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3. A PRODUÇÃO DO ANTICOMUNISMO NO RIO GRANDE DO NORTE

3.7. A formação da identidade católica no Rio Grande do Norte

Neste mesmo contexto se encontra a discussão da homenagem a Mauricio de Nassau. Era uma maneira da Igreja norte-rio-grandense se projetar na busca de definir uma identidade no estado. Com esses propósitos foi dado início a formação dessa identidade por meio da utilização dos postulados da modernidade como afirma Peixoto:

Neste sentido, deve-se lembrar que obra de Paulo Herôncio originou o esforço rumo à beatificação e canonização dos mártires de Cunhaú e Uruaçu, reorganizando a compreensão do conhecido episódio da ocupação holandesa, dos idos coloniais, enquanto reação contra o regionalismo centrado em

285 Idem.

286

138 Recife, os protestantismo, a maçonaria, o liberalismo e as posições de esquerda em sua época”.287

Se fazia necessário na década de 1930 se firmar as questões política, social e moral no Rio Grande de Norte, a Igreja Católica do estado foi a responsável pela formação identitária como forma de superar a Crise de 1935288 no estado. Coube a Igreja formular essa identidade baseada nos preceitos do catolicismo, atrelados aos seus posicionamentos políticos e sociais, principalmente, no processo de formação pela ‘colusão’ com os princípios defendidos pelo integralismo. Toda essa preocupação na formação identitária resultou, consequentemente, na produção do espaço católico do Rio Grande do Norte, no sentido que compreendermos como a formação de uma espacialização. 289 A categoria espacialização se define como uma relação entre vários espaços, neste caso, a relação entre o local e o nacional, por um processo constante de reelaboração do espaço em que reafirmam por meio da formulação de identidades, de forma ativa e reflexiva. A categoria espacialização se concretiza através da identidade. Como afirma Peixoto:

A espacialização seria uma operação em que vários espaços e tempos foram tomados conjuntamente – outras espacializações, locais, regionais e nacionais. O sentido da espacialização não é apenas passivo ou dirigido, mas ativo e também reflexivo. Toda espacialização é uma des-espacialização e uma desconstituição de outras espacializações precedentes ou contemporâneas e que, enquanto desloca – ativa e masculinamente -, a espacialização também recebe e concebe – passiva e femininamente -, possibilitando-se, deste modo, o deslizamento do tempo para a alocação do inventado, fabricado ou reelaborado – o Mito. Assim, a espacialização é a operação em que vários espaços e tempos locais, regionais e nacionais são conjuntamente tomados/recebidos. 290

A Igreja norte-rio-grandense, em menos de um ano, após o Levante de 1935, se posicionou espacialmente na região do oeste potiguar com o surgimento da Diocese de Mossoró no ano de 1936, com D. Jayme Câmara sendo seu primeiro bispo.

287 PEIXOTO, Renato Amado. Por Deus, pela Pátria e pelo Rei – Os Holandeses no Rio Grande do Norte e a fabricação dos conceitos acerca do espaço na década de 1930’. Revista de História Regional, v. 20, p. 398-414, 2015.

288 PEIXOTO, Renato Amado. Op. cit., p. 1. 289 PEIXOTO, Renato Amado. Op. cit., p. 401. 290

139 Além da importância dos aspectos econômicos e sociais dessa região, Mossoró era também o núcleo de formação do Partido Comunista no estado, o que vemos a justificativa da escolha do local para a nova expansão diocesana no Rio Grande do Norte. A criação de novos espaços diocesanos já era uma preocupação por parte da Elite Eclesiástica e este pode ser promovido. Com o respaldo do governador Rafael Fernandes, a Igreja norte-rio-grandense pode articular as primeiras medidas em relação a sua fundação, resultando na aprovação pela Assembleia Legislativa do estado de uma lei que determinou o orçamento para a construção do patrimônio diocesano na cidade de Mossoró.

Como bem sabemos a região do Alto Oeste norte-rio-grandense onde se localiza a cidade de Mossoró foi também o local de formação dos primeiros núcleos do PCB, assim como também dinamizou a influência desde partido na formação de vários sindicatos, como o apoio dado aos operários salineiros da região. O artigo ‘Mossoró e o operariado’291 vem demonstrar a atuação da Igreja em contestar a influência do comunismo e a divulgar suas consequências em greves e reivindicações ocasionadas pelos sindicatos.

Entendemos que o propósito por parte da Igreja em se firmar frente às demais regiões do estado era uma preocupação de poder melhor intervir nas decisões políticas, bem como confirmar sua autonomia e influência. A Igreja buscou construir dioceses e outros núcleos que correspondessem com as demandas do estado, para trabalhar no sentido de constituir uma maior articulação com o poder numa das principais regiões do estado. A participação na dinâmica política passaria, portanto, a ter um agente político em Mossoró, que estaria incumbido de se firmar sua ação doutrinária nos ditames católicos.

Dessa forma, entendemos que a Igreja se projetou espacialmente como forma de dominar as principais regiões do estado, articulando os novos espaços diocesanos em relação aos antigos espaços políticos, o que levou a uma maior intervenção eclesiástica na administração, como estratégia de melhor dominar e expandir sua atuação no poder.

Como resultado, se organizou melhor espacialmente na configuração territorial do estado, traduzindo um processo já em curso no nível nacional, a Expansão Diocesana, e encetando sua presença nos principais núcleos econômicos e de liderança política, o Seridó e a região de Mossoró, com isso, a Igreja norte-rio-grandense se tornaria, doravante, um ator político atuante e relevante nas principais questões políticas do estado.

291

140 O artigo vem demonstrar que, com a participação de Dom Jayme Câmara como bispo da Diocese de Mossoró, os objetivos e impactos alcançados nessa cidade após a intervenção eclesiástica com a fundação do Primeiro Circulo Operário Catholico São José e o surgimento de uma Capela num bairro operário, em reverência a São José. Assim, o autor define a influência do comunismo na região atrelada ao descaso que a população dessa região sofreu nos últimos anos.

O communismo não é só questão de degenerescência, de malvadeza. É muitas vezes – e esse era o caso do operariado mossoroense, uma resultante do abandono, da ignorancia, um phenomeno de dôr, de desespero, pelo desprezo votado a uma classe laboriosa e digna. Cura-se mais pelo amôr do que pela violência, portanto, pela religião de Christo, que foi operario.292

A Igreja se auto afirma como a única que possa reverter à situação dos comunistas no estado. Cabe apenas a ela pela sua doutrina a reparação do erro dos operários de terem pertencido à doutrina de subversão. A Igreja conseguiu aos poucos afastar as influências do comunismo realizando como “o antigo communista se transforma, innumeras vezes, num decidido apostolo christianismo”. 293

O próprio estatuto do Círculo Operário Catholico São José vem expresso no jornal 294

A Ordem, nos chamando a atenção para os objetivos e as normas dessa intervenção, como

também para demonstrar que a Igreja não se comporta de forma indiferente à vida operária, pois a instituição teria a preocupação de manter e preservar as boas exigências sociais para essa classe. Uma de suas ações seria a criação do Círculo Operário que dá respaldo e apoio as exigências da classe operária. Pelas obras sociais que a Igreja manteria as boas relações com essa classe, e ao mesmo tempo cumpriria o seu papel de articulador da bondade e da boa moral na sociedade. O autor deixa claro que o catolicismo não é uma religião apenas para os ricos, pelo exemplo de Jesus Cristo prevalece mais a sua finalidade em direção aos menos afortunados. Os Círculos Operários também estariam difundidos em todo o país, pois esta era

292 Idem.

293 Idem.

294 Diocese de Mossoró. Sum mula dos Estatutos do “Circulo Operario Catholico de São José, de Mossoró. In: A Ordem, 6 de março de 1937. p. 1.

141 uma das medidas encontradas para a aproximação da Igreja em relação aos operários: “A questão operária não interessa somente á caridade, mas também à justiça”. 295

Os “Principios básicos” dos Círculos Operários eram encíclicas “Rerum Novarum, de Leão XII e Quadragesimo Anno, de Pio XI”296 , apontadas como os pilares para a concretização da questão social. Um desses princípios buscaria, exatamente, o “repudio á lucta systematica e violenta de classes” 297

, não podendo ser adeptos dos Circulos Operários os que estivessem participando nos movimentos de esquerda:

Não pode continuar como socio o que adopta principios extremistas, como communistas, socialistas, os filiados a seitas ou associações secretas, o indisciplinado, o condemnado por crime infamante, o que se torna indigno por seus actos ou se mister de vida, o que procura illudir a Directoria ou tratar por conta da associação pessoas estranhas a ella, emfim o que trahir os ideaes da classe. 298

Um dos objetivos dos Círculos era a integração da vida social e cultural do operário à doutrina católica e além disso previa a associação mútua pelo cooperativismo, na criação de sindicatos católicos. Assim, vejamos estatuto:

1) Cultura catholica, intellectual, moral, social e physica, por meio de escolas, conferencias, etc.

2) Assistencia social carinhosa e efficiente nas officinas, escolas e lares; 5) Promover o syndicalismo catholico e cooperativismo genuíno; 7) Combater o communismo, pela diffusão da verdade. 299

A virada para a questão social, neste período, será uma das mudanças e estratégias utilizadas pela instituição eclesiástica, para a defesa dos ideais católicos contra o sistema comunista. Padre J. Cabral300 dará novamente a sua contribuição para o anticomunismo católico analisando a importância da massa na sociedade, onde os ideais comunistas prevalecem ao operariado. Ele chama a atenção para o mal do comunismo, que utiliza a essa classe em específico para a “subversão completa da sociedade” e, para a disseminação da 295 Idem. 296 Idem. 297 Idem 298 Idem 299 Idem. 300

142 desordem social e política pela revolução comunista. Nesse sentido, Cabral coloca a situação em duas posições antagônicas Roma e Moscou:

Dia a dia a separação dos campos sociaes e politicos se extrema e se definem dois grupos antagonicos, entre os quaes não pode haver meio termo nem contemporização alguma: o catholicismo e o communismo – Roma, séde do vigario de Jesus Christo, e Moscou, onde assenta a tenda dos ministros da Anti-Igreja. 301

Para padre J. Cabral, não bastava mais apenas o assistencialismo com projetos de caridade para auxiliar aos operários. Para alcançar os objetivos de afastar as influências do comunismo, “nas mãos dos propagandistas incendiarios e dos agentes da internacional”, a Igreja teria que possuir novas estratégias com ações que interviessem diretamente em de auxílio à vida do operariado, para que este pudesse obter melhoria em seus recursos com o respaldo dos ensinamentos da moral cristã.

Portanto, segundo Cabral, a encíclica Rerum Novarum, que seria a base que todos os cristãos teriam para os acontecimentos da modernidade teria de ser pensada por meio da nova situação do operariado, por isso fora formulada a encíclica Quadragessimo Anno, no intuito de melhor orientação aos cristãos sobre a questão social com a formação das organizações dos operários. É a Igreja que forneceria, por conseguinte, a solução para os males da contemporaneidade contra as “tendencias anarchicas e entregue aos elementos de subversão da ordem publica”. 302

Noutro artigo, ‘Maçonaria e Comunismo’, a maçonaria seria associada ao comunismo e identificada como tendo os mesmos propósitos, seja no amparo fornecido desde o início a guerra civil espanhola, ou, dando apoio à “sovietização da Espanha”.303

Através do jornal “O Século” de Lisboa, seu autor, evidencia a relação de um espanhol, membro da esquerda, Fernando de Los Rios, ao companheirismo “das forças do mal da Frente Popular do Sr. Largo Caballero”. Evidencia que é a “maçonaria francesa” que fornece todo apoio até em armamentos e munições por contrabando à Espanha. E afirma que a maçonaria esteve presente desde o início da revolução comunista.

301 Idem.

302 Idem 303

143 Foi a maçonaria francesa – escreve “O Seculo” que deu a voz de rennir. Foi ella que agitou essa poderosa e amoral organização internacional sempre prompta a promover a desordem e a empregar todos os meios, desde os mais violentos aos mais covardes, para impor aos povos o seu jugo e levar ao triumpho os seus interesses, que se fixam em todos os ramos da actividade humana e pretendem vencer, onde quer que irrompam, quer para a conquista do poder, quer para os diversos fins moraes, politicos e sociaes. 304

Noutro artigo, ‘O Rotary e a Igreja’ salienta-se que outras instituições como o Rotary atuaram também na ajuda mútua e na intervenção em outras nações no que envolve a questão social. O Rotary continuaria a ser uma das noticias que prevaleceria, inclusive, em relação ao discurso anticomunista no jornal A Ordem. O autor chama a atenção do leitor para o Rotary como algo suspeito para a Igreja devido a “sua moral sem Christo e pelas sympatia que a maçonaria lhe devota” 305

.

O autor demonstra que a imprensa católica de Natal estaria fazendo uma campanha contra seus adeptos na cidade e que tem o apoio dos demais órgãos católicos como a revista A Ordem e a revista espanhola Razon y Fé, além do jornal A Tribuna de Recife306. A maçonaria como entidade de nível internacional seria relacionada com o Rotary, utilizaria dos objetivos do rotaryanismo como uma das estratégias na efetivação aos princípios da maçonaria pelos vários países: “Também já disse o Osservatore que o Rotary tem laivos de protestantismo e maçonico”. 307

Não é possível ser bom catholico e bom rotariano. O Rotary prescinde da religião para elaborar a sua moral. A questão é o gosto de servir. Não se lembra que a maçonaria ( e alias o proprio proprio conferencista da ultima semanal entre nós reconhece) usa linguagem e methodos parecida: fraternidade, philantrophia... para despistar. 308

Tanto como na Maçonaria, o Rotary também teve participação de sacerdotes da Igreja, por isso a campanha também se faz tanto aos leigos como os pertencentes ao catolicismo, a advertência para a não participação nesta entidade é um das estratégias utilizadas para evitar

304 Idem.

305 O Rotary e a Igreja. In: A Ordem, 17 de abril de 1937. p. 1. 306 Idem.

307 Idem. 308

144 da maçonaria alcançar seu êxito. O autor avisa que ainda não existia uma condenação formal da Igreja em relação ao mal do Rotary como já existia da maçonaria, porém muitos bispos já haviam se pronunciado contra os perigos que poderia causar. Assim, faz o apelo para os que desejem o melhoramento da sociedade que possam se integrar aos preceitos e a participação na Ação Católica.

Mais um dos pontos indispensáveis que verificamos na formação da identidade norte- rio-grandense aconteceu na cidade de Currais Novos, localizada na região do Seridó com a programação do 2° Congresso Eucarístico Paroquial de Currais Novos. Este iniciou no dia 27 a 31 de outubro de 1937 e as notícias que informam sobre a sua realização deixam claro que um dos seus motivos era a luta contra o comunismo.

Tendo a liderança do padre Heroncio, o Congresso Eucarístico contava ainda com um hino cuja letra era de sua autoria. Este hino remete à questão dos valores nacionais atrelados a tradição católica e que a continuação desses valores sejam orientados no lar, na escola, no quartel, no campo e nas oficinas, enfim, nos lugares que eram a busca incessante da intervenção dos princípios católicos. Vale lembrar que esse mesmo hino foi também o hino do Congresso Eucarístico da cidade de São José de Mipibú.

HINO DO CONGRESSO EUCARÍSTICO DE CURRAIS NOVOS:

Rei Eterno, ó Deus Humanado, Suplicamos aos Céus com fervor: Que nos venha o Teu Reino sagrado,

O Reinado da paz e do amor! Glória a Ti, ó Mistério querido,

Ó Milagre sublime de amor! Glória a Ti, ó Jesus escondido, Cristo Rei e dos povos, Senhor!

Ó Jesus, na Santa Eucaristia, O Brasil, que é Teu, vem salvar! Nossa Pátria querida que, um dia,

Ao nascer, te ergueu um altar! Com a Tua presença ilumina

145 A noss’alma, a escola e o lar.

No quartel, no campo, na oficina, Vem, com Tua Doutrina, reinar! 309

O jornal A Ordem trouxe as informações sobre o Congresso no artigo “A Christo Rei”310

que apresentou os motivos da sua celebração. Lamenta todas as dificuldades do momento presente com as guerras e os males acarretados pelo comunismo e pelo nazismo, assim a festa de encerramento do Congresso serviu para lembrar que acima de todas as problemáticas deveria considerar Cristo “como o primeiro chefe”.

Não deixas, porém, de ser rei temporal, de dominar os corpos como as almas, as sociedades como os santuarios intimos das consciencias.

Não ha lei sem tua Lei. Em teu nome falam os nossos chefes. Não ha direito contra o teu direito, e o preceito que despreza a tua vontade é vil tyrania. E’s o Rei. 311

O artigo coloca que a Igreja dá autonomia na administração aos estados, porém, quando se virem ameaçados os valores defendidos pelo catolicismo, por meio de ideias que prevalecem a os ideais de “Raça, de Humanidade, de Classe ou de Sciencia!”, a Igreja logo intervém para a implantação ao “Culto da Divindade” e para a retomada da ordem. Nesse sentido, proclama a distinção entre o “bem e o mal” e entre o “Odio e o Amor” e, adverte para os males atuais, quando cabe à Igreja um papel na centralização da humanidade. Neste contexto, anuncia os males originados dando os exemplos das perseguições acarretadas a Igreja pela Guerra Civil Espanhola.,

Vê a nossa humanidade.

Vê a pobre Espanha em sangue. Ahi muitos heroes tombaram aos gritos de “Viva Christo Rei”, para que reines, oh, Christo, na Catholica Espanha. Vê os estados paganizados. Vê as insidiosas perseguições dos que não podendo alcançar o teu corpo glorioso, procuram ferir os membros de teu Corpo Mistico. 312

309 Hino do 2º Congresso Eucarístico de Currais Novos. Letra: Mons. Paulo Herôncio de Melo. Música: Monsenhor Amêncio Ramalho. Disponível em:

<https://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Her%C3%B4ncio_de_Melo> Acesso em 10 de jul. 2016. 310 Fr. M. Sebastião Tauzin O. P. A Christo Rei. In: A Ordem, 30 de outubro de 1937. p. 1. 311 Idem.

312 Idem.

146 O Congresso Eucarístico foi uma das estratégias e ações por parte do corpo eclesiástico para a formulação de uma das camadas do processo de espacialização norte-rio- grandense, pois estaria produzindo a fundamentação para a identificação deste numa nação católica. É inerente à formação do discurso que preza pela eminência de uma identidade norte-rio-grandense a busca de sum formalização, e ao mesmo tempo, de sua legitimação. Porém é uma identidade respaldada pelo pensamento católico e seu posicionamento no campo social e político que ainda roga na década de 1930 pela luta contra os ideais da modernidade, prevalecendo um discurso não apenas contra o comunismo, mas contra o laicismo e a ciência:

Abençôa o Grande Brasil. Que o espetro horrivel do laicismo não paire sobre as suas Leis.

Que o phantasma do communismo não perturbe o somno tranquillo de suas crianças.

Que os terriveis males da sociedade sem-Deus o não attinjam.

Amparado por tuas mãos, terá o Brasil prosperidade social e economica. Crescerá, subirá.

Oh Christo Rei, Vive, Reina, Impera. 313

Vale lembrar que durante as cerimônias do Congresso além da presença do bispo de Natal Dom Marcolino Dantas e do bispo de Mossoró Dom Jaime Câmara, dos cônegos padre Paulo Heroncio, do Monsenhor Landim, vigário da Catedral de Natal e da participação de entidades católicas e colégios, houve também a participação de deputados estaduais do Partido Popular, como o Deputado Mariano Coelho, sendo um dos oradores a sua deputada D. Maria do Céu. Estavam também presentes o prefeito de Currais Novos Dr. José Bezerra de Araújo e o Dr.Tomaz Salustino, Juiz de direito. A importância será enaltecida também pelo jornal ‘A República’ pelo artigo escrito de Aluizio Alves que informa a importância da realização do congresso como uma maneira de combater os males do comunismo.

O Congresso Eucharistico Parochial de Currais Novos, louvando e homenageando o Rei Supremo do Universo, terá essa finalidade: suplicar, no ciclo de suas orações, na pompa merecida das suas festas, pela salvação da patria, nesta hora excepcional de apprehensões, em que o communismo implacavelmente cruel e sanguinario tenta suffocar, num carnaval de sangue

313

147 e de miséria, as mais sagradas tradições espirituaes que nos identificam como terra visceralmente. 314

FIGURA 4 – BRASÃO DO 2° CONGRESSO EUCARÍSTICO PAROQUIAL DE CURRAIS NOVOS QUE EXEMPLIFICA A FRASE PROFERIDA POR MATIAS

MOREIRA “LOUVADO SEJA O SANTÍSSIMO SACRAMENTO”

Fonte: jornal ‘A Ordem’ 11/11/1937

O Congresso Eucarístico de Currais Novos teve o seu encerramento com a celebração do último domingo de outubro, data importante para os católicos que celebra a Festa de Cristo Rei. Festa anunciada pelo Pontífice Papa Pio XI como homenagem a imagem de Jesus Cristo