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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.2 DESCRIÇÃO DOS DADOS OBJETO DA ANÁLISE DE CONTEÚDO

4.2.2 Descrição dos Dados Unidades de Contexto

4.2.2.7 Ação coletiva: motivações, participação social e dilemas

As unidades de registro denominadas Motivações da Ação Coletiva, Participação Social e Dilemas da Ação Coletiva foram vinculadas às respectivas unidades de contexto e representadas pelos fragmentos de suporte para a fase de descrição, conforme ilustração nas redes objeto dos Apêndices J, K, L e M.

No plano das motivações da ação coletiva, a centralidade restou alocada nas políticas públicas no que tange ao Consórcio Público Intermunicipal (docs. 7, 8, 9, 10, 11). Ditas motivações se espraiam em torno da racionalização de recursos, do ganho de escala, da redução de custos financeiros (docs. 7, 8, 9, 11, 12), bem como da minimização dos custos de transação e de informação no campo das interações dos atores (doc. 8). A ampliação da escala do desenvolvimento para planos regionais também emergiu do conteúdo como motivadora da ação coletiva por preponderância (docs. 7, 8, 10, 11), muito embora contraposta por posição sobre a baixa probabilidade de os Consórcios se voltarem a questões regionais (doc. 9).

Observou-se, ainda, um outro propósito de destaque no âmbito dos Consórcios relacionado à atuação como Advocacy – no sentido de representar os interesses de seus associados, inclusive no contexto de uma agenda regional e no de receber recursos financeiros de entes supralocais (doc. 11). A esse respeito cabe citar Consórcios objeto de estudo de caso como o CISMAE/PR6 (doc. 8) e o CODIAM/PB7 (doc. 12), que indicam entre seus objetivos obter recursos nas esferas supramu- nicipais. Cita-se, ainda, o CIF8 (PR/SC) pela relevante fonte de financiamento advinda de transferências orçamentárias do governo federal – tida como principal indutora de adesões de outros municípios ao consorciamento (doc. 11).

Em outro estudo de caso envolvendo também o CIF, ficou registrada a percepção sobre o privilégio da destinação de recursos federais para demandas consorciadas, em detrimento das isoladas, e o protagonismo do governo federal no repasse de recursos ao CPI (doc. 7). O doc. 9 também aponta a indução por

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Consórcio Intermunicipal de Saneamento Ambiental do Paraná. 7

Consórcio de Desenvolvimento Intermunicipal da Área Metropolitana de João Pessoa. 8

transferências financeiras de entes supramunicipais, mas o exemplo associa-se a recursos estaduais. Os segmentos que servem de suporte ao levantamento dos dados constam do Apêndice J.

Na unidade de registro participação social concernente aos CPIs, emergiram do conteúdo segmentos arrolados no Apêndice K. Deles constam a indicação das Assembleias Consorciais como ambiente participacionista (docs. 7, 12), bem como os Conselhos Fiscais integrados por representantes da sociedade civil e vereadores em seu bojo (doc. 7). Sobre o Consórcio CIF, sobressai o dado a respeito da existência de reuniões entre membros do arranjo e representantes da sociedade civil (doc. 7). Contudo, a falta de associação pelos cidadãos das entregas públicas aos Consórcios foi anotada como atributo da referida unidade de registro (docs. 8, 11), assim como a fragilidade da participação nos processos decisórios em observação (docs. 7, 8, 11, 12).

Em que pese o exposto, emergiram do conteúdo a indicação de instrumentos para o fortalecimento da participação. Entre esses citam-se: os relacionados à encampação de processos de governança (docs. 7, 8) e a criação e ampliação de canais que tornem o movimento participativo efetivo (doc. 10). Citam-se, também, a contemplação da dimensão educativa da cidadania, com o empoderamento do cidadão para participação efetiva da forma cooperativa espelhada pelo CPI (doc. 11).

A outra unidade de registro enfocada – dilemas da ação coletiva – se expressa por meio da identificação dos problemas e óbices no trato dos comuns, tendo em conta aspectos sobre a preservação da sustentabilidade dos recursos e dos arranjos consorciais. Como contexto no âmbito dos CPIs, foram identificadas as unidades constantes do Apêndice L, onde se constatam dilemas de diversas ordens que podem afetar a ação coletiva cooperativa, entre os quais: traições, rivalidade, isolamento, baixa interação, precariedade no diálogo federativo, limitação financeira, administrativa, política, orçamento inflexível para investimento. Além destes, despontaram as incertezas quanto aos ganhos passíveis de aferição (doc. 9), a fragilidade deliberativa no processo decisório e a baixa interação entre atores (doc. 12). Foram, ainda, arroladas a esse título as assimetrias advindas do porte populacional e o desenho das regras de distribuição de custos (doc. 9), a

concentração de poder em determinados atores (doc. 12), as distinções socioeco- nômicas (doc. 11) e a falta de indução de níveis federativos supralocais (doc. 10).

Por fim, divergências ou interferências político-partidárias ora apareceram como óbices à ação coletiva cooperativa (docs. 12, 10) ora como ausentes nos cenários abordados (docs. 10, 11, 12). A justificativa, neste último caso, relaciona- se ao foco na solução de problema comum (docs. 8, 10, 12) avançando-se para a superação dos impasses, especialmente com amparo nas perspectivas da boa governança (doc. 7).

Em outro giro, tendo como ponto de partida que o congressista representa a população na decisão sobre a destinação de recursos de uso comum, as unidades de registro vinculadas à categoria ação coletiva relativas às emendas orçamentárias individuais estudadas tiveram os respectivos segmentos acoplados na rede objeto do Apêndice M. A título de motivação, no campo de tais emendas o conteúdo atribuiu centralidade às políticas públicas distributivas e localistas (docs. 1, 2, 3, 4). As redes formadas entre prefeitos e congressistas na relação da destinação de recursos para os municípios e o apoio do político local na vinculação do respectivo crédito ao parlamentar apresentam-se com o cunho utilitarista na prevalência de interesses pessoais (docs. 1, 2).

Logo, muito embora as TDVEPIs possam espelhar ações coletivas que enfoquem critérios de eficácia, eficiência e efetividade das políticas públicas, não foram identificadas essas motivações no conteúdo específico. Ressalva-se a anotação sobre a possibilidade de alguma política pública específica constar no radar do parlamentar (doc. 1), bem como a possibilidade de o partido, em situações específicas, influenciar a condução de interesses de caráter mais amplo (doc. 5).

Sob a perspectiva da participação popular, emergiram do corpus específico apenas fragmentos acerca da retribuição dos cidadãos, por meio do voto, ao congressista que se vincula à política pública sustentada pelo recurso das emendas orçamentárias (docs. 1, 2, 5). Isso mesmo sendo controvertida a questão sobre o impacto das EPIs no resultado eleitoral. De qualquer modo, o cenário de existência de vínculo entre o cidadão e o político se mostrou mais efetivo para fins de ampliação da capacidade de pressão da população em torno da entrega coletiva efetiva (doc. 6).

Por fim, os benefícios localistas a custos nacionais, com suposta distribuição inadequada de recursos, ganham feições de dilema da ação coletiva (doc. 1). A seguir, apresentam-se os textos-síntese que expressam as unidades de registro e o detalhamento da frequência relativa ao propósito do estudo.

4.2.3 SÍNTESE DOS SIGNIFICADOS DAS UNIDADES DE REGISTRO E