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TEMA / ASSUNTO

3. O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA

O Poder Judiciário tem como função garantir os direitos individuais, coletivos e sociais e resolver conflitos entre cidadãos, entidades e Estado. Para cumprir estes objetivos possui autonomia administrativa e financeira garantidas pela Constituição Federal.

São órgãos do Poder Judiciário: o Supremo Tribunal Federal (STF), o Superior Tribunal de Justiça (STJ), além dos Tribunais Regionais Federais (TRF), dos Tribunais e Juízes do Trabalho, dos Tribunais e Juízes Eleitorais, dos Tribunais e Juízes Militares e dos Tribunais e Juízes dos estados e do Distrito Federal.

Os órgãos judiciários no Brasil podem ser classificados de acordo com os seguintes critérios: (1) quanto ao número de julgadores, como órgãos singulares ou colegiados; (2) quanto à matéria, como órgãos da justiça comum ou da justiça especial (Tribunal Superior do Trabalho, Tribunal Superior Eleitoral e Superior Tribunal Militar); e (3) do ponto de vista federativo, como órgãos estaduais ou federais.

O Tribunal de Justiça da Bahia, de acordo com essa classificação, é um órgão colegiado, de justiça comum e estadual. O Tribunal de Justiça da Bahia, com sede em Salvador, tem jurisdição em todo o estado e é a instância mais elevada do Judiciário estadual. Sua corte é composta por trinta e cinco desembargadores, sendo estas vagas de desembargadores preenchidas pelos critérios de antiguidade e merecimento por Juízes de Direito, reservando-se um quinto das vagas para advogados e membros do ministério público com experiência de dez anos de prática forense, notório saber jurídico e idoneidade moral.

O Tribunal de Justiça é dirigido por Mesa Diretora, constituída de um Presidente, dois Vice-Presidentes, um Corregedor Geral e um Corregedor das Comarcas do Interior. Os integrantes da Mesa são escolhidos entre os desembargadores mais antigos na Corte e exercem gestões de dois anos de duração, não podendo ser reeleitos para o cargo. (Disponível em < http://www5.tjba.jus.br/>. (Acesso em 04/10/2013).

A Justiça estadual é formada pelo Tribunal de Justiça, por Juízes de Direito, pelo Tribunal do Júri e pelos Juizados Especiais Cíveis e Criminais e suas Turmas Recursais e está estruturada em dois graus de jurisdição. O primeiro grau é composto pelos juízes de Direito e pelos Juizados Especiais Cíveis e Criminais e suas Turmas Recursais. O segundo grau é formado pelos 27 tribunais de Justiça, com sede nas capitais dos estados.

A função da Justiça estadual é processar e julgar qualquer causa que não esteja sujeita à Justiça Federal comum, do Trabalho, Eleitoral e Militar, tem, portanto, competência residual. De acordo com a Constituição Federal, a organização da Justiça estadual é competência de cada estado, observando os princípios constitucionais federais. Assim, os Tribunais de Justiça dos estados possuem suas competências definidas na Constituição Estadual e na Lei de Organização Judiciária do Estado, além de na Constituição Federal.

O Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, de acordo com o relatório Justiça em Números de 2013, teve R$ 1.543.706.516 de orçamento para 2012, sendo que 98% deste orçamento foram gastos na rubrica recursos humanos. Este comprometimento de quase totalidade do orçamento com despesas de recursos humanos está acima do que é praticado no Poder Judiciário e na Justiça estadual que destinaram 88% do orçamento, respectivamente R$ 50 bilhões (num orçamento de R$ 57 bilhões) e R$ 27,5 bilhões (num orçamento de R$ 31 bilhões) em 2012 para esta finalidade.

O relatório Justiça em Números faz parte de um sistema de estatísticas criado pelo CNJ com o objetivo de acompanhar o desempenho e o atingimento das metas de eficiência do Poder Judiciário, além de revelar as particularidades administrativas e institucionais dos tribunais e propiciar dados concretos para a formulação e o planejamento das políticas judiciárias. Desse modo, o relatório apresenta o perfil de cada tribunal a partir dos dados fornecidos pelos próprios tribunais sobre orçamento, recursos humanos, litigiosidade, congestionamento e produtividade.

Ainda com o objetivo de melhor acompanhar o desempenho dos tribunais, foi realizada a classificação destes por porte, de forma a respeitar características distintas dentro do mesmo ramo, considerando os dados de despesa total, dos casos novos, dos processos em tramitação, dos magistrados e dos servidores. Os tribunais foram classificados em três grupos: (1) grande porte, que inclui São Paulo, Rio de Janeiro, Minhas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul; (2) médio porte, que abrange Bahia, Santa Catarina, Pernambuco, Goiás, Distrito Federal, Espírito Santo, Ceará, Mato Grosso, Pará, Maranhão; e (3) pequeno porte, que inclui os demais estados.

Observa-se, assim, que dentro desta classificação o TJBA é classificado como um tribunal de porte médio. O estado da Bahia está dividido em 276 comarcas, entendidas como circunscrições judiciárias.

Quanto à força de trabalho, o Poder Judiciário como um todo conta com 390 mil servidores e 17 mil magistrados, sendo que na Justiça estadual são 258 mil servidores e 12 mil magistrados. No TJBA, por sua vez, a força de trabalho é formada por aproximadamente 12.500 servidores e 630 magistrados.

Nos últimos anos, a força de trabalho tem aumentado na justiça estadual com objetivo de reduzir o acúmulo de processos que historicamente tem assolado o Poder Judiciário. Assim, de 2009 para 2012 verificou-se um crescimento de 15% no número de servidores e de quase 6% no número de juízes. No caso do TJBA, ao contrário do observado na Justiça estadual como todo, ocorreu uma diminuição da força de trabalho, no período de 2009 a 2012, quando se observou uma queda de 2% no número de servidores e de 7% no número de magistrados.

A produtividade dos magistrados, também, tem aumentado a cada ano, sendo que no ano de 2012 cada magistrado sentenciou em média 1450 processos. Porém, apesar do aumento da força de trabalho e da produtividade, o estoque de processos, entendido como o saldo formado pelos processos já existentes somados aos casos novos e subtraídos dos processos julgados e dos baixados, tem aumentado desde 2009. Este aumento do estoque de processos é atribuído ao crescimento da demanda pelo Judiciário que resulta no aumento do número de casos novos. Assim, em 2012, o estoque de processos na Justiça estadual era de 52 milhões de processos, sendo aproximadamente 1,5 milhões destes processos referentes ao TJBA.

Um panorama da situação do TJBA pode ser traçado, ainda, a partir de algumas comparações com os Tribunais de Justiça de outros estados. Uma primeira comparação pode ser feita em relação à despesa total da justiça e a população das unidades federativas. No Quadro 4 pode-se verificar que o estado da Bahia está na segunda faixa de menor despesa total por habitante, no caso com despesas de R$101,00 a R$164,00 por habitante.

Quadro 4 - Despesa da Justiça por habitante por Unidade da Federação Despesa da Justiça por habitante Unidade da Federação

Abaixo de R$101,00 AL, CE, MA, PA, PE, PI

De R$101,00 a R$164,00 AM, BA, GO, MG, PB De R$164,00 a R$181,00 PR, RS, SC, SP

De R$181,00 a R$236,00 ES, MS, RJ, RN, TO, SE

Acima de R$236,00 AC, AP, DF, MT, RO, RR

FONTE: Justiça em Números 2013

Outra comparação possível é em relação ao número de magistrados e número de servidores por habitantes. A análise do total de magistrados por 100 mil habitantes em cada um dos tribunais revela que, nos Tribunais de Justiça de Alagoas, Bahia, Ceará, Piauí, Maranhão e Amazonas, essa proporção é inferior a 4,4 magistrados a cada 100 mil habitantes, o menor índice do país. Com relação ao número de servidores, os tribunais da Bahia, Alagoas, Ceará, Pará e Amazonas têm a menor proporção de servidores, com menos de 95,7 servidores por 100.000 habitantes.

Os dados fornecidos pelos tribunais ao Relatório Justiça em Números permitem, ainda, a elaboração de um índice de produtividade, que relaciona como insumos o total de processos em tramitação, o número de magistrados e de servidores e a despesa total do TJ com o número de processos baixado como produto. No cálculo deste índice, os tribunais de Justiça de Bahia, Mato Grosso, Piauí, Roraima e Tocantins apresentaram o pior índice de produtividade, com baixo desempenho em todas as variáveis analisadas.

Esta situação pouco favorável ao TJBA que os indicadores apontaram é coerente com a realidade relatada pelos servidores nos contatos durante o período de coleta de dados para esta pesquisa. O número insuficiente de servidores foi inúmeras vezes relatado, assim como a precariedade da estrutura física de comarcas do interior, onde faltam computadores, e diversas fontes relataram condições como mofo, presença de baratas e fezes de ratos no ambiente de trabalho.