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GRUPO DE CURSOS CURSOS DE ALTO PRESTÍGIO Engenharia Elétrica

5.5 SÍNTESE DA TRAJETÓRIA DOS ESTUDANTES DA UFBA

Nesta seção elaboramos uma síntese da trajetória dos estudantes, ressaltando as principais características identificadas neste estudo para as diversas categorias de formas de saída registradas para a população estudada. Identificamos também as principais diferenças dos grupos priorizados pela política de ações afirmativas sob a perspectiva das categorias de formas de saída.

No universo desta pesquisa, 606 estudantes concluíram os cursos, este número representa 71,5% da população. Identificamos um percentual maior de estudantes do sexo feminino na categoria dos graduados. O 12º semestre foi o mais frequente para conclusão dos cursos e 90,1% registraram coeficiente de rendimento geral maior que sete. A maior taxa de conclusão dos cursos foi dos estudantes não cotistas (categoria E) seguidos pela categoria destinada aos estudantes provenientes de escola pública – preto e pardo (categoria A) e dos oriundos de escola pública – qualquer etnia (categoria B). No entanto, identificamos cursos que apresentaram os maiores percentuais de concluintes nas categorias A e B.

Observamos um percentual maior de estudantes graduados que concluíram o ensino médio no ano do vestibular, porém os graduados que ingressaram pela categoria que prioriza estudantes negros (pretos e pardos) egressos do ensino público (categoria A) apresentaram o percentual mais frequente de conclusão do ensino médio há mais de três anos. Os estudantes graduados, no período analisado, obtiveram as maiores médias do coeficiente de rendimento e apresentaram médias de coeficientes de rendimento muito próximas, quando agrupados por categoria de reserva de vagas. Os estudantes graduados que ingressaram pela categoria que prioriza indiodescendentes egressos da rede pública (categoria D) apresentaram as menores médias do coeficiente de rendimento geral.

Os estudantes que permanecem ativos nos cursos selecionados representam 12,4% da população do estudo (105 estudantes), são em maioria homens (66,7%), concluíram o ensino médio no ano do vestibular115 e declararam uma renda familiar total entre cinco e dez salários mínimos. A média do coeficiente de rendimento dos estudantes que permanecem ativos apresentou um valor intermediário entre a média do coeficiente dos graduados e a média dos jubilados. Observamos que 54,3% dos estudantes que permaneceram ativos apresentam um coeficiente de rendimento entre cinco e sete, embora os estudantes índios aldeados (categoria F) que permaneceram ativos alcançaram o maior percentual de estudantes com coeficiente de rendimento maior que sete.

Os estudantes jubilados correspondem a 10,9% da população do estudo (92 estudantes), concluíram há mais de três anos o ensino médio, foram excluídos dos seus respectivos cursos no sexto semestre, apresentam um percentual maior de estudantes não cotistas (categoria E). Os estudantes não cotistas jubilados concluíram o ensino médio no ano do vestibular, apresentaram maiores percentuais de estudantes em melhores condições socioeconômicas e culturais (FSE = 7) e com melhores desempenho na universidade (coeficiente de rendimento entre três e cinco). As menores médias de coeficiente de rendimento foram percebidas entre os estudantes jubilados116 ou que desistiram dos cursos de graduação, porém foram observadas médias de coeficiente de rendimento acima de oito para estudantes ativos, desistentes, graduados e jubilados na população desse estudo.

A categoria de reserva de vagas que apresentou o maior percentual de recusa de matrícula (jubilados) foi a que prioriza estudantes indiodescendentes oriundos de escola pública (categoria D), seguida da categoria destinada aos estudantes de qualquer etnia egressos de escolas públicas (categoria B). Os estudantes não cotistas e os estudantes negros oriundos de escolas públicas apresentaram percentuais em torno de 10% de estudantes jubilados. Identificamos também cursos com maior percentual de estudantes jubilados pertencentes às categorias A B, D e E. Os indiodescendentes egressos da rede pública (categoria D) permaneceram em média um número maior de semestres antes de serem excluídos dos cursos; os estudantes pertencentes à categoria que prioriza os egressos da rede pública de qualquer etnia (categoria B) são jubilados em um número menor de semestres.

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A categoria de estudantes não cotistas (categoria E) registou o maior percentual de estudantes ativos que concluíram o ensino médio no ano do vestibular (42,5%), as outras categorias apresentaram um maior percentual de estudantes que concluíram o ensino médio há pelo menos dois anos antes do vestibular.

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Apesar das médias do coeficiente de rendimento geral dos estudantes jubilados girar em torno de 3,6, observamos estudantes cotistas e não cotistas jubilados com alto desempenho no ensino superior nos cursos selecionados.

Apenas quatro estudantes solicitaram transferência para outras universidades, este número representa apenas 0,5% da população. Neste grupo, observamos que 75% (03) pertencem aos grupos priorizados pela política de reserva de vagas (cotistas). Identificamos uma pequena diferença no número de semestres da solicitação de transferência quando agrupamos os estudantes pela categoria de reserva de vagas. O estudante que ingressou através da categoria que prioriza os egressos da rede pública de qualquer etnia (categoria B) solicitou transferência no 2º semestre, o que ingressou pela categoria destinada aos negros egressos de escolas públicas registrou a transferência no 3º semestre, o índio descendentes no 7º semestre e os estudantes não cotistas no 10º semestre.

Em linhas gerais, os estudantes que desistiram dos cursos selecionados representam 2,7% da população do estudo (23 estudantes), são em maioria homens (69,6%), concluíram o ensino médio no ano do vestibular (38,1%), desistiram no sexto semestre e apresentaram um coeficiente de rendimento entre três e cinco. Os opositores ao sistema de cotas acreditavam que os estudantes cotistas em desvantagens econômicas e culturais desistiriam do ensino público com mais facilidade, porém observamos um percentual maior de desistentes pertencentes à categoria de não cotistas.

Os desistentes que ingressaram através da categoria B levaram mais tempo para desistir dos cursos de graduação, já os estudantes não cotistas (categoria E) apresentaram uma média de semestres similar à registrada pelos negros oriundos de escolas públicas (categoria A). Os estudantes não cotistas (categoria E) que desistiram dos cursos apresentaram as melhores condições socioculturais quando comparados com o perfil dos outros estudantes desistentes.

Os estudantes negros egressos de escolas públicas (categoria A) obtiveram as médias mais baixas de coeficiente de rendimento geral entre os desistentes e os que mudaram de curso. O curso de Letras Vernáculas (licenciatura) registrou a maior variação da média de coeficiente de rendimento dos estudantes desistentes nas diversas categorias de reserva de vagas e o curso de Medicina apresentou a maior diferença de desempenho entre estudantes não cotistas e cotistas que desistem do curso.

Os 16 estudantes que mudaram de curso representam 1,9% da população, o estudo demonstrou que 81,2% desses estudantes são não cotistas (categoria E) e 18,8.% de estudantes pertencentes à categoria que prioriza estudantes negros (pretos e pardos) egressos do ensino público (categoria A). Os estudantes que registraram mudança de curso no período analisado apresentaram médias de coeficiente de rendimento em torno de sete e meio.