) ou pode ser criado pelo próprio turista (roteiro espontâneo)”. O autor relaciona roteiro a itinerário, ou caminho organizado”.

Moletta, 2002

“um pequeno plano de viagem em que o turista tem a descrição de todos os pontos a serem visitados, bem como o tempo de permanência em cada local e a noção dos horários de parada. Fonte: Elaboração Própria

A abordagem dada aos roteiros turísticos na tabela 4 revela-os como uma ferramenta de planeamento, um caminho organizado e plano de viagem em que estão definidos os pontos a serem visitados.

A definição Souza & Corrêa (2000) aborda a diferença mais expressiva entre estes conceitos: a organização dos roteiros pelos próprios turistas. Enquanto as outras abordagens sugerem que esse itinerário ou plano de viagem já esteja previamente definido.

A tabela 5 apresenta as principais definições encontradas acerca dos itinerários turísticos.

Tabela 5 - Definições de Itinerários Turísticos

Autor/ Ano Definições de Itinerários Turísticos

Gomez e Quijano, 1992

“Descrição de um caminho ou de uma rota especificando os lugares de passagem e propondo uma série de atividades e serviços durante a sua duração”

Bahl, 2004

“uma descrição pormenorizada de uma viagem ou de seu itinerário. Possui indicações da sequência de atrativos existentes em uma localidade, que merecem ser visitados”

Castrogiovanni, 2010

“um itinerário turístico, deve conter explicitamente a localização e a orientação espacial do lugar que evoca, assim como a descrição detalhada e orientada dos elementos que compõem a paisagem natural e cultural dos lugares. O itinerário deve ser enriquecido com o acompanhamento de um mapa temático. Os itinerários turísticos são planeados a partir do estabelecimento de objetivos e características do segmento pelo qual se projeta. Deve ser entendido como um caminho para ser recorrido”.

Figueira, 2013 No caso presente entendemos o Itinerário como a linha que, ligando pontos de interesse turístico (Circuitos), constitui-se como um ou mais ramos de uma Rota”.

86

Fonte: Elaboração Própria

As conceptualizações apresentadas na tabela 5 acerca dos itinerários turísticos caracteriza-os como um caminho organizado para visitas turístiticas, no qual se ligam diversos pontos turísticos, onde se realizam atividades. A abordagem dada aos itinerários aproxima-se dos conceitos de roteiros turísticos, especialmente na perspectiva de um trajeto a ser seguido.

Diferentes das outras abordagens, a definição de Mota (2013) destaca ainda o itinerário como um projeto de menor dimensão,“um ou mais ramos de uma rota”.

De modo geral e com base na análise apresentada acima, podemos concluir que, embora as rotas, roteiros e itinerários turísticos representem terminologias similares, o modo como elas são conceituadas na academia diferencia-se e isso vai depender não só do termo, mas sobretudo da abordagem que cada autor define no seu trabalho. A tabela 6 apresenta as características de cada um destes termos, a partir dos quadros conceituais apresentados.

Tabela 6 - Características das Rotas, Roteiros e Itinerários

Conceitos Características

Rotas  Caráter económico relacionado com o desenvolvimento local

 Cooperação entre atores envolvidos

 Interação entre atrativos turísticos e atores (regiões, países)  Oferta vários serviços e infraestrutura turística

 Vinculada a cultura e história local  Possui um formato de caminho/percurso

 Possui um tema como base para a sua construção

Roteiros Caminho organizado para uma visita

 Ferramenta de planejamento e comercialização turística  Plano de viagem

Itinerários  Caminho organizado para uma visita

 Realização de atividades e serviços  Liga pontos turísticos

Fonte: Elaboração Própria

As características apresentadas pelos diversos conceitos de rotas turísticas revelam-nas como um elemento com maior dimensão, que abrange, por um lado, uma perspetiva económica, relacionada com a cooperação e a interação entre atores e atrativos, de modo a gerar benefícios nos locais, e por outro lado, características de desenho da rota, como o vínculo à cultura e à história e o formato de um caminho a ser seguido.

87

Os roteiros e os itinerários limitam-se apenas à dimensão estrutural, relacionada com a organização e o planejamento do caminho.

Diante dessa reflexão onde indentificou-se que os conceitos de rotas, roteiros e itinerários são diferentes e de acordo com os objetivos definidos para esta investigação, optamos por utilizar o termo “rotas turísticas”. Contudo mesmo as definições apresentadas acerca deste termo não respondem completamente à perspetiva que pretendemos estudar nesta tese. Alguns conceitos abordam uma dimensão mais relacionada com o desenvolvimento local (cooperação e interação entre os atores e atrativos) e outros referem-se à estrutura da rota, ou seja, ao modo como elas se realizam através dessa interação. Nem todas as abordagens referem-se também à dimensão cultural desse produto.

Nesse sentido, propomos uma definição operacional que reconhece o forte caráter económico das rotas, criado através da integração e cooperação dos diversos intervenientes, o qual possibilita o desenvolvimento local e a preservação do património cultural, tendo em conta que a operacionalização desse conjunto de atrativos, atividades, serviços e infraestrutura necessita de uma organização, criada através de um percurso. Deste modo, para efeitos desta investigação, as rotas turísticas são definidas como:

“A integração de um conjunto de atividades e atrações culturais, infraestrutura e serviços (direta ou indiretamente ligados ao setor do turismo), baseado num tema ou característica específica, que se desenvolve através de um percurso organizado a partir dos objetivos que se deseja alcançar. Essa dinâmica cria uma rede de cooperação entre os diversos participantes da rota, a qual contribui para a preservação e promoção do património cultural e para o

desenvolvimento local dos destinos”.

Ressalve-se que a integração de atividades e atrações em um sistema unificado como as rotas pode contribuir como estímulo de cooperação e parceria entre as comunidades, e pode constituir ainda um veículo para o desenvolvimento económico e de áreas marginais, especialmente nos países em via de desenvolvimento (Meyer, 2004).

88

4.1 - O Planeamento das Rotas Turísticas com Ênfase no Património