rev bras reumatol.2017;57(1):88–91
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REVISTA
BRASILEIRA
DE
REUMATOLOGIA
Comunicac¸ão
breve
O
histograma
de
imagens
coloridas
permite
melhor
visualizac¸ão
de
danos
ecotexturais
pelo
ultrassom
Ultrasound
color
histogram
assessment
allows
better
view
of
echotexture
damage
José
Alexandre
Mendonc¸a
PontifíciaUniversidadeCatólicadeCampinas(PUC-Campinas),DepartamentodeReumatologia,Campinas,SP,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem20dejaneirode2014
Aceitoem7dedezembrode2014
On-lineem28demaiode2015
Osavanc¸ostecnológicostêmresultadoemacentuada
melho-rianaqualidadeedefinic¸ãodaultrassonografia(USG)como
instrumentodeavaliac¸ãodeestruturasarticulares,tantoque
temsidousadacommuitafrequêncianoauxíliopropedêutico
deváriostiposdepacientescomdoenc¸asosteoarticulares.1-4
Achados recentes na USG das articulac¸ões justificam um
amploespectrodeindicac¸ões,desdeaavaliac¸ãodasinovite
(SIN)articular,tendinites,bursites,seguimentodaatividade
inflamatória,monitorac¸ãoaspirativa,infiltrac¸õesguiadaspara
punc¸õesterapêuticasediagnósticas.5,6Aqualidadedos
resul-tadosdaUSGdependedascaracterísticasdoequipamentoe
doseuoperadoreexigeconhecimentodeanatomia,patologia
edastécnicaspermitidaspeloequipamento.7
O ultrassom (US) articular, como outros métodos de
imagem, pode auxiliar no diagnóstico, na evoluc¸ão e na
identificac¸ão da diminuic¸ão real dos sinais e sintomas de
váriaspatologias.8,9
Aavaliac¸ãoradiográficadetectadanosestruturaisósseos
tardiamente,jáaUSGcaracterizaalterac¸õesarticularesbem
recentese,assim,facilitaodiagnósticoinicialdaartrite
reu-matoide(AR).10OUSosteoarticularéummétododeimagem,
E-mail:mendocaja@ig.com.br
quepodeserconsideradoumaferramentasensívelemrelac¸ão
àradiografiaeapresentasemelhanteacuráciacomparadoà
ressonância.Éútiltantoparaadetecc¸ãoeoseguimentoda
atividadeinflamatóriaquantoparaaavaliac¸ãodedano
estru-turalnosdiversostiposdeartropatias.11-15
O uso da escala cinza (EC)tem sedemonstrado
instru-mento confiável na verificac¸ão de variac¸ões estruturais e
definediferentesgrausdelesãonaARenaartritepsoriásica.
Desse modoavalia aatividade dessasdoenc¸as pormeio da
caracterizac¸ãodaSIN.OUStemsereveladoimportanteno
monitoramentodetratamentocommedicac¸õesdealta
com-plexidade,comoosbiológicos.16Alémdisso,aECmostra-se
capazdeavaliaradimensãodaefusãoeaproliferac¸ãosinovial
esinalizaatémesmooperíodoemqueadoenc¸ase
encon-tra,ouseja,umaSINinicialoumesmoumajáestabelecida.
Assim,aUSGpodecomplementarostradicionaisrecursosde
avaliac¸ãoclínicanospacientescomdoenc¸aosteoarticulare
diminuir asubjetividadedoexameclínico.OUSrevelou-se
tambémmaissensíveldoqueavaliac¸õesclínicaspara
detec-tarasentesitesempacientescomespondiliteanquilosante17e
podeserumatécnicasensívelequaseespecíficaparadetectar
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2014.12.016
0482-5004/©2015ElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/
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Figura1–(A-C,Sinoviteem1ametacarpofalângica;pacientecomartritepsoriásica);A:Avaliac¸ãodesinovitepelaescala cinza(SG);BeC:Avaliac¸ãodasmesmasimagens,sinovitesexsudativa(sinalde+)eproliferativa(seta),pelospadrões indigoeRGB,pormeiodomapacolorido-Histogramadomodo–B,respectivamente.(D-F,Calcificac¸õesemligamento triangularfibrocartilaginoso(LTFC);pacientecomcondrocalcinose);D-F:Avaliac¸ãodecalcificac¸ões(setas),emLTFCdo punho,pelaSG,indigoeRGB,pelomapacolorido-Histogramadomodo–B,respectivamente.
calcificac¸ões(calcifs)departesmolesouarticulares.18É
impor-tanteousodesondalineardealtafrequênciaquevariede
18MHzparaEC,naavaliac¸ãodepequenasarticulac¸õese
estru-turassuperficiais.
OUScom sondalinearde altafrequência,além de
per-mitirumamelhorresoluc¸ãopelaEC, conseguecaracterizar
padrõesdeimagenscoloridaseevidenciamelhorodano
eco-texturalmusculoesqueléticoinstalado.Éocasodeimagens
coloridaspadrãoRGB,quesãoformadaspelainformac¸ãode
coresprimáriasaditivas,comoovermelho(R-Red),verde(G
-Green)eazul(B-Blue),“orange”,“indigo”,“magenta”,“blue”
e“yellow”,egeramumhistograma,consideradoúnicopara
uma determinadaimagem, um método simples, oferecido
pelamáquinadeUS,umrecursoquepertenceaosoftwaredo
modo-B.
Astécnicasdemodificac¸ãodeumhistogramasão
conheci-dascomotécnicaspontoaponto,umavezqueovalordetom
decinzade umcertopixelapós oprocessamentodepende
apenasde seuvalororiginal. Emcontraste,nastécnicasde
processamentode finalizac¸ão da imagem colorida, o valor
resultantedepende,dealgumaforma,dospixelsque
circun-damoelementodeimagemoriginal.
Diversastécnicasdemodificac¸ãodadistribuic¸ãodospixels
na EC podem ser implantadas a partir do conceito de
transformac¸õesdeintensidade,ouseja,umaimagemoriginal
emumnovotomdecinza,naimagemdedestinoeaumentam
seucontrasteeadefinic¸ãodalesãoemestudo.
Oconceitodetransformac¸ãode intensidadelinearpode
serusadoparaimplantarumafunc¸ãoqueautomaticamente
expandeaescaladetonsdecinzadeumaimagemparaque
ela ocupe todo o intervalo possível. Essa func¸ão recebe o
nomedeautoescala. Paraumsistemaqueoperacom
ima-gensem256níveisdecinza,umafunc¸ãodeautoescalapode
serimplantada,paracadapixelcomumtomdecinzaecada
tomdecordiferente.Aequalizac¸ãodeumhistogramaéuma
técnicaapartirdaqualseprocuraredistribuirosvaloresde
tonsdecinzadospixelsemumaimagem.Paratanto,usa-se
umafunc¸ãoauxiliar,denominadafunc¸ãodetransformac¸ão,
paraessamesmaimagememcores.
Oobjetivodosmodelosdecoresépermitiraespecificac¸ão
de coresemumformato padronizadoeaceito portodos.19
Adetecc¸ãodeSINecalcifspormeiodeumhistograma,ou
seja,padrõesdeimagenscoloridas,frente àECpode
facili-taraidentificac¸ãodedanosestruturaisecográficoseoferece
uma melhoracurácianas medidas e umdiagnóstico mais
precisodalesãoestudada,principalmenteemsituac¸õesque
geramdúvidasdeanálisedasimagens.OpadrãoRGBpode
melhormostrarumaSINexsudativadeumaSIN
prolifera-tiva,quandotemosemumasóestrutura umtipomisto de
90
rev bras reumatol.2017;57(1):88–91Figura2–(A-C,Medidasdeárea,emcm2decalcificac¸ões(calcifs)emligamentotriangularfibrocartilaginoso;pacientecom condrocalcinose)-Avaliac¸ãodecalcifspelospadrõesdeescalacinza,indigoeRGB,respectivamente,confirmadaspela presenc¸adeecotextura“branca”,idênticaacorticalósseadaulna.
calcifs, pois esse dano ecotextural, nesse padrão,
apre-sentaecotexturaidênticaàcorticalósseaediferenciaesses
achados quandoseencontram empartesmoles,como em
tecidosinovial(fig.1).
Assim,avaliamos 10pacientes,commédiade40,7anos,
dois do sexo masculino e oito do feminino. Foram feitas
104 medidas emcm2 de SIN e calcifs em recessos dorsal
radiocarpal(RDR),emligamentotriangularfibrocartilaginoso
(LTFC) de punhos, dorsal de metacarpofalângicas (MTCF),
suprapatelar,lateralemedialdosjoelhos.Quatropacientes
apresentavamdiagnósticodecondrocalcinose,cincode
oste-oartriteeumdeartritepsoriásica.ParacadamedidaemEC
houve umamedidapara cada padrão deimagem colorida,
feitaemmomentosdiferenteseàscegas,paranãoserem
vis-tasoulembradasasmedidasanteriores.Foiusadoparaanálise
decorrelac¸ão-SpearmanoprogramaIBMSPSSStatistics19.
Obtivemos média±SD dos padrões de imagens: RGB
SIN 16,96cm2±0,25; indigo SIN 6,43cm2±0,07, RGB
cal-cif 0,03cm2±0,00; indigo calcif 0,06cm2±0,03; EC SIN
16,13cm2±0,35eECcalcif0,56cm2±0,01.
Correlac¸õesdospadrõesdeimagenscoloridas:RGBRDR
SINeindigoRDRSIN:r=1,0(p<0,01);indigoRDRSINeRGB
suprapatelar SIN: r=1,0 (p<0, 01); RGB MTCF SINe indigo
MTCFSIN:r=1,0(p<0,01);indigoRDRcalcifeRGBLTFCcalcif:
r=1,0(p<0,01)(fig.2).
OspadrõesdemedidasRGBeindigocorrelacionadoscom
ECparaSINecalcifsnãoforamestatisticamentesignificativos;
opvariouentre0,333e0,667.
OspadrõesdeimagenscoloridasdaEC,representadospelo
histograma,avaliamSINecalcifs pelostonsRGB,“orange”,
“indigo”,“magenta”,“blue”e“yellow”.OspadrõesRGBeindigo
parecemmelhordelimitaressesdanosecotexturais,pormeio
deumamelhorvisualizac¸ão,detectadapelasmedidasdeárea
emcm2.
Essaidentificac¸ãodedanosestruturaispeloUS,pormeio
deumhistogramadeimagenscoloridas,nuncafoi
anterior-menteanalisadanessaformaparaasdoenc¸asreumatológicas,
mashánecessidadedefuturosestudosquefortalec¸amesses
achadosUSG.
Conflitos
de
interesse
Oautordeclaranãohaverconflitosdeinteresse.
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s
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