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A primeira história é a de uma senhora vendedora e produ- tora de itens diversos, derivados de ervas locais. Este é um perfil bem típico da região Norte, pois gira em torno do comércio de produtos naturais exclusivos da região. Católica e umbandista, adquiriu o saber específico colhendo “matos” para os “trabalhos” em terreiro com a mãe. Com uma pequena banca de apenas um metro quadrado no Ver-o-Peso, criou nove filhos, sendo que três trabalham hoje no mesmo local, com bancas próprias e no mesmo ramo. Construiu casa própria, comprou terreno, casas em duas praias diferentes e está construindo agora cinco quitinetes para alugar, com a mão de obra do esposo, que é pedreiro. Tudo com anos de trabalho árduo na feira. Em seu caso, a religiosidade parece operar como contexto gerador e atualizador de disposições.

Ela é uma espécie de “mãe de santo emocional”, sem o con- teúdo espiritual das consultas religiosas, mas com o conteúdo emocional de acompanhar os clientes na condução dos rituais mágicos, envolvendo ervas que prometem serviços do tipo “segurar homem”, “engravidar”, “pegar mulher” etc. Esta senhora ficou famosa por seu carisma incomum, tem hoje um site na inter- net e já foi citada em alguns blogs por suas eficazes “receitas”.

Já foi entrevistada por figuras públicas como Gugu Liberato e Ratinho.

A história é importante para explorar a especificidade da linguagem e da prática religiosa de modo a fornecer capacidades para o trabalho.4 No geral, um traço comum destes batalhadores

é a posse de alguma capacidade de trabalho cuja origem não é o ensino formal da escola. A origem familiar desta senhora, por exemplo, foi das mais precárias. O pai abandonou a família logo cedo, quando sua mãe e os filhos chegaram a morar de favor e a pedir a ajuda de vizinhos para se alimentarem. Neste limite, o caminho da delinquência é sempre uma possibilidade. O ponto em questão é sobre o dado objetivo que permite a alguém em tais circunstâncias uma sobrevivência digna e, como em seu caso, até algo mais, ou seja, um significativo crescimento econômico ao longo de muitos anos de esforço. Geralmente, a regra sobre a origem dos batalhadores é a família estruturada, ou seja, composta por pai e mãe, na qual um ou ambos trabalham e conseguem por si mesmos assegurar uma dignidade material mínima à família.

As disposições para o comportamento econômico exigidas pelo comércio desta senhora são simples. Os itens de sua barraca não são muito caros, e a venda é realizada quase sempre à vista. Ela não precisa de noções muito sofisticadas de cálculo e adminis- tração. Não precisa reinvestir no negócio. Seu saber sobre as ervas e seu bom trato com os clientes são suficientes. Ela ainda é daquelas pessoas simples que guardam dinheiro em casa. Não utiliza bancos e cartões de crédito. Faz compras a prazo apenas em lojões de eletrodomésticos com crediário próprio.

Este caso é interessante para pensar que crescimento econô- mico não necessariamente é sinônimo de empreendedorismo. Ela não reinvestiu e expandiu o negócio, apesar de ter auxiliado três filhos a adquirirem bancas próximas às suas, o que pode ser considerado uma expansão do negócio da família. Mas não é um crescimento calculado e dirigido pela lógica racional do empreendedor. Sua ascensão e vida econômica bem-sucedida dependem também, além das disposições econômicas primárias do batalhador, a disposições para a ação que a princípio não são econômicas, mas podem se travestir em disposições econômicas de acordo com as exigências e possibilidades dos contextos econômicos de sua trajetória pessoal.

A “cordialidade”, erroneamente louvada por grande parte da sociologia brasileira como virtude inata do brasileiro, é uma delas. O jeito extrovertido e cativante parece fruto da necessidade econômica de quem precisou pedir muita ajuda na vida para sobreviver sem se render à delinquência, o que, no caso das mulheres, significa prostituição explícita ou velada. Ela também conseguiu ir além do destino da maioria das mulheres pobres com história semelhante à sua, no espaço urbano, o de empre- gada doméstica. Apresentou alguma capacidade pessoal para o trabalho autônomo. Os resultados em acúmulo de bens pessoais são a prova. A cordialidade é uma dessas disposições a princípio não econômicas, apropriadas por contextos econômicos. É uma disposição central em contextos de classe nos quais o improviso e a adaptabilidade são necessidades permanentes.

Outra disposição não necessariamente econômica é a perse- verança. Ela é uma insistência no trabalho árduo e rotineiro, que pode nada ter a ver com uma ética do trabalho no sentido mais protestante do termo, mas sim com uma capacidade de autocontenção, de insistência, que pode estar relacionada a um senso de dignidade, incorporado através de disposições para a honestidade.5 Este parece um tipo de disposição primária do

batalhador que não chega a ser um empreendedor. Assim, este tipo de batalhador também pode alcançar uma estabilidade econô- mica por um caminho diferente, um tipo de mérito alternativo àquele do batalhador empreendedor, possuidor de disposições secundárias como o cálculo prospectivo, poupança orientada e autossuperação pessoal e econômica.

Por fim, certos casos de batalhadores nos permitem pensar em ascensões econômicas que não são sinônimos de ascensão social, o que envolve mudanças nos padrões de consumo e no estilo de vida, mudanças estas geralmente relacionadas. No caso desta senhora, ela melhora seu padrão de consumo, pode fazer pequenas viagens, tem casa na praia, mas parte de seu estilo de vida permanece simples. Anda de ônibus porque não quer apren- der a dirigir, almoça a comida simples vendida na própria feira, usa roupas modestas. Por seu nível econômico atual, podemos dizer que ela mudou de classe, pois sua origem é claramente a “ralé estrutural”. Agora ela compõe a fração de batalhadores não empreendedores da “nova classe trabalhadora” brasileira.

O segundo caso é o de um vendedor de confecções no Ver-o-- -Peso, de 33 anos. Trabalhou como empregado na própria feira durante a infância e a juventude. Depois de longo percurso, ele começou com uma banca própria, na ala de roupas da feira, cujas bancas são maiores do que as da citada ala de ervas. As bancas de roupa medem entre dois e três metros de largura. Com o tempo e muito trabalho, incluiu mais duas, com a ajuda do pai, do irmão e da irmã, todos trabalhando no mesmo local, revezando-se nos horários. Este vendedor possui um segundo emprego, trabalha como segurança particular à noite, com carteira assinada, fazendo a segurança de uma escola. Este dado é interessante, considerando que é crescente a necessidade de muitos batalhadores enfrentarem mais de uma ocupação ou empreendimento para garantir sua estabilidade econômica e sua dignidade.

A rotina no Ver-o-Peso é pesada para o batalhador. Além da concorrência, o movimento nunca é muito forte, caracterizando-se como o famoso “pinga-pinga” do senso comum. Ou seja, o movimento é fraco, mas constante, “devagar e sempre”, o que não permite que batalhadores como este o abandonem, ainda que tenham uma renda fixa em outra ocupação. Para otimizar as vendas, ele procura periodicamente participar de feiras itinerantes, viajando para acompanhar os círios católicos locais, muitos deles na Ilha de Marajó. Os círios são solenidades religiosas muito fortes na região, marcados por volumosas procissões, ocorrendo em datas específicas e atraindo grande número de fiéis. Por isso, comerciantes como este procuram estar atentos a tais datas e aproveitar a oportunidade para elevar as vendas.

Este batalhador tem uma curiosa história com o boxe. Tentou a carreira como boxeador no início de seus 20 anos, viajando com um “empresário” e um grupo de jovens colegas por várias cidades brasileiras, descendo em direção ao Sudeste, chegando a morar três meses em Santos. Por fim, retornou sem sucesso. Ele também serviu o exército durante sete anos, com o qual conciliou o esporte. Em sua trajetória, o esporte surge como alternativa positiva para a canalização de disposições corporais fortes, competindo com a delinquência, possibilidade constante para jovens de origem pobre como ele. Sua história com o boxe conforma um contexto de formação e atualização de disposições para a honestidade e para o trabalho, pois o jovem pobre parece canalizar nele uma força que poderia ter servido ao crime.

Também é um contexto de possibilidade de reconhecimento do valor pessoal, no qual o jovem pobre fará sua aposta.

Algumas disposições, possivelmente derivadas desta expe- riência, podem ser percebidas hoje em seus efeitos. Seu atual trabalho como segurança não exige simplesmente o uso da força. Antes, exige uma força em potencial, que pode precisar ser mobilizada a qualquer momento. Por isso parece haver nele uma disposição para o autocontrole, provavelmente vinda do exército e do boxe. É assim que certas disposições surgidas ou atualizadas em um certo contexto podem ser apropriadas por outro totalmente distinto. Elas parecem atuar hoje em todos os trabalhos que ele opera para sobreviver. Um texto do sociólogo Loïc Wacquant sobre o boxe (2000) compreende o esporte como via de escape para negros pobres americanos, como alternativa melhor do que limpar sapatos alheios para sempre. Neste contexto, ocorre uma aposta de se fazer carreira no boxe, pelo sonho de sucesso material e fama. No Brasil, o futebol parece ser o equivalente de tal promessa de self-made man para homens de origem pobre.

No geral, cabe pensar que a “disposição desportiva” dele sin- tetiza força e autocontrole, energias vitais para a sobrevivência em fatias do mercado fortemente marcadas pelo imperativo do improviso. Outra importante disposição presente é a da hones- tidade. Ele teve uma razoável base familiar, de pais católicos praticantes, sendo o pai a grande referência moral. Este, um homem de brio, parece ter estabelecido uma relação de respeito no lar, o que se expressa na profunda admiração que o filho por ele manifesta em todas as entrevistas. Apesar de gostar de vinho, no passado, não batia nos filhos. Usava o próprio exemplo de honestidade e batalha para discipliná-los, o que arranca lágrimas do entrevistado ao falar disso. Não apenas o conteúdo pedagógico, mas também, senão principalmente, a performance do pai ao estabelecer um vínculo de diálogo e consequentemente de afeto e reconhecimento com os filhos, neste caso específico, pode ter contribuído significativamente para a não delinquência deles.

Outro ponto interessante é que seu pai veio do Nordeste, à época, com a ideia de tentar a vida em lugar menos populoso, algo comum no Norte, o que apresenta um tipo de “disposição itinerante”, que pode ter influenciado no ímpeto itinerante do filho em sair de sua cidade para tentar a vida fora e atualmente

realizar feiras itinerantes em vários lugares, para complementar a renda. Seu pai se revela satisfeito com a aposta que fez, pois com trabalho duro, tendo sido empregado de transportadora durante muitos anos, outro possível efeito da “disposição itine- rante”, conseguiu garantir a dignidade de sua família. O sucesso relativo de quem nada tinha no Nordeste e conseguiu se estabe- lecer com sua família como um pequeno comerciante digno já é motivo suficiente para jamais se arrepender, e tal satisfação possivelmente serviu de exemplo e influência para os filhos se dedicarem ao trabalho.

A rotina de consumo e os bens deste batalhador são efeitos de seu esforço e sua estabilidade básica. Ele tem casa própria, já teve moto do ano, paga atualmente um novo consórcio de moto, a filha de 11 anos tem computador e internet em casa. Vai à pizzaria todos os domingos com a esposa, que não trabalha fora, e a filha. Já pensa em como poderá trabalhar para sustentar a futura faculdade da filha. Esta possibilidade no horizonte exprime outro traço marcante dos batalhadores, a noção de que um futuro melhor para os filhos depende dos estudos. Outra característica interessante é o esforço consciente para a efetivação deste objetivo, algo que não está desde sempre garantido, como na classe média mais estabelecida, mas que exige a continuidade no esforço cotidiano de seu trabalho.

Em traços gerais, este vendedor se aproxima mais do perfil do batalhador não empreendedor. A economia de seu negócio é básica, não apresentando margem para reinvestimento. Um dado interessante é que ele utiliza dois cadernos, um para anotação diária de tudo que sai, e outro para anotação semanal dos lucros, que ele não mostra a ninguém. Ele geralmente compra tudo à vista, pois os vendedores são itinerantes, daqueles que passam no comércio para ver o que está faltando. Ele não precisa de muitas capacidades econômicas e administrativas para perceber as demandas e supri-las.

Seu comércio é principalmente de camisas de times de futebol nacionais e internacionais, e basta a ele estar atento aos resultados dos campeonatos para acompanhar a tendência das vendas. Ele apresenta como segredo de seu comércio saber falar a linguagem dos humildes, diferente daquela do “intelecto”, dos dicionários, e também estar atento às tendências da moda, devido à especi- ficidade de seu ramo. Seu comércio já chegou a trabalhar com o

cartão de crédito Visa, mas não estava sendo lucrativo. Costuma fazer compras pessoais à prestação, mas não gosta de muitas parcelas. Ainda que tenha apresentado um crescimento de anexar duas bancas ao longo do tempo, o que contou com o esforço do trabalho de três membros da família além dele, no geral é difícil considerar este comércio como um tipo de empreendedorismo ativo, que busca prever e calcular um reinvestimento, cujo resul- tado é a otimização da equação trabalho-lucro. Ou seja, ele não potencializou sua margem de lucro, mas continua com a mesma margem, ainda que utilizando um espaço físico maior.

Outro caso interessante é o de um homem solteiro de 30 anos. Ele é vendedor de cocos na bela Praça Batista Campos, no centro de Belém. Ele é loiro de olhos azuis, perfil este pouco comum nos bairros pobres de Belém, como o bairro no qual ele cresceu e ainda vive. Uma observação inicial sobre a população de Belém pode constatar um fato curioso: as ocupações mais desqualificadas são exercidas em sua grande maioria por pessoas da etnia indígena, nas quais raça e classe quase coincidem. Na possibilidade de que este dado contribua para a prática de racismo contextual, dentro desta especificidade envolvendo a etnia indígena, pareceu-nos interessante explorar a história deste vendedor loiro, o único desta cor em toda a praça.

Seu ponto tem um bom movimento de clientes, geralmente de classe média, moradores do centro, nas proximidades da praça. Muitos praticam exercícios físicos lá diariamente e assim consti- tuem uma clientela fixa. O consumo da água de coco é grande, sendo uma cultura local, devido ao calor constante que faz no Norte e ao volumoso cultivo do coco nos arredores de Belém, de onde vem a mercadoria. A praça é cercada por barracas de coco bem organizadas e padronizadas, acompanhando o nível de classe média do bairro, pois se situa em um dos melhores espaços do centro de Belém.

Este vendedor não é dono da banca, ele trabalha no regime de dividir o lucro com o dono, que não trabalha no local. O trabalho exige cálculo mínimo, responsabilidade e conhecimento sobre cocos. Ele precisa comprar dos fornecedores que aparecem no local regularmente, fazendo uma pequena especulação sobre o preço e a qualidade do produto. Uma disposição importante visível em seu caso parece ser a da autocontenção corporal para conseguir ficar muito tempo no mesmo lugar. Ele não tem

horário, abre bem cedo pela manhã e fica até a noite, sem horário para sair, de domingo a domingo. Sai apenas ocasionalmente, se precisar resolver algum assunto pessoal e para almoçar, quando deixa um colega vigiando a barraca para ele. O trabalho não é muito pesado, mas monótono e fatigante. Ele não apresenta disposições empreendedoras, o que também depende de con- textos, mas suas disposições predominantes atualmente parecem ser no sentido de disposições passivas para o trabalho enfadonho e repetitivo, combinadas com noções básicas de comércio e bom trato com os clientes.

Tais disposições possivelmente se originam em um contexto familiar de honestidade e simplicidade. O pai trabalhava em transportadora, em uma rotina de viagens, e por isso acabou sendo muito ausente enquanto ainda viviam juntos. Em alguns momentos da vida, a família precisou acompanhá-lo de uma cidade para outra, o que exige disposições para se readaptar a circunstâncias novas, geralmente difíceis em todos os aspectos, tanto econômicos quanto de rotina familiar. Tal experiência pode ter proporcionado certas disposições passivas para a decência de uma vida honesta, a perseverança em uma vida dura e a adaptabi- lidade de uma vida incerta.

O pai abandona a família ainda durante a infância do entrevis- tado, e a mãe sobrevive a partir disso como empregada doméstica, para criar sete filhos. Seu esforço foi muito árduo e ela conseguiu cumprir a tarefa, alcançando ainda o mérito de conseguir comprar uma casa com muitos anos de trabalho. Assim, ela se torna sua grande referência moral e emocional, seu grande exemplo de trabalho, perseverança e honestidade. Sua constância, entretanto, não chega a apresentar disposições secundárias para o trabalho empreendedor, o que também é o caso do filho.

Ele conseguiu terminar o ensino médio, com muito esforço, já trabalhando na época como “flanelinha”, ou seja, vigia e lavador de carros, na mesma Praça Batista Campos. Dali conseguiu evoluir para vender cocos, trabalho mais seguro economicamente, mais leve e com um status ligeiramente superior ao de flanelinha. É preciso considerar que, para esta mudança, ele apresentou certas disposições para raciocínio e responsabilidade que permitiram a alguém dar-lhe uma oportunidade de trabalhar em uma ocupação melhor, e ele conseguiu corresponder à expectativa.

Atualmente, ele faz um curso de informática dois dias na semana, com a duração de uma hora e meia a cada dia, momentos estes nos quais deixa um colega vigiando a barraca. Não por acaso, coerente com suas disposições básicas, aposta na educação como solução para todos os problemas sociais. No geral, apresenta boa capacidade de concentração e de raciocínio lógico. Fala bem e apresenta razoáveis conhecimentos gerais. Apresenta signifi- cativa autoestima no detalhe de calmamente disputar falas com o entrevistador, não se permitindo interromper enquanto concatena seu raciocínio, talvez indício este de boas disposições emocio- nais e cognitivas. Tudo isso pode ter contribuído para que tenha passado de flanelinha a responsável por um pequeno comércio, além do contexto contingente da oportunidade. No entanto, seu potencial está preso no tempo que a barraca exige dele.

Ele também parece ter uma disposição “desportiva”, que sinte- tiza força física e autocontrole. Tem uma história com o futebol, como inúmeros garotos brasileiros. Treinou em divisões de base de vários clubes de Belém na adolescência, nos quais ganhou inúmeras medalhas, e naturalmente sonhou ser um grande jogador de futebol. Mas teve que parar para trabalhar quando a mãe se adoentou. A disposição desportiva é interessante, pois concilia força e autocontrole, disposição física e mental, muito úteis à sobrevivência no mercado de trabalho. No caso dele, exige resistência física para passar quase todo seu tempo preso na barraca e manter uma espontaneidade e um bom humor para disputar suavemente os clientes transeuntes da praça sem causar irritação nos concorrentes.

Essas trajetórias individuais, independente de localidade ou região, mostram a reprodução de padrões específicos desta “nova classe trabalhadora”, e a partir disso podemos refletir sobre o que é a sociedade do trabalho atual, e principalmente o que ela é na periferia do capitalismo. Como o perfil de uma classe não se resume a traços regionais, veremos agora como na Feira de Caruaru a realidade de nossos batalhadores é bem semelhante, ainda que suas histórias individuais sejam bem diferentes.