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3 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.3 TRATAMENTO DOS DADOS: UNITARIZAÇÃO E CATEGORIZAÇÃO

3.3.1 Categorias de Análise e Unidades de Registro: definições

Os dois eixos temáticos representativos das Categorias de Contexto puderam ser analisados para fins de alcance do objetivo desta pesquisa por meio das Categorias de Análise advindas das unidades do conteúdo específico extraídas com auxílio do software Atlas TI. A figura 9 carrega a definição constitutiva de cada uma delas, que equivale, segundo Vieira (2004), ao conceito do constructo oferecido por autores que integram o referencial teórico aportado na pesquisa.

FIGURA 9 - CATEGORIAS DE ANÁLISE: DEFINIÇÕES CONSTITUTIVAS

Embora as categorias de análise e os elementos que a compõem se façam presentes do conteúdo específico, inclusive expressos pelos respectivos termos comportamento, liderança, ação coletiva e regras (formais e informais), dito corpus não fornece os conceitos de todos os constructos. Assim, a definição constitutiva de cada uma das categorias de análise, descrita na figura 9, foi extraída, sobretudo, do quadro teórico geral (VIEIRA, 2004).

Ditas categorias foram expressas por elementos que figuram como unidades de análise ou de registro, as quais, em fase subsequente, estão vinculadas a unidades de contexto (BARDIN, 2011). As unidades de registro deram suporte à categorização (MEIRELES; CENDÓN, 2010) e estão agrupadas no quadro 19, em que se expõem os termos da respectiva operacionalização.

QUADRO 19 - CATEGORIAS DE ANÁLISE E UNIDADES DE REGISTRO - OPERACIONALIZAÇÃO CATEGORIAS

DE ANÁLISE UNIDADES DE REGISTRO OPERACIONALIZAÇÃO

REGRAS DO JOGO

Regras formais

Esta unidade se expressa por meio do panorama das principais regras componentes da estrutura jurídica positivada no sistema brasileiro, focali- zando-se as vinculadas a atributos cooperativos. Regras informais

Esta unidade de registro se expressa por meio da identificação dos principais atributos advindos de regras informais, vale dizer, não positivadas e encampadas em contextos determinados.

COMPORTAMENTO POLÍTICO

Metas políticas

Esta unidade de registro se expressa na

identificação de apontamentos sobre objetivos do prefeito e do parlamentar no plano do

consorciamento intermunicipal e no das emendas orçamentárias individuais.

Estratégias políticas

Esta unidade de registro se expressa pela listagem dos principais meios utilizados pelo prefeito e parlamentar no plano do

consorciamento intermunicipal e no das emendas orçamentárias.

LIDERANÇA

Atores ocupantes da condição de líderes

Esta unidade de registro se expressa no conteúdo por meio da identificação dos atores indicados como lideranças no âmbito do Consórcio Público e da modalidade de Transferências Orçamentárias em análise.

Papel da liderança

Esta unidade de registro se expressa no

conteúdo por meio da identificação dos principais papéis dos líderes em relação ao Consórcio Público e à modalidade de Transferências Orçamentárias em análise.

AÇÃO COLETIVA

Propósitos da ação coletiva

Esta unidade de registro se expressa no

conteúdo por meio da identificação das principais motivações a partir das quais emerge a ação coletiva.

Atributos da participação social

Esta unidade de registro se expressa por meio da identificação dos atributos que descrevem a presença do cidadão nos processos decisórios atinentes ao contexto estudado.

Dilemas da ação coletiva

Esta unidade de registro se expressa por meio da identificação dos principais problemas e óbices no trato dos comuns.

Seguiram-se assim as considerações de Bardin (2011) de que as categorias são rubricas representativas de um conjunto de elementos – conjunto este denominado pela autora como unidades de análise ou de registro. A respectiva compreensão das unidades de registro é alcançada por meio de unidades de contexto. A delimitação do contexto observa as questões neoinstitucionais esquematizadas no quadro 20.

QUADRO 20 - QUESTÕES NEOINSTITUCIONAIS QUESTÕES INSTITUCIONAIS QUESTÕES INSTITUCIONAIS VOLTADAS A CONSÓRCIO PÚBLICO QUESTÕES INSTITUCIONAIS VOLTADAS PARA EMENDAS ORÇAMENTÁRIAS PARLAMENTARES 1. Como as instituições

afetam o comportamento do indivíduo?

Como o Consórcio Público Intermunicipal afeta o comportamento dos atores (indivíduos ou organizações)?

Como as transferências de recursos por emendas parlamentares afetam o comportamento dos atores (indivíduos ou organizações)?

2. Como os atores se comportam?

Como os atores se comportam? Instrumental e estrategicamente para maximizar benefício? Racionalmente, mas influenciados

preponderantemente pela interpretação da situação?

Como os atores se comportam no processo de emendas orçamentárias? Instrumental e estrategicamente para maximizar benefício? Racionalmente, mas influenciados preponderantemente pela interpretação da situação?

3. O que fazem as instituições nesse comportamento?

O que fazem os Consórcios Públicos nesse comportamento dos atores? Oferecem certeza relativa acerca do comportamento de outros atores? Fornecem informações que afetam a imagem dos atores e as preferências que os conduzem para ação?

O que fazem as emendas orçamentárias nesse comportamento? Oferecem certeza relativa acerca do comportamento de outros atores? Fornecem informações que afetam a imagem dos atores e as prefe- rências que os conduzem para ação?

4. Como as instituições se mantêm? Como as instituições podem manter o interesse dos seus integrantes?

Por que o Consórcio Público pode manter o interesse de seus

integrantes? Por servir ao atendimento dos dilemas de ação coletiva e os atores vislumbrarem mais perdas com a não adesão? Por representarem construção coletiva que resiste a transformações e rupturas abruptas, eis que estruturam decisões individuais dos próprios atores?

Por que destinar emendas

orçamentárias a Consórcios Públicos? Por visar ao atendimento dos dilemas de ação coletiva e os atores

vislumbrarem menos perdas com transferência de recursos para um único município?

5. Como as instituições influenciam os resultados das políticas públicas e qual seu papel na intermediação de interesses e nos processos de ação coletiva?

Como os CPI influenciam resultados das políticas públicas e qual sua relevância na explicação desse resultado? Eles tornam o curso da política mais facilitado? Mudam a posição relativa dos atores? Qual a relação entre Consórcio Público Intermunicipal e comportamento?

Como as transferências orçamentárias processadas por emendas parlamentares individuais ao OU influenciam os

resultados das políticas públicas e qual sua relevância na explicação desse resultado? Elas tornam o curso da política mais facilitado? Mudam a posição relativa dos atores na função de mediação dos recursos?

Qual a relação entre emendas orçamentárias e comportamento? FONTE: Adaptado de Hall e Tayllor (2003), Souza (2003, 2006).

As unidades de contexto estão presentes nos resultados da pesquisa, donde se alcançam os conceitos e comunicações extraídos do corpus teórico específico, agregados a considerações sobre os dados do OU afetos às transferências voluntárias operadas por emendas orçamentárias individuais relativas ao período 2015-2017. O recorte temporal foi definido tendo em conta dois fatores. O primeiro em decorrência do teor da emenda constitucional n.º 86/2015, que alterou parte das regras que regem a modalidade de transferência por meio de emendas (BRASIL, 2015). O segundo, em face da ausência de uniformidade na definição da tipologia das transferências discricionárias voluntárias antes da edição pela STN da Nota Técnica n.º 14/2015 – COINT/SURIN/STN/MF- DF (STN, 2015).

Por fim, tendo em vista os objetivos da pesquisa, sumarizam-se no quadro 21 os procedimentos metodológicos apropriados.

QUADRO 21 - TRAJETÓRIA METODOLÓGICA

continua TÓPICO DESCRIÇÃO Tema Planejamento Urbano e Regional com foco na municipalidade e desenvolvimento local

e regional

Título Consórcios Públicos Intermunicipais e Emendas Orçamentárias Individuais: indução recíproca pela ação coletiva.

Problema de Pesquisa

De que modo as transferências discricionárias voluntárias processadas por emendas parlamentares individuais ao Orçamento da União incentivam a cooperação

federativa intermunicipal formalizada por consórcios públicos?

Objetivo Geral

Investigar de que modo as transferências discricionárias voluntárias processadas por emendas parlamentares individuais ao Orçamento da União figuram como incentivo à cooperação intermunicipal formalizada por consórcio público.

Objetivos Específicos

Descrição Forma de Atingimento

Identificar elementos que estabeleçam o nexo teórico e normativo entre Consórcio Público Intermunicipal e Transferência Discricionária Voluntária

Pesquisas bibliográfica e documental

Evidenciar o volume de recursos transferidos

voluntariamente por emendas parlamentares individuais no âmbito do Orçamento da União para Consórcios Públicos Intermunicipais, no período de 2015 a 2017, relacionando-o com o total.

Pesquisa documental

Mapear as principais motivações para a criação e manutenção dos CPIs vinculadas a políticas públicas secundárias.

Pesquisas bibliográfica

Analisar o alinhamento entre a destinação das emendas orçamentárias enfocadas e o apontamento constitucional de cooperativismo interfederativo, a partir da prioridade do repasse dos recursos para CPIs.

Pesquisa bibliográfica, documental e análise de conteúdo

QUADRO 21 - TRAJETÓRIA METODOLÓGICA

conclusão TÓPICO DESCRIÇÃO Teoria central Abordagem Neoinstitucional

Categorias de

contexto Consórcios Públicos Intermunicipais e Emendas Individuais ao OU Categorias de análise Regras do jogo, Comportamento político, Liderança e Ação coletiva

Levantamento bibliográfico

Pré-análise e Exploração em dois blocos. O primeiro desdobrado do corpus advindo das disciplinas do PPGPGP e o segundo amparado em levantamento bibliográfico sustentado em descritores correspondentes aos eixos temáticos “Consórcio(s) Público(s)” e “Emenda(s) Orçamentária(s)”.

Recorte longitudinal e abrangência amostral

Dados Secundários Levantamento dos dados

Temporal: 2015 a 2017 em face da data da normatização das emendas impositivas (Emenda Constitucional 86/2015) e da classificação das Transferências orçamentárias pela STN (Nota Técnica n.º 14/2015/COINT/SURIN/STN/MF-DF.

Bibliográfico - com

descritores temáticos: 2013- 2017 (SCIELO, SCOPUS e Web of Science)

Nacional: Orçamento Geral da União

Documental - Painel do Cidadão (www.transferencias abertas.planejamento.gov.br) FONTE: A autora (2018).

A coleta atinente às emendas parlamentares ao Orçamento da União foi realizada entre 1.º e 4/11/2018 e entre os dias 9 e 11/01/2019, por meio do painel do cidadão, constante no Painel de Transferências abertas integrado ao então denominado Ministério do Planejamento. A ferramenta permite o acesso a dados das transferências voluntárias, a partir da aplicação de filtros como o relacionado ao ano da assinatura, bem como dimensões, indicadores e métricas.

Foram as seguintes dimensões utilizadas para acesso aos dados referidos: natureza jurídica, o órgão superior, nome do Proponente, UF e Município. Emenda parlamentar e tipo parlamentar figuraram como indicadores, e o valor empenhado acumulado figurou como métrica. A opção pelo empenho possibilita observar a fase da despesa associada ao ano do orçamento.

Os resultados alcançados pela pesquisa constam arrolados no capítulo a seguir, onde se inserem as duas últimas fases do processo de análise de conteúdo correspondentes à descrição e interpretação (MOARES, 1999), bem como apontam-se elementos do estudo relacionados ao contexto brasileiro.