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Mapa 4. Distribuição das vias expressas, coletoras e locais da cidade de Salvador.

3.2 Processo e rotina de trabalho dos motoristas de tá

Os taxistas têm como tarefa transportar pessoas e objetos, deslocando-os até o destino desejado pelo passageiro. Comparando ao processo de produção, os passageiros e encomendas são as matérias-primas de trabalho destes profissionais. Como equipamento o táxi padronizado. Atuam conduzindo carro pelo sistema viário da cidade. Necessita de habilidades técnicas como condutor de veículo automotor, conhecer a cidade e saber deslocar-se de forma econômica e inteligente, buscando trajetos que alie economia e conforto. O produto final do processo de trabalho deslocar-se até o destino solicitado pelo passageiro ou entrega da encomenda.

O processo de trabalho precisa ser organizado, ordenado no tempo e espaço. Toda jornada de trabalho divide-se em tempo de espera nos estacionamentos e pontos de táxi, podendo ser breve ou por longos períodos de espera pelo passageiro. Mesmo os taxistas associados às cooperativas permanecem nos pontos enquanto aguardam passageiros através das chamadas pela central ou no ponto de táxi.

Os taxistas que trabalham com clientelas fixas alguns adotam um ponto de táxi para aguardar as chamadas outros permanecem em casa até a primeira chamada, depois se posicionam em lugares estratégicos ou realizam atividades pessoais até que venha o novo chamado pelo celular.

Os motoristas táxis clandestinos permanecem em estacionamentos comuns de shoppings, supermercados, entre outros, aguardando as chamadas que para alguns chega por telefone e outros saem em busca de clientela dentro dos estabelecimentos comercial que fazem ponto.

diferenciada. Nos estoques ou estacionamentos para táxis, os taxistas conta com infraestrura que permite alimenta-se, conversar com colegas, ler jornais e revistas, cuidar do carro (higiene e manutenção). Alguns a depender da posição na fila aproveitam para descansar “tirar um cochilo”. Nesse tempo de espera ocorre a maior parte do processo de comunicação entre taxistas. Reúnem-se em grupos por afinidade ou pelo tipo de conversa ou atividade que realizam. Os assuntos nas conversas em grupos são sobre fatos ocorridos, problemas da categoria, novidades automobilísticas, determinações da GETAX. Nesse bate papo costumam, também surgir os conflitos entre colegas. Todos os casos de vitimização por violência, acidentes, adoecimentos e mortes de colegas são amplamente divulgados nesse tempo de espera.

Alguns aproveitam para fazer avaliação do funcionamento do carro e realizando pequenos reparos sempre atraindo outros colegas para a tarefa. Não costumam lavar o próprio carro, pois a limpeza ocorre durante o horário de espera e como estão vestidos para atender a clientela evitam fazer atividades que possam prejudicar a imagem pessoal. Os pontos e estacionamentos de táxi tornam-se oportunidade de trabalho para lavadores de carro.

A rotina diária do motorista de táxi clandestino se difere dos outros taxistas, pois ele tem como hábito permanecer em um ponto específico. Realizam as corridas e voltam para o mesmo ponto, pois não pegam clientes durante o trajeto pelas ruas, já que não são sinalizados. Os pontos ou paradas são os lugares onde permanecem por longos períodos durante a jornada de trabalho, que pode variar a depender do dia da semana, ser mais ampliada nos sábados e vésperas de feriados.

Nos pontos e estacionamentos permanecem em fila na ordem de chegada. Geralmente, nos pontos e estoque os taxistas fazem rodízio na tarefa de controlar a chegada e saída do táxi na fila e evitar conflitos. Os taxistas clandestinos que trabalham em pontos fixos também se organizam em fila. A diferença é que eles não permanecem dentro do carro para evitar o flagrante durante a ação dos fiscais, mas todos permanecem com o porta-malas aberto, confirmando o sinal de carro destinado para transporte. Enquanto circulam pela área tentam captar passageiros. Durante as entrevista foi percebido que os taxistas permanecem atentos a todo movimento do em torno.

solicitados. Quando se trata de clientes ou pessoas conhecidas ou chamadas controladas pelas centrais partem para atender prontamente a solicitação. Nessa situação a corrida acontece de forma tranqüila, pois o taxista não precisa avaliar a demanda para decidir aceitar ou reusar a corrida. Nesse caso o taxista permanece “baixando a guarda”, mas não deixa de estar atento ao comportamento do passageiro, assim como as cenas por onde passa buscando identificar padrões e situações estranhas ou suspeitas. É o mais intenso processo de rastreamento dos sinais nas ruas por onde passa.

Quando o taxista acolhe o passageiro no ponto de táxi ou nas ruas, por não conhecer as reais intenções do passageiro faz uma avaliação da pessoa e circunstância da solicitação do serviço de táxi. Nesse momento os taxistas “levantam a guarda” e recorrem a recursos defensivos que será objeto de discussão em capítulo especifico. Aqueles que preferem trabalhar rodando pelas ruas em busca de passageiros, acionam esses recursos de forma intensa e constante.

Existe, em Salvador, um número de táxis clandestinos que, de fato, ficam quase “invisíveis”, pois, além de não terem características padronizadas dos táxis muitos deles não estão nos pontos considerados comuns dos motoristas clandestinos e não adotam sinais de identificação, sendo sua estratégia não ser percebido ou distinguido nas vias públicas da cidade. Esse grupo é formado por motoristas que possuem carros considerados de luxo, colocando-se na „praça‟ de forma discreta e disfarçada, trabalham para clientelas particulares conquistadas e serviços com rotinas definidas como apanhar crianças na escola, transportar pessoas idosas, com problemas de saúde, turistas, dentre outras.

Eles não são identificados enquanto se movimentam pela cidade, mas quando parados, à espera de passageiros, é que acionam o sinal de disponibilidade para o transporte. E são considerados como “economia invisível”, já que não se sabe ao certo onde estão quantos são, ficam de fora de toda e qualquer forma de recolhimento de impostos. As ações do Estado e entidades de defesa da categoria e empresas de táxi são voltadas à repressão dessa prática o que favorece a invisibilidade.

Ao contrário dos táxis clandestinos os táxis regulares são reconhecidos em qualquer lugar da cidade. Na área onde trabalham buscam estabelecer relacionamentos com pessoas que fazem parte do lugar – a vizinhança. Nos pontos de táxis costumam no

tempo de espera frequentar restaurantes, bares, lojas, residências que estão nas proximidades com a finalidade de criar vínculos com o lugar a través das pessoas significando sinais de possibilitam trocas entre as pessoas consideradas vizinhas dos pontos e conquistar a confiança tanto da vizinhança com o taxista e vice-versa. Ao tempo em que a vizinhança poderá favorecer a constituição de clientela para o taxista em troca o taxista passa a observar a área e informar à vizinhança quando é percebida qualquer cena ou pessoa suspeita. Por serem os mesmos taxistas que frequentam o ponto aos poucos se tornam conhecidos e as pessoas passam a sentir a presença deles como protetoras.

O trabalho dos motoristas de táxi Inicia com uma jornada de trabalho diária muito variável entre os motoristas de táxis. Ela pode variar entre seis até 24 horas, de domingo a domingo ou com descanso uma vez por semana. A variação observa-se diferenças entre subgrupos da categoria. Os motoristas proprietários costumam trabalhar jornadas menores que os motoristas auxiliares. O primeiro varia entre seis a dez horas diárias e descansam pelo menos um dia por semana, sendo mais frequente reduzir jornadas durante finais de semana. O segundo grupo, as jornadas vão das oito às 14 horas diárias, mas podem completar o ciclo de 24 horas a depender da demanda e necessidades financeiras. Trabalham de domingo a domingo sendo intervalos e descansos condicionados às necessidades financeira do taxista. Muitas vezes dobram a jornada em períodos de maior demanda para prover valor de diárias nos dias de baixa procura pelo serviço.

Verifica-se uma grande diversidade na distribuição temporária não só da jornada como os turnos de trabalho. Existem alguns que trabalham nos turnos diurnos distribuídos durante a semana, com folga nos finais de semana (motoristas proprietários); outros trabalham somente no turno noturno ou madrugada (motoristas auxiliares) durante a semana e finais de semana, e ainda há aqueles que trabalham de acordo com a demanda da clientela já conquistada (todos), podendo haver chamadas durante dia, noite, madrugada, pois ficam à disposição de uma agenda que é da clientela.

Muitos taxistas começam a jornada diária nos pontos de táxis e de lá aguardam a primeira corrida, outros iniciam rodando por locais que considera potencial de passageiros. O roteiro de deslocamento em busca de passageiro não se dá de forma

aleatória, busca locais já conhecidos pelo potencial do mercado que pode variar em os espaços e horário de maior movimentação.