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1 INTRODUÇÃO

2.1 TEORIA CENTRAL: NEOINSTITUCIONALISMO

2.1.1 Neoinstitucionalismo Histórico, Escolha Racional e

As vertentes neoinstitucionais se caracterizam por aspectos como centralidades, elementos a que se atribuem relevância, preferências e perspectivas dos atores, compreendidas por meio das inferências expressadas no quadro 2.

QUADRO 2 - VERTENTES NEOINSTITUCIONAIS - ASPECTOS SOBRE PONTOS CENTRAIS

continua ESCOLAS

NEOINSTITUCIONAIS ASPECTOS SOBRE PONTOS CENTRAIS

Neoinstitucionalismo Histórico

Centralidades: Conflito de grupos por recursos escassos e a busca por explicação sobre desigualdade na distribuição desses recursos (HALL; TAYLOR, 2003); relações entre política, Estado e sociedade sob a diretriz de que a preferência do cidadão é moldada tanto por atores coletivos, quanto por instituições à luz de sua própria história (IMMERGUT, 2007).

Atribui relevância: para história e para o contexto.

Preferência dos atores: natureza flexível (ANDREWS, 2005), moldada por causalidades advindas de fatores de contextos, pela história, pelas ideias (IMMERGUT, 2007), por autointeresse, por percepções subjetivas advindas de regras, papéis, identidades e por práticas sociais (SOUZA, 2006).

Perspectiva dos atores: calculadora e cultural (HALL; TAYLOR, 2003), esta última de caráter normativo menos explícito (CAMPBELL, 1998).

Desigualdade: redução depende de descentralização de autoridade, mas políticas redistributivas definidas concentradamente não refletem, irremediavelmente, em pork barrel (ARRETCHE, 2010).

Apontamento: Ineficiência do padrão de transferência dos interesses do cidadão por meio de partidos políticos ou grupos de interesses (IMMERGUT, 2007).

Escolha Racional

Centralidades: Instituição é criada com perspectiva de ganhos e benefícios advindos da cooperação (ANDREWS, 2005; HALL; TAYLOR, 2003), para estruturarem interações, influenciar escolhas, fornecer informações, reduzir incertezas sobre comportamentos (HALL; TAYLOR, 2003); Instituições figuram como as regras do jogo (IMMERGUT, 2007; NORTH, 2018).

Atribui relevância: para parte formal e rígida onde estão as regras consideradas determinantes exógenos do comportamento político, sem incorporar as normas informais (DIMMAGIO; POWEL 1997).

Preferência dos atores: natureza fixa, voltada para ampliação da função-utilidade em favor dos atores (ANDREWS, 2005) que aplicam racionalidade para maximizar chances de atingir interesses próprios (IMMERGUT, 2007).

Perspectiva dos atores: calculadora (HALL; TAYLOR, 2003). Desigualdade: vida política corresponde a dilemas de ação coletiva

compreendidos pela noção de que a ação voltada para maximizar interesses dos atores conduziria a um resultado menos satisfatório para a coletividade (HALL; TAYLOR, 2003). A abordagem não enfatiza aspectos de justeza ou melhoria de regras institucionais (IMMERGUT, 2007).

Apontamento: preocupação com coalizões, em geral compostas por acordos voluntários para diminuir os custos de transação e com mecanismos de

estruturação da relação principal-agente (HALL; TAYLOR, 2003). Esta relação tem por foco a assimetria informacional entre proprietário e aqueles por ele destacados para administrar sua propriedade (OLIVEIRA; PISA, 2015).

QUADRO 2 - VERTENTES NEOINSTITUCIONAIS - ASPECTOS SOBRE PONTOS CENTRAIS

conclusão ESCOLAS

NEOINSTITUCIONAIS ASPECTOS SOBRE PONTOS CENTRAIS

Insitucionalismo Sociológico

Centralidades: Formas da ação e regras restritivas, enfatizando a relação entre estabilidade, legitimidade e poder, bem como concebendo a institucionalização como processo cognitivo composto por cenários, regras e classificações (DI MAGGIO; POWELL, 1997); a cultura é associada à rede de hábitos geradores de modelagem comportamental (HALL; TAYLOR, 2003).

Atribui relevância: para as ideias, valores e rotinas consideradas de importante influência nos resultados das políticas, pois conformam estruturas ou quadros cognitivos que restringem ou orientam a ação dos atores (CAMPBELL, 1998). Preferência dos atores: estratégia complementada pelo entendimento mútuo, ante sua natureza instrumental e interpretativa (ANDREWS, 2005).

Perspectiva dos atores: culturalista, no sentido da restrição cognitiva (CAMPBELL, 1998) advinda de modelos de ação e de interpretação de

comportamento fornecidos pelas Instituições (HALL; TAYLOR, 2003; DI MAGGIO; POWELL, 1997).

Desigualdade: a institucionalização age por intermédio de organizações para reduzir diferenças locais (DI MAGGIO; POWELL, 1997).

Apontamento: a Instituição gera significados (IMMERGUT, 2007) e espelha produto da atividade humana influenciando atores individuais e coletivos, e, deles sofrendo influências (DI MAGGIO; POWELL, 1997); as formas e procedimentos institucionais são encampados não necessariamente em face da respectiva eficácia, mas por serem considerados práticas culturais (HALL; TAYLOR, 2003). FONTE: A autora a partir dos autores referenciados.

O neoinstitucionalismo atribui importância às lideranças no plano da formação de coalizões e articulações, no fornecimento de informações, na transformação de preferências e redefinição de significados (MARCH; OLSEN,1983). Frey (2000a) argumenta que as limitações de racionalidade do processo de decisão não decorrem exclusivamente da falta ou excesso de informações, mas também de regras gerais e entendimentos que influenciam as interpretações e o agir das pessoas.

Acrescenta-se que o cenário expresso pelo neoinstitucionalismo histórico se forma por elementos opostos ao do voluntarismo ou da igualdade nos processos decisórios. A vertente considera que são conferidos a alguns grupos de interesses maiores poderes de participação que para outros (HALL; TAYLLOR, 2003). Contudo, Ostrom (2007) sustenta que impactos em interações e resultados sofrem alterações significativas quando se insere a comunicação entre atores nos contextos decisórios, elemento que favorece a busca da conformidade nas ações e normas.

O núcleo teórico comum (IMMERGUT, 2007) e a possibilidade de intercâmbio entre as escolas institucionais (HALL; TAYLOR, 2003) justificam a combinação dos elementos presentes nas versões no novo Institucionalismo. Essa possibilidade de intercâmbio e combinação de elementos é praticada neste estudo, sem se limitar a uma ou outra abordagem, inclusive porque o debate estabelecido tem natureza multidisciplinar e se sustenta em autores de várias áreas do conhecimento, como ciência política, sociologia, administração e economia.

Ostrom (2005) defende, ainda, a possibilidade de se usar um conjunto de ferramentas para análise de componentes universais integrantes da estrutura que afeta o comportamento de atores e respectivos resultados. Dentre ditos componentes estão as respostas sobre quais movimentos podem ser adotados pelos atores, quais resultados estão disponíveis e de que forma os resultados são valorizados. Além disso, a autora argumenta sobre a necessidade de se valer de mapas ou estruturas conceituais que auxiliem nessa análise, como o sistema apresentado a seguir.