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PE2 • A participação dos pais

diminui à medida que o filho avança nas séries.

• No EM há pouca

participação dos pais.

• No EM os pais transferem

responsabilidade aos filhos. • Existem projetos na escola que incluem a participação dos pais, como as Reuniões Formativas.

• Os pais poderiam participar das Reuniões Formativas, para haver contato entre eles, troca entre escola e família e o esclarecimento das funções e expectativas.

• Os pais poderiam participar quando a escola disponibiliza espaço para ouvi-los, atendendo a solicitação deles.

• “É bem diferente. A partir da oitava série, fica assim meio que explícito . . . a gente não conseguia essa parceria da mesma forma que a gente consegue até a sétima série”.

• “o ano passado, na primeira reunião de pais,

apareceram dez pais do ensino médio, na segunda apareceram cinco, na terceira a gente resolveu fazer sétimas ao ensino médio porque já tava nessa expectativa de não vir tantos pais”.

• “os pais meio que... éh... deixam a

responsabilidades pra eles”.

• “Porque a proposta é sempre estar falando, é

sempre estar trabalhando um tema voltado para o desenvolvimento, éh... pra o que é adolescência, o que é que acontece nesse processo, como é que acontece isso essa relação ensino-aprendizagem, enfim... há vários temas que são trabalhos”.

• “não só as informações que a escola tem a dar, mas o que é que os pais esperam da escola, o que que os pais desejam que a escola passe... e até pra ficar claro . . . qual é a parte que é da escola e . . qual é a parte que é dos pais”.

• “Então, os pais reclamam, reclamam, quando a

escola proporciona esses momentos, não há essa participação”.

Em relação à Categoria 5 - Participação dos pais no Ensino Médio, há uma constatação das psicólogas escolares de que a participação dos pais decresce com o avanço dos filhos na série, chegando a ser bem pequena no Ensino Médio: “Na 1ª série, aí sim, mas quando começam . . . aí lá pela 3ª já vai caindo, vai caindo, caindo e torna-se quase um mico ou não precisa vir não” (PE1). Portanto, quando comparada ao Ensino Fundamental a participação dos pais no Ensino Médio é diferente, “é bem diferente. A partir da 8ª série fica assim, meio que explícito . . . porque a participação especialmente até 6ª série é muito boa, dos pais. A partir da 7ª que isso começa a complicar e a 8ª série que a gente vê de uma forma assim, mais... mais visível, essa diferença na participação” (PE2).

Essas verbalizações encontram respaldo em estudos realizados por Polonia (2005) e Oliveira (2002), por exemplo, que também observaram a diminuição da participação dos pais à medida que os filhos avançam nas séries. As autoras indicaram que tal diminuição

na participação é um afastamento natural dos pais devido à independência ou crescimento dos filhos que já respondem por seu próprio processo de aprendizagem. A partir da fala das psicólogas participantes deste estudo podem-se mencionar as seguintes razões para essa situação: os pais só vão à escola quando têm algum problema para resolver; há uma mudança nas necessidades dos filhos adolescentes, com as quais os pais têm dificuldade de lidar; os pais atribuem responsabilidade (transferem) ao próprio aluno e à escola; os pais não compreendem sua importância no acompanhamento dos filhos; os pais estão muito ocupados e têm pouca disponibilidade de tempo para acompanhar os filhos; os próprios alunos se sentem responsáveis por seu processo; os alunos não entregam correspondências aos pais; e a escola promove pouco a relação família-escola.

A partir das razões apontadas para a diminuição na participação dos pais no Ensino Médio faz-se apenas uma sinalização: das oito razões listadas para a pouca participação dos pais, cinco atribuem a responsabilidade aos pais, duas aos alunos e uma à escola, identificando-se principalmente na família as principais causas pela pouca participação em questões escolares. Será, então, que ainda se está diante da culpabilização dos pais e dos alunos? Ou será que, na verdade, existe incoerência no discurso dos psicólogos escolares no tocante à participação dos pais? Caso seja uma culpabilização, acredita-se que a mesma não é intencional e planejada, mas que seja resquícios de um processo muito antigo e ainda presente na relação das escolas com as famílias. Há tempos este processo de atribuir à família ou ao indivíduo as causas de determinada situação (o fracasso escolar ou outras situações) vem sendo combatido na teoria e na prática. E o que se constata da fala dessas psicólogas é que ainda é necessário muito esforço, reflexão e intencionalidade nas ações para modificar este quadro tão antigo. Entende-se, neste trabalho, que os psicólogos escolares são profissionais que podem oportunizar e desencadear um processo de mudança como este, mas, primeiramente, é preciso que estes mesmos psicólogos revejam

reflexivamente suas concepções para, em seguida, se envolverem na modificação das concepções de outros atores.

Conforme foi apresentado, a participação atual das famílias no Ensino Médio é tida como pouca ou fraca, mas há, por parte das psicólogas participantes, algumas sugestões de como essa participação poderia se modificar. As sugestões das duas participantes

assemelham-se quanto ao tipo de proposta, uma vez que ambas propõem a participação dos pais em atividades de formação como a Escola de Pais9 (PE1) e as Reuniões Formativas10 (PE2). Em ambas as propostas, a idéia central é dos pais poderem participar de palestras e discussões relacionadas a algum tema do interesse deles, conhecendo mais sobre o assunto (informando-se) e se preparando para lidar com ele em sua relação com os filhos

(formando-se).

Ambas as psicólogas escolares também sugerem a realização de reuniões coletivas de pais que oportunizem um espaço de escuta a eles, isto é, um momento no qual possam falar e que sejam ouvidos pela escola. Trata-se de “dar oportunidade de voz para esses pais” (PE1), o que se faz somente quando a escola possibilita esse momento. Então é necessário, “em relação à escola, abrir mais espaço para esses pais . . . pra tá ouvindo esses pais” (PE2). Neste ponto, destaca-se que a criação ou a consolidação desses espaços nos quais os pais falam/dialogam com a escola pode ser atribuída como função do psicólogo escolar, o qual pode escutar os dois sistemas e identificar expectativas, inseguranças, satisfações e insatisfações, entre outras questões. Nesta perspectiva de participação, altera- se o foco das situações-problema e instala-se o diálogo e a troca.

9

A Escola de Pais é um movimento social que tem por finalidade a formação dos pais, conscientizando-os de sua responsabilidade na formação dos filhos e ajudando-os a melhor exercerem suas funções educativas. A Escola de Pais se desenvolveu em quase todas as capitais dos estados brasileiros. Retirado de Escola de Pais do Brasil, www.escoladepais.org.br, em 05/06/07.

10

As reuniões Formativas de Pais é uma proposta da escola em que PE2 atua e que tem como objetivo a formação dos pais para lidar com questões relacionadas ao desenvolvimento dos filhos.

Tabela 13

Categoria 6 para psicólogos escolares – Dificuldades dos psicólogos escolares na