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UM ENCONTRO COM OS MALDEQUIANOS

No documento extraterrestres (páginas 60-63)

THALER UM NETUNIANO

UM ENCONTRO COM OS MALDEQUIANOS

Ao anoitecer, entramos numa cidade populosa com ruas de pedras arredondadas iluminadas por tochas. Quase que imediatamente pus pela primeira vez os olhos num maldequiano, sentado numa sacada que dava para a rua na qual estávamos. Príncipe Brone acenou para ele e ele retribuiu. Nosso príncipe grunhiu baixinho feito um porco.

Os sons da cidade eram uma combinação de risadas, discussões violentas e gritos pesarosos. As pessoas faziam tudo o que se podia imaginar. Era um hospício. Entramos no pátio de uma casa completamente queimada e de lá tiramos à força vários invasores de outros mundos. Pusemo-nos à vontade ao redor do fogo que eles haviam acendido. De vez em quando, ao longo de toda a noite, éramos visitados por gente que queria nos vender algo ou que queria nos fazer algum tipo de proposta. Pouco antes do alvorecer, uma pessoa veio a nós vendendo pão.

Trocamos com ela três flechas por seis pães. Coate-Grol não permitiu que comêssemos o pão, em vez disso guardando-o em sua mochila.

Nosso líder nos disse que chegara a hora de partir, pois conseguíramos o que viéramos buscar. Sua afirmação me confundiu. Disse-nos, então, que desejava dar uma olhada numa base militar maldequiana localizada vários quilômetros ao norte. Um dos integrantes do grupo me disse que quando eles viram pela primeira vez a base, há vários meses, era pequena e ainda estava em construção. Evitamos as estradas, seguindo um caminho nas colinas

onduladas. Pelo meio da manhã, paramos ao lado de um riacho e fizemos uma infusão de gosto muito amargo chamada de chá pelos marcianos. Coate-Grol tomou o pão de sua mochila e começou a parti-lo em pedaços que ele distribuía a seu esfomeado grupo. De um dos pães ele pegou um pequeno recipiente de metal. Nele havia uma mensagem que ele leu, passando-a em seguida a mim, dizendo:

“Para Nodia.” Telepaticamente transmiti a mensagem a um telepata traquiano em Vitron, que mentalmente a retransmitiu a Nodia.

A mensagem dizia: “Os maldequianos iniciaram um programa de fecundação de todas as mulheres saudáveis que vivem na Terra, não importa de que mundo tenham vindo. Estão oferecendo alimentos e abrigo a qualquer mulher que consinta ser engravidada por um maldequiano do sexo masculino ou por meio de inseminação artificial. Quando a criança nascer e for entregue para ser criada pelos poderes maldequianos governantes, a mulher receberá algum tipo de recompensa material. As mulheres que não concordarem em aceitar a oferta acabam por ser capturadas e forçadas a dar à luz crianças mestiças maldequianas contra sua vontade.”

Várias centenas de milhões de maldequianos morreram quando seu planeta explodiu, mas cerca de dez milhões deles sobreviveram porque estavam na Terra à época do acontecimento. Sabendo que o pai determina a origem da essência psíquica da criança (planeta natal do pai), os maldequianos idealizaram seu plano de recorporificar aqueles de sua espécie que haviam perdido a vida quando da destruição de seu mundo. Queriam fazer isso o mais rápido possível.

Naquela tarde, deitamo-nos de bruços, observando milhares de tendas brancas do outro lado da planície. Ao lado de um tenda enorme havia um carro aéreo. Num poste ao lado da tenda, tremulava uma bandeira branca exibindo as imagens de duas cobras douradas, uma de frente para a outra. Coate-Grol sussurrou: “Nós e nosso povo podemos estar em apuros. Aquela bandeira é o emblema de Sharber o Roanner.” Sharber e Roanner eram irmãos gêmeos maldequianos que por acaso eram generais krates muito cruéis.

Nossas observações da agora imensa base militar maldequiana foram interrompidas quando fomos descobertos por uma patrulha de fronteira krate composta de 12 homens. Vestiam armaduras e elmos revestidos de ouro.

Durdler, o Skate, projetou a ilusão de 24 krates brandindo suas espadas e encarando nossos atacantes. Os krates reais gritaram com nossos krates ilusórios: “O que vocês estão fazendo’?” Depois de ouvir a frase algumas vezes, Durdler modificou sua ilusão, fazendo os krates imaginários responderem gritando aos reais: “O que vocês estão fazendo?” Na confusão, saímos correndo da área o mais rápido que pudemos. Durdler disse que tínhamos cerca de meia hora antes de sua ilusão desaparecer. Sempre desejei ter visto as caras dos krates reais quando isso aconteceu.

Evitamos a cidade na viagem de volta a nosso acampamento. No caminho de volta, pouco fizemos além de enviar patrulhas telepáticas. Queríamos evitar um ataque surpresa ao nosso acampamento por parte das forças de Sharber e Roanner, das quais escapáramos. Nodia foi informado telepaticamente de nossas expectativas.

Novo dias depois, o céu acima de nosso acampamento encheu-se de espaçonaves da Federação de todo tamanho e aparência. Centenas delas aterrissaram na planície e nas encostas das montanhas ao redor. Milhares de soldados da Federação, chamados dartargas, assumiram posições defensivas ao norte do acampamento. A medida que o faziam, passei a respirar mais aliviado.

Foi estabelecido um posto de comando no centro do acampamento e nós, do grupo de Coate-Grol, fomos os primeiros a visitá-lo e a conversar com o comandante supremo da operação. O comandante era um nodiano chamado Pen-Dronell, que também tinha o título de Segundo Senhor de Planejamento da Casa de Comércio de Cre’ator.

Pen-Dronell disse-nos que não estava lá para lutar com os maldequianos, mas que lutaria se fosse forçado a fazê-lo. Seu propósito verdadeiro ao vir à Terra era evacuar o maior número possível de marcianos. Alguns seriam levados imediatamente para outros mundos e outros seriam levados para terras no leste, permanecendo na Terra até que pudessem se tomadas providências para levá-los a planetas cujos povos nativos os acolhessem. Ele acrescentou que talvez levasse algum tempo para providenciar isso.

Cumprindo ordens, Coate-Grol voltou a Nodia com Pen-Dronell e Jaqueta Verde assumiu a liderança de nosso grupo reduzido. O acampamento parecia uma cidade fantasma. A primeira declaração de Jaqueta Verde a nós como líder foi “Vamos embora deste lugar, os maldequianos que fiquem com essas choças.” Príncipe Bronc acrescentou: “Vamos atacar os maldequianos, oink, oink.”

Jaqueta Verde coçou a cabeça e fingiu estar tomando uma grande decisão. Então disse: “Já sei! Os maldequianos estão no norte - acho que é melhor irmos para o sul.”

Quando estávamos a caminho de algum destino indefinido no sul, o tempo esfriou, então mudamos de direção rumo ao oeste por algum tempo e então fomos para o norte. Em nossa viagem, deparamo-nos com grupos dispersos de pessoas de outros mundos, algumas das quais nos contaram que na primavera seguinte tentariam cultivar a terra. De todas as pessoas que encontramos, as mais patéticas eram os gracianos, trazidos a Terra pelos maldequianos para fornecer os conhecimentos e a tecnologia usados na construção das três grandes pirâmides localizadas a

milhares de quilômetros ao leste. Como vocês sabem, a maior dessas pirâmides teve um importante papel na destruição do planeta Maldek.

Foi durante nossa permanência com um grupo de gracianos que os céus começaram a ficar negros e uma chuva interminável passou a cair. Não havia nada que pudéssemos fazer quanto a isso. Informei telepaticamente Nodia das condições extremas de tempo predominantes na Terra. Foi meu último contato. Perecemos devido às chuvas e porque não conseguimos encontrar alimentos.

NOTAS

1 - O radiar Trake é o nome nativo do corpo planetário que chamamos Netuno. A Federação o chama de radiar Crobet.

2. Veja “Através de Olhos Alienígena,” Parte 2.

3. Em “Através de Olhos Alienígenas,” Parte 3, o venusiano Churmay mencionou que Imhotep, o Grão-Vizir do antigo faraó egípcio Zoser, tinha símbolos azuis escuros na nuca.

4. Para obter informações a respeito do marciano Sharmarie, de So-Socrey e Rick Charkles, veja “Através de Olhos Alienígenas,” Parte 1.

5. Imagens tatuadas geraram a lembrança de algumas das vidas passadas do “homem ilustrado,” na história de Ray Bradbury de mesmo nome. Bradbury utilizou um tema semelhante num trecho de TI,. Martian Chronicles. Numa recente biografia televisiva de sua vida, Bradbury explicou como se instruiu sozinho indo a bibliotecas, onde passou horas incontáveis lendo. De acordo com o saturniano Trome (“Através de Olhos Alienígenas,” Pano 2).a juventude da Atlântida, em uma de suas vidas passadas naquele reino, era autodidata, frequentando bibliotecas estatais. Parece-me que os escritos de Bradbury eram baseados mais nessas experiências em vidas anteriores do que numa imaginação fértil.

Durante uma conversa telefônica, em 1964, entre o produtor televisivo Gene Roddenberry e eu, mencionei a capacidade dos Skates traquianos de produzir ilusões realistas. Subsequentemente, vários dos episódios de Jornada

nas Estrelas original adotaram a idéia de ilusões geradas. Lembro-me disso no episódio intitulado “Shore Leave,”

no qual o capitão Kirk luta com um tigre ilusório que ele acreditava real.

6. De acordo com Thaler, técnica avançada de ensino Skate é semelhante às imagens holográficas e cenários fictícios produzidos por computador na série televisiva “Jornada nas Estrelas: A Próxima Geração.” A diferença é que as imagens e cenários ilusórios são produzidos pela mente de um mestre Skate e não por um programa de computador. Seria difícil, para não dizer impossível, um computador estimular em alguém as sensações reais de ser escoiceado na cabeça por um cavalo ou picado por uma cobra venenosa, mas seria necessário um esforço mínimo para um Skate afetar mentalmente os nervos adequados no corpo de uma pessoa, dando mais realismo a uma experiência ilusória.

7. Veja no número 32 (setembro/95) da revista AMALUZ o artigo “Mestres de ROM.” Atualmente, existe um dispositivo que projeta opticamente uma ilusão e também parece explicar como as espaçonaves extraterrestres às vezes parecem surgir e desaparecer instantaneamente. O dispositivo consiste de duas tigelas de alumínio encaixadas pelas bordas. A tigela superior tem um orifício circular do tamanho de uma moeda no centro. A parte interna da tigela apresenta linhas finas gravadas por computador. Quando um objeto como uma moeda é colocada no centro da tigela inferior e a tigela superior é adequadamente colocada sobre a tigela inferior, uma imagem projetada da moeda parecerá flutuar no ar acima do orifício na tigela superior. A imagem é tão real que as pessoas tentam pegar a moeda, acreditando ser real, ficando boquiabertas quando seus dedos a atravessam. Trata-se, claro, de uma ilusão de óptica.

As propriedades ópticas da atmosfera do planeta podem desempenhar a mesma função das duas tigelas. Quando essas propriedades ópticas naturais da atmosfera se somam aos efeitos eletromagnéticos do campo de força de propulsão de uma espaçonave extraterrestre, a imagem da espaçonave real pode ser refletida para fora da ionosfera e dar a impressão de estar a milhares de quilômetros do local onde a nave está realmente operando. Se a moeda for deslocada do centro da tigela inferior, sua imagem projetada desaparecerá. Então, se uma espaçonave se deslocar nem que seja ligeiramente do local a partir do qual sua imagem está sendo projetada. essa imagem, observada talvez a muitos quilômetros de distância, instantaneamente desaparece da vista. O dispositivo das duas tigelas podia ser comprado dez anos atrás por cerca de $45 nas lojas de presentes do Museu Espacial e da Frota Aérea Reuben em San Diogo, Califórnia.

8. Thaler atribui ao príncipe Brone a autoria da piada reciclada por W.C. Fields em tempos modernos usando crianças. A versão do príncipe Brone era: “Gosto de maldequianos. mas depende de como forem cozidos.”

No documento extraterrestres (páginas 60-63)