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A SUCESSÃO DOS DIAS E DAS NOITES

No documento A Bíblia, o Alcorão e a Ciência (páginas 163-167)

Numa época em que se considerava que a Terra era o centro do mundo e que o Sol era móvel em relação a ela, que ser humano não teria evocado o movimento do Sol a propósito da sucessão dos dias e das noites?

Ora, uma tal consideração não aparece no Alcorão, que trata desse as- sunto, como segue:

Capítulo 7, Versículo 54:

“(Deus) ensombrece o dia com a noite, que o sucede incessantemente.” Capítulo 36, Versículo 37:

“E também é sinal, para eles, a noite, da qual retiramos o dia, e ei-los mergulhados nas trevas!”

Capítulo 31, Versículo 29:

“Não tens reparado, acaso, em que Deus insere a noite no dia e o dia na noite, e que submeteu o sol e a lua, e que cada um (destes) gira em sua órbita até um término prefi xado, e que Deus está inteirado de tudo quanto fazeis?”

- Capítulo 39, Versículo 5:

“Enrola a noite com o dia e enrola a noite com o dia e enrola o dia com a noite.” O primeiro versículo dispensa comentários. O segundo quer dar sim- plesmente uma imagem.

São principalmente o terceiro e o quarto versículos que podem apresen- tar um interesse no que concerne ao processo de penetração e, sobretudo, de enrolamento da noite sobre o dia, e do dia sobre a noite (Capítulo 39, Versículo 5).

Enrolar (Em francês, corresponde ao verbo enrouler (N.T.)) parece ser, como na tradução de R. Blachère, a melhor maneira de traduzir em português o verbo árabe Kawwara. A signifi cação primitiva desse verbo é enrolar em espiral um turbante sobre a cabeça; em todos os outros sentidos, a noção de enrola- mento é conservada.

Ora, o que se passa, na realidade, no espaço? Como os astronautas americanos viram muito bem e fotografaram de seus veículos espaciais, em particular a grande distância da Terra, desde a Lua, por exemplo, o Sol clareia permanentemente (eclipses excetuados) a semiesfera terrestre colocada em face dele enquanto a outro semiesfera permanece na obscuridade. Como a Terra gira sobre si mesma, ao passo que a claridade fi ca fi xa, uma área iluminada em forma de semiesfera faz, vinte e quatro horas, sua rotação em torno do Sol, enquanto a semiesfera permanecia na obscuridade completa, durante o mesmo tempo, o mesmo périplo. Essa ronda incessante do dia e da noite está perfeitamente descrita pelo Alcorão. Ela é facilmente acessível em nossos dias à compreensão humana, pois que temos a noção da fi xação (relativa) do Sol e da rotação da Terra.

Esse processo de rolamento permanente com penetração contínua de um setor a outro é expresso no Alcorão, como se, naquela época, já se tivesse concebido o conhecimento da redondeza da Terra, o que evidentemente não é o caso.

É preciso acrescentar a essas considerações sobre a sucessão dos dias e das noites, as evocações, em alguns versos alcorânicos, sobre a pluricidade dos orientes e dos ocidentes, cujo interesse é apenas descritivo, porque esses fenômenos podem ser constatados pela observação mais banal. Eles são men- cionados aqui, no intuito de reproduzir, o mais completamente possível, o que o Alcorão contém a esse respeito, por exemplo:

- No Capítulo 70, Versículo 40, a expressão: “Senhor dos Orientes e dos Ocidentes”;

- No Capítulo 55, Versículo 17, este: “Senhor dos dois Orientes e dos dois Ocidentes”;

- No Capítulo 43, Versículo 38, a evocação da “distância dos dois Orien- tes”, imagem para expressar a imensidade de uma distância entre dois pontos.

O observador dos nascentes e dos poentes do Sol sabe bem que o Sol se levanta em pontos diferentes do Oriente e se deita em pontos diferentes do Ocidente, segundo as estações. As marcas tomadas a cada um dos horizontes, defi nindo os pontos extremos, marcam dois Orientes e dois Ocidentes, entre os quais se colocam, ao longo dos anos, os pontos intermediários. O fenôme- no descrito aqui, é, por assim dizer, banal. Mas, o que merece principalmente chamar a atenção é o que se relaciona com os outros assuntos tratados nesse

capítulo, em que a descrição dos fenômenos astronômicos, evocados no Alco- rão, aparece conforme as noções modernas.

D - A EVOLUÇÃO DO MUNDO CELESTE

Lembrando as ideias modernas sobre a formação do universo, é mostra- da aqui a evolução que se produziu desde a nebulosa inicial até a formação das galáxias, das estrelas e, para o sistema solar, até o aparecimento das plantas a partir do Sol em um certo estágio de evolução. Os dados modernos permitem pensar que, no sistema solar e no universo mais geralmente, a evolução prosse- gue ainda.

Quando temos conhecimento dessas noções, como não fazer uma apro- ximação com certas afi rmações que encontramos no Alcorão, quando invoca- das as manifestações do Todo-Poderoso divino?

Em várias retomadas, o Alcorão lembra que “(Deus) submeteu o Sol e a Lua; cada um se move até um termo fi xado”.

Encontra-se essa frase no Capítulo 13, Versículo 2; Capítulo 31, Versículo 29; Capítulo 35, Versículo 13; Capítulo 39, Versículo 5.

Mas, além disso, a ideia do termo fi xado é associada a uma ideia de lugar de destino:

- Capítulo 36, Versículo 38:

“E o sol, que segue o seu curso até um local determinado. Tal é o decreto do Onisciente, Poderosíssimo.”

Lugar fi xo é a tradução da palavra mustaqarr. Não há dúvida de que a

ideia de lugar preciso está ligada a essa palavra.

Como se apresenta a confrontação dessas afi rmações com os dados estabelecidos pela ciência moderna?

O Alcorão dá ao Sol um termo evolutivo e um lugar de destino. À Lua, ele designa também um termo. É preciso, para compreendei o sentido possível

dessas afi rmações, lembrar os conhecimentos modernos sobre a evolução das estrelas em geral, do Sol em particular e, por via de consequência, as formações celestes que seguem necessariamente seu movimento no espaço, e das quais a Lua faz parte.

O Sol é uma estrela cuja idade é estimada em aproximadamente 4 bi- lhões e meio de anos pelos astrofísicos. Como para todas as estrelas, pode-se defi nir para ele um estágio evolutivo. O Sol está atualmente, num primeiro estágio, caracterizado pela transformação dos átomos de hidrogênio em átomos de hélio: este estágio atual deverá, teoricamente, durar ainda 5 bilhões e meio de anos, segundo cálculos efetuados que dão a esse primeiro estágio, para uma estrela do tipo do Sol, uma duração total de 10 bilhões de anos. A este estágio segue-se, como se observou para outras estrelas do mesmo tipo, um segundo período caracterizado pelo término da transformação do hidrogênio em hélio, tendo, por consequência, a dilatação das camadas extremas e o esfriamento do Sol. No estágio fi nal, a luminosidade é consideravelmente diminuída e a densi- dade consideravelmente elevada: é o que se observa no tipo de estrelas às quais se deu o nome de anãs brancas.

De tudo isto o que é preciso guardar não são as datas, que não são in- teressantes a não ser para dar uma estimativa aproximada do fator tempo, mas o que ressalta, sobretudo, é a noção de uma evolução. Os dados modernos per- mitem predizer que, em alguns bilhões de anos, as condições do sistema solar não serão as de nossos dias. Como para outras estrelas das quais se registraram as transformações até o estágio último, pode-se prever um fi m para o Sol.

O segundo versículo citado aqui (Capítulo 36, Versículo 38) evocou o Sol, vagando para um lugar que lhe pertence.

A astronomia moderna o situa perfeitamente (e até lhe deu o nome de Ápex solar): o sistema solar evolui, com efeito, no espaço, em direção a um pon- to situado na constelação de Hércules, na vizinhança da estrela Vega (a Lyrae), cujas coordenadas estão bem estabelecidas; o movimento tem uma velocidade que foi fi xada e que é da ordem de 19 quilômetros por segundo.

Todos esses dados da astronomia mereciam ser relatados a propósito de dois versículos alcorânicos, dos quais se pode dizer que parecem concordar perfeitamente com os dados científi cos modernos.

No documento A Bíblia, o Alcorão e a Ciência (páginas 163-167)