• Nenhum resultado encontrado

Mana vol.10 número2

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Mana vol.10 número2"

Copied!
3
0
0

Texto

(1)

za r a d im e n sã o e xp e rie n cia l, ta m b é m p rocu ra circu n scre ve r a in te rp re ta çã o d e ssa e xp e riê n cia . Se , p or u m la d o, o con te ú d o d o q u e é e xp e rie n cia d o é in form a d o cu ltu ra lm e n te , p or ou tro, a p e n a s a tra vé s d a e xp e riê n cia a s re p re se n -ta çõe s cu ltu ra is se torn a m sig n ifica ti-va s n o n íve l p e ssoa l.

Pa ra e xp lica r com o a m ú sica n o con te xto ritu a l d a folia d e re is p rod u z a e xp e riê n cia d o “ e n ca n ta m e n to” n os p a rticip a n te s, Re ily, e m d iá log o com a u tore s com o Rich a rd Ba u m a m , M a u ri-ce Bloch , J a m e s Fe rn a n d e z, J oh n Bla c-k in g , e n tre ou tros, a va n ça n a d iscu ssã o d a s p rop rie d a d e s e sp e cífica s d e sse m e io com u n ica cion a l. In icia lm e n te , a tra vé s d e a b ord a g e m p e rform a tiva , p rocu ra m ostra r com o, n o con te xto ri-tu a l, a com u n ica çã o se torn a p rog re ssi-va m e n te m a is m u sica l, form a liza d a e re p e titiva n a m e d id a e m q u e d im in u i se u ca rá te r re fe re n cia l e se m â n tico. Em se g u id a , e a in d a d ire ta m e n te lig a d a à id é ia a n te rior, m ostra com o e ssa e stru tu ra se q ü e n cia l e fixa d o ritu a l e stá e n -volvid a p or u m a m u ltip licid a d e d e m e ios com u n ica cion a is, cria n d o u m a g lom e ra d o d e e stím u los se n soria is q u e se a rticu la m form a n d o a m p la s re d e s d e a ssocia çõe s. N o te rce iro m om e n to, a n a -lisa com o a p e rform an ce m u sica l, a o p rom ove r “ a e xp e riê n cia ritu a l d a re la-te d n e ss” (:14), con trib u i d e cisiva m e n la-te p a ra a cria çã o d e u m m u n d o id e a l m o-ra lm e n te con stitu íd o. Pa o-ra d e se n volve r e sse ú ltim o p on to, a a u tora p a rte ta n to d a ob se rva çã o d a s in te ra çõe s con cre ta s d u ra n te o fa ze r m u sica l q u a n to d a a n á -lise d a s con ce p çõe s d os foliõe s sob re m ú sica . Por m e io d e u m a m in u ciosa “ e tn og ra fia d o fa ze r m u sica l” ce n tra d a n a s re la çõe s socia is d e p rod u çã o m u si-ca l, e la m ostra com o a socia b ilid a d e é o ob je tivo ú ltim o d o fa ze r m u sica l.

Esse s d ois n íve is (sociológ ico e o p e rform a tivo) a rticu la m -se d e m od o

com p le xo n a a n á lise d e Re ily. A p e rfor-m an ce rfor-m u sica l é , se rfor-m d ú vid a , o e ve n to p rivile g ia d o p a ra q u e se ob se rve m e s-sa s a rticu la çõe s, e é a p róp ria a u tora q u e m sin te tiza e sse im p orta n te p on to: “ O p od e r p e rsu a sivo d o ‘e n ca n ta m e n to’ se e n con tra e m su a ca p a cid a d e d e p e r-m itir q u e os p a rticip a n te s visu a lize r-m -se d e n tro d a ord e m m ora l d e su a s cre n ça s re lig iosa s. Pa rticip a n d o d o fa ze r m u si-ca l, con stroe m e se colosi-ca m d e n tro d e u m a re a lid a d e a lte rn a tiva q u e lh e s p e r-m ite a d q u irir vislu r-m b re s tra n sitórios d e u m m u n d o g ove rn a d o p or su a s visõe s d a le i n a tu ra l d e De u s” (:219).

A p e rsp e ctiva d e se n volvid a e m Voice s of Th e M ag i p or Su ze l Re ily va i m u ito a lé m d e u m a a n á lise form a l d os son s e m si, d a m ú sica com o p rod u to, con ce n tra n d o-se p rim ord ia lm e n te n a in ve stig a çã o d a s in te ra çõe s socia is e n volvid a s n a p rod u çã o m u sica l. Em su m a , p od e m os a firm a r q u e u m a d a s con -trib u içõe s orig in a is d e sse in stig a n te e su g e stivo tra b a lh o e stá e m n os re ve la r a s a m p la s p ossib ilid a d e s a n a lítica s d e u m ob je to q u e , a p e sa r d e sig n ifica tivo e m m u itos con te xtos d e p e sq u isa , te m sid o p ou co te m a tiza d o n a a n trop olog ia .

VASCONCELOS, Luís. 2003. Heroína. Lisboa como t errit ório psicot rópico nos anos novent a. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais. 146 pp.

Catarina Frois

In stitu to d e C iê n cia s Socia is d a Un ive rsid a d e d e Lisb oa

H e roin / w ill b e th e d e ath of m e H e roin / it’s m y w ife an d it’s m y life (“ H e roin ” – Ve lve t Un d e rg rou n d )

H e roín a. Lisb oa com o te rritório p sico-tróp ico d os an os n ov e n ta, d e a u toria d e

(2)

RESEN HAS 437

Lu ís Va scon ce los, te m com o b a se a su a te se d e m e stra d o e m a n trop olog ia , d e -fe n d id a n o ISC TE. Ap ós su a le itu ra , fi-ca m os com a se n sa çã o d e q u e e sta m os d ia n te d e u m a ob ra b e m e scrita , b e m p e n sa d a e q u e su g e re q u e o a u tor e stá p re p a ra d o p a ra n ovos vôos e e stim u -la n te s in cu rsõe s p e los “ te rritórios” q u e fa ze m a a n trop olog ia .

À se m e lh a n ça d o q u e te m su ce d id o com tra b a lh os d e ou tros a u tore s — vid e , p or e xe m p lo, o vol. XXXIV, n º 153 d a re vista A n álise S ocial (2000), n om e a d a -m e n te os a rtig os d e M ig u e l C h a ve s e Artu r Va le n tim , ou a e xce le n te e tn og ra -fia re a liza d a p or Lu ís Fe rn a n d e s (1998) e m u m b a irro d a cid a d e d o Porto —, sm os con vid a d os a re fle tir, d e forsm a in o-va d ora e p e rtin e n te , sob re a e q u a çã o ci-d a ci-d e -ci-d rog a -m arg in alici-d aci-d e (s).

Prop on d o-se a fa ze r “ u m a a n á lise in te rp re ta tiva d o d iscu rso d e u tiliza d ore s d e h e roín a ” (:13), o a u tor ofe ore ce -n os u m a ou tra d im e -n sã o d a cid a d e d e Lisb oa , d e com o o u so d e d rog a s m a rca a s ca lça d a s, ru a s e e sq u in a s, com os se u s p róp rios te m p os, ch e iros e se n ti-d os. Pa ra ta l, u tiliza o ti-d iscu rso ti-d ire to e p e ssoa l d e se is in form a n te s — trê s h o-m e n s e trê s o-m u lh e re s, se n d o q u e d ois d e le s se con stitu e m com o ca sa l — q u e , n o m om e n to e m q u e fora m con ta cta -d os, e sta va m p rocu ra n -d o in te rrom p e r o u so d e d rog a s, te n d o re corrid o a C e n tro(s) d e Ate n d im e n to a Toxicod e p e n -d e n te s (C AT) e m Lisb oa .

O livro e stá d ivid id o e m cin co ca p ítu los. O p rim e iro forn e ce u m a in trod u -çã o a o ob je to d e e stu d o e tra b a lh o d e ca m p o e o q u in to re m e te a u m a con clu -sã o g e ra l. Alé m d e ste s, te m os trê s ca p í-tu los q u e con stií-tu e m o corp o ce n tra l d a ob ra e q u e , p e la form a com o sã o a p re se n ta d os, q u a se q u e p od e ria m se r con -sid e ra d os isola d a m e n te , a p e sa r d e e s-ta re m p e rfe is-ta m e n te a rticu la d os e n tre si. O u se ja , tê m p rin cíp io, m e io e fim ,

com o se e stivé sse m os n ós p róp rios, com o a u tor e a s p e rson a g e n s q u e n os a p re se n ta , n os in te rstícios d e u m a h is-tória vivid a e vive n cia l.

Fa lo d e h istória e d e p e rson ag e n s p orq u e é ju sta m e n te a q u i q u e Lu ís Va scon ce los re ve la a p e rtin ê n cia d o tra b a lh o fe ito: m a is d o q u e sim p le s n a r-ra tiva s q u e o e tn óg r-ra fo re in te rp re ta à lu z d a s te oria s socia is, o a u tor ca p ta a e ssê n cia d os re la tos q u e lh e sã o fe itos, com p re e n d e n d o q u e os se u s in form a n te s p e rform a tiza m o se u p róp rio d e -se m p e n h o e ra cion a liza m d u p la m e n te o se u p a ssa d o e o u so d e d rog a s, à lu z n ã o só d a s su a s e xp e riê n cia s d ia n te d e si m e sm os, m a s ta m b é m d e se u s in te r-locu tore s. O q u e n ã o sig n ifica , com o o p róp rio a u tor re con h e ce , q u e e ste ja d ia n te d e “ u m a e sp é cie d e d e riva fic-cion a l” (:17) le va d a a ca b o p or a q u e le s q u e e stu d a .

O ca p ítu lo II tra ta d os “ itin e rá rios d e u so” d os se is in form a n te s, d e sd e q u e in icia ra m o con su m o d e d rog a s a té o m om e n to e m q u e fora m e n tre vista d os e q u e p a ra ra m (ou n ã o) com e ste u so. A d e scriçã o d o a u tor p e rm ite -n os visu a li-za r a q u e le s q u e ire m os a com p a n h a r, b e m com o o se u p e rcu rso d e vid a , d e sd e a tom a sd a sd a p rim e ira sd rog a ou b e -b id a a lcoólica , à u tiliza çã o h a -b itu a l (e p re fe re n cia l) d e h e roín a , e a a ltu ra d a vid a e m q u e d e cid e m a b a n d on a r o con -su m o e p rocu ra r a ju d a te ra p ê u tica .

(3)

a q u e le s q u e com e le s p riva m d o con su m o d e d rog a s e , a in d a — e é fu n d a -m e n ta l e ste p on to, u -m a ve z q u e re ve la q u ã o b e m o a u tor con se g u iu a p re e n d e r o se u ob je to d e e stu d o —, n a in tim id a -d e e , p o-d e ria m os -d ize r m e sm o, n a a fe c-tivid a d e e n tre os toxicod e p e n d e n te s e os e sp a ços on d e com p ra m e con som e m d rog a s (C a sa l Ve n toso, p or e xe m p lo — u m d os in te rlocu tore s re fe re -se à n os-ta lg ia q u e se n te q u a n d o vê o b a irro n a te le visã o), n os ob je tos q u e u sa p a ra “ o fa ze r” (a se rin g a , a colh e r, o a to d e “ b om b e a r” — p u xa r o sa n g u e p a ra d e n tro d a se rin g a — (:86) e n a p róp ria d rog a . “ [A]h e roín a con ve rte -se n u m e le m e n to d e u m a n ova re a lid a d e q u e , p a ra a lé m d os ob je ctos d e a fe cto q u e p rop orcion a , se va i e xp a n d in d o p e los loca is on d e é fa la d a , troca d a ou ve n d i-d a e p or u m a a g ê n cia q u e va i a i-d icio-n a icio-n d o a u m te rritório já coicio-n h e cid o u m n ovo e sp a ço socia l a e xp lora r e a co-n h e ce r” (:87).

Ain d a n o se g u im e n to d e ssa id é ia , é d e sa lie n ta r o ca p ítu lo IV, re fe re n te à form a com o e sse s a tore s fa ze m u so(s) d o(s) te m p o(s) e d o(s) e sp a ço(s), e e m q u e o a u tor p rocu ra re con ce itu a liza r e d iscu tir a lg u m a s d a s id é ia s d e fe n d id a s p or e stu d iosos d a m a té ria . C on sid e ra n -d o q u e e sse s su je itos, e n te n -d i-d os com o h ip e rq u otid ia n os (:91), e m ve z d e fa ze -re m u m corte ra d ica l e a b solu to com a q u e le s q u e n ã o tê m a m e sm a p rá tica , e sta b e le ce m , p e lo con trá rio, re la çõe s d e in te ra çã o e d in â m ica s a b solu ta m e n te con scie n te s, p e rm a n e n te s e a té fu n d a m e n ta is p a ra a form a com o con d u ze m a s su a s vid a s. O a u tor com p re e n -d e q u e o toxico-d e p e n -d e n te fa z u m u so p rivile g ia d o d o te m p o, a p rop ria n d o-se d a cid a d e , d a s su a s rotin a s, d os se u s te m p os; re con h e ce q u e o a tor, n ã o só n ã o e stá p or fora d e u m a d in â m ica h e -g e m ôn ica , u m a ve z q u e com e la e stá e m p e rm a n e n te in te ra çã o, com o é , e le

m e sm o, e le m e n to d a ce n tra lid a d e q u e cria e m torn o d a su b stâ n cia .

A cid a d e d e Lisb oa re ve la -se n e sta ob ra com o p a lco e ce n á rio d e p e rson a -g e n s e ta re fa s q u e os a tore s se p ro-p õe m e n ce ta r ro-p a ra le va r a b om te rm o a a n g a ria çã o d o d in h e iro n e ce ssá rio p a ra a s tom a s d iá ria s. A su p osta g rá vid a q u e corre a Ba ixa d e Lisb oa ; o C a sa l Ve n to-so q u e , p a ra a lé m d e loca l d e com p ra e u so d e d rog a , é ta m b é m loca l d e tra b a -lh o e re sid ê n cia ; a fe ira d a La d ra on d e é p ossíve l ve n d e r ob je tos p e ssoa is ou rou b a d os. Em su m a , os lu g a re s g a -n h a m u m a -n ova d im e -n sã o cog -n itiva , te m p ora l e e sp a cia l, re p le tos d e op or-tu n id a d e s, e m p e rm a n e n te in te ra çã o com n ã o u tiliza d ore s e u su fru in d o d os se u s h á b itos e m p rove ito p róp rio. M a is d o q u e n u n ca , fa ze m se n tid o e xp re s-sõe s com o “ itin e rá rio” , “ te rritório” , “ via g e m ” , “ p e rcu rso” , com o se se tra -ta sse d e u m p asse io p e la cid a d e , u m a visita g u ia d a a tra vé s d e ou tros olh os q u e n os d e sve n d a m ou tra s re a lid a -d e s/ vive n cia li-d a -d e s/ e xp e riê n cia s...

Lu ís Va scon ce los m ostra -n os d e q u e form a se fa z e tn og ra fia d e vivê n -cia s e e sp a ços on d e n ã o se e ste ve n e m se vive u , sa b e n d o a p e n a s ou vir e d e s-trin ch a r re la tos vivos — n a s su a s p ró-p ria s ró-p a la vra s: “ [É] a h u m ild a d e d e a ce ita r q u e a s p e ssoa s, q u a isq u e r q u e se ja m , tê m a lg o d e im p orta n te a d ize r sob re a s su a s p róp ria s vid a s.” (:18) —, ou se ja , tra n sm ite -n os n e ste e n sa io a im p ortâ n cia d a ca p a cid a d e d e ou virm os a q u e le s d e q u e virm / p a ra q u e virm fa la -m os q u a n d o d a p rod u çã o d e con h e ci-m e n to a n trop ológ ico.

Referências

Documentos relacionados

azul esverdeada. A adição desse radical a um meio contendo antioxidantes permite avaliar, através do grau de descoloração, sua capacidade antioxidante. Alguns autores sugerem o

referido, diferenciam-se t rês vert ent es: o Observat ório como pont o de encont ro, o cent ro de encont ro de est udiosos e especialistas do t errit ório e a

Poder, hierar- quia e reciprocidade: saúde e harmo- nia ent re os Baniw a do Alt o Rio Ne- gro. Rio de Janeiro: Edit ora Fiocruz (Coleção Saúde dos

Rio de Janeiro: Edit ora Fiocruz (Coleção Saúde dos

Int ri- gas e questões: vingança de família e t ramas sociais no sert ão de Pernam- buco.. Rio de

Int ri- gas e questões: vingança de família e t ramas sociais no sert ão de Pernam- buco.. Rio de

Voices of The M agi: Enchant ed Journeys in Sou- t heast Brazil.. Chicago e London: The University of

Lisboa como t errit ório psicot rópico nos anos novent a.. Lisboa: Imprensa de