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TEMAS VERBALIZAÇÕES

F1 • Trabalhar valores; ensinar

responsabilidade; mostrar ao filho a importância da escola; acreditar no potencial do filho.

• Providenciar os materiais

necessários; se certificar de que o filho foi para escola, levá-lo e buscá-lo; e participar ou levar em

atividades extra-escolares (esportes, festas).

• “é obrigação dos pais trabalhar (valores)”.

• “atividade da escola também é tem uma

festinha de uma coleguinha, de uma colega lá, o pai leva eu acho que os pais têm que levar”.

F2 • Acompanhar (cadernos,

aprendizado); estabelecer horário de estudo em casa; e providenciar os materiais necessários.

• Participar em atividades extra- classe.

• “Tudo, acompanhar é... através de caderno,

através mesmo ‘que que tu aprendeu hoje?’ . . . Mesmo no ensino médio os pais têm que acompanhar, saber o que eles tão vendo”.

• “sempre que houver necessidade de

participação em atividade extra-classe a família tá apoiando”.

F3 • Possibilitar o amadurecimento

dos conteúdos escolares em casa. • Participar de tudo; ligar e ir à escola para saber o que está acontecendo com o filho.

• “a questão de eu como mãe é dá um espaço pra ela amadurecer esses conteúdos em casa, quando se trata de conteúdo”.

• “Eu acredito que o correto mesmo seria a gente tá participando de tudo, a gente mãe, tá sempre ligando, tá sempre passando na escola”.

F4 • Educar/ensinar valores ao longo

de toda a vida do filho.

• Ensinar aos filhos os limites de suas ações e as possíveis conseqüências.

• “Educação que não começa ali com 15, 16

anos, que começou desde lá de trás, começou do berço”.

• “eles conhecendo tudo eles conseguem avaliar o que que é. Que eles aprontam, lógico, mas eles vão tá sabendo que risco que é. Sabe o que vai acontecer, o que não vai”.

TEMAS VERBALIZAÇÕES

F5 • Educar os filhos e punir

comportamentos inadequados (os pais devem ter atitude diante das ações dos filhos).

• Dar exemplo em suas próprias

ações.

• “ele vai ter que arcar com as conseqüências . . . mas a família tem que tomar uma atitude, porque também se não tomar quem vai pagar a conta disso é o pai”.

• “não é só você dizer não pode fazer isso, não pode fazer aquilo. É você também não fazer isso porque a criança tá vendo”.

Em relação à Categoria 3 - Funções da família, existem indicações muito variadas. Duas funções mais comuns entre os pais são a educação dos filhos enquanto formação de valores, princípios e limites, e a participação em atividades escolares e extra-escolares como esportes e festas. Sobre sua função educativa enquanto processo de socialização primária (Bock & cols, 1999; Polonia & Dessen, 2005), os pais destacam que essa formação não tem início na adolescência e no Ensino Médio, “educação que não começa ali com 15, 16 anos, que começou desde lá de trás, começou no berço” (F4), e que essa responsabilidade não pode ser transferida para a escola “como se a escola tivesse que educar o filho dele. O que ele não conseguiu fazer 24 horas por dia porque deveria tá 24 horas por dia durante 15 anos, ele acha que a escola em seis meses tem que ter cumprido a incompetência dele” (F5). Assim, apesar de atribuírem à escola a função de acompanhar e de punir os comportamentos inadequados dos alunos, os pais entendem que essa não é sua função principal, pois “em relação à função da escola a principal é o conteúdo em si” (F4). Entretanto, “porque eles ficam ali, cinco horas por dia, não estão com a gente, então tem essa parte da educação do comportamento que vai passar também” (F4).

As famílias conhecem suas funções e as da escola, conseguem diferenciá-las, além de perceber os momentos nos quais estas funções se entrecruzam. O que se traz como reflexão é: será que há uma super valorização desse cruzamento? Será que ao falar da relação família-escola alguns atores, baseados na situação de que a escola precisa auxiliar os pais em sua função de cuidar dos comportamentos inadequados, não estão acusando a família de delegar à escola tal responsabilidade? Por esses questionamentos acredita-se que

há a necessidade de definir as funções que devem ser atribuídas tanto à escola quando à família e não a uma delas apenas. É preciso estabelecer as funções inerentes aos dois sistemas igualmente.

No que diz respeito às funções da escola, houve as seguintes sugestões por parte dos pais: a organização de eventos (palestras e encontros) para que os pais possam se conhecer e possam desenvolver alguma atividade com os filhos; fazer reuniões para falar da metodologia da escola e de como trabalham; e chamar os pais de alunos que não têm problemas na escola para conversarem, individualmente, e esclarecerem possíveis dúvidas. Desta última sugestão, destaca-se que os pais se interessam e desejam participar com a escola acerca dos processos que ocorrem neste contexto; entretanto, não desejam que esta participação esteja vinculada à situações-problema, desejam ouvir elogios em relação aos filhos e serem elogiados, por exemplo. Como “a escola só tem o hábito de chamar quem vai mal, então talvez chamar quem vai bem também. Mas isso não acontece. Eu acho que falta isso nas escolas . . . Mas a escola também tem que ser aberta porque a gente sabe que os pais que não têm problemas, vamos dizer assim, então chega lá e quer falar com a coordenadora a mulher vai ficar assim ‘o que que você tá fazendo aqui?’. A gente tá querendo elogios” (F4). A indicação que esta mãe faz coaduna-se com a proposta de focalizar menos o problema, o negativo, e valorizar mais o positivo; em vez de privilegiar o fracasso, valorizar uma cultura do sucesso.

Tabela 24