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TEMAS VERBALIZAÇÕES

F1 • Não diz respeito à presença física na

escola e em reuniões.

• É saber tudo que acontece com o filho. • A iniciativa é dos pais, independente de problema.

• “Com certeza não vem reunião, porque eu acho que o pai pra tá presente não precisa tá presente dentro da escola”.

• “a minha relação com a escola é tá

sabendo exatamente tudo que tá acontecendo com meu filho e o andamento dele”.

F2 • Diz respeito à família participando na escola e vice versa, em todos os aspectos, com presença física na escola.

• É saber como o filho está na escola. • Ocorre quando existem informações a serem dadas aos pais; quando o aluno apresenta problemas; em reuniões e em função de notas.

• A iniciativa é da escola, mas deve ser dos dois sistemas.

• “É quando tem alguma informação a ser

data, via agenda, ou quando existe um problema”.

• “Acho que tem que ser dos dois, do

interesse dos pais em buscar mais e interesse da escola em estar aberta”.

F3 • Diz respeito à presença física na

escola, com o mesmo objetivo em prol do aluno.

• É saber como o filho está na escola. • Quando os filhos são bons alunos os pais não são chamados à escola.

• A iniciativa é da escola (notas baixas) ou do filho que pede ajuda aos pais.

• “relação família-escola né, é os dois

trabalhando juntos pro menino ter um resultado melhor no final”.

• “é essa participação, você saber o que tá acontecendo”.

• “como P. nunca deu trabalho na escola

então eu nunca fui chamada”.

• “É pode ser também, ‘mãe conversa, vai lá ver que tá tendo um problema com um professor, vai lá porque eu não tô entendendo’”.

F4 • Não diz respeito à presença física na

escola.

• Diz respeito aos pais estarem próximos do filho, sabendo de tudo e atentos ao que desviam de suas expectativas.

• A relação passa pelo intermédio do

filho-aluno (elo/filtro).

• A iniciativa é da escola quando há

problema; e quando os filhos são bons alunos os pais não são chamados.

• “não necessariamente estar na escola

fisicamente”.

• “com 16 anos no Ensino Médio tem que

passar pelo aluno, tem que passar necessariamente por ele antes”.

• “a escola só tem o hábito de chamar o

aluno que vai mal né na escola, como minha filha nunca foi mal na escola nunca me chamavam”.

TEMAS VERBALIZAÇÕES

F5 • Não diz respeito à presença física na

escola e a relação passa pelo intermédio do filho-aluno (elo/filtro).

• A iniciativa é da escola quando há

problema com professor ou quando desvia do que o pai espera.

• Questiona-se se a relação família-

escola é necessária no EM.

• “a relação no meu modo de ver entre os pais e a escola se passa pelo intermédio do filho, não necessariamente a gente tem que ir lá”.

• “talvez seja o segundo grau mesmo, eu

também nem sei mesmo se é tão necessário assim até porque você tá adquirindo determinados níveis de independência”.

A Categoria 1 - Idéias sobre a relação família-escola indica que, na opinião das famílias, a relação família-escola é baseada, principalmente, no fato de que os pais estão cientes de tudo o que acontece com o filho e com a escola. Na opinião destes pais, a relação que se estabelece com a escola no Ensino Médio é de saber “exatamente tudo que tá acontecendo com meu filho e o andamento dele” (F1); é, portanto, “essa participação, você saber o que tá acontecendo” (F3).

Mesmo tendo esta concepção comum como a base da relação família-escola, os pais divergem quando se referem à necessidade de estarem presentes fisicamente na escola, ou não, para saber o que se passa com seu filho. Assim, alguns pais dizem que a relação “família-escola é a presença constante da família na escola” (F3), é “a participação da família dentro da escola” (F2), enquanto outros sinalizam que “o pai pra tá presente não precisa tá presente dentro da escola” (F1) e que esta proximidade da família com a escola não significa “necessariamente estar na escola fisicamente” (F4). Vê-se, por essas verbalizações, que existe, por parte das famílias dos alunos de Ensino Médio, variação sobre como pode ser sua relação com a escola. Existe concordância de que esta relação tem como objetivo saber o que se passa com o filho; no entanto, não há concordância em como esse objetivo pode ser alcançado.

Sobre esta categoria é importante destacar a fala de alguns pais que indicam, assim como acredita-se neste trabalho, que a relação deles com a escola dos filhos passa pelo intermédio destes últimos, ou seja, os relatos, vivências e informações que os filhos trazem

da escola servem como uma espécie de filtro para os pais, os quais fazem seu próprio julgamento e avaliação a partir do que os filhos vivenciam e relatam. A esse respeito, F5 comenta que “a relação no meu modo de ver entre os pais e a escola passa pelo intermédio do filho, não necessariamente a gente tem que ir lá”. Os próprios filhos-alunos exercem o papel mediador entre os pais e a escola.

Quanto às situações concretas que ilustram a relação entre os pais e à escola, faz-se duas colocações que estão interligadas: a principal razão que motiva o contato entre família e escola é, também na opinião dos pais, a ocorrência de algum problema, ou como explica um dos pais “quando tem algum desvio daquilo que a gente espera” (F5). Ao identificar a existência de um problema, tanto os pais quanto a escola têm a iniciativa de buscar soluções para a situação-problema, apesar dos pais destacarem que “poderiam ter a iniciativa de ir (à escola) sem que sejam convocados por um problema” (F2) já que “a escola só tem o hábito de chamar quem vai mal” (F4). A colocação desses pais é reiterada pela pesquisa nacional desenvolvida pelo MEC e pelo INEP (2005) que também constatou que, do ponto de vista dos pais, o convite para que compareçam à escola está, geralmente, relacionado a problemas disciplinares ou a baixo rendimento, além de que se trata, sempre, de um fato já ocorrido em que os pais são chamados apenas para serem comunicados.

A outra colocação dos pais que está ligada à anterior (relação família-escola vinculada a problemas) é quando mencionam que, pelo fato de seus filhos serem bons alunos em termos de rendimento e de comportamento, os mesmos nunca são chamados na escola. Assim, uma mãe relata que “a escola só tem o hábito de chamar o aluno que vai mal, né?, na escola. Como minha filha nunca foi mal na escola nunca me chamaram” (F4). Esta fala ilustrativa mostra, mais uma vez, como a relação família-escola está estabelecida sobre situações que envolvem algum tipo de problema: na ausência de um problema parece

não existir motivos para que os pais e a escola se relacionem, enquanto diante da sua ocorrência este motivo se torna evidente e urgente.

No que diz respeito à forma como essa ralação acontece no dia-a-dia, os pais mencionam o uso da agenda, o telefone e o site da escola como meios para se manterem informados. Sobre este último meio, os pais relatam que “a escola disponibiliza um site com tudo que acontece” (F1), possibilitando-os saberem o que desejam e precisam. Este recurso (site na internet) vem sendo cada vez mais adotado pelas escolas seguindo, inclusive, o ritmo informatizado da sociedade contemporânea. Entretanto, esta nova modalidade informativa pode favorecer o distanciamento físico e o diálogo entre pais e escola, pois, “hoje em dia como tem a internet . . . então esse contato na escola termina ficando até virtual, e por um lado eu não acho muito positivo assim, distancia mais os pais da escola” (F4). Apesar deste recurso ser um instrumento contemporâneo muito em uso, há que se ficar atento às conseqüências que este recurso traz às relações interpessoais.

Tabela 22