• Nenhum resultado encontrado

Grupo 5 – Grupo de Professores

5.2.5 A NÁLISE DE D ADOS

De acordo com González Rey (2005b), “as etapas de coleta e análise de informação aparecem na pesquisa qualitativa como um continuum em que se interpenetram, o que por sua vez gera a necessidade de buscar mais informação e de usar novos instrumentos” (p.

76), sendo que a linha condutora que une estes dois momentos é a produção teórica do pesquisador.

Uma vez que se considera que o dado não é uma entidade objetiva que se legitima por sua procedência instrumental, isto é, que tem seu valor e significado em função do instrumento por meio do qual foi obtido, entende-se que ele só se legitima através do que González Rey (2005b) chama de “sua capacidade de diálogo” com o pesquisador. Ou seja, somente a partir da possibilidade de dialogar com a teoria e com as idéias do pesquisador, ao longo de todo o processo de pesquisa, é que se pode falar que o dado é relevante, dentro do contexto pesquisado.

Na pesquisa qualitativa o dado adquire significação teórica devido à interpretação do pesquisador (González Rey, 2003, 2005a, 2005b), sendo que o desenvolvimento de categorias é um momento essencial, pois “se afirmamos que a pesquisa representa um processo de constante produção de pensamento, este não pode avançar sem os momentos de integração e generalização que representam as categorias” (González Rey, 2005b, p. 119). O autor argumenta, ainda, que, se as idéias relacionadas com o desenvolvimento de indicadores não se expressarem em categorias, corre-se o risco de interromper o processo gerador de teoria.

Entre as vias de análise e processamento de informações disponíveis, e que melhor se aproximam da abordagem qualitativa, González Rey (2005a, 2005b) recorre à análise de conteúdo enquanto técnica que se apóia na codificação da informação em categorias para dar sentido ao material estudado.

A análise de conteúdo proposta por Bardin (1977) é um recurso utilizado quando se pretende compreender o que é dito pelos participantes para além dos significados imediatos. Segundo a autora, é um processo que diz respeito a um conjunto de técnicas de

análise que “procura conhecer aquilo que está por trás das palavras sobre as quais se debruça” (p. 44).

Neste trabalho, entretanto, utilizou-se a análise de conteúdo apenas como inspiração para o processo de análise dos dados, buscando valorizar o fato de que este processo deve se iniciar com o conteúdo manifesto e explícito das mensagens e se aprofundar em seu conteúdo ‘oculto’, ou em suas entrelinhas. Tendo, portanto, como inspiração as bases definidas para a análise de conteúdo, descreve-se abaixo o procedimento de análise realizado no presente trabalho.

5.2.5.1 DESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DE DADOS

O procedimento de análise aqui apresentado segue etapas e procedimentos previamente definidos que viabilizaram a organização do material disponível. Estes procedimentos estão detalhadamente descritos em etapas para facilitar a compreensão de todo o processo de análise.

1ª etapa: A análise de dados iniciou-se pela transcrição integral das entrevistas individuais e coletivas, seguida de leituras flutuantes que possibilitassem a familiarização e apropriação do material a ser trabalhado (Bardin, 1977; Aguiar & Ozella, 2006). Dessas leituras emergiram “temas os mais diversos, caracterizados por maior freqüência (pela sua repetição ou reiteração), pela importância enfatizada nas falas dos informantes, pela carga emocional presente, pelas ambivalências ou contradições, pelas insinuações não concretizadas, etc” (Aguiar & Ozella, 2006, p. 230). Foi, portanto, a partir dessas leituras, que se deu início à identificação das verbalizações dos participantes que correspondiam às questões de interesse desse estudo. Para as entrevistas individuais identificaram-se as

verbalizações que respondiam às questões temáticas dos roteiros de entrevista individual e, para as entrevistas coletivas, àquelas que correspondiam ao tema de interesse.

2ª etapa: Nesta ocasião, criaram-se tabelas com o objetivo de organizar e melhor visualizar as verbalizações que compunham cada tema (anexo 07). Para cada grupo de participantes criou-se uma tabela em que foram registradas as verbalizações identificadas na etapa anterior. A primeira coluna das tabelas referia-se às questões temáticas e as demais se referiam às verbalizações dos participantes. Construídas as tabelas, procedeu-se, nos respectivos campos, ao registro das verbalizações identificadas na 1ª etapa. Destaca-se que, para as entrevistas individuais, após o preenchimento da tabela com as verbalizações respondentes às questões temáticas previstas nos roteiros, foram incluídos os novos temas que surgiram no decorrer das entrevistas, e que não estavam previstos nos roteiros.

3ª etapa: De posse das tabelas de todos os grupos de participantes, procedeu-se a uma nova leitura flutuante do material, seguida do recorte das verbalizações que melhor representavam o conteúdo expresso pelos participantes e se relacionavam aos objetivos deste estudo. Este processo buscou sintetizar as verbalizações, as quais, de forma geral, possibilitam conhecer os principais conteúdos temáticos relacionados ao estudo em questão.

4ª etapa: A partir das principais verbalizações decorrentes do procedimento realizado na etapa anterior, elaboraram-se resumos do conteúdo principal das verbalizações de cada participante, identificados como temas. Nesta ocasião, criou-se um novo modelo de tabela no qual a primeira coluna referia-se à identificação do participante, a segunda às questões temáticas e a terceira se referia às verbalizações dos participantes. As tabelas construídas nesta etapa foram compostas, portanto, pelos temas e pelas verbalizações exemplificativas, os quais, em conjunto, foram denominados de componentes específicos das categorias.

5ª etapa: Considerando a semelhança de significado dos conteúdos, integraram-se alguns temas que culminaram na construção das categorias deste trabalho. As tabelas correspondentes às categorias, contendo os componentes específicos, foram denominadas de tabelas-síntese (anexo 8). A primeira coluna refere-se à identificação do participante, a segunda e terceira coluna referem-se aos componentes específicos de cada participante e contém, respectivamente, os temas (resumos das verbalizações criados na 4ª etapa) e as verbalizações (exemplos).

6ª etapa: Nesta etapa foram criados os nomes e as definições das categorias, com base nos conteúdos verbalizados pelos participantes. Este processo deu origem às tabelas denominadas de tabela-definição das categorias.

7ª etapa: Na última etapa procedeu-se à análise das categorias e dos principais temas pertinentes a elas. A análise se iniciou por um processo intra-categoria, onde se considerou apenas o conteúdo específico daquela categoria, e avançou para uma articulação inter-categorias, em que procedeu-se à análise e articulação dos conteúdo das categorias entre si.

As tabelas-definição e as tabelas-síntese das categorias, que foram geradas pelo processo de análise, estão apresentados no Capítulo VI, referente aos resultados e à discussão. O processo de categorização realizado teve como objetivo final fornecer uma representação simplificada dos dados brutos, por meio da condensação dos mesmos.