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Sentido: objeto (ainda) não tematizado

No documento Espectral: sentido e comunicação digital (páginas 135-146)

Esse campo não-hermenêutico ofereceria um entend imento do sentido ainda não tematizado. E por campo não-hermenêutico, Gumbrecht entende uma análise na qual a centralidad e da interpretação, e não apenas em Dilthey e Heidegger — frisa o crít ico alemão —, mas na extensão da vida cotidiana, é problematizada. Com ela, os conceitos que gravitam ao redor do imperativo hermenêutico — a temporalidade, a totalidade e a referencialidade — são também redimensionados. Para Gumbrecht, o campo não-hermenêutico caracteriza-se pela convergência no

que diz respeito à problematização do ato interpretativo76. Não haveria uma teoria hegemônica nessa abordagem, mas a convergência d e pontos de vista distintos que reúnem autores tão diversos como Jacques Derrida e Michel Foucault com Niklas Luhmann e a teoria geral dos sistemas.

De maneira análoga a Deleuze, que elege Hjelmslev à categoria de pensador revolucionário no campo da lingüística77, Gumbrecht retoma o lingüista dinamarquês78 para

apresentar esse campo não-hermenêutico. A oposição conceitual básica que relaciona expressão e conteúdo poderia, em sentido amplo, ser traduzida por uma correlação onde a expressão seria o significante; e o conteúdo, o significado. O interessante na abordagem de Hjelmslev seria o acréscimo dessa segunda divisão que opõe, de um lado, a forma da expressão e a substância da expressão, e de outro, a forma do conteúdo e a substância d o conteúdo. Ainda de acordo com Gumbrecht, a forma da expressão e a forma do cont eúdo respondem sozinhas pelo modelo tradicional da teoria de Saussure.

Se Hjelmslev se preocupava com a síntese desses diferentes mom entos, produzindo um conceito de signo particu lar (isto é, o significado, em vocabulário saussureano), o que caracterizaria o campo não-hermenêutico seria a tendência à distensão e afastamento desses mesmos quatro elementos. A tend ência contemporânea seria de um crescente distanciamento e interrogação sobre cada um dos quat ro campos, junto à possibilidade d e relacioná-los como espaços autônomos. Em termos lingüísticos, seria a possibilidade de tematizar o significante sem

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A filosofia e a crítica literária teriam recentement e descoberto a substância do conteúdo como campo autônomo. Essa substância do conteúdo, uma esfera anterior à estruturação do conteúdo, não disporia de qualquer conceito capaz de d escrevê-la. Seria uma esfera onde não há binarismos possíveis, onde as formas do conteúdo não foram ainda dadas. Deleuze e Guattari se referiam a ela como um reservatório de matéria-prima, um bloco amorfo de substâncias primeiras e subjacentes a todas as formas sígnicas80, uma zona prévia à formação d os signos. Como esfera

anterior ao que se entende por signo e sent ido, ela responderia pela recente fascinação pelo imaginário, pelas flutuações de matérias impermeáveis a conceitos.

Por outro lado, o campo não-hermenêutico também registra uma crescente preocupação com teorias voltadas para a forma do conteúdo. Investigam-se as formas, as estruturas articuladoras da substância do conteúdo que independem d e qualquer interpretação semântica81.

Reside aí o epicentro da crise hermenêutica: a desconfortável interrogação sobre as condições de resgate de um sentido cuja ocorrência era assumida como um axioma. Segundo Gumbrecht, o questionamento agora se radicalizou: não mais procuramos identificar o sentido, para logo resgatá-lo; porém,

indagamos das condições de possibilidade de emergência das estruturas de sentido82. Esse problema seria o divisor de águas entre uma perspectiva moderna, que assume a existência de um sentido pré - dado, e uma abordagem pós-moderna, que se afasta dessa situação e pergunta pela forma desse sentido.

A primeira pergunta teórica radical mente nov a coloca a seguinte indagação filosófica: o q ue é u ma ‗forma‘? Afinal, se, de fato, a distensão entre os cam pos es tá em curso e, se, em verdade, as nov as perguntas investigam as condi ções d e possibilidad e de sentido, en tão pr ecisamos enfrentar um dupl o problema: o da passagem d a su bstância do co nteúdo à form a d e express ão. C omo é possível que algo não es truturado adquira forma?83

Gumbrecht entende que a tarefa inicial para postular as características do sentido seria a definição do conceito de forma, conceito cuja importância filosófica seria central nos próximos anos. Retomando Luhmann, o crítico alemão assume que forma é a unidade entre a referência externa e interna, definição que lhe permite formular que todo objeto a que se atribui uma forma deve ter, necessária e simultaneamente, tanto uma referência interna como uma externa, na mesma razão da teoria luhmanniana que prevê um duplo condicionamento: sem a primeira não pode haver a segunda, pois a simultaneidade liquida com a vinculação seqüencial entre partes.

Afinal, sempre qu e consider o a u m ‗Eu‘ enquanto sis tema, necessito considerar ou tros que não o sej am. Portanto, o que em termo s tr adicio nais esbo çaríamos co mo uma linh a qu e circuns creve um obj eto (ou u m sistem a), tal lin ha s eria precis am ente a forma. A parte circuns crita pela linh a consti tui a referência interna; a parte r estante, a r eferên cia extern a. A linha que circuns creve o sistem a é o úni co p onto geo métrico qu e representa a unidad e en tre as du as referên cias, pois n ão há com o distinguir em s eu con torno a parte pertencente à refer ênci a interna d a parte que lh e é exterior. Ess a defini ção p ossui aind a o m érito d e recolo car o pr oblema d a forma a par tir de u m po nto d e vista filosófico.84

A leitura que Gumbrecht perfaz sobre a teoria dos sistemas lhe permite assinalar que as estruturas de sentido são invariavelmente contingentes em relação às condições em que foram produzidas, acidente que a dupla meio e forma permite visualizar. E é esse deslocamento entre

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substância e forma da substância que o rescaldo hermenêutico não consegue empreend er85. O

que a teoria dos sistemas ajuda a perceber é que uma análise do sentido demanda permanentes deslocamentos da interpretação, pois é também por meio do deslocamento das substâncias que o sentido se constitui.

Gumbrecht trabalha a questão do sent ido tendo em vista os estudos literários e a disciplina de literatura comparada. Mas o problema atravessa as ciências humanas como um todo e se evidencia nos estudos comunicacionais. O exercício d e uma interpretação recursiva se consolidou como abordagem normativa dos fenômenos da comunicação, metodologia que remonta à busca hermenêutica por canais de influência e persuasão; manipulação e d ominação. Os componentes da comunicação passaram, eles todos, pelo escrutínio da interpretose: do meio à mensagem, do emissor ao receptor. O conceito de sentido não constitui exceção e os estudos sobre produção de sentido nos media se apresentam como agudo sintoma.

Gumbrecht se refere ao sentido como objeto não tematizado porque o conceito deveria ser refratário à interpretação. Sua análise pede a separação dos quatro campos enumerados, separação que permitiria ao sentido se decompor a si mesmo nos diversos processos e operações que lhe constitui. Esse quadro de análise da teoria dos sistemas nos permite propor uma descrição do sentido como representação da complexidade86. O conceito d e sentido espectral,

tema da próxima seção, se ampara na convergência de pontos de vista distintos que reúnem os diversos autores tratados nesta primeira seção. As contribuições das quatro disciplinas tratadas aqui — lógica, linguagem, fenomenologia e teoria dos sistemas — oferecerão subsídios para um conceito de sentido que tematiza o significante sem associá-lo ao significado. Esse conceito, que será descrito a seguir, não se desvincula das condições de emergência das estruturas de sentido.

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NO TAS

1 No original Alemão: „ Der Mensch kann nicht kommuni zieren; nur di e Ko mmunikation kann k ommunizi eren―.

Luhmann, Nikl as. Wie ist Bewusstsein an Kommunik ation beteiligt? Soziologis che Aufklärung 6 - Die Soziologie und d er Mensch. Opladen, 1995. (p.37 ).

2 Na tradu ção americana: ―The concept of the s ymbolic generalization of meaning‘s self-reference replaces the

concept of the sign that until now has dominated the theoreti cal traditi on.‖ Luhmann, Niklas. Social Systems. Stanford: Stanford Univ ersity Press, 2005. (p.94)

3 Von B ertalanffy, Ludwig. Teo ria Geral dos Si stem as. Petrópolis: Vo zes, 1975. 4 Ashb y, William Ross. Int rodução à ci bernética. São Paulo: Persp ectiva, 1984.

5 Von Fo erster co ntou s obre su a p articip ação n o Círculo Cib ernéti co à revista Stanford Hu mani ties Review, cuj a

pergunta era ―O Cír culo de Viena foi u m grupo de pessoas qu e influenciou seu des envolvimento intelectu al. Isso foi em sua juv entu de. Poderíamos consid erar o grupo de M cCullo ch, Wiener, von N eum ann, Bates on e ou tros como um segun do cír culo in tel ectual — o ‗Círculo Cibernético‘ — na sua vida adulta?‖. A r espos ta de Heinz von Foerster: ―Sim! Que ótima sugestão! Aquilo era fascinante. Os artigos qu e o grupo Cibernéti co publicava eram bas tante próximos da m aneira com o o pesso al do Círculo d e Viena abordava as questões. Veja o fam oso ensaio de Warren McCulloch, ‗Um cálculo lógico das idéias i manentes na atividade nervos a,‘ por exemplo. S e você olhar para coisa como um todo, a m aquin aria form al é a m esm a m aquin aria d e C arnap jun to da q ual eu cres ci, que é a mes ma maquin aria que fund amenta o Pri ncipi a Mathematica. Então eu me senti imedi atamente em cas a no ‗Círculo Cibernético‘. Eu adoro equações diferenciais porqu e elas permi tem a conex ão entre pens amentos geométricos e pensamentos algébricos. Ess es formalismos vêm com mui ta naturalidade para mi m, são co mo and ar de bicicl eta ou nadar.‖ No original: ―Stanford Humanities Review: One group of people who were influential on your intellectual develop ment was the Vi enna Circle. T his was in your youth. C ould we reg ard th e group that co nsisted of McCulloch, Wiener, von N eum ann, Bateso n and so forth, as a second intellectual circle, the ‗Cybernetic Circle,‘ in your mature years? H ein z von Foerster: Yes! An ex cellent sugges tion! This was fasci nating. Th e papers co ming out of the Cyb erneti c group were v ery much in the same direction as the Vi enn a Circl e p eopl e approach ed pro blems. Think of the famous paper by Warren McCulloch, ‗A logical calculus of ideas immanent in nervous activity,‘ for example. If you look at the whole thing, the formal machiner y is Carnap‘s machi nery which I grew up with, the s ame machi nery which is at th e basis of the Principia Mat hematic a. So I felt immediately at home with the ‗C yber neti c Circle.‘ I love differential equ atio ns because they provide a co nnectio n between geo metrical thi nking and algebrai c thinking. Such formalisms are lik e bi cycle riding or s wimmi ng to me, they come v ery naturally.‖ Franchi, S., Güzeldere, G., & Minch, E. Intervi ew with H einz von Foerst er. IN: Franchi, S., Güzeld ere, G., Const ructions of the Mind - Artificial Intelligence

and the Humanities. S tanford Hum aniti es Revi ew, Sp eci al Issue, vol. 4, nº 2, 1995. (p.288 -307).

6 Cibern éti ca de segund a ord em, nova ci bern ética (segund o G ordon Pask) ou cibern éti ca da cib ernética (nos term os

de H einz v on Foers ter) seria u ma abord agem cons trutivista qu e incorpora su cessiv as obs ervações d e s egunda ordem. Segundo Hei nz von Foerster, a cibern éti ca de segun da ordem seria a cons eqü ênci a de infrutíferas tentativas da cibern ética clássica em cons truir um mod elo para a men te. O res ultad o s eria um en cav alar d e o bservações: para descrev er a men te é preciso u ma teoria da men te; p ara teori zar sobr e a men te é preciso escrev er teorias; p ara es crev er teorias é preciso um escri tor ou teórico. Com iss o, o pes quisador é levad o a consid erar seu próprio do mínio, sua própria o bservação e a ativid ade da pes quisa co mo elemen to da teoria. A cibern éti ca s e torna então u ma cib ernética da cib ernética, isto é, u ma cib ernéti ca de s egund a ordem. Além do próprio vo n Foers ter, são tamb ém iden tificad os à cibern ética de s egunda ord em Humb erto Maturan a, Gregory B ateson, G ordon Pask e Paul Pangaro. Ver Von Foerster, H einz. Cybernetics of Cy bernetics. Illinois: Univ ersity of Illinois, 1974.

7 Ver Von Fo erster, H ein z. Sho rt C uts. Frankfurt: Zweitaus end eins, 2002.

8 Para Zygmu nt Bau man, a noção de autopoi ese — autocriação, do grego ιίη: fazer, criar, dar forma, o oposto de

ασχειη: sofrer, ser um objeto e não a fonte do ato — é a contribui ção mais pr ecios a de Niklas Luhmann e seus colegas à soci ologia (o co ncei to é na verdade de Hu mber to Maturana). Para o sociólogo pol onês, a au topoi ese seria uma ten tativ a de captar e encapsular a essênci a da condi ção hum ana. Ver B aum an, Zygmun t. Moderni dade Lí qui da. Rio de Jan eiro: Jorge Zah ar, 2001. (p.232). De todo mo do, a autopoi ese aplicada à mecâni ca s ocial, tal co mo d escrita p or Luhmann, n ão é exatam en te um a inven ção ex nihilo. O con cei to pod e ser analisado co mo uma vers ão atu alizada da modern a co nsci ênci a temp oral (Zeit bewusst sei n), tal co mo apresentada p or Husserl. Ademais, tanto Lu hmann como Husserl p arecem influen ciados pel a n oção d e Fich te de um s ujeito que se au toconsti tui. Ver a ess e res peito: Huss erl, Edmun d: Vorlesungen zur Phänomenologie des inneren Z eitbewusst sei ns. Tübingen: Ni emeyer Verlag, 2000 e Fich te, Jo hann.

Über den Begriff der Wissesnschaft slehre ord er sogenannt en Philoso phie. S tuttgart: R eclam, 1972.

9 ―Tais máqui nas s ão homeostáticas, e toda retroalimentação é i nterior a el as. Se a pessoa diz qu e exis te u ma máquina

M com r etro alimentação atr avés d o m eio qu e a ro deia, tal qu e os efeitos de sua s aída afetam su a entrad a, na realid ade está falando de u ma máquina maior M‘, qu e em sua organização definitória inclui o meio circu ndante e o cir cuito de retroalimentação‖. Maturana, Humberto & Var ela, Francisco. De máqui nas e seres vivos: auto poiese, a organização do vivo. Porto Al egre: Artes m édicas, 1997. (p.72)

10 Luhmann introd uz sua teoria no contexto d e falênci a do funcion alismo do pós -guerra, opo ndo um panorama d e

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viriam acom pan had as de uma teleologia explicativa, um a relação en tre mei os e fins que tem por efeito a expli cação mecânica p or causas m ais ou m enos invariáveis. Super ando ess e model o d e explicação, Luhm ann pensa em pluricausalid ades funcio nais ond e cada ef ei to p ode ter múl tiplas caus as e o nde cada caus a p ode ter múlti plos efeitos, o que impossibilita a aceitação d e uma relação invariáv el. Causas e ef eitos tornam-s e simples variáveis, e o cerne da discussão causal p erde imp ortân cia. Sen do as variáveis múl tiplas e suas rel açõ es não apreensíveis a priori, a solução de um problema assum e um caráter con tingen te qu e só s e resolv e duran te o pro cesso de inv estigação.

11 Varel a, Francis co. A utopoiesis and a Biology of Intentio nality. Paris: CREA/C NRS – École Polytechniqu e, 1991. (p.9). 12 Isso quer dizer que a dinâmica interna do organism o, ao s e en trecru zar com as per tu rbações externas, tamb ém

particip a n a el aboração do mund o repr esen tad o. Ou seja, tanto o m undo externo com o o observ ador coexistem como en tidad es prim árias d o ato d e obs ervação, e as características do mund o ex terior são tamb ém características do observad or. Ess e di agrama que sup õem sistem as necessari amente fechados liquid a tan to co m o realismo de um mundo pr edetermin ado com o co m o idealis mo qu e subsum e o mu ndo como proj eção de u ma p ercepção interior. Ver Von Foerster, Hein z. Sicht und Einsicht. Versuch zu ei ner operativ en Erkennt nist heo rie. Brauns chweig-Wiesb aden: Vieweg, 1985.

13 Watzl awi ck, Paul, Helmick Beavin, Jan et, & Jackson, Do n D. Pragmática da com unicaç ão humana. São Paulo: Cultrix,

2007.

14 Ver Maturan a, Hu mberto. Cogniç ão, ciência e vida cotidiana. B elo H orizon te: UFMG, 2001.

15 Ver Maturana, Hum berto & Var ela, Fran cisco. De máqui nas e seres vivos: autopoiese, a o rgani zaç ão do vivo. Porto Alegre:

Artes médicas, 1997.

16 Para von Bertalanffy, a i nformação não é regulad a pel a lei da cons ervação e pod e cr escer ou ser pres ervad a ao

longo do tempo, não send o por isso sujeita à en tropia m as à m ecanismo s evolutivos. O biólogo aus tríaco estendia esse en tendi mento para os processos vivos, que des envolv eriam formas co mplex as n ão r edutíveis ao m odelo da segunda lei da termo dinâmica. Es sa lei diz qu e inter açõ es físicas dev em progredir em direção a formas m enos compl exas e de máxim a entropi a, mini mizando as diferen ças co m obj etivo a atingir equilíbrio interno. O mo delo evolucio nário d e von Bertalanffy, por ou tro lad o, pensa a vida co mo u ma manifestação de co mpl exidade progressiva entre form as altam ente orden adas, mi nimizando a entr opia e tend end o à heterogeneid ade. Co m isso, para von Bertalanffy a segu nda lei d a termodi nâmi ca s e apli caria apen as aos sis temas fechados, um caso bastante es pecial e limitado, e n ão aos sistemas abertos, que pediriam uma reformulação da term odinâmica. Ainda d e acord o com von Bertalanffy, os pr oces sos d e diferenciação nos sistemas vivos seri am a integração crescen te (as partes se torn am mais dependentes d o todo ), a diferen ciação cr escente (as p artes s e torn am m ais especiali zad as), a m ecanização cres cen te (as partes são fixadas em posi ções si mples ) e a centrali zação crescente (certas partes se torn am m ais influentes que outras). A segun da lei da termodi nâmi ca n ão com preen deria n enh uma dessas propried ades, e os con ceitos de equilíbrio e h om eostase não abar cariam a mudan ça, difer enci ação, evol u ção, adaptação, em ergên cia, criatividad e e auto-reali zação dos sistem as vivos e dos seres hum anos. Ver Von B ertalanffy, Ludwig. Teoria Geral dos Sistemas. Petrópolis: Vozes, 1975.

17 Sistem as físicos se caracterizariam por cad eias s eqü enci ais, uma linearidade que permi te estabel ecer relações d e

causa e efei to. N os sistem as abertos, contu do, os fluxos de inform ação s eriam cícli cos e guiad os por m ecanismos de retroalim en tação. Enqu anto nos sistemas fech ados é possív el estabelecer relações condi cionantes diretas, que indep endem m esm o da vari ável temp oral, nos sis temas abertos elas quas e nun ca p ode m ser atribuída a um ú nico fator, haja vis ta as relaçõ es interdep end entes d e reali men tação.

18 Ver S erres, Mich el. La naissanc e de la physique dans l e text e de L ucrèc e. Paris: Éditio ns de Minuit, 1977. 19 Gumbr ech t, Hans Ulrich. Co rpo e Fo rma. Ri o de J aneiro: Eduerj, 1998. (p.98).

20 ―Hoje, já podemos compreender o f ascínio moderno pela temporalidade, caus alidade e s eqü enci alidade. As

relaçõ es fundad as nestes con cei tos forneciam a ilusão d o estabel eci men to d e leis. Leis co mo as marxistas, estruturadoras d e s eqüências tempor ais, históri cas e comp ortamen tais. E, tão logo o sujeito d esfruta d esta ilusão, quer dizer, tão logo o sujeito ‗pode‘ intuir ou ‗certificar-se‘ da des cob erta de tais l eis, ele acredita-se capaz de control ar e/ ou m anipular s eus efeitos. Dess e m odo, a substi tuição dos con cei tos mod ernos p elo conceito de simultan eidade revel a outro sin tom a da po sição fortem en te debilitad a do sujei to, tal como hoje o entend emo s. Tal substitui ção i mplica a pass agem do conceito de um d esenvolvimento históri co n ecessário, teleológico, ao conceito de conti ngên cia, con ceito engen drado num a r elação de simultan eidad e. N o entanto, toda teoria possui seu pon to cego. Na teoria dos sis tem as, a pergunta qu e p erman ece s em r espos ta ref ere-se ao por que s e prod uz u ma aco plagem entre dois sistemas. Daí a cres cente i mportância do concei to de conting ênci a em noss o campo teórico.‖ Idem, página 151.

No documento Espectral: sentido e comunicação digital (páginas 135-146)