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GRUPO DE CURSOS CURSOS DE ALTO PRESTÍGIO Engenharia Elétrica

4.1.1 Variáveis do estudo

As variáveis, extraídas dos três sistemas de informações da UFBA, foram selecionadas por sua relação com objetivo do trabalho. O Quadro A.1 do Apêndice A descreve as fontes dos dados e os domínios dos valores das variáveis utilizadas na pesquisa.

A UFBA utiliza o Questionário Socioeconômico, disponibilizado junto com a inscrição do vestibular, para coletar informações sobre a renda das famílias, escolaridade e ocupação dos pais, local e tipo de moradia, trajetória escolar, situação ocupacional, idade e sexo dos candidatos que se inscrevem no vestibular da UFBA. No processo seletivo de 1997, apesar da polêmica em torno da identificação racial, a UFBA incluiu o quesito cor no Questionário para atender à demanda do projeto de pesquisa Raça, Gênero e Educação Superior de mapear a cor81 dos estudantes da UFBA. Em 1998, a UFBA torna-se a primeira instituição pública de ensino superior a incluir a variável cor em seus formulários.

Algumas variáveis foram utilizadas apenas para traçar o perfil socioeconômico dos candidatos (sexo, idade, estado civil, jornada de trabalho semanal, origem escolar, renda familiar, ocupação dos pais, escolaridade dos pais) enquanto outras foram utilizadas na análise da trajetória acadêmica (cor/raça, sexo, natureza jurídica da escola, tipo de escola, ordem de classificação do vestibular, coeficiente de rendimento, número de disciplinas aprovadas, trancadas e reprovadas, curso, tempo real de conclusão do estudante; escolaridade dos pais).

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A cor dos estudantes matriculados na UFBA, antes de 1997, foi identificada através de uma pesquisa direta, e classificação atribuída, através do exame das fotografias das fichas cadastrais da UFBA. Para os alunos que ingressaram no ano de 1997 foi aplicado um questionário, no ato da matrícula (SANTOS; QUEIROZ, 2012).

A informação de cor/raça dos estudantes é registrada a partir do procedimento de autoclassificação definido no Questionário Socioeconômico e Cultural e preenchida no ato da inscrição no vestibular. Foi utilizada também a variável grupo elegível da reserva de vagas de preenchimento obrigatório na ficha de inscrição do candidato, também de autoclassificação, mas com a categorização adequada ao sistema de cotas82. O sexo também é uma variável significativa na estrutura das desigualdades sociais, ela é utilizada para definir as diferenças sociais entre homens e mulheres.

No intuito de melhor descrever o perfil dos estudantes, utilizamos o indicador socioeconômico Fator Socioeconômico (FSE), que considera a trajetória escolar e a situação de trabalho do estudante no ato da inscrição do vestibular. A escala FSE83 é útil para comparar a situação de grupos diferentes de estudantes através de seus valores médios e desvios padrões. Esta escala combina e atribui pontos de 0 a 2 para as seguintes variáveis: natureza da instituição onde cursou o ensino médio (pública/particular), tipo de curso médio frequentado pelo estudante (colegial/profissionalizante), turno que concluiu o ensino médio (diurno/noturno), situação de trabalho do estudante ao inscrever-se no vestibular, renda familiar, instrução dos pais e a profissão do responsável, conforme descrito na Tabela 9.

A escala FSE assume valores discretos inteiros entre zero e dez, porém, os valores médios para grupos distintos são expressos em uma escala contínua com um decimal. Segundo Braga e Peixoto (2006), a escala FSE foi comparada com a escala da Associação Brasileira dos Institutos de Pesquisa de Mercado (Abipeme)84 sendo observada uma excelente correlação entre ambas. Segundo estes autores, as classes D e E Abipeme correspondem aos valores de FSE 0 e 1. As classes C e D Abipeme equivalem a faixa do FSE entre 2 e 3, já o intervalo do FSE de 4 a 7 corresponde às classes B e C. Os valores do FSE acima de 8 são relacionados às das classes A e B Abipeme. Braga e Peixoto (2006) também observaram que os valores médios do FSE associados a cada grupo da classificação Abipeme crescem regularmente da classe E para a classe A, de forma aproximadamente linear. Franco e Loschi (2005), em estudos independentes sobre as chances de aprovação no vestibular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) afirmam que a escala FSE discrimina melhor

82 Aldeado, índio descendente, pardo, preto, quilombola e outros (branco, amarelo etc.). 83

Escala desenvolvida por Mauro Mendes Braga e Maria do Carmo Lacerda Peixoto e descrita no livro o Censo

socioeconômico e étnico dos estudantes de graduação da UFMG (BRAGA; PEIXOTO, 2006). Esta escala tem

sido empregada em diversos trabalhos relativos à UFMG, desde 1999. Como exemplo: Araújo e colaboradores (2004); Braga, Peixoto e Bogutchi (2001); Gazzola, Peixoto e Braga (2004); Braga e Peixoto (2006).

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Escala socioeconômica mais empregada no Brasil, também conhecida como Critério Brasil. Ela busca identificar o poder de compra dos indivíduos. Combina itens de conforto familiar, nível de instrução do chefe da família, resultando em oito categorias sociais: A1, A2, B1, B2, C1, C2, D e E.

os candidatos do que a escala Abipeme, justificando a sua utilização no estudo comparativo da UFBA.

Tabela 9 - Critérios para a construção da escala do Fator Socioeconômico (FSE)

Fonte: Braga; Peixoto (2006). (*)Salário Mínimo (SM)

(**) Considera-se como responsável aquele cuja profissão tem a pontuação mais elevada.

Como os sistemas de informação da UFBA possuem objetivos específicos, as informações são estratificadas no intuito de atender às especificidades de cada um deles. Para melhor compreender a trajetória dos estudantes, foram criadas categorias que agrupam formas de saída com semânticas similares descritas na Tabela 10.

A categoria “Graduado” na Tabela 10 agrupou todas as formas de saída que indicam que o estudante concluiu o curso de graduação, podendo já ter colado grau ou não. Foram considerados como “Ativos” todos os estudantes que não apresentam o registro de forma saída e podem efetuar matrícula em disciplinas.

A categoria “jubilado” refere-se aos registos de formas de saídas correspondentes ao ato administrativo, conhecido no jargão popular como “jubilamento”, que recusa matrícula ao estudante e o exclui da universidade pelo descumprimento de regras definidas pela IES. Na UFBA, o estudante tem a sua matrícula recusada nos seguintes casos: não tenha se matriculado em componentes curriculares do seu curso por dois semestres, consecutivos ou não; tenha sido reprovado em todos os componentes curriculares em que esteja inscrito em dois semestres, consecutivos ou não; tenha sido reprovado no mesmo componente curricular

Item avaliado Pontuação atribuída

0, escola pública 1 , escola privada 0, curso profissionalizante 1, colegial 0, noturno 1, diurno 0, trabalha 1, não trabalha 0, inferior a dez SM* 1, entre dez e vinte SM 2, superior a vinte SM

0, nenhum deles é graduado em curso superior 1, um deles é graduado em curso superior 2, ambos são graduados em curso superior 0, profissão típica de classe média baixa 1, profissão típica de classe média 2, profissão típica de classe média alta Profissão do responsável **

Ensino médio frequentado pelo estudante Curso médio frequentado pelo estudante Turno no qual concluiu o ensino médio

Situação de trabalho ao inscrever-se no vestibular

Renda Familiar

em quatro semestres, consecutivos ou não; não tenha concluído o curso de graduação no prazo máximo fixado para a integralização do respectivo currículo, não tenha concluído a nova modalidade/habilitação/opção; seja comprovada a irregularidade da matrícula, por falsidade ou irregularidade insanável na documentação apresentada na matrícula, ou pela verificação de que, efetivamente, o estudante não teria direito a ela (UFBA, 2009). Dessa maneira, foi criada uma categoria de forma de saída, jubilado, agrupando-se todas as formas de saídas encontradas nos registros dos estudantes selecionados para esta pesquisa, que dizem respeito à recusa de matrícula pelo itinerário acadêmico do estudante. Foi deixado à parte um único caso encontrado de matrícula suspensa por irregularidade no certificado de segundo grau por entender que este estudante não chegou a cursar nenhum componente curricular da universidade.

Tabela 10 – Categoria de formas de saída, UFBA, 2006

Fonte: Elaborado pela autora com base no Siac Prograd/UFBA.